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História Os Últimos Filhos - Um Amigo, Velhos Amigos


Escrita por: Skjald

Capítulo 7 - Um Amigo, Velhos Amigos


Fanfic / Fanfiction Os Últimos Filhos - Um Amigo, Velhos Amigos


~Helena

Quais flores um guerreiro gostaria de receber?

Desde o dia do ataque, tudo que tenho feito é chorar. Chorar, e pensar em Ed. Tudo o que eu mais queria era poder vê-lo sorrir para mim de novo. Não queria que seu sorriso se desvanecesse em minha memória. Por quê isso foi acontecer com ele? Ele era um rapaz tão bom, tão carinhoso... Ninguém nunca havia se aproximado tanto de mim como ele. Ele tentou me proteger, mesmo que mal me conhecesse. E quase pagou com sua vida por isso. Quase. Ou pelo menos era isso que a garota ruiva da palestra havia dito, enquanto tentava me tirar de cima do corpo frio e ensanguentado de Ed. Eu não sabia se realmente deveria acreditar nisso: ela mesma parecia não acreditar. A preocupação estava estampada em seu rosto e suas mãos tremiam enquanto ela tentava checar seus sinais vitais. Ela foi gentil comigo, e me abraçou quando os japoneses vieram pegar Ed para colocá-lo dentro da van. Ela tinha um perfume tão doce, e eu nunca imaginei que uma garota linda como ela fosse me tratar tão bem. Trocamos nossos números e ela prometeu me mandar notícias sobre Ed. Mas tudo o que eu mais temia era que ela me ligasse e dissesse que ele havia ido embora. Eu não acho que suportaria ouvir isso.

Eu havia me apegado a Ed de uma forma que eu nem sabia que era possível. Eu pensava nele o dia inteiro, desde quando ele me salvou da piscina. Bem, e eu acho que ele gosta de mim também, mesmo que só um pouco. Eu havia planejado tantas coisas... Imaginei que ele me visitaria no meu aniversário, para passarmos o dia juntos, talvez. Nem me preocupei se ele iria trazer algum presente, só queria a sua companhia. A ideia de que isso talvez nunca pudesse acontecer me fazia chorar. Mesmo que ele viajasse, ele poderia me visitar ou sair comigo em outra ocasião. Ele era meu único amigo. A única pessoa que se importava comigo. A única pessoa que me fazia companhia. Ele não podia me deixar, ele não ia me deixar. 

Algumas pecinhas do quebra-cabeça foram se juntando na minha cabeça, conforme o tempo passava: Ed era o rapaz que a ruiva mencionara na palestra, o que havia salvado sua vida. Ele provavelmente havia sido tão bom pra ela quanto fora para mim, e isso me fez sentir um pouco de ciúme. Talvez fosse a presença dela que havia deixado Ed tão nervoso e agitado, embora eu não faça ideia do porquê. E aqueles homens que o atacaram... eles eram de alguma guilda, com certeza, e o sotaque deles era muito parecido com o de Ed. O que será que esses homens tinham contra ele? Será que Ed também era membro de uma guilda? Eles até o chamaram por outro nome, ou apelido, não sei. K, era isso mesmo? E ele também podia fazer aquelas coisas com fogo, e era tão forte... Ele parecia ser tão desconexo do mundo, tão alheio aos assuntos das pessoas normais... Ele era diferente, assim como eu. Talvez fosse por isso que ele se aproximou de mim, por ser, de certa forma, parecido comigo. Eu estava quase adormecendo quando meu telefone tocou. Era a ruiva. Camila, era esse o nome dela. Um nó começou a se formar na minha garganta. Me levantei e peguei o telefone, minhas mãos trêmulas de nervosismo.

- A... A-alô?? - eu gaguejei.

- Oi Helena, aqui é a Camila - a ruiva respondeu, do outro lado da linha, com uma voz chorosa. Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.

- O q-que f-foi? O q-que aconteceu c-com o Ed? E-ele s-se f... f... - eu não consegui terminar minha fala.

- Não, querida - Camila disse, sua voz ainda embargada de emoção - Ele acabou de ser transferido para o quarto. Já pode vir visitá-lo, se quiser.

