História Our Castle - Summer Trip

O sábado amanheceu ensolarado e quente, dando pistas que aquele verão iria ser digno de seu nome de estação.

Céu azul, sol e um vento fresco para não padecer as pessoas.

Ainda eram nove da manhã e a casa de Namjoon estava uma completa bagunça. As crianças estavam agitadas e os adultos pouco conseguiam terminar de arrumar tudo o que precisavam arrumar. Isso incluía a senhora Kim, mãe do moreno que havia chego na noite do dia anterior e já estava imersa naquele agito que era a vida cotidiana daqueles dois homens.

— Namjoon, onde você colocou a bolsa médica que eu havia separado? — Seokjin questionou não vendo a bolsa vermelha que tinha arrumado.

O policial apareceu carregando duas malas de mão em sua mão boa e franziu as sobrancelhas. Nem ele sabia.

— Eu não sei, você quem arrumou, amor. Eu fiquei com a parte das malas das crianças.

— Eu guardei. — A mais velha se pronunciou enquanto dava mamadeira para Taehyung. — Eu guardei dentro da mochila do Namjoon.

O de cabelos rosas suspirou em alivio e sorriu para a sogra que estava cuidando do mais novo da casa. O garotinho não costumava tomar mamadeira, mas aquele dia estava sendo corrido e de uma forma muito amigável, aceitou que a mulher mais velha lhe alimentasse.

— Pai, eu não acho meus óculos escuros. — Jungkook reclamou, aparecendo na sala com um moletom maior que seu próprio corpo. — Onde está?

— Jungkook-ah, quantas vezes eu já falei pra você arrumar suas coisas? Eu pedi isso ontem. — Resmungou, abrindo a porta de casa, pronto pra começar a descer as malas. — Eu pedi pra vocês arrumarem tudo.

— Eu arrumei, mas sumiu. — Gritou manhoso, cruzando os braços sob o peito, fazendo um biquinho. — E agora?

— Toma o meu. — O mais velho estendeu para o garotinho que abriu um sorriso e pegou os óculos que Seokjin estava emprestando. — Agora vai chamar os garotos, precisamos descer já já.

O garotinho de cabelos longos assentiu e colocou os óculos que havia pego, notando estar grande demais para seu rosto, mas pouco ligava. O moletom de Yoongi também era grande e mesmo assim tinha colocado.

— Aish, essas crianças... — Yoongi resmungou ao ver o irmão mais novo passando ao seu lado. — Seokjin-ssi, ainda dá tempo de me deportar para Tóquio.

— Ya. — Resmungou alto, colocando a mochila nas costas e pegando as malas de Hoseok e Jimin. — Quero ver lembrar de Tóquio quando ver a praia.

— Eu não gosto de lugares quentes. — Respondeu, pegando suas próprias malas e uma bolsa onde tinham os brinquedos que os menores separaram. — Vó, não podemos ficar em casa? Seul tem tanta coisa legal para fazer.

A mais velha o olhou suspeita e suspirou.

Seu neto nunca mudava.

— Você vai virar um fantasma de tão branco. Precisa de sol. — Disse e o menor bufou, caminhando para a porta, a fim de descer mais coisas. — Seokjin. — Chamou o genro que ia tomar o mesmo caminho, porém se voltou para a sogra. — Obrigada por entrar pra nossa família.

O homem sorriu enorme e assentiu. Ele que se sentia grato.

— É uma honra estar na sua família. — Respondeu e obteve um sorriso bonito da mulher.

E com aquele pequeno monólogo, as coisas se repetiram. Namjoon e Seokjin subindo e descendo para colocar tudo dentro do trailer que haviam alugado e Yoongi os ajudava. Hoseok ficou com a tarefa de cuidar de Taehyung, Jimin e Jungkook enquanto a vó terminava alguns sanduíches para comerem durante a viagem.

— Namjoon-ah, isso tá encaixado certo? — O homem mais velho perguntou ao namorado, o observando enquanto arrumava a cadeirinha para Taehyung. — Não parece muito firme.

— Claro que está firme. — Resmungou concentrado. — Olha, está bom. — Balançou o objeto e mostrou sua firmeza.

Seokjin suspirou e passou a mão sob a testa já um pouco suada pelo esforço e correria. Apesar de tudo estar apressado e ele com as pernas doendo de tanto subir e descer, era legal. Estava se divertindo.

Se sentia em família.

