2025, Paris, França.
Adrian estava curtindo a festa até que um cachorro o derrubou no chão e começou a cheirá-lo, agitado.
- Ei, ei! Calma! - Adrian afastou o cachorro erguendo-o no ar, quando uma garota toda esbaforida chegou correndo.
- Ahn, deixa que eu te ajudo... – disse Marinette, pegando o cachorro no colo, morrendo de vergonha. – desculpa, é que ele é muito agitado, e... AI!
Alya vinha passando entre as pessoas com pressa, quando um menino de blusa verde-limão trombou com ela, e Alya caiu em cima de uma garota por perto, que por acaso era Marinette.
- Precisa correr? – disse Marinette para a garota que a atropelou, mas quando olhou para trás viu que era Alya caída junto com ela. – Alya? O que você tá fazendo aqui?
- O que você está fazendo aqui? – disse Alya. Adrian ainda estava no chão.
- O Tetris saiu co... – disse Marinette, quando viu uma bolsa amarela com detalhes prateados e pretos junto com as malas que Alya carregava, tudo caído no chão. Marinette sabia que aquilo não combinava com a amiga e estranhou. – Alya, qual é a dessa bolsa? – perguntou ela, pegando a bolsa pela alça para vê-la melhor.
- AHÁ! – disse uma mulher loira se aproximando, vestida com um casaco amarelo extravagante por cima de um top decotado que deixava aparecer a barriga, e uma calça preta bem grudada no corpo, que chegava até o começo da canela, e um salto de 30 centímetros. – Então é VOCÊ que está com a minha bolsa? – disse Chloe para Marinette, que ficou sem reação. – Sua ladra! Acha isso engraçado? – disse Chloe, tomando a bolsa da mão de Marinette, que olhou para Alya.
- Eu não faço a menor ideia de como essa bolsa foi parar aí! – disse Alya. As duas ainda estavam no chão, e Adrian também, bastante confuso.
- Aham, claro! Aposto que vocês duas participaram disso! – disse Chloe, a única de pé, sem reparar em Adrian.
- Mas... Não, eu... quer dizer, nós não... – Marinette tentou argumentar.
- Que cara de pau a de vocês! Não dá pra cuidar das próprias vidas não? – gritou Chloe, enfurecida. As pessoas em volta começaram a olhar. – não pensei que eu teria que lidar com duas ladras ridículas hoje, tentando roubar minha bolsa e meu dinheiro!
Ladras ridículas? Pensou Marinette. Quem ela pensa que é pra ficar julgando as pessoas assim?
- Olha aqui, nós não somos ladras! – disse Marinette se levantando, esquecendo Tetris no chão. – nós não roubamos nada!
- Mentirosa! – disse Chloe. As duas estavam bem perto uma da outra. – eu não sou idiota, eu sei que vocês roubaram!
- Nós não roubamos a sua bolsa! – disse Marinette, elevando mais ainda a voz.
- Vamos embora, Marinette – disse Alya já de pé, colocando a mochila nas costas. – não vale a pena brigar com quem não escuta.
- AH É? – disse Chloe, se virando para Alya.
- Ei, ei, ei! Calma gente! – disse Adrian se levantando, com medo do que essa briga poderia virar. – olha moça, acho que pode ter sido um engano...
- Ah, então você está do lado delas? Quem mais está? QUEM MAIS APOIA ESSE TIPO DE COISA? HEIN? – gritou Chloe, olhando para todos ao redor na praça, que prestavam atenção na briga. A música até tinha parado de tocar. Adrian estava morrendo de vergonha, nunca se envolveu em uma briga antes, muito menos tentado impedir uma. Chloe continuou falando, tentando humilhar Marinette e Alya, que revidavam. Chloe parecia estar quase gostando da atenção, até que as pessoas começaram a cochichar.
- Quem é essa maluca?
- Acho que eu conheço essa loira!
- Olha, é a filha do Bourgeois!
- O ex-prefeito?
- Não acredito! Sério? É aquela patricinha mimada?
- Só podia ser! E olha só, ela virou puta! Olha só as roupas dela!
Chloe ouviu o que eles cochichavam, e se arrependeu amargamente de estar ali.
- O QUE É QUE VOCÊS ESTÃO OLHANDO? – as pessoas se calaram, e um silêncio extremamente desconfortável encheu a praça. – É, EU SOU UMA BOURGEOIS! E DAÍ?
Chloe colocou a alça da bolsa no ombro com certa violência e saiu da praça de cabeça erguida, empurrando as pessoas que não saíam do caminho. Ela tinha esquecido da péssima reputação que seu nome tinha na cidade.
A praça ficou em silêncio total. Marinette, Alya e Adrian estavam sozinhos no centro da praça. As pessoas haviam se distanciado deles durante a briga, havia se formado uma roda ao redor dos três.
