História Os sobreviventes (Simbar) - Reencontrando os amigos

2 meses depois...

POV ÂMBAR

Hoje estou voltando para mais um semestre na faculdade. Desde aquele dia as coisas não foram mais as mesmas. Meus pais perceberam e me perguntavam o que estava havendo, mas eu sempre dizia a mesma coisa: que estava tudo bem. Tentei manter a postura o máximo possível. Ninguém poderia saber o que estava acontecendo, o que eu tinha descoberto. Eles então pararam de me perguntar e achavam que era por causa do Simón que tinha ido embora.

Com o Ricardo então, era como se fôssemos dois estranhos. Não consegui encará-lo mais da mesma maneira depois daquele dia. Só de olhar pra ele eu fico com uma mistura de tristeza e raiva. Eu não sei o que pensar! Ele é meu pai biológico! Mas me escondeu isso durante todos esses anos! Ele me abandonou aqui! Por mais que eu tente entender seu lado, eu não consigo! Eu sei que ele se manteve todos esses anos ao meu lado, mas ainda sim não é a mesma coisa! Ele é apenas meu motorista, apenas isso. No máximo, um amigo...

Estou no carro, quase chegando ao destino. Mal consegui olhar pra ele. Passamos o caminho quase inteiro em silêncio. Ele estava estranhando, mas respeitou meu silêncio. Só falou comigo quando saímos de casa e quando chegamos.

Falar nisso acabamos de chegar.

            R: Prontinho, chegamos! Preparada pro seu último ano?

            — Ah.... To pronta sim, aliás já nasci pronta! — Falei meio indiferente

             R: Tá tudo bem? Por que não me parece muito bem, ficou em silêncio o caminho todo! Quer me contar o que está havendo?

             — Não, está tudo ótimo, melhor impossível! Pode me ajudar a descarregar as malas por favor? — Falei de uma maneira seca

             R: Ah tudo bem! Vamos lá, deixa eu abrir a porta pra você.

             — Não precisa, eu posso fazer isso sozinha! — Falei de maneira ainda mais rude e abri a porta. Eu então fui pra trás do carro e fiquei esperando ele abrir a mala. Então ele desceu as minhas coisas, eu peguei e ia me virando para ir embora quando ele me interrompeu:

              R: Tem certeza de que está tudo bem Âmbar? Está estranha, nunca te vi agindo assim comigo!

             — Estou ótima! E por favor a partir de hoje pra você é SENHORITA Âmbar! Agora pode ir! Eu assumo daqui! Fui!

Então peguei minhas malas e fui em direção ao prédio, sem olhar pra trás. Eu acabei me sentindo ainda pior em tratá-lo assim, mas a raiva falou mais alto. Não sei se vou conseguir perdoá-lo pelo que me fez. Pelo menos eu dei a sorte de ter sido aceita por uma família boa que me ama de verdade. Mas há uma outra questão que continua sendo um mistério pra mim...

Quem será a minha mãe biológica?

***

             L: Amiga, que saudade!!

Mal abri a porta quando a Luna já veio em minha direção me abraçando. Quase caímos por cima da minha bagagem.

             — Saudades também! Mas nos vimos na semana retrasada né?

É óbvio que eu não poderia passar as férias inteiras sem ver minhas amigas. Então semana passada nós saímos, junto com a Dani e a Yam, em um programa só de garotas. Os meninos ficaram meio enciumados por não poderem participar, mas eu falei que não teria graça. Afinal o meu namorado e o Ramiro não poderiam estar e aí eu e Yam ficaríamos segurando vela.

              L: Ah eu sei amiga, mas ainda sim foi só aquela vez! E mesmo assim nem aproveitamos direito, você sabe né?

             D: Ai nem me lembre! Só de pensar já fico com raiva!

             — Oi Dani tudo bom?

             D: Tudo ótimo amiga! Mas relaxa que já nos entendemos...

             — Ah que bom, fico feliz!

