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História Os Últimos Filhos - Caminhos de um Fugitivo


Escrita por: Skjald

Capítulo 2 - Caminhos de um Fugitivo


Fanfic / Fanfiction Os Últimos Filhos - Caminhos de um Fugitivo


Desnecessário dizer que ficaríamos sem aulas por tempo indeterminado, não é?                                                                       
A respeito de ter saído do local do incidente sem permissão, até imaginei que eu teria alguns probleminhas, mas não acho que eu tenha chamado muita atenção desde minha chegada, até porque eu ainda não havia sido devidamente apresentado aos alunos veteranos. Não demorou muito até que o incidente começasse a ter uma grande repercussão em todo o país; apesar disso, a maior parte das notícias era sensacionalista ou irrelevante demais. Programas de TV de quinta categoria apresentavam teorias completamente sem-sentido, elaboradas por especialistas de formação duvidosa, que iam de uma bituca de cigarro acesa que havia sido descartada e entrou em contato com material altamente inflamável (wtf?) até um atentado terrorista altamente planejado (wtf?²). Não pude deixar de imaginar a reação do público caso descobrissem que um incêndio de tal magnitude havia sido causado por um rato pegando fogo. Encontrei informações mais relevantes em fóruns da deep web, incluindo um relatório da perícia que, apesar de inconclusivos, apresentava algumas especificações sobre o incêndio. Não pude deixar de me surpreender com o fato de que o incêndio havia alcançado uma temperatura próxima a de uma reação thermite (3500°C) - sendo que a temperatura média de um incêndio é 800°C - o que seria mais do que o suficiente para fundir o concreto. Haviam algumas fotos anexas que mostravam o local do incidente. Era algo incrivelmente assustador. Embora não esteja acima de minhas capacidades criar uma reação térmica similar, eu obviamente não teria feito, tanto por questão de bom senso quanto pela questão da dificuldade - eu poderia entrar em colapso, perder os sentidos e morrer queimado pelo meu próprio fogo. Isso era apenas mais uma prova do quadro de instabilidade do meu poder - falaremos sobre isso depois.                                      
                                                            
Gostaria de usar esse meu tempo livre para falar um pouco mais sobre mim. É crucial para você, fino leitor, que conheça a este que vos fala. Não só de ratos flamejantes a minha vida é feita. Bem, comecemos com a minha aparência: eu tenho uma estatura mediana - um pouco mais de 1,70 m - e mantenho uma forma física razoável, apesar de não malhar nem praticar esportes a algum tempo. Meus cabelos são negros, cortados em um estilo undercut, às vezes com a franja jogada de lado, às vezes amarrado em um rabo de cavalo ou uma trança. Meu olhos também são negros, e bem, algumas pessoas dizem não conseguir olhar diretamente para eles. Embora eu não me considere muito bonito, a maioria das pessoas me diz o contrário. A respeito de minhas habilidades, posso dizer sem modéstia alguma que são muitas. Entre as comuns, posso citar culinária, costura e confecção de roupas, escalada e parkour, programação e hacking de sistemas, engenharia social e a mais importante, improviso. Entre as ditas sobrenaturais, estão incluídas: conjuração de encantamentos elementais - principalmente de fogo - com base em runas e/ou sinais rúnicos, detecção de seres vivos ou objetos por meio da assinatura de energia ou alterações sutis na temperatura ambiente, maior durabilidade se comparado a um humano comum, reflexos aprimorados, imunidade parcial à altas temperaturas, memória fotográfica, mediunidade parcial, além de intelecto e capacidades cognitivas acima do normal. Apesar de, se comparado a uma pessoa comum, eu estar a um nível quase divino, a maior parte das habilidades citadas são comuns a nós, peculiares. Sanguerreais, esse é o termo adequado para o nosso tipo. Nos tempos antigos, acreditava-se que poderes especiais eram conferidos àqueles que possuíam ascendência divina, sendo que alguns deuses deixavam parte de seu próprio poder na forma de heranças sanguíneas, habilidades únicas a uma pessoa ou clã. Aliás, por falar nisso, eu sou um pagão: isso significa que não possuo conceitos de céu ou inferno - de forma que minhas atitudes não possam ser limitadas ou julgadas como boas ou ruins - mas sim, conceitos de pós vida adequados a vida mortal de cada um: Valhalla e Folksvángr para os guerreiros, Fensalir para as mães que morrem no parto, Hélheimr para os que viveram vidas comuns, e assim por diante.    
                                                                                    
