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História Our Colors - Euphoria


Escrita por: sonnyssi

Notas do Autor


Primeiramente, isso é uma continuação (links nas notas finais). Na verdade, eu nem iria escrevê-la, mas aqui estou eu, porque não me aguentei. Não quis postar na outra história, porque não queria estragar a suavidade que ela tem. 'Your Colors' não foi feita para ser classificada tão alta, por isso separei. Espero que não tenham muitos erros... Boa leitura!

Capítulo 1 - Euphoria


Depois daquela noite em meu apartamento, Yoongi e eu passamos a combinar horários. Dificilmente conseguíamos tomar um café a tarde e, com a minha semana de provas às portas, outro jantar se tornou impossível. Por mais que eu quisesse muito que ele ficasse para dormir, ter que estudar noite a dentro não permitia que eu fizesse o convite.

Foi inconscientemente que acabei pegando no sono enquanto o acariciava e acordei assustado quando ele saiu de meus braços. Estava tão aconchegante com seu rosto escondido em meu peito e sua mão jazendo molemente sobre meu quadril. Todavia, enquanto se vestia às pressas, insistindo para que eu não me levantasse, ele não disse nada sobre meu comportamento ou sobre como passamos o resto daquela noite. Por todo aquele dia eu só consegui me perguntar se ele estava desejando esquecer daquilo.

Enfim. Mesmo que jantares não fossem possíveis naquele momento, eu o via quase todos os dias pela manhã, no metrô. Era a melhor hora do meu dia, aquela em que conversávamos pessoalmente e não por mensagens no celular. Àquela hora abençoada onde eu podia fitar seus olhos cintilantes e me perder no mundo que ele carregava por detrás das írises escuras, contemplar o sorriso doce de dentes pequenos sempre que ele achava algo que eu dizia engraçado, me embriagar da sua voz pouco rouca, que tinha aquele tom manhoso de quem acabara de acordar. Sentir seu calor quando conseguíamos sentar lado a lado e queimar desejando tocá-lo e não poder. Mas estava tudo bem, era melhor tê-lo ali do que seguir o procurando dentre cada rosto todas as manhãs.

Assim os dias foram passando, se transformando em semanas até, então, completar um mês. Minhas provas tinham acabado e eu estava seguro dos resultados. Isso porque Yoongi me doara algumas de suas noites para me ajudar a estudar, por via de chamadas de vídeo no computador. Quando os resultados vieram, eu só tinha uma coisa em mente:

― Quer vir jantar aqui em casa? Vou cozinhar para você em agradecimento. ― Eu disse, ao telefone, naquela noite. Havia acabado de contar que passara em todas as provas.

― Hm, você pode me dar dois dias?

― Claro. Por quê?

― Vou ver se consigo trocar minha folga. Assim não preciso sair correndo de manhã. ― Nós dois hesitamos. ― Não! ― Ele se apressou a corrigir. ― Sabe... Só não precisar sair correndo porque preciso trabalhar no dia seguinte.

 Ficou claro para mim que aquelas palavras eram inconscientes, mas não impediu que meu coração falhasse uma batida. Ali estava o momento crucial das nossas conversas até então. Eu não podia deixar passar aquele momento ou acabaria só como amigo. Não havia problema, claro que não. Só que eu queria mais. Eu o queria de verdade. E meu coração incoerente estava me fazendo imaginar que Yoongi iria querer ficar comigo, em meus braços. Que não seria algo de uma noite e então ele sumiria. Ele não parecia aquele tipo de pessoa. E eu não fazia ideia de suas reações quando estava afim de alguém, então não podia dizer a quantas as coisas andavam. Isso é, se andavam. Se havia alguma chance para mim. Mas eu só sabia que precisava tentar, independente de qual fosse sua resposta.

― Mas você pode dormir aqui, se quiser. Não precisa ter pressa mesmo. ― Assegurei, sorrindo, mesmo que ele não pudesse ver.

― Eu já dei muito trabalho na outra noite.

― Foi um prazer te receber. Dividir a cama com você.

