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História Os Últimos Filhos - O Último Dia - Parte II


Escrita por: Skjald

Capítulo 6 - O Último Dia - Parte II


Fanfic / Fanfiction Os Últimos Filhos - O Último Dia - Parte II


Eles eram Volkwin Schenk e Wenno von Rohrbach.

Caçadores de uma divisão autônoma da Falange, enviado por Werner para fazer seu serviço sujo, trajando fardas cinza-escuro, coletes negros leves e capuzes da divisão de caçadores. Nem ao menos tiveram a decência de tentar ocultar suas faces; usavam óculos escuros apenas por causa do sol forte de meio-dia. Suas principais armas eram bestas sofisticadas, semiautomáticas, equipadas com miras telescópicas e tambores que abrigavam as setas até o momento do disparo. Wenno trazia consigo um machado tático; Volkwin, uma espada de combate forjada em aço inoxidável cromado. E eu tinha apenas uma corrente e um braço inutilizado.

- Matando valentões de escola agora, K? - Volkwin perguntou, com ironia na voz - Que decadência.

Ignorei a provocação.

- Vocês foram rápidos, hein? Esperava ter mais alguns dias para poder bater minhas punhetas em paz.

- Já ouviu aquele ditado? - Wenno perguntou - "Werner tem mil olhos, e mais um"?

Respirei fundo, e arranquei a seta de meu braço esquerdo. Era um projétil feito inteiramente de aço. O sangue que escorreu fumegava levemente.

- Já - respondi, e cuspi no chão - Pretendo matar esses mil olhos, e arrancar esse um.

Volkwin e Wenno se entreolharam. Ao menos, elas pareciam ter a decência de saber com quem estavam lidando. Eles se aproximaram, a passo lento. As divisas de patente em seus braços indicavam o alto nível de combate de ambos. Werner realmente me queria morto, pelo visto.

- Quer uma arma, K? - Wenno perguntou.

- Já tenho a minha - girei a corrente em meu braço direito.

Eles suspiraram, e jogando suas bestas no chão, sacaram suas armas de combate corpo-a-corpo. Me coloquei em posição de luta. No momento em que os dois avançaram, Helena se interpôs entre nós. Merda, eu havia esquecido a garota.

- SAIA DAÍ, GAROTA! - eu gritei - CORRA! ISSO NÃO É PROBLEMA SEU!

Ela me ignorou, e se dirigiu aos meus agressores, balançando as mãos sobre a cabeça:

- Por f-favor, não façam m-mal ao Ed - ela choramingou - E-ele é b-bom, e...

- Ed? - Wenno olhou, divertidamente surpreso - Que porra de nome é esse, K? - ele olhou para Volkwin - Tire a vadiazinha do caminho.

- NÃO! - eu gritei.

Tentei correr até Helena, mas Wenno avançou contra mim. E de repente, tudo ocorreu rápido demais. Um barulho assustadoramente alto ecoou pela rua, me deixando extremamente tonto, como se uma granada tivesse explodido perto de mim. Quando o mundo parou de girar, vi que Volkwin havia sido arremessado a quase dois metros de distância, e parecia inconsciente. Helena estava de joelhos, atônita. Wenno avançou novamente contra mim, ainda um pouco tonto. Girei minha corrente e acertei-o na cabeça. Seus óculos voaram longe, mas o capuz absorveu a maior parte do dano. Ele fintou, e eu girei novamente a minha corrente, enroscando-a em seu machado. Tentei arrancá-lo de sua mão, mas ele ainda segurava firmemente o machado, tentando se desvencilhar da corrente. Encurtei a distância e tentei um soco de esquerda, mas ele parou o golpe, agarrando o meu braço e enfiando um dedo dentro da ferida. Aquilo me fez urrar de dor. Tentei conjurar um encantamento de fogo, para fazer o sangue entrar em combustão, mas simplesmente... falhou. Merda, eu estava instável demais. Wenno me acertou uma joelhada no peito e me derrubou o chão. Ele perdeu o machado na queda, mas me segurou pelo ombro e começou a me dar cabeçadas. Senti meu nariz quebrando, o sangue escorrendo e o mundo girando. E então me lembrei de tudo que havia passado até agora. Me lembrei de que Helena estava ali, e precisava de mim. E me lembrei de uma garotinha loira magricela sorrindo e acenando pra mim, à distância. Senti a adrenalina subindo e empurrei Wenno para cima, com a força das minhas pernas. Tentei me erguer de forma desajeitada, mas Wenno já estava caindo sobre mim novamente. Acertei-lhe uma cotovelada no rosto, e seu nariz também se quebrou. Eu agarrei seu pescoço, com meu braço ruim, e ele agarrou o meu. Éramos dois animais, lutando no chão, com os narizes sangrando. Percebi que eu o havia subestimado: ele era um sanguerreal, como eu. Mesmo que sua linhagem fosse inferior à minha, ele ainda seria um sanguerreal, e consequentemente um oponente perigoso. Ele tentou fazer um sinal de mãos, mas eu consegui agarrar seus dedos com a mão direita e forçá-los até quebrar. Wenno urrou de dor e apertou mais forte o meu pescoço. Senti que o ar começava a faltar, mas eu ainda tinha duas mãos, e uma chance.