Fato relevante: eu não sou apenas um ex-guerreiro e desertor da Falange Negra, mas também um foragido procurado pelo governo. Deixe-me explicar: logo após minha proscrição, eu fugi para o interior em busca de um refúgio seguro, longe de conflitos e longe da autoridade do governo ou de qualquer guilda. Apenas meus companheiros de equipe conheciam meu paradeiro, e eu fui traído pelo mais minha improvável: minha agora ex-namorada Karolyn Strauss. Apesar de eu ter uma ideia da falta de caráter da garota, eu preferia ignorar isso e olhar apenas pelo lado bom. Verdade seja dita, havia mais atração física do que amor propriamente dito. Eu esperava até alguns "chifres" - que eu planejava retribuir se necessário - mas nunca uma delação. Mas não foi para a Falange que ela me delatou, e sim para o Governo, que já me procurava por causa do assassinato de alguns funcionários e do traidor de meu pai. Não sei o que a maldita vadia falou para eles, mas ela os convenceu de que eu valia mais vivo do que morto. Após a descoberta do meu paradeiro, um breve tiroteio e algumas promessas, eles me convenceram a ajudá-los em um programa de pesquisa sobre os sanguerreais. Era algo vantajoso para mim, já que eu seria pago com recursos para acertar minhas contas com nosso inimigo em comum, Reinhardt Werner, comandante-em-chefe da Falange, que havia orquestrado o assassinato de importantes funcionários do governo e feito vista grossa pela morte do meu pai e me proscrito por motivo torpe, quebrando nosso código de conduta. O governo havia descobrido um método de extrair e armazenar a energia essencial dos sanguerreais, e possivelmente, usá-la na criação de superhumanos artificiais, para fins militares. Extrair a energia de um sanguerreal faz com que seu corpo literalmente murche e morra, como eu viria a descobrir. Fiquei preso em uma pequena cela, ouvindo os gritos animalescos dos que morriam. Era isso que queriam de nós: nossa energia, nossa força. Quando chegou a minha vez, a máquina sobrecarregou - não sei se por sorte ou por minha própria força - e explodiu. Não me lembro de nada desse momento, e a única coisa que sei é que acordei de volta em meu antigo refúgio, com um revólver e uma baioneta na cabeceira de minha cama, alguns suprimentos e um veículo do lado de fora. Meu corpo doía por inteiro, e as marcas de agulhas ainda estavam lá, reais demais para serem parte de um pesadelo. Algo que não poderia explicar - como uma voz interior - me convenceu a vir para São Paulo, o lugar ideal para que uma vida nova seja construída. E cá estou eu.                                                                                                                                               
Eu senti uma certa paz nessa tóxica e poeirenta cidade, onde os zumbis que a habitam tentam levar suas vidas da melhor forma possível, nessa pequena pousada, onde posso me deitar e dormir em relativa segurança, suficientemente incógnito para não ser reconhecido, suficientemente incógnito para começar uma vida nova. Eu criei fantasias sobre uma vida plenamente feliz e desprovida de qualquer conflitos.

Mas eu me enganei, como sempre.                                                                       

Peço desculpas ao leitor pelo meu extenso desabafo repleto de conceitos e explicações. Posso lhe garantir que os próximos relatos estarão mais dinâmicos e emocionantes, um reflexo real de como minha vida é, foi, e sempre será.



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