História Os sobreviventes (Simbar) - O encontro

Mais oito anos se passam. Agora com dezoito anos, Âmbar e Simón se preparam para uma nova fase de suas vidas: A faculdade.

Âmbar estudou num ótimo e muito exigente colégio. Ela era muito popular e vivia rodeada de gente. Mas ainda sim era uma ótima aluna, com notas muito boas e muito inteligente. Mas agora estaria sozinha. Suas amigas iriam pra outras universidades. Só ela havia passado para a Universidade de Buenos Aires (UBA), uma das melhores universidades do país, para o curso de moda. Foi difícil convencer seu pai a deixar ir, pois ele tinha outros planos para ela. Queria que ela cursasse engenharia, pra que pudesse um dia administrar os negócios da família, já que era sua única herdeira. Rey era dono de uma empresa de construção muito renomada em todo o país, a Benson’s engeneers. Mas com a ajuda de sua mãe Sharon, que a apoiava em tudo, ela conseguiu convencê-lo a deixá-la seguir seu sonho, que era um dia se tornar uma grande estilista.

        - Eu espero que você saiba o que está fazendo filha, eu só queria o melhor pra você, lembre-se da sua tia Mora!

        - Eu tenho sim pai, e pra sua informação a tia Mora é hoje muito famosa tá?

        - É eu sei sim, mas sabe quanto tempo ela levou pra conseguir chegar aonde chegou? Ela passou por poucas e boas antes de conseguir crescer na profissão!

        - Não se preocupe pai, confie em mim ta? Quando eu quero muito alguma coisa, eu consigo! Você já deveria saber disso!

        - Eu sei sim minha filha, por isso vou te dar esse voto de confiança, pelo visto vou ter que procurar por outro sucessor...

        - Tenho certeza de que encontrará papai! Eu tenho que ir agora, chegou a hora... Pena que você e a mamãe não poderão ir comigo... – disse abaixando a cabeça numa expressão triste.

        - Pois é minha filha, tenho que viajar a negócios, você sabe disso, e sua mãe dessa vez irá me acompanhar... Mas o Ricardo irá levar você, e eu sei que ele vai cuidar muito bem de você.

        - Sim pai, vai sim! Eu te amo! Vou sentir sua falta! Sua e da mamãe!

        - Também sentirei sua falta filha! – Disse Sra Benson chorosa

        - Mãe! Você prometeu que não choraria! Assim vou ficar mal

        - Não liga pra mim minha filha! Eu sou assim mesmo! Mas é que até ontem você era apenas uma bebezinha, tão dependente... E agora já é uma moça, prestes a ir pra universidade, onde vai ficar sozinha... Mas chegou a hora de levantar vôo não é? Então vá minha filha! Eu te amo! Vou sentir saudades! Me liga quando chegar, e não esquece de mim viu?

        - Sim mamãezinha querida! Prometo ligar, e não vou ficar sozinha, tenho certeza que farei amizades, e pode deixar que irei sempre mandar notícias, e vou visitá-los nas férias também, prometo! Eu te amo também mãe! Tchau!

E depois de muitos abraços, beijos e choros de Sharon, Âmbar finalmente coloca suas malas no carro, e entra. Ricardo toma seu posto ao volante.

       - Preparada senhorita Âmbar?

       - Sim Ricardo, e pela última vez, é só Âmbar!!

E assim Ricardo liga o carro, e parte.

***

Simón sempre estudou em colégio público, já que seus pais não podiam pagar um particular. Mas isso não o impediu de estudar e ser um aluno muito aplicado e inteligente.

Mais cedo, em La Rioja, Simón também se prepara para a faculdade. Ele também havia passado para a mesma universidade, só que para o curso de engenharia. Ele era muito bom em matemática, e queria muito cursar engenharia, e conseguiu de primeira. Seus pais estavam muito felizes, tanto quanto ele, ou até mais, e não se aguentavam de orgulho.

       - Como você cresceu meu filho! Está um homem, prestes a entrar pra universidade! – Mônica diz muito orgulhosa

       - Meu garoto! Sabia que conseguiria! Que orgulho! Um valente na faculdade!

       - Pois é, nem acredito! Meu sonho está se realizando! Não vejo a hora!

       - Então o que estamos esperando? Vamos logo!

Simón colocou suas malas do seu lado, na parte de trás do carro, enquanto seus pais foram na frente.

       - Prontos? – Pergunta Miguel

       - Sim! - Responderam Mônica e Simón em uníssono

Miguel então dá a partida e parte. A viagem seria longa então depois de uma hora Simón pega no sono.

***

Depois de mais ou menos 1:30 de viagem, Âmbar enfim chega ao seu destino. Ricardo desce, Abre a porta e a garota desce. Ela está com uma blusa azul de botão e manga comprida dobrada, uma saia rodada curta preta, com um cintinho de estampa de oncinha, sapatilhas pretas e óculos escuros. Ela tira os óculos e vislumbra aquele cenário. Um prédio antigo, mas um antigo rústico. Vários prédios um ao lado do outro e pessoas indo e vindo. Ricardo a cutuca e ela volta a realidade.

