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História Otherside - Décimo Oitavo


Escrita por: redwood

Capítulo 18 - Décimo Oitavo


Andrew 

Eu recebi aquela ligação mais ou menos umas duas e meia da manhã. Vinha do número do Rob, mas a voz era daquele garoto com quem ele estava ficando há um tempo. Ainda estava na rua quando ouvi ele chorando, desesperado do outro lado da linha, então eu soube que algo horrível havia acontecido. 

Pedia calma ao menino, mas ele só sabia gaguejar e soluçar, dizendo que havia ocorrido um acidente, e que Robert estava muito ferido, que o carro dele havia pegado fogo. Estava com medo da ambulância demorar demais a chegar. Não quis dizer, mas senti esse medo também. 

Deus, o que anda acontecendo entre nós? Primeiro, a morte de Jane. Agora, Rob e o garoto sofrem um acidente. 

Uma hora depois, estávamos a caminho do hospital. 

— Não é estranho que os dois acidentes tenham acontecido no carro do Robert? 

— Agora não, Liam. 

Pelo amor, o cara era um pé no saco ás vezes. 

Eu ainda consigo me lembrar da cena que presenciamos antes mesmo de estacionar no hospital. Robert descendo da ambulância numa maca, sangrando no abdômen e nas pernas, e o garoto saindo andando, trêmulo e chocado enquanto também sangrava. 

Nossos rostos se refletiam nas luzes da sirene, ao som dos respingos de chuva que caiam lá fora. Descemos depressa. Um cheiro de asfalto molhado invadia nossas narinas enquanto corríamos para dentro do hospital, até uma enfermeira nos parar no meio do caminho, dizendo que teríamos de esperar. 

E esperamos. Dormimos e acordamos várias vezes na sala de espera, e nada. Nem sinal do menino e de Robert. E é perturbador como o silêncio pode nos proporcionar pensamentos ruins. E eu descobri que sentia medo demais de perder Robert, e isso mostrava o quanto ele era valioso para mim, como um amigo. 

Rob e eu ficamos (e um pouco além disso, eu confesso) há alguns anos atrás. Não namoramos, mas isso não afetou a nossa amizade que viria a aflorar algum tempo depois disso. Ele era leal, companheiro, um poeta de coração partido. 

Não se sabia muito sobre de onde ele veio. Isso nunca me importou, na verdade. 

5 da manhã. Desperto com uma das enfermeiras pondo um cafezinho em uma bandeja e Liam telefonando para Erica, a irmã de Robert. 

Eu temia a reação dos pais também. Porém, assim que despertei, menos agitado mas ainda alerta, questões começaram a surgir. 

Havia um motivo para aquele acidente? Sei que a palavra acidente deixa implícito o que aconteceu, mas aquela situação me parecia ter sido provocada, induzida. Diria até proposital. 

Meus instintos não costumam falhar. 

— Andy, Andy — era Liam, ainda com o celular no ouvido, me sussurrando. — Acho que você já pode ver o garoto. Eu vou depois. 

A enfermeira que nos impediu de entrar na noite passada nos cumprimenta e acompanha até a porta do leito onde ele estava. Sem querer ser insensível mas, até aquele ponto, o garoto não me importava tanto. O tempo inteiro o estado de Rob ressoava em mim como um alerta. 

Abro a porta. O garoto está de costas, em pé, ao lado da cama, observando o amanhecer pela janela do quarto. Eu não tenho uma reação exata, mas assim que ele percebeu minha presença, pude ver seu rosto se virando, inexpressivo. 

Me aproximo. Não consigo explicar o que aconteceu, mas nós nos abraçamos fortemente até eu sentir uma lágrima molhar minha camiseta. 

— E-eu sinto muito. Por ele. — diz, chorando. 

— Não é sua culpa, ok? — eu tento me desviar daquilo, para não chorar também. 

— Ele está bem? — posso ver em seu olhar o quanto ele está aflito por respostas que eu não posso dar. 

— Eles não me disseram nada. — digo. 

— Merda — ele esbraveja, deitando-se na cama. Ele está enfaixado no abdômen e no braço direito. — Não podemos nem vê-lo? 

Aceno com a cabeça, negativamente. Não quero dizer o que penso, mas sei que devo. 

— Ele deve estar sedado, algo do tipo. 

— Você quer dizer... Em coma? 

O meu silêncio já diz tudo. Tentei não chorar, mas quando ouvi aquilo, desabei.  

O garoto morde os lábios, ainda trêmulo. 

— Me desculpe. 

— Não é sua culpa. — diz ele, forçando um sorriso. 

Naquele momento, senti me afeiçoar ao garoto. Um sentimento de empatia brotou em mim, e eu queria protegê-lo também. Quero dizer, ele realmente não tem culpa. Minha mão pousa na dele, e eu iria dizer algo, entretanto, ele veio primeiro: 

— Em toda a minha vida, eu nunca imaginei que estaria na situação em que me encontro agora. 

— Com o Rob ninguém consegue prever nada.  

— Quero dizer — ele comprime seus dedos nos meus, talvez sem perceber — Eu não sei mais o que sentir, eu nem mesmo sei me explicar. Primeiro, aquela garota morre. E ontem, poderia ter sido eu. Ou o Robert, meu Deus. É absurdo pensar que mesmo apesar do que aconteceu, eu não consigo sentir raiva dele ou de- 

— Como assim? Você quer dizer que ele causou esse acidente? 

O menino permanece em silêncio. E finalmente lembrei seu nome. Era esse o momento de confrontá-lo. 

— Nico, o que exatamente aconteceu na noite passada?



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