C H P T E R VII:
H E A R M E N O W
Sabe a diferença entre a dor e o sofrimento?
A dor é uma coisa que sempre vai estar lá, porque a vida dói pra caramba, saca?
E o sofrimento é uma escolha.
— Orange is the New Black
Quotidiana, assim foi o sábado de manhã de um chuvoso dia de junho. Haruno Sakura estava deitada em sua cama encarando o teto branco lembrando-se do evento ocorrido na noite anterior.
Notara uma série de restaurantes e pubs com mesas ao ar livre e pessoas tomando suas pints.
'' Segure-se. '' - avisara Sasuke em meio ao vento que arrebatava ambos.
'' Ah!'' - gritara em resposta devido a curva brusca que o motoqueiro fez ao passar pelo Dean's Park e ouvira ele rir o que a deixara irritada. Apesar de seu pescoço estar coberto com a encharpe verde musgo que a protegia contra o vento frio, seu nariz e bochechas não estavam a salvo, por isso, ambas as partes estavam vermelhas e ardiam a medida que o rapaz acelerava seguindo pelas margens do rio Ouse.
Os fios negros do cabelo de Sasuke balançavam descontroladamente e pareciam bem macios, tanto que Sakura controlou a vontade de erguer uma das mãos para acaricia-los.
'' É aquela casa branca com a estrutura feita de vigas de madeira. '' - informara a Haruno apontando para a residência que havia três carros estacionados em frente a ela.
'' Quer dizer que você mora numa casa típica do período Tudor? '' - Sasuke comentara enquanto observava-a.
'' Bem tradicional para uma estrangeira. '' - respondera tirando o capacete da cabeça e depositando o mesmo no banco da Harley Davison avaliando o Uchiha de perfil - com pensamento de que se ela fosse uma garota completamente desconhecida poderia admira-lo por completo - no entanto, na situação real em que se encontrava sabia que não deveria ter o atrevimento de olha-lo por um momento sequer. Afinal, Sasuke era um tipo de alguém que não servia para ela pois eles pertenciam a mundos diferentes.
A rosada perdera-se na essência do rapaz a sua frente por tempo suficiente para deixar a caixa de sabão em pó cair no gramado.
'' Esta dormindo de olhos abertos ou poderia ser meu sex appeal que a seduziu por completo? '' - ele soprara as palavras de forma rouca e sedutora próximo a sua orelha direita e Sakura sentira uma corrente elétrica percorrer da cabeça até os pés.
'' Apenas estava olhando ao redor já que a vizinhança aqui tem olhos e ouvidos bem aguçados. '' - exclamou furiosa dando um passo para trás.
'' A quem quer enganar Gatinha? '' - ele rira com gosto.
'' Não me lembro de ter dado intimidade para me chamar de Gatinha ou do que quer que seja. - rosnara em resposta erguendo uma mão em punho pronta para socar a face de Sasuke, porem ele segurou seu pulso tentando conter sua fúria. - '' É Haruno para você, Uchiha.
O moreno limitou-se a rolar os olhos e todo aquele ar de prepotência a irritava cada vez mais. Os pensamentos que anteriormente procuravam motivos para admira-lo se foram no momento em que ele exibira aquele sorriso de lado tão cheio de si.
'' Sabia que você fica tão bonita quando esta irritada.'' -falou monotonamente entregando o sabão em pó para ela.
Sakura sabia que era uma contradição humana e não pode evitar que suas bochechas ruborizassem ainda mais devido o comentário.
'' Definitivamente você adora me infernizar, não tem outra explicação… Por que não existe maneira alguma de você reparar em mim. ''
Sasuke arqueou a sobrancelha e cruzou os braços.
'' Oras, quem não repara? ''- ele rebatera.
'' Sei lá, todo mundo menos você. ''
'' Por que eu tenho que ser diferente de todo mundo? '' - questionara aproximando-se novamente de Sakura.
