História Os três lados do guerreiro - Tempos de violência

Ichigo estava sentado em uma rocha contemplando o deserto do Hueco mundo, a calma do deserto, a luz da lua, o vento gelado que se espalhava por todo o local e agora que seus poderes tinham se sincronizado seus sentidos estavam muito mais apurados permitindo que ele sentisse até mesmo as partículas espirituais no ar que se misturavam ao ar e a areia, mas ele já estava de saco cheio disso.

 Ele já estava há quase duas semanas naquele lugar e não via nenhuma razão para continuar lá afinal sua aparência já tinha voltado ao normal e sua força se recuperou e começou a crescer novamente, tudo que tinha feito nos últimos dias era praticar, olhar a paisagem e andar pelos desertos. E os hollows que viviam na caverna junto dele não ajudavam muito, Raul odiava lutar e treinar e sempre fazia perguntas bestas sobre o mundo humano, Lana até gostava de lutar com ele só que quando ele passou a ganhar todas às vezes ficou irritada e Morlun não saia da caverna para nada, ficava o tempo todo mexendo com feitiços.

Ele levantou amarrou a katana na cintura e chutou a rocha onde estava para quebrar o tédio, a coisa rocha sólida e tinha o tamanho de uma pessoa, mas isso não a impediu de subir no céu como um míssil e desaparecer da vista. Ele bufou de tédio e falou pensando em voz alta:

- Vou dar uma volta, estou ficando louco aqui.

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Rukia estava um tanto nervosa, ela não estava paralisada de medo, mas não estava exatamente calma afinal já fazia algum tempo de sua ultima missão oficial e seria a primeira desde que virou uma vaizard. Era uma coisa simples e importante ao mesmo tempo e por isso ela não queria que nada saísse errado. Ela andava rapidamente pelas ruas do Gotei 13 até a área dos nobres respirando fundo para se acalmar, ela tinha que demonstrar que estava tudo sobre controle.

Ela parou em frente à porta de uma casa luxuosa e fechou os olhos para pensar um instante, ela não tinha com o que se preocupar era um trabalho simples, rápido e fácil levar a filha de um nobre para seu primeiro dia de treino. Ela anunciou sua presença com duas batidas na porta e então logo ouviu uma voz responder:

- Já vai, já vai calma ai!

Uma voz familiar que logo abriu a porta com tudo.

- Rukia! Há quanto tempo!

- I-Ishin? Senhor Ishin? É o senhor que mora aqui?

- Eu acho que sim, me mudei com as garotas pra cá quando a bagunça na Soul society acabou, o mundo humano não vai ser seguro durante a guerra, mas eu mandei uma carta pra você nos visitar não recebeu?

- Estranho não recebi nada, isso raramente acontece... Mas eu devia buscar uma garota para iniciar seu treino, é uma das suas meninas?

- Nossa é hoje?! Já tinha esquecido vou avisar a Karin, mas entre, por favor, a Yuzu está fazendo chá.

 O homem correu para o fundo da enorme casa gritando pela filha enquanto a shinigami calmamente se acomodou na mesa da sala junto da gêmea mais nova que usava um kimono rosa simples. Ela serviu dois copos de chá e então começaram a conversar de maneira calma e tranquila:

- É um prazer te conhecer Yuzu, me chamo Rukia Kuchiki.

- Prazer, mas eu tenho a impressão que já te conheço... Não foi você que dormiu no quarto do meu irmão uns meses atrás?

- Há sim depois da luta, já tinha esquecido isso, faz tanto tempo já.

- Vocês lutaram? O que ele fez?

- Não, não, foi só um desentendimento que tivemos na época, mas agora já está tudo resolvido.

- Que bom, acabamos de mudar e não gostaria que pensasse mal dele.

- Bem ele já impressionou muita gente com o duelo.

- Que duelo?

- Hã é que... Pois é... – ela percebeu que aquele não era bem o assunto para tratar com ela e logo tentou mudar de assunto - Mas e então o que acha da Soul society? Está gostando de morar aqui?

- Bem sim, é bem diferente de Karakura, mas parece ser um ótimo lugar, é bem tranquilo e calmo aqui, papai parece gostar bastante e depois que ele explicou sobre o que aconteceu com ele e o tio Urahara eles acham que é mais seguro morarmos aqui.

- Entendo, bem pelo menos aqui vão poder ficar seguras com seu pai e seu irmão.

- Você viu o Ichigo? Como ele está? Quando ele vem?

- Calma, calma, ele está ótimo está fazendo um treino especial, mas volta em alguns dias.