        - Interrompo algo?

        - Só estava olhando. É aqui que vou morar pelos próximos quatro anos... estou nervosa

        - Calma, você consegue, afinal você é Âmbar Benson não é?

        - Hahaha, tem razão Ricardo, sou Âmbar Benson, e nada vai me parar agora!

        - É assim que se fala senhorita! Vou tirar suas malas do porta-malas.

        - Eu ajudo, afinal é muita coisa

        - E põe muito nisso viu?!

        - Bobo – Ela ri – Vamos logo!

Assim que foram descarregar a bagagem, Simón finalmente chega. Foram 5 horas de viagem, e ele estava dormindo profundamente quando alguém o acorda

        - Chegamos dorminhoco – Era Mônica

Simon abre os olhos devagar, solta um longo bocejo e se estica

        - Finalmente!

        - Vamos descer? Temos que tirar suas coisas do carro – Diz Miguel

O garoto desce e puxa suas coisas. Ele estava com uma mala de carrinho e uma bolsa a tira colo. Ele veste calça jeans que estavam poídas nas pontas, uma camisa branca e uma blusa xadrez por cima, e tênis all star preto também gastos. Ele também vislumbra o lugar, e fica impressionado. É a primeira vez que iria pra tão longe, pra capital. Ele abraça seus pais e se despede deles.

       - Vamos sentir sua falta

       - Eu também pai

       - Se cuida filho! Não se meta em confusão. Eu sei que você é um bom menino, mas aqui as coisas são bem diferentes, seu pai e eu não estaremos por perto. Não se envolva em más companhias!

       - Relaxa, mulher, parece até que não conhece nosso filho! – Miguel ri – Vamos Mônica?

Ela já estava pra entrar no carro quando ela lembra de mais uma coisa. Miguel faz um gesto de que vai esperar no carro, e ela vai falar com Simón

      - Filho, por favor, cuidado com os seus poderes. Ninguém pode saber, então ponha em prática o que treinamos tá?

      - Sim mãe! – Ele disse suspirando

      - E uma última coisa – ela tira algo do pescoço, era um colar

      - Quero que fique com ele, pra se lembrar de mim. É um colar  com uma pedra de ônix no pingente

      - Nossa mãe, muito obrigada!! Eu te amo!! E dizendo isso colocou o colar e o arrumou por baixo da blusa.

      - Também te amo querido!! Tchau!

      - Tchau!

Deram um último abraço e sua mãe entrou no carro e junto com seu pai partiram, e ele ficou olhando e acenando ao longe.

Âmbar e Ricardo finalmente tiram a última mala, num total de quatro.

      - Caramba Âmbar, tá de mudança? Pra que isso tudo?

      - Na verdade estou de mudança sim Ricardo. Ou esqueceu que vou morar aqui pelos próximos quatro anos? – E riram.

      - Vou sentir falta desse seu humor menina

      - Eu também vou sentir sua falta Ricardo. Quem eu vou perturbar agora, contar meus problemas?

      - Pode me mandar mensagem, ou ligar quando quiser. Então agora é a hora de nos despedirmos né?

      - Sim, tchau Ricardo

E os dois dão um abraço apertado e demorado. Depois eles se soltam e Ricardo entra no carro, dá a partida e vai embora. Âmbar observa de longe. Ela olha suas bagagens e fica se perguntando como vai conseguir carregar tudo sozinha

      - Eu realmente não deveria ter trago tanta coisa... Mas vai que eu preciso né? Nunca se sabe! Bom, vamos lá!

Ela pega duas malas e coloca uma em cima da outra, e depois faz as mesmas coisas com as outras duas. Uma delas era uma nécessaire. Mas quando ela começa a arrastar as malas, ela distraída acaba esbarrando em alguém e suas coisas caem no chão...

Simón, quando perde seus pais de vista, pega suas coisas e começa a andar, quando ele acaba batendo em alguém e acaba soltando sua mala de carrinho que se estatela no chão...

       - Você não olha por onde anda não?

       - Me desculpe

Simon levanta e encara a dona da voz. Se depara com uma menina loira de cabelos ondulados, de olhos azuis cor do céu, e muito bonita.

       - Olha o que você fez! Minhas coisas! Minha maquiagem!

Âmbar também olha pra ele e vê um moreno alto, um pouco mais alto do que ela, de olhos castanhos, e também muito bonito.

       - Eu já me desculpei! Não precisa ser grosseira!

       - Tá, que seja! Eu to com pressa! Não tenho tempo pra perder com você!

       - Nem eu, tenho uma matrícula pra fazer!

Os dois se recompõem, e vão andando até a mesa de matrícula, meio que apostando corrida, se olhando furiosamente. Os dois chegam e encontram dois atendentes, um de cada lado, um homem e uma mulher. O homem atende Âmbar, e a mulher a Simón

       - Nome, curso e data de nascimento, por favor. – os dois falam em uníssono

       - Âmbar Benson, moda...

       - Simón Valente, engenharia...

E ao mesmo tempo eles falam:

       - seis de janeiro de 1998.