'' Porque você Sasuke Aron Uchiha, o filho do empresário que sustenta a economia da Europa. '' - ela recitara as palavras com grande amargura se lembrando que ele havia falado algo parecido para Miranda, sua ex-colega de classe.
Sasuke parecia de alguma forma desapontado com o desabafo da rosada; o que fez ele respirar profundamente travando o maxilar e soltar o ar lentamente.
'' Garota irritante.'' - antes que Sakura verbalizasse alguma resposta, o moreno fora mais rápido colocando o capacete e por fim disparou deixando a rosada em frente a sua casa com as sacolas plásticas e mais confusa do que nunca.
Sakura balançou a cabeça espantando o rapaz de seus pensamentos.
'' Sasuke o que você está fazendo comigo? '' - se perguntou, embora as íris tão negras do rapaz que era foco de seus pensamentos permanecessem tão vivas em sua mente perturbando de maneira intragável. E não podia negar que elas denotavam a força daquele garoto, mas também por breves segundos que Sasuke deixara na noite passada que ela detectasse a mais pura solidão e tristeza.
— Acorda pra vida garota. — disse para si mesma dando algumas batidas em sua face para despertar. — Hoje você vai procurar um emprego!
Decidida, ela saiu debaixo do edredom e desceu as escada pegou o jornal que estava no braço do sofá e foi para a cozinha tomar o seu café preparado por sua mãe que naquele momento não se encontrava em casa.
Encontrou um bilhete deixado por Kushina:
Filha sai cedo para levar seu irmão ao treino final. Você sabe como ele está empolgado. Sua irmã foi para faculdade terminar a monografia e seu pai foi trabalhar.
PS: Deixei o café pronto. Por favor, limpe tudo quanto terminar.
Te amo, mamãe.
Aquela mensagem deixou Sakura muito feliz, visto que ela teria mais tempo para alcançar seu objetivo: emprego.
Como todos os dias, ela se deliciou com o suco de laranja caseiro de Kushina que Gaara costumava dizer ser o melhor. Passou geleia de morango nas torradas, colocou num prato e foi para sala ligando a televisão. A Haruno tinha um corpo perfeito e ele era mantido sem nenhum esforço o que causava inveja em Ino que frequentava diariamente a academia para se manter em forma.
Após tomar seu café lentamente, a garota ouviu o celular tocar. Rapidamente, ela deixou seu copo na mesa e correu para o segundo andar da casa entrando desesperadamente em seu quarto, porém quando chegou, o aparelho havia parado de tocar. Olhou no visor - era ninguém menos do que sua melhor amiga - Ino Désirée Dousseau Yamanaka. Apertando a discagem rápida, a rosada retornou a ligação.
Em apenas em um toque Ino atendeu ao telefone e disse com todas palavras em alto e bom som para que a Haruno nem precisasse colocar o telefone perto da orelha:
— SAKURA!
— Bom dia Porquinha, dormiu bem? O que faz você ligar tão cedo para mim? — respondeu a rosada com a voz sonolenta e ao mesmo tempo carinhosa.
— Cedo? — repetiu a Yamanaka com certa ironia. — São quase onze horas da manhã e a senhorita combinou de me encontrar em frente ao shopping, esqueceu?
A Haruno não conseguia entender como a amiga estava tão animada falando ao telefone aquela hora da manhã. Atordoada com a ligação,a rosada respondeu sem pensar :
— Como você disse ainda são onze horas da manhã, ou seja, eu não estou atrasada. Aguarde um momento que logo chegarei aí. — então olhou no espelho, e apesar de não ser o tipo de garota vaidosa sabia que pelo menos precisava tomar um banho para melhorar a expressão. — Preciso de um banho não estou boa para sair na rua. Sei que eu vou me atrasar só mais um pouquinho, mas eu sou bem rápida pra me arrumar. Você sabe.
— Como se você desse bola para sua aparência Testuda. — debochou a amiga do outro lado da linha. — Só saio com você mediante a uma pré-avaliação.
— Eu juro Porquinha, em dez minutos estarei pronta. — respondeu suplicante, embora soubesse que aquela promessa era impossível de ser cumprida pois sua casa ficava longe do centro da cidade de York.