Eu ri e escutei Yoongi suspirar antes de sucumbir em uma de suas risadas gostosas.

― Vou levar roupas dessa vez.

― Não precisa. Você ficou tão bem com as minhas.

Ele ficou em silêncio por um tempo.

A conversa perdurou por algum tempo depois disso. Falamos do cardápio do tal jantar e então, partindo daquele assunto que envolvia gostos pessoais, tornamos a falar um pouco de histórias pessoais e de relacionamentos, de alguma forma. Indiretamente, acabei confessando sobre minha sexualidade quando contei sobre Seokjin, meu amor platônico do ensino médio. Pensei que ele desligaria o telefone, mas não. Ele seguiu relevando só a história e não seus personagens. Apesar de saber que não deveria esperar tanto, perguntei-me se aquilo poderia significar alguma coisa.

Antes de dormir, acabei me tocando pensando nele. Era a primeira vez que havia ido tão fundo em meus desejos, imaginando seu corpo esguio e pálido sob o meu enquanto ele gemia meu nome. Me senti culpado, pensando em como ele se sentiria se soubesse daquilo. Mas eu não consegui evitar. Ali eu estava, de novo, me enfiando em amores platônicos, pelo jeito.

Foi difícil dormir. De novo.

  

Quando a noite do tal jantar chegou, eu mal podia me conter. Marquei de espera-lo na estação, só que cheguei cedo demais e esperar foi uma tortura desmedida.

Era a primeira vez que eu o via vestido tão informalmente, tirando a noite que ele usara meu pijama. Jeans e camiseta lhe caíam muito bem. Ao contrário do que pensei, vê-lo pessoalmente não foi estranho. Ele sorria e trazia uma caixa de confeitaria nas mãos. Pelo tamanho, julguei que fosse um bolo.

 

 

 

 

Acabei queimando o jantar. Fiquei tão distraído com a explicação de Yoongi sobre como harmonizar vinhos com certos tipos de comida, encantando com a maturidade que ele passava debruçado sobre o balcão que dividia a sala e a cozinha enquanto me olhava, que esqueci de tirar a carne do forno. Depois do choque inicial sobre o acidente, ele caiu na gargalhada. Eu quase senti que valeu a pena. Quase. Porque tinha verdadeiramente me empenhado para que tudo saísse direito. Suspirei realmente chateado e então Yoongi se colocou ao meu lado, afagando minhas costas em solidariedade.

― Quer pedir uma pizza?

 

Eu seguia me desculpando e ele insistindo que estava tudo bem. Jantamos seu sabor favorito de pizza com aquele vinho caro que eu comprara para impressioná-lo enquanto assistíamos a um filme.

Yoongi acabou lavando a louça, mesmo com os meus protestos e tentativas de afastá-lo da pia. Quando voltamos para o sofá, para tirar o filme da pausa, eu sequer prestava atenção na televisão. Apenas tentava disfarçar o fato de não poder desgrudar meus olhos dele. Até que, em dado momento, ele desviou os olhos do filme e me pegou no flagra.

― O que foi? ― Ele perguntou, sustentando meu olhar com aquela curiosidade acentuada pelo leve franzir de seu cenho.

Eu não sabia o que dizer, nem o que sentir. Naquele breve segundo eu estava odiando-o. Como ele conseguira, em tão pouco tempo, ter provocado tanta coisa em mim? Como ele me deixara tão atraído por figura tão pequena? E adorável. Eu não conseguia parar de classifica-lo daquela forma. Cada pequeno gesto, cada palavra. Ele era lindo, por dentro e por fora. Eu estava contagiado por sua forma de ver o mundo, por suas vontades e seus sonhos. Estava fora de controle. Eu realmente estava odiando-o por isso. E por não conseguir parar de pensar que ele seria o meu próximo amor platônico. Imagino que depois de tantos, eu deveria estar acostumado a não ser correspondido. Mas depois de todos aqueles dias, como eu podia controlar minhas expectativas?

― Eu quero muito beijar você. ― Confessei, inconsciente, naquele primeiro momento, que estava verbalizando os pensamentos que estiveram atormentando meu ser por tanto tempo.

