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História Os Super-heróis Que O Mundo Esqueceu - Agente 3 e Chat Noir


Escrita por: JJWriter

Notas do Autor


Oi genteee volteeei

Meudeusdocéuoqueaconteceumenina - é o que vocês devem estar pensando, depois de duas semanas sem postar capítulo novo. Eis uma breve explicação do que tem acontecido (bem, talvez não tão breve, mas eu fiquei duas caralhas de semanas sem postar e acho que devo me explicar direito né):

Na semana que era pra eu ter escrito o capítulo, foi a semana final de provas, e eu estava tentando desesperadamente aprender a matéria de física e química. Saber o que cairia na prova eu sabia, mas saber resolver os exercícios é uma história bem mais complicada, que não consegui sair com sucesso nos últimos bimestres do ano. (Fiquei de recuperação em física em basicamente todos os bimestres) Maas, com uma santa ajuda de duas amigas que eu dou graças a deus de tê-las, consegui aprender a matéria e saí bem nas duas provas, sem nem precisar da ajuda do conselho de classe. Resultado: passei de ano sem dependência! Melhor presente de natal, fiquei muito feliz.
Daí chegou o dia que eu deveria ter postado: o fim de semana. Mas eu tinha um capítulo pronto? Não, mal tinha começado. Era a hora de eu correr para escrever. Mas eu fiz isso? Sim, quando não estava ajudando minha mãe com o transporte de móveis da casa da minha vó pra minha. Foi uma bagunça, passamos o fim de semana todo nisso. Além disso, era meu aniversário, e a casa tinha que ficar pronta pra receber a família. (Dia 18 de dezembro há 17 anos atrás eu nasci, uma coisinha cabeluda de 57 centímetros gritando que nem um gato morrendo atropelado, segundo meu pai.)
E então, só depois do domingo do meu aniversário, nessa última semana, eu pude realmente me dedicar a escrever esse capítulo. E boa parte dessa semana eu passei com meu pai em outra cidade. E ele me deixou escrever? Não enquanto minha irmã de três anos estava acordada. Mas consegui uns horários de madrugada e de manhã.

Enfim, o capítulo 15!

Hoje temos um título curioso... Será que teremos umas pistas e despistas de quem é a Agente 3? Fiquem espertos... Mas primeiro começamos com uma cena do Adrian, logo depois daquela briga com seu pai. (Só esclarecendo pro caso de vocês confundirem e acharem que é outra briga. Não é outra, é a mesma, logo depois do ponto em que parou.)

Então aí vai, boa leitura! Espero que gostem!

Capítulo 15 - Agente 3 e Chat Noir


Fanfic / Fanfiction Os Super-heróis Que O Mundo Esqueceu - Agente 3 e Chat Noir

 

2025, quarta-feira, hotel Le Grand Paris, França.

Adrian

Bati a porta do quarto com força depois de gritar com meu pai. Por que ele tem que ser tão intrometido, por que não pode me deixar em paz, por que tem que controlar tudo que eu faço, por que tem que ser assim? Por que ele é tão controlador? O que eu fiz para merecer isso?

Chutei uma cadeira que estava no meu caminho, sentei na cama e apoiei a cabeça nas mãos, tentando me controlar. Mas a raiva já estava me consumindo por inteiro.

Por que ele tem que opinar em tudo que eu faço, por que tudo tem que ser tão difícil, por que ele tem que ser tão difícil? Por que eu fui idiota o bastante para aceitar trabalhar para ele em vez de ir fazer qualquer outra coisa e cuidar da minha vida? Tudo que ele fez foi me manter dentro do ninho, me mantendo preso aqui nessa vida que eu não quero, eu não quero isso, eu não aguento mais...

Tenho que fazer alguma coisa. Ah não, espera, pensei com ironia. Eu já tentei fazer alguma coisa. Eu fui falar com ele na reuniãozinha dele com sei lá quem, mas ele me ouviu? Não, não ouviu uma palavra que eu disse. Porque ele é cabeça dura demais para ouvir qualquer coisa que não seja seu próprio ponto de vista. Ele é idiota demais para ser pai, ele devia é viver sozinho! É cabeça dura demais, é...

Eu vou é fugir daqui. Vou fugir na primeira oportunidade e nunca mais voltar, não importa o que aconteça. Qualquer coisa é melhor do que isso, qualquer coisa...

 

{Enquanto isso, do outro lado da porta}

- Adrian, volte aqui agora! – gritou Gabriel Agreste, furioso. – Nossa conversa não terminou!

Ele foi em direção à porta do quarto de Adrian, mas antes que a alcançasse, Natalie chegou.

- O que está acontecendo? – perguntou ela, assustada com os gritos de Gabriel.

- Meu filho está sendo completamente insolente! – disse ele, quando viu que era Natalie que havia entrado. – Pôs em risco a minha reputação na empresa, e a dele também!

- Acalme-se senhor, brigar não vai resolver nada. É melhor vocês conversarem depois, quando não estiverem de cabeça quente.

Gabriel procurou o que argumentar; mas mesmo cheio de raiva parte de si dizia para não entrar naquele quarto e que Natalie estava certa.

- Eu só queria entender por que ele age assim! – disse ele, estressado e cansado.

- Eu acho, senhor, que o Adrian está se sentindo muito... Trancafiado. – disse Natalie, cuidadosa com as palavras. – Talvez ele precise de uma... Experiência diferente, sabe? E se o senhor desse a ele uma casa para ele morar sozinho por um tempo? Apenas como uma experiência.