Rapidamente a Yamanaka respondeu :
— Considerando que eu te conheço a quase meio ano e que pontualidade não é o seu forte, aqui estou eu.
Naquele momento a campainha da casa da Haruno tocou insistentemente e a garota foi à porta para que Ino entrasse. Ao abrir, a única imagem que Sakura conseguiu perceber foi da melhor amiga vestida de um modo que fez com que seus olhos brilhassem.
A loira trajava uma blusa lilás com um decote discreto, calça skinny preta que se ajustava perfeitamente no seu corpo, calçava botas de salto alto; tudo devidamente com sua marca de alto padrão: Gucci. Em uma de suas mãos estava a bolsa branca e na outra um pequeno guarda-chuva cor de rosa.
Apesar da chuva estar bem calma, Ino não poderia estragar o penteado que acabou de fazer em Coiffeur um dos salões mais chiques de York.
Olhando aquela cena a rosada se apressou em dizer:
— Porquinha como você consegue acordar cedo para ir ao salão? — perguntou com um toque de preguiça estalando os dedos. — Eu deveria acordar mais cedo para procurar um emprego e nem isso consegui.
— Procurar um o quê? Está maluca Sakura? — perguntou a Yamanaka incrédula.
A rosada riu da expressão de espanto da amiga.
— Isso mesmo que você ouviu. — Sakura confirmou. — Estou passando por uma situação financeira muito delicada Porquinha. E se não procurar um emprego para ajudar nas dispersas de casa, nos próximos três meses estou voltando para Romênia.
— Céus! Sua mãe te disse isso? — indagou a Yamanaka mais assustada. — Você não é muito nova? Vai largar a escola?
— Calma. Uma pergunta de cada vez. — riu enquanto abria a geladeira para pegar uma jarra de suco de laranja. — Sim. Tivemos essa conversinha na semana passada. — Sakura tomou um gole do suco oferecendo um copo a amiga e continuou: — Ino não vou largar a escola. Vou procurar por algum emprego que seja meio período.
A Yamanaka olhou para Haruno como se alguma coisa tivesse iluminado seus pensamentos.
— Testuda posso pedir para meu pai arrumar alguma coisa para você. — sorriu. — Ele sempre está precisando de alguma funcionária.
Sir Yamanaka não era nada mais do que o maior estilista de moda e sua franquia Victorias Valentina era seu grande império em toda Europa. Por está razão, Ino vive dizendo ao pai que não poderia sair pelas ruas de York vestida de qualquer maneira, por isso, sempre conseguia dinheiro para comprar o que bem entendia. Dessa forma, todos os dias ela era vista usando as roupas da última moda, de diversas marcas famosas; despertando a inveja em todas as garotas da região. Sakura também sentia uma pequena pontada de inveja mais durava pouco pois Ino era muito generosa e não lhe negava nada.
— Obrigada Porquinha, mas não quero abusar da sua boa vontade. Eu realmente quero procurar alguma coisa por minha conta própria.
— Certeza? — insistiu a loira de olhos lápis lazúli. —Se eu souber de alguma coisa eu te dou um toque. Agora vá logo tomar um banho porque você está precisando de um urgentemente. — a Haruno saiu andando em direção às escadas para que pudesse tomar seu banho enquanto Ino se deliciava com suco de Kushina.
A rosada já estava tomando banho. Nesse ponto a garota realmente era bem diferente das outras garotas;não demorava nem um pouco. Se houvesse briga naquela casa por conta do chuveiro Sakura não seria culpada. Muitas vezes, a bronca ia para seu irmão gêmeo.
— Você viu quem está na capa do The Guardian? — perguntou a Yamanaka fazendo uma voz de suspense do lado de fora do banheiro.
— Não. Quem? — a Haruno perguntou fingindo estar curiosa sendo que já sabia a resposta.
— Eu, naturalmente. — respondeu dirigindo-se para o espelho do corredor a fim de arrumar toda aquela cabeleira loira e linda que Deus tinha lhe dado.