— Acho que já podemos ir, não é? — Perguntou ao moreno ao que saía do trailer. — Precisamos sair antes do horário de almoço pra não pegarmos trânsito.

— Fique tranquilo que vai dar tudo certo. — Sorriu amoroso e deixou um beijo na bochecha do namorado que suspirou. — Parecemos uma família.

Seokjin se afastou para olhar o rosto do policial e sorriu de lado, o observando sorrir junto daquele jeito adorável, exibindo as covinhas charmosas.

— Fico feliz por isso. — Envolveu o rosto do homem com ambas as mãos e deixou um beijo demorado nos lábios cheios do mais alto. — Se formar uma família com você significa isso tudo, então eu quero.

— Quer? — A pergunta veio rápida e afoita, arrancando risadinhas do cozinheiro. Namjoon se envergonhou e sorriu sem jeito. — Quer dizer, você pensa nisso?

Assentiu.

— Sempre. — Respondeu em um sussurro, acariciando as bochechas do mais alto. — Eu não quero que seja apenas mais um na minha vida e não quero ser apenas mais um na sua.

— Você se casaria comigo? — Perguntou sério, olhando nos olhos do mais velho que sentiu o impacto daquela pergunta.

Não estava esperando que o namorado fosse tão direto. Respirou fundo e sentiu o corpo formigar. Sabia a resposta, mas não queria dar. Se sentia exposto. Era algo que imaginava sozinho e contar para Namjoon significava verbalizar seus desejos.

Estava tímido e por isso apenas assentiu, não queria falar.

O policial sorriu e abraçou o corpo do menor ao seu, o apertando carinhosamente e sentindo ser retribuído.

— Que bom. — Sussurrou parecendo aliviado. — Porque eu pretendo te chamar de meu marido algum dia.

— Gosto de como essas palavras soam. — Respondeu afundando o rosto no pescoço do moreno. — Meu marido...

Namjoon riu fraquinho e deixou um beijo nos cabelos rosados do Kim mais velho e ambos se separaram para terminar de descer as coisas. Faltava pouca coisa e ao chegarem no andar, Hoseok e Yoongi já estava descendo o que havia restado, junto da avó que tinha deixado Taehyung com Jimin e Jungkook.

Não uma tão sábia decisão.

Seokjin seguiu para a casa do namorado e viu que havia apenas restado sua mochila e a de Taehyung, a que levaria consigo por todo momento.

— Bebê do papai está sonolento? É isso? — Perguntou carinhoso, pegando o garotinho que estava sentado no chão com os outros. Taehyung abriu um sorriso e coçou os olhos. — Vou ter que te morder todo para acordar?

— Não morde ele, tadinho. — Jungkook defendeu. — Taehyung, você quer ir com a gente durante a viagem?

Apenas negou, fazendo Jungkook fazer um biquinho vendo o menor todo manhoso no colo do pai, se agarrando à camisa branca e fina que o mais velho usava.

O garoto não entendia como Yoongi conseguia e ele não.

— Yoongi hyung. — Disse e Jungkook transformou o biquinho em uma careta. — Quero ir com Yoongi hyung, appa.

— Yoongi é meu hyung. — O garotinho disse enciumado, fazendo o adulto rir.

Seokjin deixou o filho mais novo perto de Jimin que o puxou para seu colo e o abraçou, vendo Jungkook ainda bravo, se sentar ao lado. Taehyung abraçou o corpo do irmão e deitou o rostinho no peitoral vestido com uma camisa de abotoar, levando o dedo até a boca, começando a chupar enquanto encarava curioso o rosto do segundo mais novo.

Ainda parecia bravo.

— Jimin hyung também é meu. — Murmurou e o garotinho riu, achando o outro engraçado. — Não ri. Não seja fofo.

O cozinheiro deixou as crianças ali e foi até o quarto do namorado, para chamá-lo, tinham que descer. Já estava ficando tarde. Abriu a porta devagar e ouviu um estalo vindo de dentro do cômodo.

Seu coração gelou quando viu Namjoon verificando o cartucho de munição dentro do revólver automático e logo destravando a arma para notar se estava tudo ok.

Seokjin respirou fundo e fechou a porta para que nenhuma das crianças entrasse ali.

— Joonie? — Chamou baixo e o policial imediatamente se virou em direção ao namorado, notando o rosto assustado à sua frente. — O que você está fazendo?

— Eu... — Olhou para sua mão direita, encarando a colt semi-automática. — Verificando minha arma.