- Claro que não, isso está completamente fora de cogitação! – disse ele, gesticulando irritado. – Do jeito que ele está se comportando? Seria loucura deixá-lo sozinho, ele está agindo de forma totalmente irresponsável! Eu tenho é que castigá-lo, e não dar o que ele quer! Quando é que ele vai aprender a pensar nas consequências? Quando já tiver arruinado a nossa reputação? Quando formos motivo de piada e os negócios estiverem arruinados? 

- Mas senhor, tratá-lo assim só vai gerar raiva contra o senhor. – disse Natalie sabiamente. – Tratando-o com mais generosidade e atenção pode gerar reações positivas da parte dele. É o que o senhor quer, não é? Que vocês convivam bem?

Gabriel passou a mão pelo rosto, pensativo, sentando no sofá branco atrás de si.

- O que o Adrian precisa é de um pouco de liberdade. – continuou Natalie. – Toda a vida ele viveu sobre os seus comandos, como deve ser entre pais e filhos. Ele não o desobedecia antes, mas agora isso já está se tornando insuportável para ele. Adrian precisa de um tempo sozinho. Independente.

Gabriel encarava o espaço à sua frente, ouvindo-a pensativo, inexpressivo. Natalie não tinha certeza se ele estava concordando, mas sabia que ele estava dando ouvidos ao que estava dizendo, e que, portanto, devia continuar.

- Sei que com tudo que aconteceu é natural o senhor querer protegê-lo, mas agora está na hora de mudar as coisas. – continuou Natalie, habilidosa com as palavras. – Dê a ele mais liberdade, o senhor vai ver como as coisas entre vocês podem melhorar. Tenho certeza que ele ficará muito agradecido.

Gabriel continuou calado por alguns instantes antes de responder com um grunhido:

- Não tenho tanta certeza disso.

- Eu tenho, senhor. É o que Adrian mais quer. - ela o observou, pensando se deveria dizer. E então tomou coragem e disse: - É o que Lílian faria.

Gabriel ficou em silêncio por mais alguns segundos ao ouvir o nome de sua mulher falecida. Desejou que Natalie não tivesse tocado no assunto. Seu impulso foi cortar a conversa na hora e ir para o quarto, mas para seu desagrado, Natalie continuou a falar.

- Primeiro dê um tempo a ele, e então o chame para conversar. – disse ela. – Tente negociar algo. Tente ouvi-lo, ouvi-lo de verdade.

Gabriel fez uma carranca ao ouvir a última frase.

- Eu ouço sim o meu filho. – disse ele.

- Bem... Talvez não o suficiente. – disse Natalie, hesitante. – É o que ele diz para mim.

Ele ficou parado olhando para o nada alguns instantes mais, pensando. A carranca ainda se mostrava no rosto dele, mas Natalie não tinha nada mais a dizer.

- Bem, veremos amanhã. – disse Gabriel, se levantando e indo para seu quarto.

 

2025, apartamento de Alya e Marinette, quinta-feira, Paris, França.

Alya e Marinette

Alya estava sentada à mesinha do quarto de Marinette estudando, com a cabeça apoiada em uma das mãos, usando os brincos de cauda de raposa que comprara no primeiro dia em Paris com a amiga. Thomas estava na creche, Tetris estava em algum lugar da casa, e Marinette estava deitada em sua cama, debruçada sobre a enorme lista de convidados da festa do Gabriel Agreste.

As duas estavam estudando desde que chegaram em casa. Alya tinha uma prova importante no final de semana, enquanto Marinette tinha a festa. Ambas não saíram de perto de seus afazeres nem para comer, havia restos de lanches em cima da cama e da mesinha onde estudavam, e ainda havia algumas caixas da mudança em um canto do quarto, que elas arrumariam depois, quando tiverem tempo livre. Marinette tinha seu celular em uma mão e uma caneta na outra, fazendo anotações nos espaços em branco da lista de convidados e em folhas extras de rascunho que pegara justamente para isso. Alya tinha todos os seus cadernos e livros necessários à disposição na pequena mesa iluminada por uma luminária verde. A brisa do final de tarde entrava pela janela aberta do quarto silencioso, quando esse silêncio foi quebrado por Marinette.

- Ah meu deus, não estou achando onde que o senhor Stanfield encontrou a Vivienne Courier. – disse Marinette, pesquisando no celular um dos convidados da festa.

- Você precisa saber até isso? Achei que era só decorar os nomes. – disse Alya, ainda olhando para seu caderno, sem fazer a menor ideia de quem era esse homem.

- Sim, preciso saber de tudo. A Vivienne disse que eu preciso saber da vida de todo mundo pra parecer que ela conhece todo mundo da festa. E uma das coisas principais é qual a relação deles com ela e/ou com a empresa. – respondeu ela, clicando em um link suspeito de ter o que queria.

- Que mulher falsa hein, ela está te pagando pelo menos?

- Bom, por enquanto não, não é definitivo que eu vou poder ir. É só se eu conseguir decorar tudo. Hã?! Ah, mas não é possível...

- O que foi?

- A Christine está me ligando de novo. Só pode estar fazendo isso de propósito. – bufou Marinette, impaciente. – Já é a terceira vez!

- Pra quê, pra te encher o saco?

- É, e pra me atrasar. É ela que vai me substituir se eu não der conta de decorar tudo.

- Ah, saquei. Pelo que você me fala dessa mulher ela parece ser insuportável. – disse Alya, voltando as páginas de seu caderno para os tópicos que diziam o que vai cair na prova do fim de semana, depois de ter terminado mais uma das matérias.