Eu caí de joelhos, e comecei a chorar de felicidade. Deixei o telefone cair e me arrastei de volta para a cama, para poder abraçar meu travesseiro. Um peso enorme fora tirado do meu coração, e eu finalmente iria conseguir respirar com mais calma. Devo ter chorado por um bom tempo, até conseguir me acalmar. O meu relógio de cabeceira marcava oito da manhã. Eu havia passado a noite inteira chorando? Dei um pulo da cama, e decidi que iria até o hospital visitá-lo. Corri para o banheiro e tomei um bom banho, coisa que eu não fazia há dias. Passei um perfuminho e fui procurar alguma coisa para vestir. Escolhi um vestidinho preto com bolinhas e uma sapatilha preta também, para combinar. Meu cabelo estava terrível - não que já não fosse - então decidi usar uma bandana vermelha para disfarçar um pouco.  Bem, acho que eu estava apresentável. Eu sei que Ed provavelmente estaria dormindo quando eu chegasse, mas nem por isso eu poderia sair como uma mendiga descabelada que passou dias na cama chorando. 

Felizmente, meu irmão mais novo estava dormindo e minha mãe já havia saído para o trabalho, então eu não teria problemas. Eu sinceramente não sei como minha mãe ainda tem um emprego. Desde que meu pai ficou confinado em uma cadeira de rodas e separou-se dela, ela se tornou uma mãe extremamente protetora e possessiva. Ela se desesperava se eu ficasse mais do que alguns minutos longe dela e, mesmo quando eu estava na escola, ela me ligava e mandava mensagens o tempo todo, para saber como e onde eu estava. Cada vez que eu precisava sair, ela impunha um rígido horário, e se eu me atrasasse cinco minutos, eu teria que ouvi-la gritando na minha cabeça até a hora de dormir. E se ela ao menos sonhasse que eu estava indo ver outra pessoa, ela me daria uma surra e me trancaria no quarto por um bom tempo. Sempre que via meu pai, eu pedia para que ele me levasse com ele, mas por algum motivo, ele dizia que não poderia fazer isso, embora o quisesse fazer, acima de tudo. Então eu continuei vivendo ali, com meu irmão menor e uma mulher louca e problemática. Deixei um bilhete ao meu irmão, avisando que tinha saído. Ele tinha dez anos e sabia se virar relativamente bem, então não me preocupei muito. Peguei algum dinheiro e passei em uma floricultura não muito longe de casa, para comprar um presente para Ed. Eu não fazia ideia de quais flores ele mais gostava, ou mesmo se ele gostava de flores. Andei um pouco pela loja, até avistar belíssimas rosas vermelhas. Eram muito bonitas, então decidi levá-las. Pedi à balconista que fizesse um buquê, com um bilhetinho junto. Ela me perguntou se era para algum namoradinho, e eu corei. Ela deu risada e me passou um cartãozinho e uma caneta, para eu escrever a mensagem. Eu lhe paguei e agradeci. Agora eu só precisava tomar uma condução até o hospital, e havia um ponto ali perto.

Mas, tão logo saí da loja, fui abordada pelo homem mais estranho que já havia visto. A princípio, pensei que ele fosse careca, mas quando ele mexeu a cabeça, vi uma trança castanha balançar na parte de trás de sua cabeça. Ele tinha um bigode torcido para cima e uma longa barbicha, cuidadosamente penteada. Ele tinha vários brincos, e usava um piercing dourado extremamente rebuscado no septo. Um par de óculos escuros redondos ocultava seus olhos, e o uniforme que trajava era extremamente parecido com dos homens que atacaram Ed: uma farda cinza-escuro e um sobretudo de couro preto, com a gola forrada de pelos e decorado com arabescos dourados na extremidade das mangas e na parte inferior. Ele carregava uma bolsa de viagem nos ombros. Quando o vi, resolvi seguir na direção oposta, mas ele segurou meu braço: não com brutalidade, mas com uma sutil gentileza.

- Você é Helena, correto? - ele me perguntou. Sua voz era fria como gelo.

- S-sim, senhor - eu me virei cautelosamente para ele.

- Presumo que conheça um homem chamado Kölbjörn Furia - ele continuou - Ele atualmente atende pelo pseudônimo de Edgar Feuchtinger.

Eu gelei quando percebi que ele trazia uma espada e uma pistola por baixo do sobretudo, e não fazia muita questão de escondê-las.

- Q-quem é você? O q-que quer c-com o Ed?

Ele sorriu.

- Um velho amigo - ele disse, colocando nas minhas mãos um pequeno envelope - E você fará a gentileza de me levar até ele.

 



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