Vi, com estes olhos que a terra há de comer, a cor de Yoongi evoluindo para um vermelho forte, cobrindo sua pele até a raiz dos cabelos. Quase sorri diante de tamanha fofura. E ele sequer me olhava mais. ― Ah! ― Exclamei ao, por fim, dar conta do que eu havia dito. Quase engasguei com a saliva ao que as palavras saíam atropeladas pela minha língua: ― Desculpa! Eu não deveria... Eu não... Eu não quis... Ah, meu Deus do céu! Eu sinto muito, eu...

― Tudo bem. ― Yoongi me cortou. Ele estava me olhando de novo, tanto sua voz quanto sua expressão estavam tranquilas agora. Eu era um poço de nervosismo.

― O quê?

― Você me beijar... Está tudo bem.

Pela forma dolorosa e agitada que meu coração martelava dentro do peito, nada parecia bem. Honestamente, eu estava tão surpreso e repentinamente nervoso que até cogitei a hipótese de sair correndo dali. Entretanto, bastou que ele me olhasse um pouco mais – agora um tanto questionador diante minha falta de ação -, para que eu lembrasse do motivo que me fizera entrar naquela situação. E me senti mais tranquilo. Ele deixara. Ele também queria.

Eu estivera enlouquecendo sem motivo.

Respirei fundo, exalando alto antes de diminuir a distância entre nós. Contudo, não o beijei. Apenas rocei a ponta de meu nariz na pele macia de suas bochechas e linha do maxilar ao que meu polegar acariciava os lábios rosados e um tanto secos. Yoongi estava prendendo a respiração quando fechou os olhos. Aproveitei aquele momento para esconder o rosto na curva de seu pescoço, ele jogou a cabeça para o lado contrário, me dando espaço para depositar beijos suaves em sua pele. Ele suspirou, então. E eu estremeci inteiro por causa daquele som.

Dali, subi meus beijos para seu rosto. E não o beijei de novo. Mordi seu lábio inferior sem força, segurando a carne entre meus dentes por um tempo. Ele sorriu e enlaçou os braços em meu pescoço. Então o beijei e ele logo correspondeu. Dei voz a toda a minha vontade e passei a devorar seus lábios, abandonando parte do cuidado. Mas mantendo a calma. Eu tinha tanta sede dele e, simultaneamente, tanto medo. Yoongi era tão doce, tão suave, que eu tinha medo de assustá-lo.

Ficamos daquele jeito por um tempo. Um beijo seguido do outro, até nossos lábios estarem vermelhos e inchados. Sorríamos quando pareceu o momento de finalizar aquela sessão de beijos. De alguma forma, terminamos o filme – abraçados – e ele era uma droga. Comemos o bolo que Yoongi trouxera entre mais uma de nossas conversas sobre nada, cheias de tudo. No meio dela Yoongi soltou alguns bocejos e culpou o dia atarefado por tal. Entendi que era melhor deixar os meus planos de passar a noite inteira acordado e deixa-lo dormir, invés. Sugeri isso então, logo oferecendo minha cama enquanto acariciava sua bochecha. Ele aceitou com um aceno de cabeça. Esta noite a cama já estava pronta, lençóis limpos e travesseiros novos o esperavam.

 ― Você não vai deitar? ― Yoongi perguntou quando apaguei a luz do cômodo. Ele acabara de sair do banheiro trajando seu própria pijama hoje. Um conjunto azul escuro de algodão. Eu não estava surpreso em saber que aquelas eram suas roupas de dormir. Tinha para mim que a criação dos tios não era tão liberal. Eu só sabia que queria sorrir. Ele ficava lindo até de pijama.

 ― Sim...

Troquei minhas roupas por calça de moletom e camiseta, escovei os dentes e penteei os cabelos novamente. Só para garantir. A verdade é que eu não sentia uma gota de sono. Ter Yoongi ali me deixava extremamente agitado. Ainda sentia o gosto de seus beijos e pensar a respeito me deixava tonto.