- E ela é insuportável. Ontem ela custou a me deixar sair da empresa para voltar pra casa, estava me atrasando pra eu ter menos tempo pra decorar isso. Perdi umas duas horas com ela enrolando na impressora. A Vivienne mandou ela me passar a lista de convidados, e em vez de me mandar por email ou qualquer coisa assim, ela insistiu em imprimir tudo. São duzentos e cinquenta e três convidados! Se um faltar eu mato. – resmungou Marinette, checando quantos convidados ela já havia pesquisado e anotado tudo que deveria saber sobre eles. 208 já foram. – Não vou atender não, nem vem. – disse ela para o celular insistente.

A ligação finalmente caiu, mas não demorou muito e Christine já estava ligando novamente.

- Ah, fala sério. – resmungou Marinette, revoltada. – Quer saber, eu vou atender, só pra mandar ela ir ver se eu não estou na esquina.

Marinette atendeu o telefone, irritada, bufando ao ouvir a voz alegre e falsa de Christine.

- Oi Cherbourg! Quer dizer, Marinette. Marinette Dupain-Cheng, não é? – disse ela, zombando de cada sílaba do nome. – É, acho que é, eu chequei no registro quando fui te denunciar, deve ser isso mesmo, não é?

- Que foi, Christine? – grunhiu Marinette, ríspida.

- Ah, nada não, só vim te cobrar. A Vivienne disse pra eu checar se você está mesmo se dedicando, sabe? Porque ela não te conhece, e você não é de confiança como eu, que já trabalho pra ela há três meses. Nenhuma outra assistente passou tanto tempo com ela quanto eu.

- Não se preocupe Christine, eu vou estar prontinha pra festa. – respondeu Marinette, duvidando que Vivienne Courier tivesse mesmo pedido a ela que ficasse cobrando o serviço que Marinette já sabia muito bem que precisa fazer, se quiser continuar trabalhando para ela. O que ela obviamente quer. Mas Christine estava fazendo de tudo para atrapalhá-la. – Foca no seu trabalho, Christine, deve ter sobrado alguma coisa útil pra você fazer.

- Ah sim, claro que sim, como comprar meu vestido, por exemplo. Porque eu já estou prontinha, e nós duas sabemos que você nunca vai dar conta de aprender tudo que eu sei em apenas um dia e meio. Hoje já é quinta-feira, querida, não dá tempo não, mas eu entendo que queira sair de cabeça erguida, o que mais você pode fazer, não é?

- O que mais você pode fazer, hein Christine? Que tal ver se eu estou na esquina? Vá cuidar do que você tem que fazer e me deixa em paz, não é culpa minha se você se ferrou tanto que periga eu tomar o seu lugar. – respondeu Marinette, desligando na cara dela.

- Errê. – comemorou Alya, que ficou ouvindo as respostas da amiga. – Falou e disse, amiga. Agora não atende mais as ligações dela.

- Não mesmo. – disse Marinette, deixando seu celular no silencioso, quando viu que horas eram. – Ah, já está na hora de buscar o Thomas na creche. Vou lá e já volto.

Depois de Marinette ter voltado com seu filho, passou quase uma hora tentando fazê-lo dormir. Por fim desistiu, parecia que ele estava ligado na tomada. Deixou-o assistindo televisão, obrigando Marinette e Alya a se deslocarem para a sala a fim de poderem ficar de olho em Thomas. Tetris dormia aos pés do sofá onde Marinette estava.

As duas continuaram debruçadas em seus afazeres por mais algumas horas, até bem depois do anoitecer. Ficou mais difícil se concentrar no que tinham que fazer com Thomas interrompendo-as o tempo todo para pedir alguma coisa, com seus grunhidos sem palavras, ou simplesmente chamar atenção da mãe à toa. O relógio de pulso de Alya marcava onze e vinte quando avisou à amiga.

- Mari, acho melhor a gente ir dormir. Já passou das onze. – disse Alya, virando-se para Marinette.

- Hum... Tudo bem, acho que dá pra terminar amanhã. – disse Marinette, com o sono vencendo a relutância de parar de estudar a lista de convidados.

Marinette levou Thomas para seu quarto e começou o longo processo de fazê-lo dormir. Já passava da meia noite quando finalmente obteve sucesso. Alya estava dormindo há muito tempo quando Marinette caiu na cama, exausta.

 

2025, quinta-feira, hotel Le Grand Paris, França.

Lila

Lila Rossi saía de sua suíte no melhor hotel de Paris, com sua bolsa na mão, procurando seu celular. Não encontrando, ela fechou a bolsa, bufante de raiva.

- Onde foi que eu deixei... – pensou ela em voz alta quando ficou sozinha no elevador, vasculhando em sua memória qual foi a última vez que o viu.

As portas do elevador se abriram no saguão, e Lila foi até o recepcionista no balcão para perguntar por seu celular.

- Não encontramos nenhum celular perdido hoje. – disse ele. – Quando foi a última vez que o viu?

- Acho que foi ontem. – disse Lila.

- Avisarei a senhorita se encontrarmos.

- Obrigada. Posso usar o telefone daqui?

- Claro, à vontade.

Lila ligou para o diretor do filme que vai começar a gravar para avisar sobre seu celular e perguntar detalhes das gravações. Então ela ligou para sua assistente na Itália perguntando se ela havia esquecido o vestido que usaria na festa em casa, como suspeitou ao não encontrá-lo na mala. A assistente respondeu que sim, então, depois de desligar o telefone, Lila saiu do hotel e foi às compras.

Não muito longe do hotel, dentro da limusine que a levava, Lila avistou na rua uma bandeira oriental com o símbolo do ying e yang, e sorriu ao se lembrar de seu treinamento para o filme que estava fazendo alguns meses atrás. Parte de suas aulas de luta era de artes marciais, que aprendeu com Mestre Fu, um sábio senhor de idade que ensinou tudo que ela precisava saber para as gravações na época em que o conheceu. Mas Lila sentia que ainda havia muito a aprender com ele.

