História Os Tronos Celestes - O Trono da Estrela - Capitulo 8

Atravesso a faixa de pedestres após o sinal e tiro o celular guardado em minha bolsa. Procuro o número desejado e ligo para o atendente solicitado. A chamada cai na caixa postal mais de três vezes até que na última tentativa uma voz ao fundo do aparelho me faz sorrir. 
     - Pensei que nunca mais me ligaria. Senti sua falta, Lu.- Daniel diz melancólico e com um tom de de voz ainda sonolento. Provavelmente ele estava em seu dia de folga já que ontem ficou de plantão. 
     - E eu também. - falo andando em direção à uma loja de roupas, mas paro no meio do caminho ao ver uma joalheria. Muitos brincos, anéis e cordões se encontram logo na entrada do local. Entretanto, um colar em especial, chamou minha atenção. Sua corrente era lisa e toda prateada com uma simples pedra de safira adornadas com pequenos diamantes ao seu redor. A peça em si me lembrou uma boa época… o dia que Daniel me presenteou com uma linda gargantilha um pouco parecida. Só não era uma jóia... Ele queria comemorar minha saída da clínica e logo me levou para jantar e no caminho de volta para casa, encontrou uma mulher vendendo bijus. Meu irmão, todo animado, escolheu o objeto que mais se assemelhava comigo.
     - É tão lindo…obrigado, Dan" agradeci eufórica e ao mesmo emocionada pelo gesto desse homem jovem que por obrigação do destino se tornou quase um pai para mim.
     - Não me agradeça tanto hahaha. Isso aqui não é uma jóia. Mas já que gosta tanto de azul... Por que não? - Ele responde aos risos sendo sufocado por meus abraços apertados
     - É lindo. De hoje em diante será como meu amuleto da sorte. 
     - Que Bom, assim sempre que estiver com ele vai se lembrar desse seu humilde irmão. 
     - Ah, é. Muito humilde! - bagunço seu cabelo que antes estava alinhado, e rimos juntos apesar de suas repreensões. 
     Depois de algum tempo, infelizmente meu querido amuleto teve seu fim. Tudo por causa do idiota chamado Pierre. Nunca contei o real motivo para meu irmão, pois sabia que isso não acabaria bem. Acabei contando uma história que fui assaltada para despistá-lo. Mas, na verdade o fator era e sempre foi o maldito do meu ex. Após nossa briga, e do meu soco na cara dele… ele de alguma forma queria me segurar e quando me soltei, sua mão foi direto para o meu pescoço segurando minha gargantilha. Quando fui ver já era tarde demais. A pedra brilhante estava em cacos e o elástico arrebentando. É claro que dei outro soco nele, mais esse foi mais doído…espero.
     - A senhorita gostaria de dar uma olhada nas peças. Creio que essa lhe agradaria muito.- um vendedor fala, me tirando por completo de meus devaneios nostálgicos e lembrando que ainda estava ao telefone.
     - Não, não. Obrigada, mas estou um pouco apressada. - digo já de saída. Com toda certeza o preço daquilo devia ser um absurdo.
     - O que disse? - Daniel pergunta no telefone. 
     - Nada. Estava falando com outra pessoa. Tenho que ir, maninho. Me perdoe por tudo. - lamento minha raiva descontada nele. 
     - Não preciso perdoar. O que importa é que eu te amo, Lu. 
     - Eu também, Dan. Até! - me despeço do meu irmão enquanto inalmente adentro no local desejado
     Procuro coisas do meu interesse, mas a loja era imensa, tanto que demorei um bom tempo para achar o que realmente queria.
     - Gostei dessas. São macias e lindas! - digo sozinha enfaticamente olhando para um par de luvas pretas. Estava um frio de matar em Boston, e por um surto de esperteza, não trouxe todas as minhas luvas achando que não ficaria tanto tempo assim.
     Dou a volta na loja para comprar outro casaco bem grosso e avisto um ser perto de mim. 
     - Você demora muito pra escolher um simples par de luvas. - Vincent reclama no meu ouvido me causando um leve sobressalto. 
     - Ninguém lhe obrigou a vir. E o fato de ser meu guardião não lhe diz que tem de estar colado em mim o tempo todo. - olho para o moreno cansado a minha frente. - Isso aqui são só compras. Acho que nisso, eu sei me cuidar. 
    - Apesar de ter coisas melhores para fazer, não posso deixar minha função de lado. Não é mesmo, princesa? - Vincent pergunta retoricamente com um sorriso sagaz que me deixa um pouco nervosa. Ele me encarava de um jeito que me deixava pouco a vontade. 
     - Bem… ham…não me chame de princesa. Meu nome é Lucy. Apenas isso, OK? - Espero o indivíduo correspondente assentir para então finalmente pagar minhas compras. Levo somente o necessário e logo sou atendida pelo caixa. 
     - A senhorita só vai levar essas duas peças, mesmo? - A atendente me pergunta. 
     - Sim. Só isso mesm… - Não consigo terminar minha frase pois sou interropida por uma agonia extrema. E uma dor imensa se apossa de mim. Um pressentimento de algo muito ruim acontecendo. Como se fosse comigo…mas não era.
     Vincent já estava a postos quando fitei seus olhos indagadores. 
    - Kloe. 


