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História Os Últimos Filhos - Inferno Astral


Escrita por: Skjald

Notas do Autor


Peço desculpas caso o capítulo tenha ficado maçante ou fraco. Tenho andado um tanto quanto ocupado e preocupado com coisas mais urgentes. Sabe como é, né?

Capítulo 13 - Inferno Astral


Fanfic / Fanfiction Os Últimos Filhos - Inferno Astral


~Kölbjörn

Não havia a menor condição de eu conseguir dormir naquela noite.

A perplexidade, a dor, o desejo de vingança e os efeitos do álcool haviam subido à minha cabeça, e, sinceramente, tudo o que eu mais precisava era sair e matar alguém. Eu já estava farto de ter que ficar rolando de um lado para outro, então me levantei da cama em um salto. Senti uma dor aguda passando pelo meu flanco ferido; percebi que mal conseguia ficar em pé. Eu precisava de outro anestésico. Talvez eu apenas devesse me deitar e deixar fluir o caos na minha mente. Talvez, mas eu nunca resolvi as coisas dessa forma. Arrastei-me escada abaixo, esforçando-me para não cair nem fazer muito barulho; Jaime e Leif já estavam roncando no quarto ao lado e 'Noite parecia dormir serenamente lá embaixo. Minha respiração estava pesada e meus pés manter-me de pé estava tornando-se um esforço insustentável.  Acabei fazendo mais barulho do que gostaria.

- Hey, Potássio - 'Noite sussurrou, sonolenta - O que foi? Está tudo bem?
 
Eu tentei responder, mas por não consegui articular nenhuma palavra, acabei soltando um rosnado ininteligível. Devo ter parecido completamente estúpido.

- É, não está - ela resmungou, se levantando da cama - Vem, senta aqui.

'Noite levantou-se da cama em um salto me ajudou a sentar no sofá, afastando meus pertences que ainda estavam jogados por lá. Ela me trouxe um remédio e recostou minha cabeça em uma almofada, e sentou-se em sua cama, ao lado do sofá, de pernas cruzadas. 'Noite não é o tipo de pessoa que eu caracterizaria como afetuosa. Nunca gostou de muita melação ou contato físico: você pode irritá-la se lhe der um abraço em um momento que ela não considerar adequado. Ela sempre foi uma garota durona, orgulhosa, responsável, madura e eficiente em seu trabalho; é difícil acreditar que ela seja um pouco mais nova do que Helena. Mesmo com seu gênio difícil, ela sempre foi muito próxima a mim, como uma irmã mais nova: andava sempre montada nas minhas costas, puxando meu cabelo e me pedindo doces. Talvez ela seja a pessoa de quem mais me orgulho no mundo. 'Noite trabalhou duramente em seu Sentido Sensor, explorando ao máximo seu potencial; ela tornou-se muito mais eficaz do que eu ou qualquer outro sensor. 'Noite pode detectar sanguerreais à distâncias absurdas, além de poder enxergar com clareza a aura de um indivíduo (segundo ela, a minha brilha em uma cor vermelho-sangue), sua afinidade elemental e, pasmem, as suas emoções. A respeito de seu apelido, este teve origem em uma daquelas noites de bebedeira, quando ela disse algo sobre ser a "sombra que espreita na escuridão da noite". E aí, pegou. Sempre achei que esse apelido é bem a cara dela. Aliás, talvez eu não tenha falado muito sobre sua aparência: 'Noite é uma garota de estatura mediana, com cabelos cacheados longos, raspados do lado esquerdo. Seus olhos são verdes, sua pele de um tom moreno-claro, o rosto salpicado de sardas, o nariz quebrado algumas vezes, uma permanente expressão feroz estampada em sua face. Jaime costuma dizer que 'Noite daria uma boa caminhoneira; acho que nada a deixa mais irritada que isso.

- Cara, eu não preciso nem olhar pra saber que tu tá afim de matar alguém - ela começou - só que tu vai ter que dar um jeito de se acalmar. Ficar estressado vai só piorar essa merda. Sua energia já tá instável pra caralho, e isso vai acabar te levando pro outro lado a qualquer hora. Deixa de ser foguento por um minuto e esfria essa cabeça.

- Eu realmente estaria mais feliz se estivesse morto - resmunguei.

'Noite deu um pulo da cama, pegou a minha espada e me deu um murro na cara. É, um murro.

- Olhe para esta merda aqui, K - ela disse, desembainhando a espada - Seu pai carregou esta porra por muito tempo, e seu avô, antes dele, carregou também. O próprio Sigurd Espada Longa lutou com essa desgraça aqui. Olha! Cria vergonha nessa cara, garoto! Quer ser a desgraça da Falange, Kölbjörn Furia? Werner não tem nenhum direito a ser Konúngr, ele só está lá porque seu pai abdicou de seu título por confiar nele! Ele traiu seu pai, ele traiu sua família, ele traiu a Falange! Nós estamos confiando em você, K! Viemos te buscar, te ajudar na sua vingança, a consertar as coisas, e você fala em morrer? Ah, puta que o pariu, que vergonha do caralho.