 

2025, quinta-feira, Paris, França.

Emma

Emma foi embora da casa da família Teaumont depois do almoço do dia anterior, quando Phillip e Marie chegaram. Agora ela estava seguindo o conselho de Dora, estava dando uma olhada em lojas de roupas para comprar o vestido que usará na festa de Gabriel Agreste, que será daqui a dois dias. Daqui a dois dias eu vou ver meu pai, pensou ela, ansiosa, tanto no sentido de euforia quanto de nervosismo.

Ela escolheu um vestido verde água que achou bem bonito e simples. Não queria chamar muita atenção, porque fora recomendada que não chamasse muita atenção para si mesma, mas também queria ficar bem arrumada. O vestido que escolheu era o suficiente para isso.

Quando estava pagando o vestido, viu em uma prateleira atrás da moça do caixa um chapéu azul bem extravagante, que tinha uma longa pena de pavão saindo dele. Imagine só se eu usasse isso, pensou ela, se divertindo com a situação. Não seria nada discreto.

Emma saiu da loja sorrindo esperta.

 

2025, mais cedo na mesma quinta-feira, Paris, França.

- Nino, você viu o Newt por aí? – perguntou Rose ao encontrar Nino pelos corredores da faculdade.

- Quem é esse mesmo?

- Meu colega, que me avisou do diretor chegando aquele dia. Viu ele por aí?

- Não, nem lembro direito da cara dele. – disse Nino, com seu desânimo habitual disfarçado de displicência. – Por quê?

- É que o diretor me mandou uma mensagem dizendo que ele vem avaliar a gente segunda-feira, e eu preciso falar pra ele o quanto antes. – disse Rose, olhando em volta para ver se não encontra o garoto por aí. – Estou procurando ele há um tempão...

- Bom, eu não vi. – disse Nino. – Quer ajuda pra procurar? Minha aula já acabou, não tenho mais nada pra fazer.

- Você não precisa ir pra casa? – disse Rose, piscando inocentemente para ele. – Você ainda mora com os seus pais, não é?

- É, mas não tenho pressa. – disse Nino, coçando a cabeça e desviando o olhar. – Bem... Quer ajuda ou não? Está meio cedo pra eu ir pra casa agora.

- Tudo bem, então vamos procurá-lo! – disse Rose, radiante. – Vamos ver se ele está na cantina.

- Ok.

Os dois saíram para procurar o colega de Rose e o encontraram na cantina, onde aproveitaram para se sentar com ele e ficar lá um pouco, já que ambos estavam com fome.

- Então ele vai vir segunda-feira? – perguntou Newt, o garoto de cabelos castanho-claro e olhos verdes que trabalhava com testes de amostras desconhecidas assim como Rose. – Então por que me avisou errado, caramba? Fez a gente ficar nervoso à toa.

- Sei lá, deve ter tido algum imprevisto. – disse Rose, sem se importar muito com isso. – O que importa é que temos até o fim de semana pra terminar tudo. Ainda bem, senão não teria dado tempo.

Os três estavam conversando e comendo quando Alya passou por perto e Rose a chamou para sentar com eles.

- Oi Alya, tudo bem? – disse Rose, alegre, quando Alya se sentou ao lado dela; sem nem perceber que ela evitava Nino. Os dois estavam se evitando desde que brigaram depois do dia em que Lila começou a visitar Rose. Só então Nino se lembrou que ainda não havia contado sobre essa briga para Rose, se ela soubesse talvez não teria convidado Alya para se sentar com eles.

- Tudo, e vocês? - disse Alya se sentando, sem olhar para ninguém específico.

- Bem também. – respondeu Rose.

- Meio frustrados com o diretor, mas bem. – disse Newt, balançando seu copo de suco, observando o fundo espumado de laranja.

- Por quê? – perguntou Alya.

- Ele marcou horário errado pra avaliar a gente e tive que tirar tudo da minha mesa correndo, quase perdi minhas amostras. – disse Newt, bufando. – Eram as minhas últimas amostras limpas, e está tudo contadinho pros últimos testes. Quase tive que pedir mais uma leva.

- Ah, sei como é. – disse Alya. – Só que no meu caso é com textos, o que é pior ainda, porque é você que escreveu e não tem como pedir mais, aí você precisa escrever tudo de novo. É bem frustrante.

- Você está fazendo curso de que, Alya? – perguntou Rose, tomando um gole de sua vitamina.

- Jornalismo. – respondeu ela.

- Hum, que legal! – disse Rose, animada. – E você já escreve artigos, mexe com notícias, como é que é?

- Bom, estou em um dos últimos anos do curso, então já mexo com essas coisas sim. Mas gosto mais de reportagens do que de artigos comuns. – disse Alya, querendo fugir desse assunto genérico e ir logo ao que está mais interessada. – Estou tentando conseguir alguma coisa sobre a Tormenta, quero fazer um documentário pra um trabalho daqui a algumas semanas.

- Um documentário sobre a Tormenta? – perguntou Rose, curiosa.

- É, ou vai ser um documentário ou uma reportagem. Eu quero investigar a vida dela, descobrir por que ela faz esses ataques sem sentido, por que ela se fantasia daquele jeito...

- Simples, por que ela é uma maluca que tem prazer em assustar, matar e torturar as pessoas, e chamar atenção. – disse Newt, interrompendo o entusiasmo de Alya.

- Sim, mas ainda assim eu quero saber da história dela, quero saber o que levou essa menina a fazer o que está fazendo. E o mais importante: descobrir quem ela é. Sua identidade quando não está provocando o caos na Terra. – disse Alya, animada como sempre foi com esse tipo de coisa.