— Você não vai levar isso. — Afirmou e viu o mais novo arquear o cenho confuso. Seu corpo gelou. — Vai?

— E por que não? — Perguntou travando a arma de novo, dando um novo estalo. Viu o namorado se tremer todo e respirar fundo. — Vem aqui.

— Porque você está de férias e estamos com as crianças. — Respondeu incerto se devia ir ou não, mas acabou aceitando e indo para a companhia do policial que o abraçou com o braço esquerdo. — Não é necessário.

— Eu preciso proteger vocês. — Respondeu e viu os olhos grandes de Seokjin lhe encarar. — Não quero correr riscos.

— Então deixa isso em casa. Você está conosco e isso já é sinônimo de proteção. — Pediu baixinho, carinhoso, levando uma mão até a arma de Namjoon e a pegando. Nunca pegou um revólver na vida, mas era mais pesado do que imaginava. — Vamos ser apenas uma família normal, aproveitando as férias de verão, ok? Aproveite suas férias, não se preocupe tanto.

Namjoon sorriu e olhou para baixo, vendo o namorado segurando sua arma particular. Sorriu e beijou os lábios do homem.

— Você fica sexy segurando um revólver. — Sussurrou e levou um tapa nas costas. Grunhiu. — É sério. Não adianta me bater.

— Toma, guarda. — Se afastou e entregou a arma na mão do policial que hesitou. O rosado suspirou e enfiou as mãos nos bolsos dianteiros do jeans. — Porfavor.

Namjoon encarou o namorado por um momento e engoliu em seco. Não gostava de sentir que estava desprotegido ou que poderia acontecer algo e ele estaria despreparado. No entanto, os olhos suplicantes do mais velho combinado com aquele pedido o convenceu.

Assentiu e guardou o revólver onde sempre guardava e pegou a carteira que estava em cima do teclado do computador. O cozinheiro sorriu e deixou um selinho demorado nos lábios do namorado.

— Vamos. — Murmurou o moreno, enfiando a carteira no bolso e pegando a máscara preta que havia separado. — Vai mesmo dirigir?

— Você não poderia, está com a mão machucada. — Riu enquanto pegava as chaves do trailer, observando o namorado colocando a máscara preta sob o nariz e lábios. — Você fica lindo quando veste preto.

— Parece que temos preferência de cores, uh? — O mais novo perguntou ao se aproximar, acariciando os cabelos do mais velho que sorriu e olhou para os olhos de Namjoon. — Lindo. — Elogiou e recebeu um sorriso maior com direito a olhos se fechando.

Voltaram para a sala e agitaram os meninos, Namjoon colocando Jimin em suas costas e carregando Jungkook pela mão enquanto o mais baixo levava Taehyung pela mão após trancar a porta de ambas as casas. Passariam uma semana longe dali e o fato de não ter mais a mãe de Seokjin importunando por uma semana era um alívio.

Para todos.

Desceram e encontraram Yoongi tomando um iogurte e Hoseok um sorvete. Não deu nem um segundo antes de Jimin e Jungkook irem correndo para cima dos mais velhos.

— Para com isso. — Hoseok repreendeu o irmão mais novo, o empurrando depois de quase ter seu sorvete indo ao chão. — Vovó comprou pra vocês também, está na geladeira.

— Você comprou, vó? — Jimin perguntou e viu a mulher assentir e sorrir tão doce. — Podemos tomar agora?

A criança não percebeu o modo qual falara, mas Seokjin abriu bem os olhos e encarou o namorado que piscou divertido em sua direção enquanto tirava a mochila das costas do mais velho, querendo levar para dentro do automóvel.

— Vamos entrando, andem, a gente precisa partir. — Namjoon gritou e as crianças foram entrando. — Mãe, coloca os mais novos nas cadeirinhas?

— Por que você não alugou um ônibus? Seria mais prático. — A mulher resmungou divertida e pegou Jimin e Jungkook pela mão, levando para as cadeiras altas que ficavam de frente pra pequena televisão embutida no teto do trailer.

O automóvel por dentro era bonito e quase todo de madeira. Até Yoongi que estava incerto daquela escolha diferente de viagem, achou bonito quando entrou pela primeira vez.

Enquanto a mais velha atava as crianças de seis anos nas cadeirinhas, Yoongi quem arrumava Taehyung na cadeirinha dele, mais apropriada para bebês.

