História Os três lados do guerreiro - Vítoria sem glória

Ichigo sentiu um vento forte em seu rosto, ao abrir os seus olhos ele viu que estava em pé na lateral de um arranha céu e este era tão alto que era impossível ver o chão ou o topo do edifício, e quando olhava para os lados via uma centena de edifícios iguais. Mas por mais bizarro que aquele lugar fosse o rapaz não sentia medo ou desconforto. Afinal já esteve varias vezes naquele lugar.

Ele ouviu uma voz familiar vinda de trás e ao se virar cumprimentou o dono dela:

- Bom te ver Zangetsu.

Ele falava com ninguém menos que a consciência de sua espada, que era parte dele e de seu poder. Zangetsu tinha a aparência de um garoto de no máximo doze anos, magro e pálido o rapaz usava um longo, sobretudo negro que fazia contraste com seu cabelo branco. O menino com uma voz séria e triste começou a falar com Ichigo:

- Você gosta de nos ver sofrer?

- Mais é claro que não, por que disso?

- Então Ichigo por que se recusa a lutar?

- Eu nunca fugi de uma luta zangetsu seja para me proteger ou proteger os outros, não sei de onde tirou isso.

- Eu digo lutar com toda a sua força, com todos os seus poderes, sem se segurar sendo empunhando a sua espada ou as suas garras.

Finalmente o rapaz entendeu o que o garoto queria dizer, ele falava do poder Hollow, o lado que Ichigo tentava ignorar a um tempo. Zangetsu então olhou para o céu e começou um breve discurso, com uma voz calma e serena:

- Gostaria que você soubesse de uma coisa meu rei, poder é muito parecido com fogo, ou você aprende a dominar e controlar ele ou ele vai consumir você – nessa hora Zangetsu deu um longo suspiro e olhou para ele – seria bom que você acordasse agora tem mais gente querendo falar com você.

Loja do Urahara.

Quando Ichigo abriu os olhos ele percebeu estava dentro da loja de Kisuke deitado em um colchão, ele então sentou no chão e percebeu que estava com curativos por todo o corpo. Então ele se lembrou da luta da noite passada, dos hollows mais poderosos que ele tinha visto na vida, de como ele foi feito de saco de pancadas pela adjucha e por ultimo alguns flashes de como ele perdeu o controle sobre a sua fúria. Então ele olhou para o lado e percebeu que não estava sozinho.

Rukia e Ishida estavam no mesmo cômodo de madeira, dormindo em duas macas. As feridas deles eram sérias, eles tinham apanhado feio antes de Ichigo chegar, o quincy estava com um corte terrível no peito e perdido muito sangue e a garota estava com alguns ossos quebrados e hemorragias sérias. Nessa hora Ichigo não sabia se agradecia pelos poderes de cura do hollow ou se os amaldiçoava por perder o controle e não ajudar os seus companheiros.

A porta do cômodo escuro de madeira abriu, era Urahara com um copo na mão e uma expressão triste no rosto, ele deixou o copo do lado da cama de Ichigo e foi para ate as macas ver os como estavam os dois feridos. O garoto ia perguntar algo ao vendedor ,mas antes que ele falasse Urahara o cortou:

- Sim eles vão ficar bem, já tratei as feridas deles e eles não passam mais perigo, e antes que fale alguma bobagem como “foi culpa minha” se você não tivesse aparecido as coisas teriam ficado muito mais feias.

- Que alivio – foi ai que Ichigo se lembrou de que Orihime também estava na confusão da outra noite, ele então com certo desespero ele levantou e perguntou ao velho- e a garota? O que aconteceu com a Inoue?

- Ela só tinha desmaiado, eu apaguei a memória dela e a deixei em casa, agora vá tomar o seu chá na sala enquanto eu cuido dos dois aqui.

Ichigo foi se escorando nas paredes até o outro cômodo, os seus poderes tinham curado suas feriadas, mas seu corpo ainda doía muito. Ele então começou a pensar na colega de classe já que aquela era a segunda vez que eles tinham que apagar a memória dela por conta de um ataque de hollow, o rapaz então decidiu deixar para lá e beber o seu chá, e o gosto era horrível. Por volta do meio dia Ichigo estava deitado perto da porta se recuperando enquanto os outros ainda dormiam, quando ele ouviu um barulho de carro por perto.

Foi quando ele viu uma figura pálida entrando pela porta, era o pai de Ishida o renomado cirurgião que havia chegado para ver o filho, Ichigo sabia pouco sobre ele já que era um homem quieto e reservado, o pouco que sabia era da época que havia treinado com ele por algumas semanas quando pequeno. Ele sabia que o homem de cabelo branco era um quincy poderoso e habilidoso, mas não lutava por algum motivo o máximo que fazia era ajudar ele e Ishida com seus poderes.

O Médico entrou no cômodo em que as macas estavam, mas não ficou muito tempo ele somente deu uma olhada no filho e na shinigami e foi embora. Enquanto o doutor ia embora o shinigami o chamou:

- Sr. Ishida!

- O que foi garoto? – ele disse enquanto abria a porta de seu carro, sem ao menos olhar para Ichigo – O que é que você quer?

- Preciso que me treine.

- Não sou mais um quincy – o figurão falava com uma voz baixa e triste - procure outro para te treinar.

- Não quero que me ensine a ser um quincy! Quero que me ensine a controlar os meus poderes!

O rapaz falava cheio de vontade e convicção, mesmo sabendo que não estava sendo levado muito a sério. Ele sábia que tinha que aprender a controlar o seu poder ou ele seria só mais um fardo, ou pior ele podia destruí-lo por dentro. O ex- quincy não mostrou nenhuma emoção com o pedido do garoto, ele só deu uma resposta curta e fria:

- Veremos.

Duas semanas depois.

Rukia estava observando a cidade do alto de um prédio no centro, após uma noite de patrulha atrás de hollows e fantasmas desgarrados tudo que ela queria era observar o nascer do sol. Ela estava encantada com a beleza do momento, mas mesmo assim pode ouvir quando Ichigo usou seu shunpo para aparecer do lado dela, então eles com um tom alegre e ao mesmo tempo sarcástico começaram a conversar:

- Você não tem ido às aulas – o rapaz falou colocando as mãos no bolso de sua jaqueta jeans e olhando o  nascer do sol – vai reprovar desse jeito.

- O disfarce era só para te espionar, veio aqui só para me incomodar ou tem algo importante a disser.

- Um pouco dos dois, eu e Ishida vamos viajar amanha, queria que soubesse que vai ficar por sua conta nos próximos dias.

- Não precisa se preocupar- ela ficou um pouco irritada com ele nessa hora - eu não sou nenhuma donzela indefesa.

- Eu sei muito bem disso, mas achei bom avisar – Ichigo ainda se lembrava do duelo  que teve com a garota – caso precise de ajuda ligue lá em casa, o meu pai vai poder te ajudar.

- Não vai ser necessário, mas agradeço a preocupação e posso saber o que vão fazer nessa viagem?

- Treinar.

E assim eles fizeram, no dia seguinte Ishida e Ichigo saíram cedo para viajar com Ryūken. Eles pegaram um barco de manha para ir a uma cidadezinha numa ilha do sul onde era tudo mais quieto, só que eles não iam pelos festivais ou para descansar na praia. Eles iam para treinar dia e noite.