- Nossa, projeto ambicioso hein? – disse Rose, impressionada. – Deve exigir bastante trabalho.

- É, mas eu estou disposta a tudo. E já sei de algumas coisas. – disse Alya. Ela se inclinou para frente, como se estivesse prestes a contar um segredo ou um evento chocante. – Vocês sabiam que ela não roubou o banco da cidade quando o atacou? Ela foi lá uns dias pra trás, fez um monte de gente de refém, matou uma menina, mas não roubou nada. Nadinha de nada.

- Ela matou uma menina?! – disse Rose, espantada. – Não sabia que ela tinha matado alguém! Achei que ela só tinha roubado o banco!

- Pois é, e foi exatamente isso que ela não fez. – disse Alya. 

- Ela não quer dinheiro, ela faz isso pelo prazer de chamar atenção. – disse Newt, que não se surpreendeu tanto com a informação, acostumado a ver notícias como essa sobre Tormenta o tempo todo. – Foi lá só pra se divertir.

- Eu sei, mas mesmo assim, acho que tem alguma coisa sobre ela que vale a pena descobrir. - disse Alya.

- Ela lembra um pouco o Coringa. – disse Nino, recostado em sua cadeira de braços cruzados.

- Coringa? – perguntou Alya, se esquecendo do gelo que estava dando nele.

- Tipo do Batman? – perguntou Rose.

- É – respondeu Nino –, toda essa história de máscara de tinta, cabelo extravagante e roupas intimidadoras, fazendo coisas por um certo prazer em assustar as pessoas e em ver suas teorias macabras se provando realidade, isso é bem a cara do Coringa.

- É verdade, mas eu não sei se a Tormenta é bem desse jeito. – disse Rose.

- Teorias macabras? – perguntou Alya, pensativa, interessada na teoria de Nino. – Você acha que a Tormenta tem teorias a provar?

- Bom, pelo que eu vi sobre ela é difícil dizer, ela pode ser só simplesmente pirada. O Coringa tem um pouco disso também. Mas tem muita coisa sobre ela que a gente não sabe. – disse Nino, ainda de braços cruzados, displicente, porém com certa curiosidade pensativa no olhar.

- É, tem mesmo. É por isso que quero descobrir tudo sobre ela. – disse Alya, não tão empolgada com seu projeto ao se lembrar que estava com raiva de Nino e não devia estar dando atenção para ele.

- É, deve ser meio curioso. – disse Newt, pensativo. Nem ele nem Rose captaram o que estava se passando na cabeça de Alya e Nino. – Quando sair seu documentário quero ver.

- Ah, pode deixar. Vou mostrar pro mundo inteiro quando estiver pronto. – disse Alya, um pouco mais entusiasmada, se esforçando para fingir que nada estava acontecendo. – Só fico pensando onde podem estar os super-heróis nessa história.

- Que super-heróis? – perguntou Newt, em tom de deboche. – Os que eu conheço não são daqui de Paris.

- Onde têm vilões, tem super-heróis pra salvar as pessoas. – afirmou Alya, convicta.

- É, menos no nosso caso. – disse Nino, concordando com Newt, percebendo as fugas de Alya. – Aqui os vilões aproveitam pra causar desgraça, porque os melhores super-heróis estão na América.

- Ah, mas tem alguns aqui sim. – disse Rose, querendo apoiar o pensamento positivo de Alya.

- Ah é? Quem? – perguntou Newt. – Diz um.

- Bem... Não sei dizer agora, mas deve ter algum em algum lugar da Europa. – disse Rose, parecendo meio desconcertada. – Mas talvez... Talvez eles precisem de um pouco de tempo.

- O quê, você acha que tem super-heróis por aí em Paris que a gente não conhece? Que ainda não “se mostraram para o mundo”? – perguntou Newt, duvidoso, encarando a colega sentada a seu lado com um sorriso quase provocativo.

Rose se aproximou dele, fazendo-o corar de leve, mudando seu semblante na hora.

- Talvez. – respondeu Rose, devolvendo o olhar, sem nem perceber o efeito que teve no garoto. Mas Alya e Nino perceberam, e trocaram olhares sobre a mesa, pela primeira vez sem se evitar desde aquela briga no dia em que Lila chegou.

 

2025, Paris, França.

Marinette

Ela caminhava por uma rua escura, cuja fraca luz vinha apenas do luar e de um único poste de luz mais adiante, que iluminava uma silhueta feminina e magra, parada quase de costas para Marinette. Marinette olhou em volta, mas nada podia ser visto com clareza, apenas a garota embaixo do poste de luz a alguns metros de distância. A situação não era nada convidativa, mas Marinette continuou andando, pois havia coisas a fazer.

Mas quando se aproximou da garota, a mesma se virou de repente e apertou o ombro de Marinette, que recuou assustada. Seu susto foi maior ainda quando viu que a garota não tinha rosto.

Porém, mesmo sem rosto, ela começou a falar.

- Marinette Dupain-Cheng. Tem alguém que quer te ver. – disse ela ao soltar Marinette.

- Quem é você? – perguntou Marinette, assustada, massageando seu ombro dolorido e recuando mais um passo.

- Não importa. Venha comigo se quiser viver. – disse ela, dando as costas a uma Marinette bastante confusa.

- Como assim? Do que você está falando? Não tem nada ameaçando a minha vida! – disse Marinette, quase gritando, vendo a garota se distanciar sem dar explicações.

- Tem sim. – disse a garota sem rosto, virando-se para ela. – Venha comigo e encontrará alguém que te explicará tudo.