— Hyung. — O garotinho chamou ao ter o último fecho atado com sucesso. O mais velho verificou mais uma vez antes de olhar nos olhos da criança e sorrir. — Senta aqui.

— Quer que eu sente perto de você? — Perguntou e obteve um aceno positivo. — Certo, eu estou aqui. — Sentou-se ao lado da cadeirinha de Taehyung, atando seu próprio cinto. O garotinho abriu um sorriso feliz. — Você quer? — Ofereceu o iogurte.

— Hum. — Grunhiu em confirmação e abriu a pequena boquinha, recebendo o iogurte na boca e logo depois tendo os lábios limpos pela mão do menino que sorriu e obteve um sorriso infantil do mais novo.

Ficaram próximos, afinal.

Senhora Kim, após ter certeza que os dois meninos de seis anos estavam presos na cadeirinha, saiu e foi se sentar do outro lado do trailer, recebendo Hoseok ao seu lado.

— Que foi, Hobi? — Perguntou curiosa ao ver o menininho de regata e shorts, levantar o braço da avó e a fazer abraçar seu corpo enquanto se aconchegava sob o colo da mulher. — Tá passando mal?

— Estou com sono. — Murmurou, fechando os olhos. — Faz carinho nos meus cabelos, vó.

— Aigoo, como você pode parecer tanto seu pai? — Questionou fingindo-se de brava, mas ao ver o sorriso sonolento de Hoseok, acabou rindo junto. — Meu raio de sol... — Sussurrou abraçando o corpo do neto ao seu, usando a mão livre para começar a acariciar os cabelos lisos da criança.

Seokjin fechou sua porta e puxou o cinto de segurança, atando ao corpo, olhando para o painel do carro antes de rir. Fazia tanto tempo que não dirigia. Seu carro foi vendido há anos para que pudesse comprar o apartamento e desde então, nunca mais tocou um volante.

Era quase assustador.

Ouviu o som da porta lateral se fechando e logo Namjoon estava ao seu lado, atando o próprio cinto e apertando o botão de trava automática das portas. Olhou para o namorado e sorriu por trás da máscara.

— Acho que você está mais apaixonado pelo volante do que por mim. — Brincou, ajeitando a própria camisa preta e larga em seu corpo. O mais velho olhou para o lado e riu fraco. — Algum problema?

— Não, nenhum. — Respondeu voltando a encarar o volante antes de virar a chave na ignição. — É que eu não dirijo faz uns cinco anos, talvez.

— Qual foi o último automóvel que dirigiu? — O policial perguntou curioso, sem tirar os olhos do mais baixo que após mudar a marcha, soltou o freio de mão, fazendo o carro começar a andar.

— Um jaguar. — Respondeu e o policial se virou bruscamente, olhando para o de cabelos rosas que não parecia alterado com aquilo. — Não era meu. Era do meu irmão.

— Seu irmão tem um jaguar? — Perguntou eufórico e obteve um olhar confuso do namorado. Não entendia qual era o grande espetáculo em ter um carro daqueles. — É lindo.

— Muito apertado. — Resmungou e suspirou, voltando toda sua atenção para o trânsito, ouvindo as crianças agitadas atrás de si. — Você nunca entrou em um?

Namjoon negou e riu fraco. Às vezes esquecia que ele e Seokjin não vinham do mesmo lugar, apesar de parecer. Não que fizesse diferença, mas...

Ele se sentia um pouco deslocado e em contrapartida, Seokjin também. Ambos com seus motivos.

— Você tinha um carro, não tinha? — Perguntou ainda curioso e o mais velho assentiu. — E qual era?

O Kim mais velho riu nasal e mudou a marcha, aumentando um pouco a velocidade do carro ao entrarem na avenida principal. Namjoon observou o namorado de perfil e acabou suspirando.

Como alguém podia ser tão bonito apenas dirigindo?

Os cabelos rosados estavam em um tom claro demais pela luz do sol adentrando pelo painel e o castanho escuro dos olhos do homem parecia mais claro e os lábios mais vermelhos.

Namjoon o achava digno de uma pintura.

— Um Toyota 4x4. — Respondeu e viu o policial rir baixinho. — Desapontado?

— Aliviado. — Levou a mão machucada até a bochecha de Seokjin, tocando o local mesmo que superficialmente. — Assim você pode relevar meu humilde honda civic.

— Para com isso. — Murmurou sério, virando o rosto e deixando um beijo sob os dedos envolvidos pela tala. — Eu gosto muito mais do seu carro amassado, tocando Justin Bieber do que o jaguar do meu irmão.