Eles olham assustados um pro outro, pois além de falarem ao mesmo tempo, eles descobrem que nasceram no mesmo dia, mas logo depois viram a cara um pro outro e continuam a matrícula. Quando acabam os atendentes falam que eles ficariam no Bloco D, que ficava a direita deles. Eles agradecem e vão indo em direção ao prédio.

       - Que ótimo, vamos ficar no mesmo prédio, mesmo sendo de cursos diferentes – fala pra si mesma, mas um pouco alto demais, porque ele escuta.

       - Sinto muito por decepcioná-la patricinha!

       - Não sou patricinha! Vê lá como fala comigo!

       -Você quem começou! E ainda bem que você faz outro curso, porque não suportaria ter aulas com você! Ainda bem que está fazendo um curso a altura! Para pessoas fúteis como você!

       - Digo o mesmo! Ainda bem que não farei esse curso de pessoas convencidas que se acham! Se arrependeu de ter dito essa última parte, mas não se desculpou.

Eles chegam ao prédio indicado, e não têm muita dificuldade pra encontrar o bloco D. sem se olhar, eles se separam. Âmbar vai pra direita e Simón pra esquerda. Ela não demora muito pra achar seu quarto. Ela abre a porta e encontra duas meninas já deitadas em suas camas. Era uma beliche e uma cama separada. As outras meninas já tinham pego o beliche, sobrando pra ela a cama separada.

       - Quanta coisa! Tá de mudança é? – fala uma menina baixa, de cabelos negros e soltos e olhos verdes.

       - Você é a segunda pessoa que me pergunta isso, mas acho que exagerei um pouco sim

       - Percebi! – Âmbar ri – Sou Luna, Luna Alvarez, muito prazer.

       - Âmbar Benson, o prazer é todo meu – e as duas apertam as mãos.

       - E ela é a Daniela Olmo – diz apontando pra uma menina também baixa, mas um pouco mais alta que Luna, morena, de cabelos castanhos com mechas cor de mel, presos em um rabo de cavalo.

       - E aí? Beleza? – Daniela fala de lá de cima da beliche.

       - Beleza Daniela!

       - Não liga pra ela, ela é assim mesmo

       - Eu ouvi hein

Luna ri.

       - Então vocês já se conhecem?

       - Sim, estudamos juntas desde o terceiro ano, e agora estamos aqui na faculdade também, mas em cursos diferentes, eu pra moda, e a Daniela pra dança. E você?

      - Nossa, que incrível! Eu farei moda também!

      - Legal! Seremos colegas de curso! – as duas riem

      - Olha o papo tá muito bom, mas será que vocês podem calar a boca que eu quero dormir!

      - Mas ainda tá cedo Dani!

      - Não importa! Fizemos uma viagem longa e to cansada, posso? Se quiserem conversar que seja em outro lugar

      - Não precisa! Também estou cansada – Âmbar diz bocejando

      - Então tá, vocês venceram! Confesso que também estou então vamos dormir, boa noite!

      - Boa noite! Âmbar e Daniela dizem em uníssono

Âmbar se deita, e fica pensando no menino que conhecera mais cedo, fica meio mal por tê-lo tratado daquele jeito, mas depois não consegue pensar em mais nada e logo pega no sono.

***

Simón entra no seu quarto, e se depara com dois colegas de quarto, mas dessa vez pra ele sobra apenas a parte de baixo da beliche, onde ele rapidamente coloca suas coisas. Ele vê as bagagens em cima das outras camas, mas seus colegas de quarto não estavam. Ele se deitou em sua cama, tirando os tênis e trocando de calça. Assim que termina dois meninos entram rindo a toa. Quando eles o veem param imediatamente

       - Ah oi, você deve ser nosso novo colega de quarto, eu sou o Matteo Alvarez e esse é Gastón Perida, disse apontando para o menino loiro do seu lado

       - Prazer, Simón Valente – e apertam as mãos

Matteo é alto, de pele clara, cabelos negros meio por fazer, olhos castanhos e usa óculos. Simón o acha simpático

        - Vocês já são veteranos?

        - Sim, segundo semestre de engenharia, nós dois!

        - Show, eu também farei engenharia, mas sou calouro

        - Nós sabemos! Vai ser nosso calouro! Vai ser muito legal, vamos te mostrar tudo!

        - Seja muito bem vindo novato – Disse Gastón com um sorrisinho malicioso

Simón ficou com medo de Gastón por um momento, mas ele achou isso normal, afinal, ele era um calouro e Gastón estava fazendo seu trabalho de veterano, que era assustá-lo...

        - Eu estou cansado Matteo, hoje foi um longo dia

        - Tem razão Perida, também estou morto de cansaço! - E dito isso caiu na cama separada com tudo. – Boa noite rapazes!

        - Boa noite Alvarez! Gastón sobe pra parte de cima da beliche

        - Boa noite! Ele apaga a luz e vai pra sua cama, na parte de baixo do beliche.

Ele acaba pensando na garota que havia conhecido mais cedo, e em como ela foi rude com ele, mas não demora muito pra também adormecer, afinal estava muito cansado...