- Pode esquecer. – disse Marinette, tentando bolar um jeito de sumir da vista dessa garota sinistra a qualquer momento. Era muito estranho falar ou mesmo olhar para alguém que não possui um rosto. Marinette sabia que a voz vinha dela, mas não havia boca em sua face lisa e sem feições, e seu queixo não se mexia. A voz apenas saía dela de alguma forma.

- Por que, se sabe que acredita no que estou dizendo? – perguntou a garota sem rosto.

- Não acredito.

- Se não acreditasse já teria fugido ao invés de ficar e gritar comigo. – observou ela, sem mover um músculo. – Chega de perder tempo, temos que ir.

A garota foi em direção a Marinette, que começou a correr. Ela corria, mas não saía do lugar. Por fim parou, ofegante. Virou-se para trás, e a garota estava parada a encarando com sua face lisa sem olhos.

- O que está acontecendo?! – perguntou Marinette, tentando não entrar em pânico, mas já entrando.

- Você que pediu. – disse a garota sem rosto, se aproximando de Marinette.

Ela tentou fugir, mas seus pés estavam pregados no chão. A garota tocou a testa de Marinette com a palma da mão, e ela sentiu a pressão de um vento forte batendo contra si, jogando seu cabelo e suas roupas tremulando para trás.

Aconteceu tudo muito rápido. Tudo começou girar, o tempo se dividiu em faixas visíveis e confusas passando em alta velocidade em sua frente, tampando a visão da garota sem rosto que ainda mantinha a palma da mão pressionada contra a testa de Marinette. E então ela se isolou do mundo, não havia seu corpo, não havia garota sem rosto, tudo que havia era sua mente e as faixas do tempo passando em alta velocidade. Até que parou de repente, e então tudo que ela via era um garoto, em várias situações diferentes, cronológicas.

Um garoto pálido de cabelos negros que tampavam boa parte de seu rosto, fingindo prestar atenção à aula; depois o mesmo garoto sozinho novamente na escola; escondido no banheiro, suas emoções pareciam incontroláveis; e então uma borboleta escura, um borrão de pessoas e gritos passando muito rápido, um garoto loiro mascarado correndo perigo, o desespero tomando conta, um plano executado às pressas, mais borrões confusos... E o garoto pálido, pendurado pelo pescoço, agonizando até a morte.

Ela não conseguia respirar. Durante a visão de tudo aquilo sua respiração estava dolorosamente presa em seus pulmões, e suas mãos queimavam. Em um momento de auge da agonia, ao ver as últimas imagens, puxou o ar com força, e por fim ele veio.

Marinette acordou em sua cama, no quarto escuro do apartamento, suando frio e lutando para recuperar o fôlego. Ela olhou em volta, assimilando onde estava. Estava sentada em sua cama. Tremendo, tirou o cabelo do rosto e sentiu algo estranho em suas mãos. Quando olhou não viu nada, mas sentia-as formigar como se tivesse ralado puxando uma corda grossa e áspera com muita força. Tremendo mais ainda, ela se lembrou do que viu no sonho, e os detalhes da morte do garoto se tornaram vívidos novamente.

E então fez o raciocínio lógico. Um garoto enforcado. A queimação em suas mãos, feita por uma corda. Marinette teve um ataque de pânico, e depois de vários dolorosos segundos sem conseguir respirar, ela desmaiou.

 

2025, sexta-feira, três horas da manhã, Paris, França.

Marinette

Ainda estava escuro quando acordei novamente em minha cama, e levei alguns segundos para me lembrar do que aconteceu.

Não consegui mais dormir naquela noite depois disso. Passei horas em claro. Saí da cama um momento para ir à cozinha tomar um gole d’água, pensando no que acabei de ver. Ou melhor, sonhar. Mas aquilo era tão real que nem parecia ser apenas um sonho.

A parte da garota sem rosto estava mais para um sonho sim, mas as visões do garoto morto não. Aquilo eram fragmentos do que eu já vi quando fui bisbilhotar no escritório de Vivienne, que já eram fragmentos do que aconteceu. Só de lembrar já sentia um mal estar.

Bom, não vamos nos desesperar, pensei, querendo afastar minhas emoções do assunto e raciocinar logicamente antes que elas tomem conta novamente. Suspeito que parte de mim já sabe o que aconteceu, mas essa parte deve estar na minha inconsciência, a parte onde mora as emoções que estão pouco se lixando para a lógica. Porque eu não sei. O que sei é que ele morreu enforcado, e tenho um pressentimento horrível sobre como isso aconteceu. 

Entornei lentamente mais um gole d’água goela abaixo, sentada corcunda em uma cadeira na cozinha escura enquanto pensava.

Não, não fui eu. Não pode ser. Devo ter entendido errado. Não tem como isso ter acontecido por minha culpa, eu nunca mataria ninguém.

Mas de qualquer forma, eu estava lá. Pois considerando que retratos não passam informações por mágica, o que vi naquele dia foram fragmentos de algo que já vi antes, algo no fundo da minha memória que não consigo me lembrar com clareza por algum motivo. Mas por que eu não me lembro? Acho que eu me lembraria de um acontecimento horrível como esse. A não ser que fosse quando eu era bem pequena. Não, mesmo assim acho que me lembraria.

Mas parece que estou enganada, não é? Porque eu não me lembro.

Deixei o copo em cima da mesa ao meu lado, sem parar de fitar o nada. 

Eu conhecia aquele menino. Não me lembro direito, mas sei que conhecia, conhecia da escola. Eu o vi na mesma escola que estudei no ensino médio. E sei que posso confiar no meu sonho, sabendo que veio da mesma fonte que as visões estranhas no escritório de Vivienne, o meu inconsciente.