— Mesmo? — Namjoon questionou, mesmo sabendo que era verdade.

Sabia muito raso do passado de Seokjin, mas sabia que ele vinha de uma família rica, mesmo que não parecesse. E a filosofia do cozinheiro era tão parecida com a sua...

Viver apenas com o que produzir para si memo.

— Mesmo. — Respondeu e olhou pelo retrovisor, vendo Jimin e Jungkook tomando seus sorvetes enquanto viam algo na televisão. — Não fale como se não me conhecesse, Namjoon.

O policial se inclinou e deixou um beijo lento na bochecha do mais baixo que se certificou que não tinha ninguém em sua frente para virar o rosto e deixar alguns selinhos sob a máscara do policial. Ganhou uma risada.

— É por isso que eu te amo. — Divagou, olhando pela janela, sentindo o coração acelerado. Seokjin sabia como surpreender um homem. — Você é incrível.

O rosado riu sozinho e negou. Focando-se no trânsito, apertando um pouco mais o pé no acelerador, visto que o trânsito não estava ruim.

Finalmente as férias iriam começar.

*

Demorou cerca de duas horas para chegarem no acampamento de trailers. A reserva da vaga foi feita por Namjoon mesmo antes do namorado aceitar viajar, e ele agradecia imensamente por não ter gasto dinheiro em vão.

A viagem era para ter sido feita em menos tempo, porém pararam para almoçar e Jimin acabou passando mal devido à vertigem de uma viagem longa. Não estava acostumado. Até Hoseok se enjoou e ficou o tempo todo preso no colo da avó e Jimin acabou parando no colo da mais velha também.

Um colo de vó sempre resolvia todos os problemas.

Assim que o trailer foi estacionado, Jungkook tirou seu próprio cinto e correu para entre os bancos da frente, quase passando por ali enquanto Seokjin puxava o freio de mão, parando o carro.

— Chegamos? — Perguntou animado e recebeu um beijo nos cabelos, vindo do pai.

— Chegamos. Olha ali. — O mais velho apontou para frente, a visão de praia um pouco mais à frente. — Olha o mar.

— Wuah. Tão azul. — Sussurrou encantado, hipnotizado pela visão mesmo que longe. — Podemos nadar hoje?

— Não, hoje vamos conhecer o litoral, amanhã vamos nadar. Pode ser, biscoitinho? — O pai sugeriu e viu o garotinho assentir, sorridente demais. — Ótimo.

Seokjin foi o primeiro a sair do banco de motorista, passando pelo vão entre os bancos e indo para a parte de trás do trailer, vendo que Jimin havia pego no sono no colo de sua sogra. Hoseok jogava no celular de Namjoon, também deitado no colo da avó. Yoongi estava dormindo com a cabeça encostada na cadeirinha de Taehyung e o próprio menininho dormia enquanto segurava a mão de Yoongi, aparentemente adormeceram enquanto brincavam.

— Ele reclamou de mais alguma dor? — O Kim mais velho se dirigiu até a sogra e tocou o rosto do filho. Sem febre.

— Não, apenas adormeceu depois de vomitar. Com certeza foi enjoo de viagem, não se preocupe, querido. — Tranquilizou o homem, sorrindo daquele jeito materno que fez o mais alto sorrir junto. Sentia saudades de ter uma mãe. — Quer passear com meu filho? Eu fico com as crianças.

— Podemos esperar os garotos acordarem, então vamos todos. — O policial apareceu, retirando a máscara e enfiando no bolso, sentindo o ar fresco, o cheiro de mar bem perto. — Nossa, isso é incrível. Olha o ar...

— Appa, eu vou espir-... — Antes que Jungkook continuasse, acabou espirrando em cima do pai que fez uma cara de tédio para a criança que logo depois coçou o nariz manhosamente e sorriu. — Desculpe.

— Coloca a mão na frente antes de espirrar, baixinho. — Se agachou de frente para o filho e beijou seu nariz. — Está com alergia?

— Deve ser a salinidade atacando a rinite dele. — Seokjin foi até a mochila do namorado, a abrindo e pegando a bolsa de remédios que havia preparado. — Vem cá, Jungkookie, eu vou te dar um antialérgico.

A mulher apenas observava aquilo, vendo que na falta de jeito de Namjoon, entrava o cuidado de Seokjin. E na falta de força de Seokjin, entrava a resistência de Namjoon.