— Nossa até parece que isso é novidade. — Sakura riu desligando chuveiro.
— Preciso estar na mídia. — Ino seguiu falando diretamente para o quarto da melhor amiga.
— Eu ainda não consigo entender como duas pessoas tão diferentes como nós mantemos a amizade tão forte Porquinha.
— Olha, às vezes eu faço a mesma pergunta Testuda. Acho que com você sendo assim... — disse abrindo o guarda-roupa da rosada fazendo uma careta de desgosto por achar as roupas dela básicas demais. — As chances de nós brigarmos pra ver quem se veste melhor são nulas. — a loira rodou para que a amiga pudesse novamente ver como ela estava vestida.
Sakura riu.
Ino decidiu descer às escadas dando privacidade para a dona da casa.
— Se quiser ligar a tv fique à vontade. — gritou enquanto se enrolou numa toalha e saiu indo direto para o quarto trocar de roupa.
A garota era bem prática pois ao mesmo tempo em que se vestia, arrumava o cabelo com o secador e passava sua maquiagem bem de leve.
Aquele era o momento em que somente uma mulher conseguia desenvolver tantas habilidades ao mesmo tempo. Até mesmo sua irmã mais velha se surpreendia com sua rapidez.
Sakura gostava de simplicidade, e era exatamente dessa forma que ela se sentia bem. Depois de mais uma olhada no espelho, estava certa que podia seguir a amiga. Como sempre suas roupas básicas não despertaram Ino. Trajava um vestindo florido curto até as coxas, sapatilhas vermelhas e uma tiara preta por cima da cabeça. Os cabelos rosados estavam soltos dando a ela um ar angelical.
— Santa mãe da simplicidade, mesmo assim sem graça você continua linda Testuda.
Sem dar bola para o comentário da loira, decidiram sair de casa em direção ao shopping. Na porta estava um dos carros do pai de Ino junto com o motorista. As garotas entraram no carro e disseram em uníssono :
— Shopping.
[…]
O sir Uzumaki chegou em casa no momento que a governanta colocava o peixe frito numa pequena bandeja de prata acompanhado de fritas. Ele caminhou até a cozinha e parou tão perto dela roubando uma batatinha antes que a mesma levasse até a mesa.
— Mestre Minato. — a senhora o repreendeu e o dono da casa riu.Em seguida, o Uzumaki ajudou-a levando a belíssima jarra de vidro contendo suco de uva fresca. A mesa do almoço que já estava posta e todos estavam reunidos.
— Pai. — Naruto chamou Minato que sentou-se ao seu lado, e dirigiu seus olhos azuis a face séria de seu único herdeiro. — Você vai assistir amanhã o jogo não é?
O homem ergueu uma sobrancelha e disse prontamente :
— Claro que vou. Mas isso não significa que eu aprove seu '' sonho '' .
O loiro rolou os olhos em resposta e Suigetsu que estava sentado ao lado de Naruto pegou um prato e serviu-se.
A campainha começou a tocar insistentemente e Nana foi atender à porta. De lá saiu uma garota ruiva de cabelos repicados e olhos cor rubis - marchando sem dar atenção para governanta entrando na mansão e seguindo para sala de estar.
— Hozuki seu cretino de uma figa, quem mandou amassar a traseira do Fit Honda da Shion? — Karin explodiu apontando na direção do loiro platinado que mastigava as batatas pouco se importando com a presença da Uzumaki.
— Na verdade não amassei, apenas de um aviso para aquela sua amiga que tem vento ao invés de cérebro. — Suigetsu defendeu-se e Naruto começou a gargalhar do modo cínico que o amigo atuava.
— Então é melhor começar a procurar um emprego para poder pagar pelo conserto desse aviso. — provocou Karin sentando-se à mesa ao lado de seu tio que comia tranquilamente seu almoço.
— Não deveria pagar por nada! Aquela Jar Jar Binks mereceu… eu apenas salvei a pele do salafrário aqui. — Suigetsu deu cotoveladas no braço direito de Naruto.