- Que bom eu estava tão preocupada com ele e...

- TÁ BOM EU JÁ OUVI PAI NÃO RECISA FICAR REPETINDO!

Karin entrou como um furacão na sala enquanto arrumava o kimono, Rukia tomou o chá rapidamente e se levantou para falar com ela:

- Tudo pronto então para irmos?

- Sim tudo, mas pra onde a gente vai?

- Bem como vocês são considerados nobres você não ira para a academia como a maioria, vou te levar a um esquadrão onde vão designar um treinador e um oficial para supervisionar tudo.

- É meio confuso, mas vamos lá.

- Ótimo, mas vamos correr já estamos atrasadas - ela disse abrindo a porta, mas parou para falar - muito obrigado pelo chá Yuzu, volto outra hora para conversarmos.

- Tchau.

Então as duas foram correndo ate o pátio de treino do décimo esquadrão onde Rukia foi ordenada a levar a garota, não era longe da área nobre só o curto tempo as fez correr. Só que quando chegaram lá elas não viram dois shinigamis esperando, viram quatro.

Os capitães Urahara e Hitsugaya junto das tenentes Momo e Matsumoto, ela ficou extremamente confusa com aquela reunião e logo começou a perguntar:

- O que houve? Aconteceu algum problema?

- Não, nada disso é que... na verdade temos um problemão – Kisuke explicou coçando a cabeça – o caso é que...

- Aconteceu que quando Kisuke assumiu a 5ª divisão e criou o departamento de inteligência ele assumiu toda a área de comunicação e monitoramento – Hitsugaya interrompeu – Só que durante a transição de informações do antigo correio oficial, da 12ª divisão e da 2ª para dele muita coisa se perdeu ou foi mal arquivada.

- E vocês estavam discutindo sobre isso?

- Não eu fui pego no problema e por engano fui designado como treinador da Karin e a Matsumoto como observadora, Momo só veio me avisar do caso.

- Mas e o capitão Urahara? O que está fazendo aqui?

- Dei uma fugida do serviço para assistir o treino, treinei o irmão dela então queria ver se há semelhanças entre os dois, afinal fui eu que a apontei para esse treinamento, já que a família dela tem um histórico de desenvolver um grande poder é bom ela começar cedo.

- Mas ela mal tem poderes.

- Há, mas TEM poderes, não se preocupe a gente assume daqui.

- Tudo bem então, vou voltar a meu esquadrão para trabalhar.

Enquanto ela ia embora Toshiro encarou o colega com seu olhar gelado e ao mesmo tempo fulminante só que o colega só respondeu de uma maneira sarcástica:

- Que foi? Você é o que tem pra hoje e pelo que eu saiba você também tem que treinar um pouco.

- Tá bem, Matsumoto volte para o esquadrão e me substitua por um tempo.

- Ué não preciso assistir e fazer um relatório dos treinos?

- Deixa que eu faço isso, alem disso já tem gente de mais assistindo.

- Momo vá junto, ela pode precisar de ajuda – Kisuke acenando para as duas.

Enquanto elas iam embora Kisuke se afastou para das espaço para os dois que começaram a conversar:

- Diga-me seu nome e o de sua família.

- Que?

- Seu nome, eu quero que fale seu nome.

- Tá mais por que o da minha família?

- é uma questão de tradição.

- Que estranho...

- Só diga o seu nome – o capitão já estava ficando incomodado.

- Eu sou Karin, Karin Kurosaki... Tá bom assim?

- Não, mas por agora serve... – ele fez uma posição de sentido estufando o peito e pondo os braços para trás – Eu sou o capitão Toshiro Hitsugaya, líder do décimo esquadrão e hoje serei seu mestre e professor.

- Hahahahahahaha – ela explodiu em gargalhadas com a frase dele.

- Qual é a graça?

- Você quer mesmo que eu acredite que um pirralho baixinho que diz fazer farte do exercito?

- QUEM VOCÊ TA CHAMANDO DE PIRRALHO?! – naquele momento ele se exaltou.

- VOCÊ SEU BAIXINHO DO CABELO PLATINADO!

- EU SOU UM OFICIAL GAROTA!

- HÁ É? POIS PROVE!

Em um instante ela viu a mão dele ir até a enorme katana que carregava nas costas e ela instintivamente recuou, só que ele não sacou a lamina ele bateu com ela no chão com bainha e tudo, primeiro o piso rachou com o golpe e então veio um clarão de luz branca. No segundo seguinte ela viu que naquele movimento ele congelou toda área de treino.