Eram como um quebra-cabeça bem montado, e eles de longe pareciam uma família.

O rosado tirou uma cartela de comprimidos pequenos e rosas, que ele mesmo tinha pego com o policial.

— Aqui. — O moreno estendeu uma garrafa de isotônico azul que estava tomando antes. — Toma, filho.

Seokjin destacou um comprimido.

— Abre a boca, baby. — Jungkook abriu e teve o comprimido deixado em sua língua.

O mais velho pegou o isotônico da mão do mais novo e deu na boca do garotinho que tomou e engoliu o remédio. Seokjin levantou o polegar, em uma pergunta muda se ele estava bem. O de cabelos grandes sorriu mostrando os dentinhos grandes e levantou o polegar também.

Tudo okay.

— Pode me dar um pouco? Tô com sede. — Hoseok resmungou, estendendo a mão para o namorado do pai. — Aqui está muito quente.

O mais alto deu na mão do garotinho e concordou. Ali era realmente muito quente.

— Eu quero nadar, pai. — O menininho de seis anos se agarrou na perna do pai, jogando a cabeça para trás, fazendo manha. — Deixa eu nadar.

— Pensei que quisesse esperar o Jimin melhorar para irem juntos. — Namjoon apelou e viu o filho olhar para o amiguinho que ainda estava adormecido nos braços de sua avó. — Vamos esperar ele melhorar.

— Chegamos? — Yoongi perguntou, ainda parcialmente adormecido, se aconchegando mais no banco.

— Chegamos. — Seokjin respondeu sorrindo.

Aquele calor... aquele cheiro de litoral... finalmente estavam livres do drama da cidade.

*

Era quase três da tarde quando finalmente pararam de andar. Encontraram um parquinho no fim do acampamento, ficaram sabendo onde era o banheiro, a área de serviço, os telefones públicos... tudo muito bem informado.

Depois de tomarem mais sorvetes e Jimin afirmar mais de dez vezes que estava bem, pararam na praia. Não estava tão vazia, mas menos cheia do que esperavam. A mãe de Namjoon estava com Taehyung no colo enquanto o fazia pular pequenas ondinhas que batiam na orla da praia, ganhando risadinhas do garotinho que contraía os dedinhos do pé toda vez que a água fria tocava seu corpo.

Jimin e Jungkook, de mãos dadas, também pulavam as ondas e morriam de rir quando vinha alguma mais forte e acabava molhando suas roupas. Namjoon não havia deixado as crianças entrarem na água, mas não havia dito nada sobre não poderem pular as ondas.

Yoongi e Hoseok jogavam futebol de areia com dois outros garotos que estavam no acampamento de trailer também. Tudo parecia bom.

Seokjin estava sentado na areia sob a camisa do namorado, junto do moreno sem camisa que havia dito que queria pegar sol e por isso estava sem camisa, apenas de bermuda e um óculos preto redondo.

— Não sei pra quê ficar pelado dessa forma. — Resmungou e olhou para o peitoral moreno do policial que sorria enquanto o encarava sob as lentes dos óculos. — Ein? Pra quê?

— Eu detestaria ficar com marca da camisa no meu corpo. Isso seria desagradável quando eu for realmente ficar sem roupa pra você. — Respondeu risonho e viu o rosto do namorado se tornar vermelho em dois segundos. Riu à vontade e beijou o ombro do outro. — Pensei que havíamos passado dessa fase da timidez.

— Do que você está falando? Eu não estou tímido. — Resmungou olhando para o lado, brincando com a areia, deixando o vento espalhar a franja rosa sob seus olhos.

Namjoon suspirou e analisou seu namorado. Ele parecia, mais uma vez, uma pintura de verão. A pele muito clara com uns tons avermelhados pelo sol, apesar de ter passado um protetor solar forte, ele estava corado. O vento bagunçando seu cabelo, o deixando mais icônico. Amava Seokjin e aquela áurea simplista que tinha.

Mesmo com pequenas coisas, ele conseguia ser a criatura mais bonita que Kim Namjoon teve o prazer de ter em sua vida.

— Hyung. — Chamou baixo e viu o mais velho ir levando o olhar novamente de encontro ao seu. — Obrigado por ter vindo comigo.