Acontece que o Matteo e o Gastón seguiram a gente para tentar descobrir o que estávamos aprontando. É que eu meio que esqueci de mencionar que nós saímos sem avisar a eles onde iríamos. Luna inventou uma história que estaria com a Daniela, mas a Daniela inventou outra desculpa que contradisse, o que deixou os meninos desconfiados. Então eles seguiram a gente até o shopping onde a gente foi ao cinema e fazer algumas comprinhas, fora um mini SPA. Só que no SPA eles fizeram a gente passar a maior vergonha. Eles foram pedir a mesma coisa que estávamos fazendo. Só que era massagem com pedras quentes! A gente ouvia os gritos deles de onde a gente estava, e aí pegamos eles. Dani e Luna ficaram furiosas e brigaram. Eu só conseguia rir. Pra minha alegria o Simón morava bem longe, e Yam concordou comigo.

             De: Ainda bem que o Sebas também não apareceu! — Ria Delfi

Falar na Delfi quando ela contou que estava namorando o Sebas as meninas surtaram! Deram parabéns, disseram que sempre souberam que os dois acabariam juntos e blá blá blá...

Mas voltando ao assunto aqui, pelo que soube foi pelo menos uma semana sem se falarem. Mas ainda bem que fizeram as pazes, pois não gosto quando meus amigos brigam. Mas que foi hilário, isso foi!

               L: Mas e aí Luna, como foram as férias com o Simón? acabou que com aquela confusão daquele dia nem conseguimos pôr o papo em dia.

Eu sei eu sei, poderíamos ter conversado por mensagem. Mas essas coisas nós preferimos sempre falar pessoalmente. Tem muito mais emoção!

               — Bem, eu vou contar, mas só quando a Yam chegar, senão vou ter que repetir!

Elas concordaram e então eu mandei mensagem pra ela. Ela disse que já estava indo, e que tinha uma novidade pra gente. Agora estou bastante curiosa. O que será?

POV SIMÓN

Bom já estou aqui no quarto com as malas na cama. Gastón e Matteo me mostram o estrago causado pelas pedras quentes. Eles me contaram da brilhante ideia que tiveram de seguir as meninas até um SPA. Eu rolei de rir! Só esses dois mesmo!

              G: Ah, vai me dizer que não faria isso se estivesse ainda em Buenos Aires?

              — Não mesmo! — E continuava rindo — Eu confio na minha namorada! Mas e aí pelo menos fizeram as pazes?

              M: Sim claro! E em grande estilo! Nem te conto! Mas pera aí cadê o Ramiro?

              R: Opa ouvi meu nome? — Ramiro fala brotando na nossa porta — Cheguei!

              — E aí cara? Como foram as férias? — Ele aperta a mão de todo mundo.

              R: Foram boas cara! Melhor impossível!

             — Nossa, pelo visto todo mundo se deu bem aqui né?

              S: Isso é verdade! Nem me esperou né Ramiro?

E chegou o último do grupo. O Sebas é claro! Ele também cumprimenta todo mundo. Agora sim podemos começar a contar as novidades.

POV ÂMBAR

Depois de uns dez minutos, a porta bate.

              — Pode entrar!

Então a porta se abre. Era a Yam obviamente. Mas peraí a Delfi está com ela?

               Y: Supresa meninas!

               L: Tá legal mas cadê a surpresa?

               Y: Bom, a surpresa é que eu consegui mudar de quarto.

               — Legal!

                De: E adivinha quem é a nova colega de quarto?

               — Não! Você e a Delfi?

                Y: Sim! Finalmente consegui me livrar daquela cobra da Jazmin!

                 De: Finalmente alguém que eu conheça dividindo o quarto! Mesmo que seja só por esse ano — Diz ela fazendo biquinho.

                Y: Own amiga! Mas vamos aproveitar esse ano ao máximo!

                 D: Ai nem me lembra em formatura, por que o Matteo se forma nesse semestre mesmo!

                 L: O Gastón também! Vamos passar um semestre inteiro sem eles! não vai ser a mesma coisa!