 Quando me juntei a ele sobre o cobertor, graças à luz do abajur, eu podia ver que ele ainda estava acordado. Hoje ele não estava de costas para mim. Eu não sabia o que dizer.

― Você pode me abraçar como fez na outra noite? ― Ele perguntou. Eu esqueci até como respirar. ― Eu não consegui parar de pensar nisso. Eu senti muita falta de estar nos seus braços.

Ele sabia. Deus do céu, ele tinha que saber o quanto aquelas palavras mexiam comigo.

― Yoongi... ― Chamei. Quase como um clamor para que ele parasse.

Ele só fez se aninhar em meu peito. Então eu o abracei como ele pedira. Logo eu podia sentir sua mão subindo e descendo por minha coxa, cuja perna eu jogara sobre as dele, na altura de suas coxas. E não era uma tentativa de embalar meu sono.

Busquei seu olhar e ele não demorou a me beijar. Eu não tinha como recusá-lo.

― Yoongi. ― Insisti, contra seus lábios.

― Quê?

― Não faz isso. Se você soubesse o que você está fazendo comigo...

― Então me diga.

― Eu...

Ele me cortou. E chupou minha língua de forma ruidosa. Meus dedos, que até então estiveram acariciando seu braço, se fecharam, o apertando um tanto.

― Fala. ― Ele insistiu, em algum momento enquanto corria a ponta da língua pelo contorno de meus lábios. Por baixo da coberta, a mão que estava em minha coxa subira e adentrara minha camiseta. Acabei gemendo baixinho, frustrado por não conseguir encontrar palavras. ― Melhor, me mostra.

― Se eu começar, não vou conseguir parar.

― Então não para.

 Eu queria ter me soltado naquele momento, queria ter dado razão a todo o desejo que estava queimando dentro de mim desde outras noites. Mas eu não podia. Eu ainda estava com medo de assustá-lo. Estava com medo que ele mudasse de ideia e fosse embora. Por isso me contive. Só não recusei sua permissão.

Tomei seus lábios novamente, dessa vez em um beijo mais ardente, mas ligeiro, enquanto minhas mãos deslizavam pelas laterais de seu corpo. Ajeite-me de forma a estar entre as pernas finas, puxando uma delas na altura de meus quadris, tentando não romper o beijo ainda. Queria Yoongi sem fôlego. Segurei seus braços acima de sua cabeça, apertando seus pulsos em uma ordem silenciosa para que ele os deixasse daquela forma. Quando separei nossos lábios, ele ofegava ao que os olhos pequenos esquadrinhavam meu rosto com rapidez. Eu queria saber o que ele estava pensando, mas perdi o momento de perguntar quando me distraí com seus dedos se agarrando à cabeceira da cama, obedecendo-me. Percebi que eu também ofegava. Meus dedos, ligeiramente trêmulos e altamente curiosos, subiram a blusa de Yoongi, expondo seu tronco quase todo. Yoongi seguia só me olhando enquanto mantinha as pernas circundando meus quadris. Fiz linhas à esmo em seu tronco com a ponta da língua, incluindo beijos e leves chupadas aqui e ali. Parecia crueldade colocar força nessa última ação, quando sua pele era tão clara. Yoongi prendeu a respiração quando minha língua contornou seus mamilos, ergui os olhos a tempo de vê-lo morder os lábios. Um gemido ameaçou se fazer audível, mas ele o conteve.

― Não segura. ― Sussurrei. ― Eu quero te ouvir.

Mesmo tendo assentido enquanto as bochechas ruborizavam novamente, ele não se soltou até que eu tivesse o livrado das peças inferiores. Ofegos eram audíveis enquanto meus dedos subiam e desciam pela extensão de seu membro, mas o primeiro gemido veio quando eu o tinha em minha boca. Seus dedos soltaram a madeira para agarrar-se aos meus cabelos. Eu sentia a dor, mas não me importava com ela. Ele queria mais. Aquele som, arrastado e um tanto sôfrego só fez a pulsação em meu baixo ventre piorar, mas eu estava determinado. Negligenciei a mim mesmo em nome da minha vontade de provar tudo o que eu podia de Yoongi. Mas não deixei que ele chegasse ao seu máximo.