E para conseguir respostas, precisarei retornar ao meu inconsciente. Precisarei seguir a garota sem rosto, se ela aparecer novamente. Mas nada garante que ela aparecerá.

Não, Marinette. Disse para mim mesma. Não seja boba, o inconsciente não funciona assim. É verdade. Ele é confuso e caótico, não se preocupa em fazer sentido algum. Sonhos não são confiáveis, minha cabeça pode estar misturando várias coisas em uma.

Mas apesar de negar que minhas suspeitas sejam verdade, sentia a culpa cravar suas garras em meu estômago, me rasgando por dentro, subindo até a garganta.

Senti o ataque de pânico surgindo novamente, e me esforcei para me conter. Uma forte ânsia de vômito revirava meu estômago, e bebi mais um gole de água antes de ir para o banheiro vomitar. Mas não aconteceu nada, apenas comecei a tremer novamente.

Não posso ficar assim, pensei, encarando meu rosto pálido e exausto no espelho. Tenho que deixar isso de lado e trabalhar. Depois me preocupo com isso.

Fui para o meu quarto, pegando a lista de convidados da festa para continuar meu trabalho e me distrair, sabendo que dormir não seria uma opção. Levei alguns minutos para perceber que não estava prestando atenção em nada. Desisti da tentativa, deixei a grossa lista de lado e me deitei, tentando voltar a dormir.

Não consegui pregar o olho pelo resto da noite.

 

2025, tarde de sexta-feira, hotel Le Grand Paris, França.

Adrian

Duas crianças brincavam animadamente com uma bola de futebol americano em frente à loja que era possível ver da janela do meu quarto. O dia ia escurecendo, o céu se enchendo de rosa e laranja conforme o pôr-do-sol parisiense, numa típica tarde de sexta-feira. Encostado na janela, eu tentava lidar com as minhas emoções, pois se não controlasse acabaria destruindo o quarto inteiro só de raiva. Mas eu não sou assim, sempre tem um momento em que a raiva passa, e vem a tristeza. E eu estava de castigo, e não podia sair mais. O guarda-costas estava lá do lado de fora da porta novamente, e meu pai estava em seu próprio quarto, fazendo sabe-se lá o quê.

Pouco tempo depois que briguei com ele ouvi Natalie entrando, e depois conversando alguma coisa com meu pai. Mas não quis ouvir, estava irritado demais para qualquer coisa. Só espero que ela não tenha sido demitida, ela não teve culpa de nada.

Fiquei encarando a rua sem prestar atenção em nada do que via, preso em meus próprios pensamentos sobre o que aconteceu no dia anterior.

Eu briguei feio com meu pai ontem. Nunca havia chegado a esse ponto. O que está acontecendo comigo? O que está acontecendo com nós dois? Por que está ficando tudo tão difícil?

Fiz um esforço para afastar isso da minha mente antes que aquele sentimento enorme de ansiedade volte.

Mas no que pensar? Há de se pensar algo, já que não há mais o que fazer aqui agora. Há de se pensar qualquer coisa que não seja os acontecimentos recentes com meu pai, ou vou ficar maluco. Pelo menos era assim que eu estava há algumas horas, quando a revolta ainda era um monstro difícil de controlar, uma criatura habitando dentro de mim há muito tempo, sendo regularmente alimentada pela raiva e amargura que sentia de tempos em tempos. Mas agora não queria amargura, ou raiva, ou revolta. Queria apenas um momento de paz, apenas para retomar o controle de mim mesmo. Apenas para não me deixar consumir pela raiva.

Mas ao pensar nisso, não estou afastando os pensamentos como pretendia e deveria. É claro, não se evita um pensamento pensando no que está evitando.

Respirei fundo e tentei relaxar, observando as pessoas na rua. E então uma pessoa específica veio em minha mente: Marinette. Foi uma das poucas parisienses que conheci nessa viagem até agora. Pelo menos a única que passei mais do que dez minutos conversando, sim. 

Lembrei de quando estávamos abraçados naquele elevador, dançando à luz de um celular preso no teto tocando música. Ela passava os dedos por meu cabelo, e eu fechei os olhos, como um gatinho curtindo o carinho. Ela não foi logo me beijando e tirando minhas roupas, como outras com quem saí faziam, que era até bom, mas não era a mesma coisa que... Bem, era só pelo sexo mesmo, não tinha nada mais do que isso. Mas com Marinette foi um pouco diferente. Ela apenas respeitou o tempo, sem pressa, deixando a coisa fluir naturalmente. Estávamos ambos curtindo o momento. Fazia muito tempo que não ficava assim com uma garota.

Mas aquilo não foi um encontro, tratei de meter em minha cabeça, antes que fosse tarde demais. Não seja idiota, ela não foi muito longe porque está apaixonada por outro cara, lembrei a mim mesmo, decepcionado ao perceber que ela não queria nada comigo. Seu coração pertence a outra pessoa.

Mas será que ela não queria mesmo? Pensei esperançoso. Gostaria de encontrá-la novamente, apenas para perguntar, se não para repetir tudo outra vez. Mas no fundo eu sabia que não perguntaria. E quanto a repetir aquele momento... Bem, eu adoraria. Passaria um dia inteiro com ela em Paris antes de ir embora de volta para Londres, gostei da companhia dela. Por falar em Londres, voltarei para lá em breve. Logo logo estarei de volta àquela mansão onde moro com meu pai. Isso não me alegra muito. Na verdade, apenas acorda novamente a pequena criatura revoltada e amarga dentro de mim.