— Quem é a Jar Jar e porquê ela brecou? — perguntou Minato parecendo se interessar pela conversa dos adolescentes.
— Bom Minato, a verdade é que seu filho é o maior pegador do colégio e a ficante dele estava bem fula por ser trocada por outra garota em menos de uma hora. — esclareceu Suigetsu levando a boca um pedaço de peixe frito.
— Não é bem isso… — corrigiu Naruto limpando a boca com guarda-napo. — Shion quer namorar comigo ou algo assim. Então mostrei à ela que não devo satisfação da minha vida.
Minato riu.
— É isso que dá sair por ai flertando com garotas.
— Isso significa que quem deve pagar pelo conserto é você. — alfinetou o loiro platinado e Karin desmanchou a carranca e deixou um leve sorriso apareceu em seus lábios carmesim.
— Nem olhe pra mim meu filho, não vou pagar suas contas… Lembra-se? — Minato falou num tom de repreensão e o garoto Uzumaki rolou os olhos recordando-se do castigo por ter entrado numa briga de bar na semana passada. Ele estava sem seus cartões de crédito. — Não era para você participar desse jogo de amanhã e…
— Ah não, sermão de novo não.
— Não quero saber, alguém vai pagar o conserto. — Karin resmungou olhando fixamente nos olhos roxos de Suigetsu e o rapaz retribuía o olhar com a mesma intensidade. Minato percebeu o clima entre os jovens e sorriu lembrando-se da época de sua adolescência.
— Já são quase 13h… Que horas vocês pretendem voltar para o treino? — indagou o sir Uzumaki cortando um pedaço da belíssima torta Banoffe.
— Putz, vamos Tubarão… — abruptamente Naruto levantou-se da mesa juntamente com Suigetsu que estava com a boca cheia.
[…]
— O que você acha Testuda? — perguntou Ino em frente ao espelho.
— Porquinha, com o preço dessa blusa você poderia comprar muitas outras. — retrucou a amiga.
— Até parece que eu vou usar alguma roupa ralé e dar o gostinho para algumas dessas mulambentas da cidade. Principalmente para Karin. — Sakura não se sentiu ofendida pelo comentário, pelo contrario,se não fosse a loira mais ninguém conseguiria colocar a prima de Naruto no lugar dela.
Após as compras que duraram duas horas e meia, Ino estava praticamente de mãos vazias. Era sempre assim: viam muitas roupas e ela não gostava de nenhuma. Como Sakura não tinha muitas atividades para preencher o seu final de semana, não se importava de seguir a melhor amiga nessas aventuras. Foi então que a fome decidiu incomodar as duas.
— Porquinha estou com fome. Que tal comermos um lanche? — sugeriu a rosada.
— Lanche? Você só pode estar louca. — a amiga parecia incomodada com a sugestão. — Depois eu preciso ficar na academia me matando para perder todas as calorias ingeridas nesse "lanche". Eu preciso de salada e grelhados.
— Tudo bem, eu te acompanho já que é você quem vai pagar mesmo. Afinal, pra que serve as amigas quando uma delas precisa de um emprego e a mãe resolve cortar algumas despesas extras?
— Não se preocupe Testuda, o convite foi meu e o almoço fica por minha conta. — Ino ria da situação formada. — Você se importa de esperar mais uns dez minutos?
— Por que? — indagou a Haruno.
— Sasuke disse estar vindo pra cá. — respondeu com sorriso zombeteiro entre os lábios pintados com batom pink, viu Sakura corar levemente e estreitar os olhos apenas por ouvir o nome do Uchiha.
— Va-Vamos procurar um lugar pra sentarmos? Ele provavelmente vai querer um lugar guardado. — gaguejou se xingando mentalmente por ser tão transparente.
