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História Otherside - Nono


Escrita por: redwood

Notas do Autor


Oi. Sei que devo explicações a vocês. Não, a história não acabou sem o final. Eu pretendo continua-la até o fim. Demorei a escrever por principalmente indisposição e o tempo, que agora eu tenho. Eu tenho toda a história definida, ou seja, posso prometer que muita coisa vai acontecer e que uma reviravolta aguarda vocês no próximo capítulo. Até lá.

Capítulo 9 - Nono


Fanfic / Fanfiction Otherside - Nono

Nico 

O primeiro som que ouço no dia vem do triturador de pia. 

Eu refletia enquanto recebia o meu café da manhã. Quando você toma decisões abruptas, sua vida também tende a seguir caminhos abruptos e muitas vezes, aqueles caminhos se tornam duvidosos. Tinha minhas dúvidas. Era aquilo mesmo a busca por um sonho? Eu queria mesmo me tornar um jornalista um dia? Ou seria apenas uma fuga das teias do que deixei para trás? 

Deixei minha cidade e o passado junto com a mesma, e agora não me parecia certo. O sentimento de inconstância era real, e tudo me retornava a Geneva. Ao meu pai. E até a minha mãe, que nunca vi na vida. 

Por alguma razão, eu me sentia nostálgico naquele dia. E haviam motivos para isso. 

[...] 

—Que saco de debate — reclamava Isaac. —Quando será que podemos... 

—Meninos — o ouvido de Robert estava imbatível naquela manhã. E pela cara dele, hoje não era um dia para brincadeiras. —Será que posso saber por que o diálogo de vocês está tão acalorado hoje? Será que tem algo para acrescentar ao nosso debate? 

Isaac acenou negativamente. Robert devolveu o gesto com um olhar repreensivo. 

A esse ponto, o garoto ao meu lado acabaria por se tornar um amigo inesperado. Isaac era doce, gentil e sempre dava atenção ao que lhe falavam. Ao contrário da maioria, ele era a diferença no mar de alunos hostis e rudes de Cambridge. 

—Eu quero que vocês me surpreendam e inovem. Me mostrem o potencial que vocês podem ter — anunciou Robert. —Formem duplas, arranjem parceiros ou parceiras — ele lançou um olhar para as garotas da turma e elas riram. —E bom trabalho. Quero todos os seminários na quarta.  

A turma começou a se dispersar. 

—Droga, com quem eu vou fazer o trabalho? — comecei a procurar por alguém ao redor, desprezando Isaac ao meu lado, que logo ficou cabisbaixo. 

—Também me pergunto isso. — disse ele, indiferente. 

—Eu tô brincando, Isaac — descontraí. —Podemos começar daqui a pouco. Eu te vejo no restaurante. 

Isaac assentiu e nos despedimos. Geralmente, os alunos se dispersavam e almoçavam em diferentes lugares, entretanto, eu e ele acabamos por formar uma dupla nisso também. 

Desci as escadas da sala de aula em direção a porta. Vi Robert conversando com algumas garotas e pelo o que pude ouvir, elas falavam sobre o recente episódio envolvendo o desmaio dele em plena aula. Era irritante o quanto forçavam intimidade com ele, buscando detalhes entranhados sobre sua vida. Poderia ser o contrário também, mas do mesmo jeito, era irritante. 

Desisti da ideia de falar com ele nem que seja só para dizer "oi". Foi quando as garotas logo saíram e eu me animei com a ideia mais uma vez, logo para desistir de novo. Deus, ele me deixava muito confuso. Fiz a linha de frio e passei reto.  

Assim que o ignorei, Robert agarrou meu braço. Firme, porém gentil. Não tão surpreendente.

—Ei — disse ele, e então eu me virei para o seu belo rosto. —Desculpa por hoje... Com você e seu amigo. Você sabe — ele passou a língua pelo lábio inferior e eu interpretava aquilo como um pecado sem perdão. —Não posso ter favoritismo pelos alunos. Pega mal. 

A forma como ele sorria... Parecia algo surreal. 

—T-tudo bem — eu sorri, desorientado com a beleza daquele homem. —Sério, não tem problema. Você pode ser malvado o quanto quiser. 

—O quê? —ele riu. 

—Desculpa, eu tô meio nas nuvens hoje. Até mais, professor. 

E saí correndo. Eu era ruim em tudo, porém incrivelmente bom em falar besteira. Mas o que posso fazer? Não posso fugir do meu instinto quando vejo um homem bonito.  

Tentei fugir do conceito "Robert Davis" e fui atrás de Isaac, mas logo algo me fez escapar daquele momento. 

A cena de um estudante discutindo com um homem mais velho, possivelmente seu pai, remeteu ao meu. E ao passado também. 

Geneva, NY 

Há mais ou menos cinco anos atrás, isso acontecia:

—Eu não quero mais essa discussão, Nicolau! — disse ele. —É melhor você deixar isso de lado! 

—Então por que você continua agindo como se ela estivesse aqui?! É pra torturar?! É isso?! Eu te odeio, pai, você não faz ideia do quanto eu te odeio! — eu saí correndo no meio daquela neve. 

—Você tá sendo infantil! — ele tentou me alcançar, inútil. Seus passos de um médico cansado eram incapazes de acompanhar os de um garoto inconformado com o próprio infortúnio e o meu destino. 

Estávamos na frente da residência de minha mãe. O cemitério. Onde a grama se misturava com a neve e pedras de túmulos no final daquela tarde chuvosa. Era sempre no inverno quando eu questionava o destino cruel dela. Não sei se o frio me remetia a essa falta inquietante que nunca existiu: ela se foi assim que eu vim ao mundo. 

Meu pai se esforçava, mas nem ele mesmo conseguia lutar contra essa insistência dela em ainda permanecer em nossas vidas, afinal, ele a amava.  

Eu talvez teria a amado também. Se a tivesse conhecido, ao menos. 

Naquele mesmo dia, eu quebrei o pulso após uma queda. Meu pai cuidou de mim como se aquele discussão jamais tivesse acontecido. 

- - -

Foi por isso que eu lembrei dele. O estudante discutindo com o pai estava com o braço enfaixado.  

Não seria o único fantasma do passado naquele mesmo dia. 

Logo aquelas memórias se desfariam em outra. Meu celular vibra na mochila. 

George: Nico? Você tá aí?  

Começo a suar frio ao ler aquilo. Pondero em ignorar, entretanto, aquilo seria o gatilho para que meu ex insistisse a me importunar mais ainda. 

'Não acredito que esqueci de te bloquear', envio. 

George: Quando me disseram que você foi embora eu não acreditei. Por que? Sem me dizer adeus? É assim? 

'E você ainda tem a coragem de perguntar.' 

George: Eu sinto muito, Nico. Eu não queria fazer aquilo. A Michaela, ela me convenceu de que ia dar tudo certo. 

'Quer dizer que se eu nunca soubesse, você iria continuar me traindo?' 

George: NÃO! Claro que não! Me perdoa, por favor. 

'Vocês dois se merecem.' 

George: eu ainda te amo. 

'Foda-se. É melhor que continue assim. Você aí. E eu aqui.' 

George: É isso que eu pretendo mudar. 

'???' 

George: Eu estou indo te ver em Londres, Nico. Era pra ser uma surpresa, mas eu já estou a caminho.



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