— Obrigado por ter me feito vir. Eu concordo que precisava respirar fora daquele drama, longe de minha mãe e de todo o resto. — Respirou fundo, sentindo sua mão esquerda ser pega pela de Namjoon, os dedos se entrelaçando. — Eu me sinto bem como há dias não me sentia. Sua mãe me faz sentir como se eu ainda tivesse alguma.

— Mas ela pode ser sua mãe também, se quiser. — Murmurou carinhoso, acariciando as costas da mão do mais velho, usando polegar para isso. — Ela adora você, adora as crianças... e eu já disse, o que é meu, pode ser seu. Você não é sozinho.

Seokjin sorriu e olhou para baixo, encarando as mãos unidas, o carinho que recebia...

— Eu sinto que devo te agradecer por tanta coisa... desde aquela ajuda na máquina de sabão, até quando recuperou minha mochila. — Riu sozinho. — Por ter dado remédio para meu filho, por ter me levado ao hospital com ele, por ensinar matemática para o Jimin...

— Eu nunca senti tanto medo quanto no dia que eu-... — Foi interrompido.

— Levou um tiro? — Perguntou afoito e viu o o policial rir e negar.

— Não e não foi um tiro, foram dois. Importante lembrar. — Seokjin revirou os olhos e sentiu seus dedos serem apertados com carinho. Suspirou e manteve o contato visual com o moreno, encarando as lentes escuras do óculos, sabendo que estava sendo encarado. — Eu nunca senti tanto medo de não ser recíproco, quanto senti com você. Eu pensei que você pudesse não me querer.

— Que besteira. Por que não ia querer? — Perguntou rindo baixinho e foi sua vez de acariciar a mão do namorado.

Namjoon sorriu fraco e desviou o olhar. Não fazia seu estilo falar certas coisas, ainda mais em público. Mesmo que não tivessem pessoas em volta, ainda assim, não eram apenas os dois.

E ele queria ficar sozinho com Seokjin.

— Porque você é você, você não é qualquer um, você é você. — O de cabelos rosas pareceu confuso, mas nada disse. Queria que Namjoon se expressasse da forma que achasse melhor. — E eu sinto, no meu coração, que eu nunca vou encontrar alguém como você.

— Eu espero que não mesmo. — Respondeu rápido, atraindo o olhar curioso do policial. O mais velho respirou fundo. — Eu espero que não encontre ninguém como eu, porque eu tenho certeza que não vou encontrar ninguém como você.

— Hyung... — Ia começar, mas foi calado por lábios suaves e com gosto de morango. Aquele protetor labial que o menor sempre usava.

O Kim mais velho se sentia acanhado por aquele gesto, mas não pode se controlar. Parte de si era ciúmes por Namjoon estar sem camisa e exibindo o corpo atlético e moreno, a outra parte era amor. Amor profundo que só aumentava a cada segundo que olhava para o lado e via aquele policial se declarando de um jeito tão único.

Jeito sem jeito de Namjoon. E ele era apaixonado por isso.

— Quando você me pediu em namoro disse que tinha planos maiores do que ficar rico e seus planos incluíam eu e meus filhos... — Relembrou e o outro assentiu. — Quais são seus planos?

Namjoon riu fraco e deixou outro beijo nos lábios do namorado antes de lhe beijar a testa e afastar os fios tingidos, com a mão machucada, querendo melhorar a visão de Seokjin, sabendo que o cabelo estava o atrapalhando.

— Meus planos já deram início e eu não vou te contar porque se não dá azar. — Resmungou e viu o outro fazer uma careta brava. — Mas eu posso te afirmar uma coisa. Você quer ouvir?

— Sim. — Puxou a mão machucada do policial com a mão livre e deixou um beijo sob as costas da mesma.

— Quero juntar nossas famílias, um dia. Quero que sejamos Os Kim’s e não apenas Kim Namjoon e Kim Seokjin. — O rosado olhou para o moreno e sorriu de lado. Aquilo fazia seu coração acelerar. — Quero que sejamos apenas uma família Kim.

— Quer formar uma família comigo, oficial Kim? — Perguntou indo para mais perto do mais alto que o acolheu em seus braços, o aconchegando em seu peito quente.

— Quero. Você acha que seria bom? — Perguntou após deixar um beijo nos cabelos cheirosos do menor.

— Eu acho que juntos somos mais fortes. — Sussurrou, fechando os olhos se entregando aos carinhos do namorado.

O corpo de Namjoon estava quente e cheiroso e Seokjin se aproveitou disso na hora de se agarrar ao mais novo, pouco se importando com as outras pessoas. Se ajeitou entre as pernas do moreno e ficou ali, abraçado ao policial.