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     - Faz muito tempo que você chegou? - pergunto a ruiva em pé do lado de seu guardião.
     - Não muito. Cheguei faz pouco tempo. Mateo veio comigo assim que eu senti… 
     - Sei. Eu também. - Afirmo ao entender nossa estranha ligação. 
     Por alguns instantes ficamos todos em silêncio esperando alguma notícia até que toda atenção foi transferida para Nilus. Sua aparência transparecia um ar de cansaço. Dava pra perceber que ele mal tinha dormido após o acidente da moto e esse que acontecera recentemente. Entretanto, sua postura era firme e ereta. Como se estivesse pronto para um combate.
     - Ela está bem. Mas foi um grande susto… e descuido. Não sei como aquele bestante conseguiu entrar, mas não haverá próxima vez. - vejo o asiático flexionar os punhos e o tom de sua voz entoa ódio. E eu acredito em sua palavras. - É bom que ela veja as princesas. Kloe precisa se distrair um pouco. Venham - Nilus nos guia para o quarto que Lua se encontrava e pede para esperarmos só alguns segundos. 
    - Oi canadense. - Amberlly provoca ao adentrar no quarto após a permissão do guardião. 
    - Não ferra. - Kloe reclama para a ruiva.
    - Dói?- Sol pergunta mexendo em sua atadura como uma criança curiosa.. 
    - Não… Está anestesiada. - A asiática responde já sem paciência com a instância de Amberlly- Para com isso.
    - E como você está Loe? -  Indago observando  seu curativo extenso. Sento na beirada da cama para escultá-la melhor. O apelido carinhoso foi eu mesma que dei. Afinal, nós éramos amigas o suficientes para isso, não?
     - Poderia estar melhor… Foi tão assustador… Ver aquele bicho lá… - Loe responde agoniada relembrando o momento ruim que passou.
    - Eu sei… Deu pra sentir… Essa ligação entre a gente… - a ruiva se pronuncia  É uma merda.
   - Amberlly, fico impressionada com sua capacidade de sempre dizer as coisas certas. - exclamo em acordo com Sol. Realmente aquilo tudo só aumentava em estranheza. 
     As horas se passam e as risada se prolongam durante a conversa. Conto para elas sobre uma mulher que se interessou por um quadro na galeria e queria levá-lo. Mas, a louca não "sabia" que deveria pagar. Alegava que obras de artes não deveria ser pagas já que são cultura. Bom, diante de todo esse fuzuê, Katherine teve que chamar os seguranças. A mulher não parava de gritar acreditando estar certa na ocasião. Enfim, pelo menos fiz Kloe e Amberlly rir um pouco junto comigo dessa peculiar reação da cliente.
    Apóis mais risadas eufóricas, somos surpreendidas pelo médico de Kloe. Ele troca algumas palavras com ela como "você já está livre" e "vou só falar com seu tio". E Kloe agradece pela atenção do simpático médico. 
   - Com licença majestades. - Nilus se pronuncia ao fundo - Eu poderia falar com a princesa Lua?
   - Claro. - Sol reponde por nós duas. - Eu tenho mesmo que voltar ao trabalho.
   - E eu também, até mais tarde Loe. - me despeço beijando seu rosto levemente.  
   - Tchau Canadá. - Amberlly implica novamente e a asiática revida com o dedo do meio. Entretanto, dava pra ver um pouco o de fraternidade entre as duas. 
     Saímos do quarto enquanto Loe fica a sós com Nilus. Fito Amberlly e ela entende meu olhar.
    - O que acha disso? - pergunto 
    - Se ainda não aconteceu, vai acontecer.- Amberlly afirma no caminho do corredor. 


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    - Okay, só preciso dar umas últimas pinceladas aqui e ali e… voilà! - meneio o papel em minha mão e admiro a obra recém feita. - Você daria um ótimo modelo, sabia? Ficou magnífico! - exclamo sorridente - o que acha? 
    - Acho que ele tem algo melhor para fazer, como voar e paquerar fêmeas por aí. - Ouço Vincent ao se aproximar vagarosamente do assento onde estava. - Desde quando um passarinho pode ser modelo de algo ou simplesmente entender o que dissemos?- ele retruca rindo e senta ao meu lado. Suas roupas eram casuais e simples. Estava apenas com uma causa jeans escura e uma camisa branca de mangas longas. 
    - Este aqui é diferente e não só pensa em "fêmeas". - replico ávidamente. - Mas que ele tem talento, tem! Veja! - mostro o esboço do pequeno animalzinho. Seus traços eram sutis, mas muito bem detalhados com sua extrema beleza. Sua posição para a luz dava um contraste em suas penas coloridas.
     - Se você diz…- O moreno de olhos claros debocha. Entretanto, somos interrompidos por um toque de celular. E pela sua cara não era coisa boa. Um ar gelado atravessa o ambiente que me causa calafrios. Sinto um leve incômodo novamente e ouço a voz de Vincent ao fundo de minha mente. 
     - Lucy, a princesa Sol desapareceu.