- Liberar! - gritei, enquanto meus dedos desenhavam os glifos rúnicos no ar - Técnica de Impacto Concentrado!

Acertei-lhe no peito com meu punho, no exato lugar onde fica o coração. Não usei de força física, até porque não precisaria. O impacto causado pela técnica obstruiria e danificaria o principal órgão de seu sistema circulatório - o coração - de forma similar a um infarto. Wenno arregalou os olhos e abriu a boca em um grito silencioso. Me livrei de seu aperto e puxei o machado, ainda enroscado na corrente. Ele ainda conseguiu se levantar e me atingir de raspão no ombro com uma faca, mas acabou por se desequilibrar e cair. Coloquei um fim em sua vida com um único golpe de machado em sua cabeça. Volkwin ainda estava vivo, mas se arrastava pelo chão com dificuldade. Eu tinha uma chance de escapar. Ainda tonto, agarrei Helena pela cintura, e ela  meabraçou, com seus bracinhos trêmulos. Vi Brunner ainda encostado no muro da escola, saboreando seu interminável café, impassível. Que tipo de louco era ele? Meu sentido sensor não indicava mais nenhuma energia estranha por perto, exceto por aquela assinatura sutil, singela como uma borboleta. Senti minha cabeça doer. Peguei Helena em meus braços. Eu tinha que sumir dali.

- C... c-cui... - Helena murmurou.

- O quê? - perguntei, sem entender.

- ...d-dado.

Quando me virei, era tarde demais. Senti a gélida picada do aço perfurando minha pele e músculos. Volkwin havia se levantado, e disparado sua besta contra mim, me atingindo entre as costelas. Caí no asfalto quente, juntamente com Helena. Ela tentou me puxar, seus braços esfolados na queda. Usei o que ainda tinha de força sobrando para me erguer. Eu mal conseguia ficar de pé, e já sentia o gosto de sangue na boca. Olhei para Helena e fiz sinal para que ela fugisse.

- Não é com ela o meu problema - Volkwin disse, com uma voz fraca. Ele estava mancando, e conforme ele se aproximou, notei que sua perna havia sofrido uma fratura.

Passei os dedos pela ferida, sentindo-os ficarem encharcados de sangue. Quando Volkwin parou ao meu lado, balancei minha mão em direção a ele, salpicando o seu rosto e pescoço de gotas de sangue.

- Muito bom, K. Mas de que serve isso? - Ele colocou uma última seta na besta e apontou para a minha cabeça - Você lutou bem. Teria uma última palavra?

Enquanto houvesse uma gota de sangue em meu corpo, eu ainda teria a última palavra. A última chance. E a última risada. Olhei em direção a Helena. Ela chorava de uma forma que eu ainda não havia visto, um choro de dor, enquanto murmurava "não" repetidas vezes. Eu sorri para ela. E então, eu ergui a mão direita. Um único sinal, era o que eu precisava. Volkwin percebeu e seus olhos se arregalaram.

- Brenna!* - gritei, com todas as minhas forças.

Dessa vez, funcionou. O rosto de Volkwin ardeu em chamas, e ele caiu morto, sua cabeça transformada em negra massa carbonizada. Eu cai sobre as costas, olhando para o infinito. O céu estava azul. Ouvi um homem se aproximando, seu terno inteiramente negro. Brunner? Mas ele não estava sempre vestido com seu velho pulôver? Merda, isso não importava mais.

Ouvi os lamentos de uma garota.

Ouvi um barulho de carro se aproximando.

Brunner.

Helena.

Camila.

Camila?

Tudo ficou escuro.


 


Notas Finais


Este capítulo marca o fim do arco de introdução. Fiquem atentos e não perca os próximos capítulos!

*Brenna é uma palavra em nórdico antigo que significa "queimar"


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