― Tira sua roupa. ― Yoongi ordenou entre a respiração entrecortada. Obedeci de imediato. E ele veio cuidar de mim. Seus dedos longos envoltos no meu membro. Um toque simples e eu já estava apertando os olhos. Eu estava tão excitado que doía. Nos beijamos novamente enquanto ele me masturbava. Acabamos deitados novamente, Yoongi sob meu corpo uma vez mais, suas pernas me segurando perto, seus dedos segurando meu rosto de forma a me manter olhando-o. Como se eu tivesse coisa melhor a olhar... ― Eu quero você.

― Eu estou aqui. ― Sorri torto. Eu sabia o que ele queria dizer, mas ainda assim queria ouvi-lo dizer em voz alta. Ou sussurrando, que fosse.

― Namjoon...

― Fala.

Yoongi hesitou, escondendo o rosto na curva do meu pescoço.

― Dentro de mim. ― Ele disse por fim. Um sussurro trêmulo e tímido, porém, forte o bastante para arrepiar cada pelo do meu corpo.

Debrucei-me um pouco mais sobre ele para alcançar a gaveta do criado-mudo. Colo eu morava sozinho, não tinha porque esconder muito as coisas. Então as camisinhas ficavam ali, em fácil acesso. Contudo, eu não estava conseguindo alcançar. Joguei para fora da gaveta algumas fotos minhas de quando pequeno e uma caderneta de anotações. Yoongi, que olhava o que eu fazia, acabou rindo. E eu também. Ele acabou alcançando. Como estávamos um tanto na diagonal na cama, seu braço alcançou o pacote laminado com mais facilidade.

 

Ainda que ele tivesse dito que queria, eu ainda não podia levar as coisas como eu queria. Tinha uma coisa que eu precisava saber. Ainda que fosse difícil parar quando eu já estava mais do que pronto, física e mentalmente, para tê-lo.

― Você já fez isso antes? Com um homem?

― Uma vez. ― Yoongi respondeu. Suas mãos seguravam-me pelo topo dos braços, me deixando saber que ele estava pronto para a dor.

Ainda que eu quisesse saber a resposta por um “detalhe técnico”, não gostei dela. Não que não estivesse tudo bem ou que eu quisesse ser o seu primeiro. Era só que eu não podia evitar imaginar as mãos daquele estranho sobre meu príncipe. Meu menino tão lindo.

― Eu vou cuidar de você. ― Prometi, buscando seu olhar.

Ele assentiu e sorriu.

 

Senti seu corpo estremecer sob o meu, mas ele me pediu para não parar.

Quando ele me deu autorização para mover os quadris, literalmente vi estrelas. Yoongi era tão apertado e gemia tão gostoso... Eu não devia, mas aquela ponta de dor que eu reconhecia em sua voz falha estava me deliciando. Exatamente como suas unhas curtas distribuindo marcas na pele de minhas costas e braços.

Eu queria virá-lo, colocá-lo sentado em meu colo ou em qualquer outra posição menos convencional, mas eu sabia que já estava sendo difícil o bastante para ele, pela forma que sugava o ar por entre os dentes e tinha o nariz franzido. Eu o olhava sempre que podia, absorvendo aquela vista. Hoje não, disse a mim mesmo sempre que pensava em coisas demais.

Contudo, estava longe de ter sido ruim. Longe mesmo.

 Eu queria mais, contudo Yoongi não aguentaria. Então, por fim, deixei-o dormir. Abracei-o por trás. Ele usava meu braço de travesseiro e eu, ainda sem sono, me ocupei com a diferença no tom de nossas peles. E em como estávamos quentes. O cobertor perdera-se na bagunça e nenhum dos dois quis busca-lo no chão.

 

 

 

Quando acordei o sol estava entrando no cômodo, fazendo meus olhos doerem com a claridade que inundava a cama. Abri os olhos com cuidado enquanto tateava os arredores. Eu estava sozinho. Levantei-me sem pressa, certo que estava sozinho em casa. Tentava não pensar no pior. Talvez ele tivesse tido um imprevisto.  