                 — Ah meninas, pelo menos é por um período só, e vocês ainda poderão se ver!

                 D: Fácil falar né menina quando seu namorado estuda no mesmo período que você!

                 Y: Tá mas vamos falar de coisa boa? Como finalmente conseguir conversar sobre nossas férias! Já que naquele dia não deu né?

                — Com certeza! Então quem começa?

                D: Por você mesma já que perguntou!

Todas riem e eu também. Então eu começo a contar tudo, ou quase tudo. Só contei como foi o natal, o ano novo e o meu aniversário, da surpresa do Simón. acabei contando também do dia que quase transamos, e da nossa decisão... As meninas ficaram de boca aberta!

                 Y: Nossa amiga! Só depois do casamento? Que coragem!

                 — Ah Yam, achamos melhor assim. Pelo menos ele concordou, e é isso que importa!

                  L: Eu achei fofo! Eu e o Gastón... Também ainda não aconteceu sabe... Mas também nunca pensamos em só fazer depois do casamento! Apenas quando chegar o momento, quando estiver preparada. Mas cada um faz o que quiser, ninguém é obrigado a nada, essa é a minha opinião.

                 D: Isso é verdade! Cada um faz o que quer! Mas sabe, eu e o Matteo já rolou...

                — O que???? Sério? Ai meu Deus quando??

                L: É... Quando? Não fala nada né safada?

                 D: Ah é que foi depois daquele dia... Foi quando fizemos as pazes. Ele foi lá em casa, estávamos sozinhos, meus pais tinham ido passar o fim de semana fora, e meu irmão já é casado então não mora mais com a gente, então né... Ele foi me pedir desculpas, eu fiz jogo duro com ele mas no final eu acabei perdoando ele. A gente então pediu um delivery, vimos um filme... Então quando dei por mim já estávamos nos beijando e rolando pelo chão. Ele me perguntou se eu tinha certeza se queria fazer, e eu disse que sim. Então fomos pro meu quarto, e aí vocês já sabem... Foi perfeito! Doeu bastante, mas ele foi um fofo e paciente.

Só ouvi as meninas suspirando. Mas só de ouvir que doeu já me gelou a espinha. E quando chegar na minha vez? Será que vai doer também? Será que o Simón vai conseguir saber o que fazer também? Afinal ele também não tem nenhuma experiência!

Mas meus pensamentos foram interrompidos pela Yam.

                 Y: Bem vinda ao clube então amiga!

                 — Então você também?

                  Y: Sim! Foi antes de você Dani! Foi há um mês. Só que foi na casa dele… Meus pais me deixaram passar uma temporada com ele.

                  L: Nossa, e eu tenho que implorar pros meus deixarem eu ir na casa do Gastón!

                  Y: Mas os meus são bem liberais. Não sei nem como fiquei com medo quando fui apresentar o Ramiro pra eles! Mas enfim eu fui e passei uma semana. E aí num dos dias nos aproveitamos que os pais deles saíram, e fizemos... Comigo não doeu tanto, mas foi bem incômodo, mas o Ramiro conseguiu me fazer relaxar muito bem...

                 — Ah isso você já deixou bem claro!

E todas rimos.

                 — Então duas já foram, só faltam três! Se bobiar serei a última!

                 De: Nunca se sabe priminha! Vai que você não demore muito pra casar, afinal falta só um ano pra formatura não é?

                  — É mas não penso em casar já logo que me formar, ainda precisamos de um emprego e nos estabilizarmos!

                 L: Disso todas nós precisamos né amiga? Mas tudo no seu tempo!

                 Y: Verdade, sem pressa!

E assim continuamos a conversar de várias outras coisas, por um bom tempo...

POV SIMÓN

Estávamos conversando sobre vários assuntos, até que chegamos no assunto namorada. Acabei de descobrir que Matteo e Ramiro já conseguiram chegar nos finalmentes com  Dani e Yam respectivamente.

                 G: Sorte a de vocês! A Luna ainda não se sente pronta, e nem sei quando isso vai acontecer!