Namjoon sorriu e deixou meus alguns beijos pelos fios rosados do menor e deixou o rosto encostado ali.

— Você agradeceu pelas coisas que eu fiz a você e eu não respondi. — O mais novo sussurrou e fez o mais velho afastar um pouco o rosto do peitoral desnudo para encarar novamente a lente escura dos óculos do policial. — Kim Seokjin, obrigado por me fazer feliz e por me transformar em um homem melhor todos os dias. Obrigado por cuidar dos meus filhos, de mim e por ser o melhor pra minha família. Obrigado por ser a peça que faltava para completar a minha vida. Eu amo você.

O cozinheiro ficou sem reação por um momento, apenas respirando e encarando os olhos de Namjoon mesmo tendo algo no caminho. Levou as mãos até o rosto do mais alto e tirou delicadamente os óculos, sorrindo de lado ao finalmente conseguir encarar os olhos escuros do moreno.

Namjoon sorriu de volta.

— Eu amo você, Kim Namjoon. — Sussurrou e viu o sorriso bonito de covinhas surgir nos lábios do policial.

Namjoon apenas se deixou levar e beijou os lábios do mais velho, tendo como fundo musical o som das ondas, as risadas das crianças... não queria estar em outro lugar. Não havia melhor lugar.

Ficaram poucos segundos naquele beijo, ainda um tanto sem jeito por ter algumas pessoas ao redor.

— Lembrei de uma coisa. — O Kim mais novo disse após afastar as bocas e beijar carinhosamente o queixo de Seokjin.

— O quê? — Perguntou curioso, encarando o rosto do namorado.

— Nunca tivemos um encontro. Marcamos de jantar fora e nunca aconteceu. — Relembrou e viu o rosto de Seokjin se transformar em uma expressão limpa e pensativa. Ele ficava bonito daquela forma. — Amor, você fica tão bonito quando faz cara de pensativo...

— Ya, saeng, eu sou lindo em qualquer cara. — Se fingiu de ofendido só pra ganhar mais alguns beijinhos e no fim, ficou risonho e todo encolhido nos braços fortes do policial que sorria satisfeito vendo o mais velho todo alegre. — Eu até havia me esquecido desse detalhe.

— Eu não e eu acho que ainda precisamos ter um date. Como um casal maduro não tem um encontro? Isso é inaceitável. — Fingiu indignação e Seokjin imitou sua expressão de braveza. — Está fazendo aegyo?

— Eu sou o próprio aegyo. — Deixou um beijo rápido nos lábios do mais novo antes de ouvir uma risada gostosa e rouca do rapaz. — Então está oficialmente me chamando para um encontro?

— Não exatamente. Eu já chamei e você já aceitou há muito tempo, agora eu só estou afirmando que vamos ter um encontro.

— Oh, sim, faz sentido. — Fez novamente a expressão pensativa e ganhou mais um beijinho. Deu uma risada e viu Namjoon sorrir junto. — Amor... — Resmungou, ou pelo menos tentou. Soando muito manhoso e ganhando outro beijo.

— Você com essa expressão me deixa com vontade de te beijar. — Se explicou e viu o outro abrir os olhos, indignado,

Namjoon já conhecia todas aquelas expressões. Era um bom observador e Seokjin um bom intérprete.

— Então não fico beijável outras vezes?

— Hum... — Fingiu uma careta pensativa e o mais velho se levantou do colo do namorado, indo para o lado, deixando um tapa em seu ombro. — Eu tô brincando, Jin-ah, volta aqui.

Antes que o de cabelos rosas se levantasse, teve sua cintura segurada e puxada e em um movimento impensado, os dois acabaram caindo deitados na areia, um ao lado do outro, rindo, sentindo a areia morna. Seokjin virou-se de frente para o policial e viu seu sorriso grande, aberto. Riu fraquinho e piscou os olhos devagar, querendo gravar cada detalhe do rosto de Namjoon em sua memória.

Ele não queria mais falar nada, só observar estava bom. Observar o sorriso do policial sob aquele sol de verão, o céu azul, o barulho das ondas...

Se Namjoon achava Seokjin mais bonito com uma careta pensativa, Seokjin achava Namjoon mais bonito no verão.

Melhor, ele achava Namjoon bonito em todas as estações do ano e ele esperava estar ao lado do namorado em todas elas para se certificar daquela tese.