- O que vocês estão olhando? A briga já acabou. – disse Alya, puxando Marinette pelo braço e saindo de dentro da roda. Adrian foi também, antes que ficasse sozinho lá. Mas mal chegou na roda de pessoas e já deu de cara com Natalie.
- Ah... Oi, Natalie. – disse ele, rindo bastante sem graça. – tudo bem? Er... Cadê o meu... – ele olhou para o lado e viu seu pai ali perto, olhando com uma expressão mais dura do que o normal, que já era dura pra caramba. – ah, tá ali. Achei. Hehe – ele deu um sorriso amarelo. Natalie indicou com um aceno de cabeça o caminho até o carro, sem falar nada. Me ferrei feio, pensou ele, seguindo Natalie até o carro.
Nino
O almoço estava na mesa, e a família ao redor, tendo sua refeição enquanto assistia à pequena televisão no canto da cozinha. Estava passando o jornal.
“Hoje Paris acordou mais uma vez com o caos de Tormenta.” Disse a jornalista, em pé, ao lado de uma tela que mostrava imagens do maior banco da cidade.
“Nesta manhã de quarta-feira o banco da cidade foi invadido pela conhecida Tormenta, que entrou no estabelecimento com armas de fogo e fez todos que estavam lá de reféns por horas, atraindo várias emissoras de televisão e carros de polícia para o local”.
Apareceram filmagens de helicóptero que mostrava uma mulher de cabelo roxo e maquiagem pesada, apontando uma arma para uma criança, rindo ao ver uma mulher, que provavelmente era a mãe, entrar em desespero.
- Essa mulher é uma sádica de carteirinha – disse a Sra. Lahiffe, mãe de Nino. Estavam Nino, seu pai e sua mãe almoçando.
- Ela só quer chamar atenção. É um perigo, tem que prender essa maluca logo. – disse o Sr. Lahiffe, comendo seu bife. Nino apenas continuava comendo sem dizer nada.
A Sra. Lahiffe pegou o controle da televisão e abaixou o volume.
- Ok, acho que temos algo a conversar. – disse ela. Nino não desviou o olhar do prato.
- O quê, querida? – disse o Sr. Lahiffe.
- As notas de Nino.
Nino engoliu em seco.
- Está indo mal de novo? – disse seu pai. – não acredito nisso!
- São só as primeiras provas, pai.
- Não interessa! Você não está estudando! Você me disse que dessa vez daria certo, que esse era o curso certo pra você, mas você me vem com o mesmo fracasso que teve nos outros quatro cursos que já fez! – disse seu pai.
Nino não conseguiu evitar dar uma olhada acusatória para sua mãe por ter tocado no assunto.
- Eu não queria causar uma briga na mesa, mas eu tenho que contar pro seu pai o que está acontecendo, filho. – disse sua mãe.
- Eu não acredito nisso, só pode ser brincadeira! Esse moleque nunca vai se formar? – disse seu pai, batendo a mão na mesa. – Nunca vai decidir o que fazer da vida? Vai ficar vagabundeando pelo resto da vida, dependendo de pai e mãe? E quando não estivermos mais aqui? Como é que ele vai viver?
- Calma querido, não precisa falar assim. – disse a Sr. Lahiffe.
- Eu estou bem aqui, pai. Não fale como se eu não estivesse ouvindo. – disse Nino.
- Mas é pra você ouvir mesmo! É pra você ouvir, pra tomar vergonha na cara e estudar de uma vez por todas! É um absurdo isso! – disse seu pai, elevando a voz.
- Querido, não seja tão duro com ele. Ele ainda não sabe o que quer, temos que ajudá-lo, não envergonhá-lo. – disse sua mãe.
- Envergonhá-lo? Ele já se envergonha sozinho!
- CALA A BOCA! – gritou Nino, se levantando.
- Me respeita, eu sou seu pai! – gritou o Sr. Lahiffe, também se levantando.
- Como se você fosse um exemplo de pai! – gritou Nino.
- Não interessa, você me deve respeito! E na minha época meu pai fazia muito pior com quem não estudasse todos os dias!
- Chega, vocês dois! Parem de brigar agora! – disse a Sra. Lahiffe, ainda sentada. Os dois a ignoraram.
- Eu fico dando mole demais pra você, agora está aí, sem futuro, sem emprego, sem nada! - continuou o Sr. Lahiffe.
- CALA A BOCA! Você não sabe NADA sobre mim!
- EU SEI SIM, PORQUE VOCÊ É MEU FILHO, MEU ÚNICO FILHO, E VOCÊ É UMA VERGONHA PARA ESSA FAMÍLIA!
A Sra. Lahiffe ofegou espantada e indignada. Nino se calou, surpreso demais para falar.
Nino empurrou sua cadeira para trás com tanta força que ela caiu no chão, fazendo um estrondo. Ele saiu, pegando sua jaqueta e sua mochila a caminho da porta.
- Filho! Espere! – disse sua mãe, mas Nino não deu ouvidos. Ele bateu a porta com força ao sair.
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