 

Agente 3

Na mesma rua que o famoso hotel Le Grand Paris, Agente 3 observava Adrian escondida em um telhado, antes de anoitecer. Ela estava muito bem agasalhada para o frio da noite, e toda vestida de preto, usando o capuz de sua jaqueta para ajudar a esconder seu rosto e seu cabelo. Mas ela já estava bem escondida atrás de um outdoor, cujas luzes não funcionavam mais. Ageste 3 cuidou para que não funcionassem enquanto estivesse ali.

Adrian estava bem quieto na janela, observando duas crianças brincando de bola em frente à vitrine de uma loja.

- Anoiteça logo... – disse ela baixinho, agachada muito bem escondida em um ponto estratégico onde era possível ver Adrian na janela de seu quarto do hotel Le Grand Paris, e a loja que ficava em frente a ele. E era exatamente para aquela loja que Adrian parecia estar olhando. – Continua aí... Não sai, fica aí... Hoje vai dar certo, tem que dar.

Agente 3 estava tentando fazer o que já havia tentado não sabia quantas vezes. Mas agora ela tinha confiança de que daria certo, já que Adrian não tem mais nada para fazer agora que está de castigo. E sobre a briga do dia anterior, tudo que Agente 3 pôde fazer para amenizar a situação foi fazer com que Natalie chegasse antes que as coisas ficassem piores, mas Natalie chegou meio tarde, e eles já tinham brigado feio. Mas pelo menos ela interrompeu, sabe-se lá o que poderia acontecer se Agente 3 não estivesse lá espiando tudo.

Adrian olhava para a rua cheia de pessoas como sempre, sem parecer prestar atenção em nada, a julgar por seu olhar deprimido. Ela queria entrar lá e contar tudo para ele, que ele é um super-herói, que ele tem muito potencial e que existe um sábio velhinho com grandes planos para ele. Agente 3 sabia que o fato de ele ser um super-herói não muda muita coisa em sua vida civil, mas ela achou que Adrian parecia não ter um propósito na vida, e isso parecia estar afetando-o bastante. Mas Mestre Fu foi bem claro ao dizer que ela deve agir em segredo total, ser discreta e não ser tão direta.

O sol foi descendo pelo céu colorido de Paris, até começar a se esconder entre os prédios no horizonte, onde podia-se ver a Torre Eiffel ao longe. Agente 3 olhou para a loja e viu que uma das crianças quase acertou a vitrine, o que fez um funcionário de lá dar uma bronca nelas. As duas crianças saíram correndo, rindo do homem, que voltou para dentro da loja bufando de impaciência.

- Liga as luzes... – torceu Agente 3, vendo o homem entrar na loja. – Vai, acende...

Agente 3 olhou para Adrian e o viu mudando de posição na janela, apoiando o queixo na mão.

- Fica aí, não sai... – torceu Agente 3 mais uma vez. Faltava pouco para seu plano dar certo. – Vamos, vamos...

Agente 3 começou a se perguntar se não seria melhor vigiar a suíte em que Adrian estava, para se certificar que ninguém entraria no quarto para atrapalhar.

Mas foi aí que finalmente aconteceu o que Agente 3 esperava.

A noite foi caindo, e as famosas luzes das ruas de Paris foram se acendendo. Os postes de luz estilo antigo, os outdoors, as placas de lojas... Incluindo a placa da tal loja, um pet shop cujo símbolo era uma pata de gato, que se destacou na noite quando o homem que lá trabalhava acendeu sua luz verde.

Adrian olhou para aquilo com as sobrancelhas franzidas, levantando a cabeça da mão que sustentava seu peso.

- Isso, isso, isso! – comemorou Agente 3, cheia de contentamento em ver seu plano funcionar. – Finalmente!

 

Adrian

Não consegui tirar os olhos daquela luz verde que emitia daquela pata de gato... Na verdade, ninguém disse que é de gato, poderia ser de cachorro, mas não sei por que o gato veio primeiro em minha mente. Aquilo me deixou completamente hipnotizado. Parecia que havia alguma coisa sambando na minha cara, alguma coisa que deveria me dizer algo, mas não sei o quê... Fiquei observando aquela placa até que uma corrente de pensamentos começou a se formar em minha mente, instantaneamente e sem controle.

Preto. Preto e verde. Pata de gato. Gato preto... Queijo. Queijo? Cheiro de queijo fedido, muito fedido. Preto, verde, preto, verde... Por que...? Vermelho. Vermelho? Siim, muito vermelho. Vermelho e preto. Vermelho e azul, azul... Olhos azuis. Olhos, belos olhos, olhos profundos, os mais maravilhosos do mundo; belas piscinas, oceanos, pedaços do céu, safiras, talismãs da... Talismãs? Talismã! Espera, o quê? Por quê? Ela... Ela falava...

De repente senti uma forte coceira em minha mão que me acordou para a normalidade. Desviei o olhar para minha mão, coçando-a com força. Só então percebi que meu coração estava acelerado.

Que coisa estranha isso... Pensei, olhando de esguelha para a placa através da janela e depois de volta para minha mão, que ainda coçava, mais especificamente no dedo anelar. Voltei a fitar a placa, tentando dar continuidade àquele estranho turbilhão de pensamentos até que eu pudesse entender, mas nada veio. Era apenas uma simples placa de pet shop.


Notas Finais


E aí, o que acharam?

Lembram de quando a Marinette viu aquela luminária vermelha com bolinhas pretas por aí? Já estava mais que na hora de acontecer uma coisa dessas com o Adrian né? hehehe, e vocês acharam que a Agente 3 tava sumida? Ela está agindo mais do que vocês pensam...

Espero que tenham gostado, e feliz Natal pra vocês!


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