1. Spirit Fanfics >
  2. Otherside >
  3. Quarto

História Otherside - Quarto


Escrita por: redwood

Capítulo 4 - Quarto


Robert

A primeira impressão é a que fica, isso é o que todos dizem. Mas talvez a minha primeira impressão sobre aquele garoto adorável não tenha me deixado tão atraído imediatamente por ele como eu estou agora. Eu sei, é cedo demais para dizer que eu de fato sinto alguma coisa por... Como é o nome dele mesmo? Deus, eu nem mesmo lembro do nome dele. O que sei é que eu realmente gostei daqueles olhos castanhos. Daquelas sobrancelhas tão escuras, assim como o cabelo. E posso estar exagerando, mas acho que talvez o meu interesse seja recíproco. 

 Nada era certo de se dizer ainda. Ele poderia ser apenas mais um dos (proibidos) interesses meus em outros alunos. Alguns desses interesses foram até adiante, mas nada duradouro para que eu realmente tenha me apegado a alguém. A relação entre professor e aluno ainda é sempre algo que não se deve cruzar lados, e quando se cruza, ela se destrói. 

 Deixei a sala de aula para o intervalo. No corredor, cumprimentava visualmente alguns outros profissionais, mas nenhuma amizade muito próxima. Eu só tinha dois amigos, e eles eram Liam (esse não era tão amigo assim) e Andrew, ambos professores também. 

 Falando nisso, logo Andrew apareceu de algum dos inúmeros corredores de Cambridge: 

—Você tá estranho hoje. 

—Eu? — ri, um pouco nervoso. Andrew me conhecia demais e ás vezes isso se tornava um problema. —Não. O que eu tenho? 

—Sei lá. Parece que tá com cara de mais idiota que o normal hoje. 

—Otário. 

Andrew e eu conversávamos sobre absolutamente tudo. Nos conhecíamos fazia três anos e ele sem dúvida era a única pessoa que me conhecia de verdade. Quero dizer, ele sabia da minha sexualidade. Eu não poderia e não me sentia confiante em sair do armário e encarar a sociedade como eu sou. Portanto, infelizmente, eu ainda era forçado a viver num padrão heteronormativo. Foi o que aconteceu (novamente) quando encontramos Liam no Café: 

—Então, você tá livre e desimpedido no momento? — riu ele, de forma irônica. 

—É, podemos dizer assim — eu não estava dando muita atenção no que ele falava porque a atendente do Café escreveu 'Robbert' e não Robert no meu copo. Qual é, eu não sou o Robb Stark

—Eu se fosse você, já estava fazendo chover na minha horta. 

—Ew, Liam — disse Andrew. —Que termo nojento. 

—Se você começar com esse papo de politicamente correto mais uma vez, eu... 

—A questão é que — Andrew segurou em meus ombros. —Robert não está procurando por ninguém no momento. Não é? Robert...? 

—Han? 

—Eu disse que você tava estranho. Mas pelo visto é pior. Você parece apaixonado. 

—O quê?! — despertei, de repente. Não poderia estar... Poderia? 

—Se estiver, não podemos te ajudar. É um caso perdido, amigo. — disse Andrew. 

E quando você, aparentemente, está em modo de alerta de que talvez possa estar apaixonado (eu ainda acho um exagero deles) o universo começa a conspirar contra você, para piorar as coisas. O que aconteceu foi que ele entrou na cafeteria. E lá estava o tal ele. Mochila em um dos ombros. Cabelo bagunçado. O lábio superior mordendo o inferior, aparentemente apreensivo. O olhar de quem estava na defensiva, porque ele estava sozinho. Foi quando o olhar dele se cruzou com o meu, me pegando de surpresa. E eu, feito uma garotinha, desviei de repente. Não pude deixar de olhar para baixo e sorrir. Eu sentia o meu rosto queimando, e com certeza eu estava vermelho.  

O que deu em você, Robert? Ele é só um aluno novo. 

Voltei minha atenção para os outros dois. Liam e Andrew conversavam entre si, porém Andrew me olhava e ria a todo segundo. Ele sabia. Eu queria rir também, e queria socá-lo com os seus próprios óculos. 

Eu o segui discretamente com o canto dos olhos. Ele pediu alguma coisa para a atendente, e então eu pude, para a minha salvação, ouvir o seu nome. Nico. Era tão simples... E bonito. Assim como ele. 

Nico (finalmente) sentou-se em uma das mesas. Sozinho. Não resisti, e lancei outro olhar para ele. Lá estava ele, me olhando de volta. Ele sorriu. Eu sorri de volta. 

Eu poderia usar a desculpa de que eu gosto de ficar próximo dos meus alunos e ir lá falar com ele agora. Poderia ser uma chance única. Ou poderia ser exagero também, afinal eu o veria quase que todo dia. Mas alguém poderia chegar ali e iniciar uma conversa, e então ele se tornaria amigo dessa pessoa, e um possível namorado ou namorada seria potencial, daí... 

Andrew me cutucou com os ombros. Eu respirei fundo. Não estava muito seguro do que eu ia fazer. Mas eu o faria.

Levantei-me, e fui até a mesa dele: 

—Oi, Nico.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...