'Noite atirou a espada no meu colo e deitou-se, furiosa, em sua cama. Eu deixei escapar uma risada, carregada de desgosto. Golpeei o ar com a espada, testando sua leveza e balanço. Deslizei o dedo pela lâmina, analisando-o cuidadosamente. Seu dono original fora Sígurðr Halfðansson av Járnsiða, meu ancestral e um rei nórdico do mar. Meu pai me disse uma vez que ela se chamava Solringen, que significa "Anel do Sol". Nunca entendi o que tinha a ver um anel com uma espada, mas, de qualquer forma, ela era uma boa arma: uma espada nórdica tradicional, da série Ulfbehrt*; sua lâmina negra fora forjada em um tipo muito especial de aço damasco, por nós conhecido pelo nome de "Aço Aesir", que oferecia flexibilidade e resistência superiores. A espada media cerca de um metro e trinta centímetros e pesava cerca de um quilo e meio. Gravada no fuller**, em letras rúnicas, estava a seguinte inscrição: "Sola gjekk í ringen, sumaren sende", que significa "O sol girou em seu anel, trazendo-nos o verão". Era, definitivamente, uma excelente arma. Mas a responsabilidade de portá-la parecia demais para mim.

- Eu não disse que não me importo - suspirei - Mas isso é um fardo muito grande para carregar sozinho.

- Você não está sozinho, Potássio - ela resmungou, ainda mal-humorada - Mas você precisa da porra de um foco. Vê se tu melhora, volta a treinar, e então tu luta. E aí vence. É o único jeito de você conquistar essa vida de paz que tu quer. Depois disso, você vai poder ficar com sua namoradinha, vai poder viver a porra da tua vida em paz e morrer gordo e feliz em casa.

- Não seja idiota, ela não é minha namorada - revirei os olhos - Ela nem mesmo...

- Puta merda - ela exclamou - Falta pouco para a garota enlouquecer por sua causa! E você também, Potássio.

- Eu não...

- Vai tentar enganar o Leif ou o Jaime, eu não. Nem sei como tu conseguiu se apegar tanto a uma garota que tu conheceu há uns dias.

Não adiantava argumentar, até por que nem eu mesmo sabia. 

- Se importa se eu colocar uma música? - desconversei.

- Se for essas merda que o Jaime escuta, me importo sim - ela respondeu.

Eu sorri, e liguei o notebook de 'Noite. Lembrei-me de uma música especial, que mesclava um hino antigo e um poema atemporal. O som me envolvia mais e mais a medida em que o mundo se distanciava de mim. Um turbilhão de memórias rasgou minha mente, trazendo nova vida ao fogo que brilhava tênue em em meu coração. Eu ouvi o guardião soprar as trombetas, o furor das legiões divinas que se erguiam com suas, e senti em minha pele o calor das chamas que consumiriam o mundo no fim dos tempos. A partir deste dia, minha própria guerra teria início. Uma guerra que culminaria no crepúsculo de um deus e na ascensão de outro.



Passei o dedo pela lâmina de Solringen mais uma vez. 'Noite mexeu-se em sua cama. A melodia preenchia o silêncio da madrugada.

"
O que se espera que eu faça
Se vos falo sobre paz e entendimento
Mas vós só entendeis a língua da espada
O que se espera que eu faça
Se vos digo que o caminho que escolhestes
Levar-lhe-á ao fundo do abismo
Mas vós só entendeis a língua da espada
O que se espera que eu faça
Se vos rogo para que conceda a paz
À mim e aos que me são queridos
Mas vós só entendeis a língua da espada
Então eu deixarei minha lâmina falar
Para que minha língua seja como ferro
E as minhas palavras poderoso grito de guerra
Minha divina ira será revelada pelas flechas ao ataque
Toda ação pelo bem comum
Vejo meu reflexo em teus olhos
Mas minha nova era se inicia agora
A espada é macia
Nas chamas da fornalha
Ansiosa para ser moldada
E unir-se à mil irmãs
No mais frio estado de sua existência
Elas dançarão a mais louca das danças
Em um pântano de chuva vermelha
Amado irmão inimigo
Eu lhe cantarei a canção de minha espada
Nocticantiga de obliteração
Para que eu possa despertar 
Com um sorriso em meu rosto
E alegria em meu coração
E alegria em meu coração
E alegria em meu coração
Coexistência, conflito, combate
Devastação, regeneração, transformação
É o melhor que posso fazer por ti
Vejo um brilho acinzentado no horizonte
Que traz a promessa da ascensão de um poderoso Sol
Que derreterá todas as luas
E fará com que os fogos de purificação
Pareçam brasas mortas
Pareçam brasas mortas
Pareçam brasas mortas


"


Notas Finais


* série Ulfberht: originalmente, um conjunto de 170 espadas encontradas na Europa, em uso do século IX ao século XI, todas com a inscrição +VLFBERHT+ em suas lâminas. Solringen é uma réplica contemporânea desse tipo de espada.
** Fuller: é o canal/vala que percorre o centro da espada e serve para diminuir o peso e aumentar a capacidade de corte.

* Potássio: o apelido dado à K por 'Noite faz referência ao elemento químico homônimo, cuja letra-símbolo é K.


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