Era um lugar do tamanho de dois campos de futebol ou mais e em menos de um segundo virou um espelho gigantesco de gelo. Ela encarou a paisagem sem palavras enquanto ele falava um pouco mais orgulhoso do que devia:

- E então acredita que sou um capitão agora?

- Isso... Isso... ISSO FOI DEMAIS!

- Que?

- O jeito com que você bateu a espada no chão e congelou tudo foi incrível! Me ensina a fazer esse truque?

- Não,

- Ué? Por que não? Você não vai me treinar? Ensina-me isso também!

- Porque não foi um truque, essa é uma habilidade da minha zampakuto.

- Então me empresta ela.

- Não funciona assim, cada shinigami tem uma zampakuto e ela é ligada ao seu corpo e alma, elas só funcionam quando o dono as empunham e cada uma tem habilidades e poderes diferentes.

- E quando eu ganho a minha? Quando vou aprender a fazer coisas assim?

- Porque não começamos do básico? As coisas simples primeiro depois as técnicas avançadas.

- Tá bom então, e o que vamos fazer agora?

- Agora nós vamos para outro pátio de treino não quero que você fique escorregando durante o treino e então vamos começar trabalhando a sua energia espiritual – ele estendeu a mão para guia-la para fora do lugar sem perigo dela cair.

- CAPITÃO HITSUGAYA!- Kisuke gritava do outro lado do pátio – Dá para me ajudar também? Seu gelo prendeu meus pés.

- Desculpe colega, mas tenho que treinar!

Ele então foi embora com a garota deixando o capitão sozinho no gelo.

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 Quem pensa que os desertos e vales do Hueco mundo são sempre silenciosos esta enganado, as constantes lutas por poder e sobrevivência transformavam algumas áreas em um caos total. Mas aquele era um caso especial, não era uma luta, estava mais para uma humilhação e aqueles não eram hollows comuns eram arrancars, mas sua forma não era o mais chamativo e sim suas diferenças.

Um era um homem jovem, alto, magro e loiro que usava um tapa-olho junto com estranho uniforme branco e a outra figura não passava de uma garotinha indefesa que usava trapos verdes e uma mascara rachada. Aquela não era uma luta por comida ou sobrevivência e sim por um ódio sem sentido.

Tesra tinha um ódio pela garota que superava tudo em sua vida exceto talvez a devoção que tinha pelo seu mestre, o mais incrível que essa raiva e magoa não era sua, a garota nunca o fez nada diretamente, mas ele via que a simples existência dela era a única coisa que perturbava a mente de seu senhor e ele não ia permitir que isso continuasse.

Ele já a tinha no chão inconsciente e não precisou de mais que alguns socos para isso e agora tudo que restava fazer era o golpe final para terminar com aquela história de uma vez por todas, ele sacou sua espada para dar o golpe final, quando escutou uma voz ao por perto o chamando:

- Ei você! Você mesmo de roupão branco!

Ele olhou para trás e viu um rapaz atrás dele, um shinigami ele olhou para ele e falou rapidamente com desprezo:

- Não tenho tempo para agora você verme, suma daqui.

Ichigo que estava no alto de uma duna não viu a garotinha no chão apagada, mas se aproximou deles falando e tirando sarro ao mesmo tempo:

- Há vamos sempre quis bater um papo com um dos arrancars do Aizen... – nessa hora Tesra cerrou os olhos um pouco apreensivo e irritado, e Ichigo continuou a falar e andar envolta dele – Acertei não foi? Porque a gente não bate um papo e você me conta sobre...

Só que nessa hora ele viu a garota desmaiada no chão, então o rumo do dialogo mudou.

- Esquece a conversa... Você morre agora!

Só a voz monstruosa e ameaçadora de Ichigo foi mais do que suficiente para o hollow se abalar, ele rapidamente recuou e segurou sua lamina com as duas mãos para se defender do primeiro movimento do inimigo, mas foi completamente em vão. O primeiro balanço da espada cortou a lamina do hollow no meio o desarmando e ferindo gravemente os braços, o segundo que acertou as pernas o paralisou no lugar cortando os nervos fora.

Então numa velocidade absurda o ruivo avançou e agarrou o oponente pela garganta o erguendo no alto e numa sentença final resmungou:

- Cansei de merdas como você que se aproveitam dos mais fracos...

E então veio o estralar dos ossos esmagados... Ele se acalmou respirando fundo, jogou o corpo na areia e pegou cuidadosamente a menina nos braços e foi embora cainhando lentamente.