                 M: Pois eu espero que demore e muito! Não vou conseguir lidar com a minha irmãzinha fazendo sexo!

                 G: Digo o mesmo do irmão da Daniela, então torça pra ele não descobrir! — Todos rimos

                 M: Hahaha engraçadinho não tem nem como! E ai de você se machucar ela hein!

                 G: Relaxa mano! Eu vou tratar sua irmãzinha como uma princesa viu?

Matteo então dá um soco no braço do Gastón. Realmente deve ser estranho ficar sabendo que seu melhor amigo e sua irmã mais nova transaram. Ainda bem que isso não aconteceu ainda...

                 R: Ainda bem que a Yam só tem irmã, mas mesmo assim os pais dela são muito de boa! São meio hippies!

                 M: Sorte a sua! Se o pai dela ficar sabendo é bem capaz que eu seja capado! — Todos riem novamente — Mas e você Simón, Sebas ainda não?

                 S: Eu e Delfi acabamos de começar a namorar, é muito cedo pra isso ainda!

                M: E você Simón?

                — Ah... Eu e Âmbar decidimos não fazer até o casamento.

Quando eles ouviram isso só faltaram me fuzilar com o olhar.

                R: Como assim cara? Foi ideia da Âmbar não foi? E você aceitou?

                — Primeiro: Eu que tive a ideia. Segundo: Ambos aceitaram.

                G: Nossa! Que coragem! Eu não conseguiria!

                 — Qual o problema? É só questão de tempo! Não faz a menor diferença. Pode ser que isso mude, mas pode ser que não. Só o tempo vai dizer!

                 S: É gente deixa ele! Ele faz o que quiser, assim como vocês fizeram! A amizade continua!

Eles pareceram pensar um pouco, mas depois tiveram que concordar com o Sebas.

                 M: Tem razão. Foi mal cara! Você não é menos homem que a gente por causa disso! Quando tiver que ser será. E você vai gostar muito!

                R: Isso com certeza!

E todos rimos. Então mudamos de assunto e falamos sobre a despedida do Matteo e do Gastón, que iriam se formar nesse semestre. Eu iria sentir falta deles. Foram meus colegas de quarto durante esses últimos três anos. Mas enfim todo ciclo tem um fim. E no fim do ano seria o fim do meu ciclo. Nem acredito que estaria me formando esse ano também. Hora de decidir o futuro.

***

                — E aí amor? Como está se sentindo?

Depois da conversa com os meninos fui reencontrar a Âmbar. Eu vi que ela parecia meio triste, e já sabia porque era.

                  A: Não muito bem. Eu acabei tratando o Ricardo mal hoje. Mal conseguir olhar na cara dele. Ele percebeu mas não deixei ele se aproximar. Ele ficou muito triste. E isso acabou me deixando triste também. Não me senti melhor com isso, pelo contrário.

                 — Ai amor, fazer isso realmente não vai te fazer bem. Precisamos saber o que levou ele a fazer isso, e mais sobre sua origem.

                  A: Simón — Seus olhos estavam vermelhos — Eu fiquei pensando em uma coisa.

                — Em que? — Eu acariciava seus cabelos.

                  A: Se ele é meu pai, quem é a minha mãe? E onde ela estava quando o Ricardo me abandonou? Será que ela morreu? Ou nos abandonou também?

                — Eu não sei... Mas se quiser podemos descobrir.

                  A: Tenho medo de mexer nisso e acabar piorando as coisas. Acho melhor não. Mas a curiosidade...

                 — Eu entendo. Olha vamos combina uma coisa: Quando você quiser, vamos procurar saber sobre a sua mãe tá bom? Nem que a gente tenha que enfim confrontar o Ricardo de uma vez por todas!

                  A: Combinado!

E assim o silêncio tomou conta de nós dois outra vez. Me partia o coração ver ela assim. Ficamos olhando pro céu, e contemplando sua imensidão. Mas um dia a verdade virá a tona, oh se vai...