Mas quando alcancei a sala, a porta para a pequena varanda estava aberta. E Yoongi estava lá, vestindo seu pijama novamente, debruçado sobre a grade. Me senti aliviado.

― Yoongi?

Ele me olhou por cima do ombro, suspirou e então virou o corpo para mim. Sua expressão estava horrível. Eu me senti horrível também.

― Tudo bem? ― Perguntei, de cenho franzido.

― Namjoon, o que aconteceu...

Ele ia fazer isso. Eu senti, como aquele frio subindo pela minha espinha.

Como todos os outros, ele diria aquelas palavras.

― Não. ― Cortei-o. ― Não diz que foi um erro. Por favor.

― Eu não deveria... ― Ele insistiu.

― Tudo bem. Arrependa-se, mas não diga que foi um erro, Yoongi. Não me diga.

― Ao contrário, Namjoon. Eu não vou me arrepender, mas foi um erro.

Suspirei. Eu sequer sabia o que deveria pensar, quem dirá dizer.

― Por quê? ― Acabou escapando de meus lábios.

― Rápido demais. Eu...

― O quê?

― Estou com medo de... Acabar por aqui. Porque nós... 

Minhas pernas amoleceram. Eu entendi. Joguei a cabeça para trás depois de correr os dedos agressivamente pelos meus cabelos, aliviando minha tensão. Acabei sorrindo.

― Você está com medo que sexo fosse tudo o que eu queria?

Yoongi assentiu timidamente.

― Não. ― Assegurei. ― Amanhã de manhã eu vou te encontrar no metrô de novo, vou ficar te olhando enquanto você está sentado do meu lado, querendo segurar sua mão. Eu vou estar lá, sem saber se devo beijar sua bochecha ou sua boca quando você se despedir. Talvez eu até desça na mesma estação que você. Caminhar faz bem, não é? ― Yoongi sorriu minimamente, fitando os próprios pés. ― Não se preocupa com isso agora, tá? Pode ter sido cedo demais, mas está tudo bem. A gente não precisa decidir nada agora. Não precisa ser um adeus definitivo quando você for embora. E eu sei que você está de folga, não vai embora tão cedo, fique sabendo. Mas também não precisa sair daqui com uma promessa de casamento. Eu podia, te juro, confessar meu amor aqui e agora. Mas eu nem acordei direito. ― Minha vez de sorrir. Rir um pouco. ― Vamos devagar, o tanto quanto você quiser a partir de agora. Eu não tenho pressa, só não quero que você vá embora de vez. Foi tanta sorte te encontrar, rapaz. Tudo bem assim?

― Tudo bem. ― Yoongi concordou, me olhando. Acabou sorrindo abertamente, mostrando os dentinhos pequenos.

Tão lindo.

Eu sequer sabia de onde vieram aquelas palavras, mas estava tudo bem. Era exatamente o que eu queria dizer. Fosse como fosse, não queria que Yoongi virasse mais um dos meus amores platônicos. Mais uma das minhas bebedeiras. Eu não podia deixar acontecer de novo.

― Namjoon?

― Hm?

― E o que é que você quer de mim?

― Seu coração. Mas eu disse que não tenho pressa. Agora vem para dentro, eu vou fazer café.


Notas Finais


(primeira parte aqui: https://spiritfanfics.com/historia/your-colors-6177812 )
Uma coisa que eu -quase- sempre faço é levar em consideração o que eu sei sobre as pessoas que inspiram meus personagens. Mas dessa vez eu quis distorcer, principalmente o Yoongi. Ele é pequeno, muito suave e fácil de adorar e cuidar. Acho que escrevi em primeira pessoa, essa e a primeira parte, porque eu me apaixonei por essa figura distorcida do meu amor maior que eu criei. Sim, Yoongi é meu amor, meu príncipe. Contudo, não sei se o Yoongi de verdade seria assim. E também não sei por que fico dizendo coisas desnecessárias.


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