Na praça de alimentação que já estava bem cheia, a rosada procurou um lugar para se sentar em um dos restaurantes que levavam o prato até a mesa. Ino não era do tipo de pessoa que gostava de carregar uma bandeja nas mãos, mas apesar de todas essas coisas, ela não era uma má pessoa. Sakura achava a garota engraçada e gostava da companhia dela. Quando as duas estavam juntas não tinha tempo ruim.
— Amiga é meu pai. — Ino saiu correndo as pressas deixando a rosada na mesa sem ao menos ouvir sua resposta.
[…]
Sasuke entrou na praça de alimentação chamando a atenção de todas as garotas e rapazes presentes.
Ele usava calça jeans escura e uma camisa polo branca. Seus cabelos negros continuavam arrepiados e mais rebeldes do que nunca. Os olhos estavam cobertos pelo óculos Ray-Ban preto. A expressão facial era neutra, não dava para definir o que ele realmente estava pensando o que despertava ainda mais a curiosidade de Sakura.
— Cadê a Ino? — perguntou, se sentando ao lado da Haruno.
— Celular. — respondeu sem animo, pois estava morta de fome.Ele dirigia à ela um olhar com um brilho que Sakura não sabia definir.Ela engoliu em seco quando o rapaz acariciou de leve sua mão.
— Gatinha... — disse ele pensativo. — Tem algo que eu preciso te dar.
Os olhos dele pousaram sob ela. Ficaram em profundo silêncio por alguns instantes. Ela mordeu o lábio inferior, os olhos verdes vacilantes entre o chão e o rosto de Sasuke que não desviava os olhos da face harmoniosa da garota a sua frente.
O Uchiha suspirou, passando as mãos pelo cabelo e tal gesto conseguiu prender em total a atenção da Haruno sob sua face. Ele então colocou uma maleta preta na mesa – que só então Sakura reparou estar ali – em seguida, a empurrou gentilmente para a rosada mesmo sem entender, estreitou os olhos aceitando a maleta; envolvendo-a nos braços como se a abraçasse.
Confusa, ela olhou diretamente nos ônix que reluziam, fazendo a pergunta silenciosa sobre do que se tratava aquilo.
— Abra. — ele disse seriamente.
Sakura franziu o cenho, ainda mais confusa. Ela olhou para a maleta em seus braços e então para Sasuke, e diante da hesitação nos olhos dela, o moreno disse:
— Relaxe. Não é uma bomba.
Ele sorriu de lado e Sakura rolou os olhos, acabando por sorrir também. Ela sabia que não era uma bomba. Bom, pelo menos esperava que não fosse; e ainda meio hesitante ela segurou a maleta por uma das alças com uma mão, bem próxima ao peito, e com a mão livre puxou a tranca.O queixo caiu, os olhos se arregalaram e por um segundo seu coração parou de bater ao ver o conteúdo que havia dentro da maleta.
— M-Mas... Pe-Pelas Barbas Deee… Merlin...O-Que...O-Que... é isso, Sasuke? — ela perguntou gaguejando engolindo as palavras assustada, intercalando seu olhar entre o conteúdo da maleta agora aberta e a face tranquila e ao mesmo tempo séria de Sasuke.
— Gatinha você é capaz de diferenciar uma anáfase de uma meiose e de uma mitose, mas não sabe o que é isso? — sibilou ele, estalando rapidamente os ossos do pescoço. — Eu te apresento. Sakura. Dinheiro. Dinheiro. Sakura. Nunca viu? — debochou.
Sim era dinheiro o que havia dentro da maleta, porém, nunca em sua vida havia visto tanto dinheiro junto. Em nenhuma circunstância havia visto tantas notas juntas, ali divididas em pequenos maços, presos por um elástico cada.
— JURA? — ela respondeu com sarcasmo e irritação, Sasuke riu do nervosismo dela. A Haruno respirou fundo gritando a si mesma para se acalmar, mas era difícil sua mente ouvir alguma coisa, pois essa estava uma grande bagunça no momento. — Por que está...Isso...Oh! Por Loki...
— Respire Gatinha antes que você sofra de um AVC.
Sakura respirou. Respirou fundo como Sasuke disse para fazer. Não porque seguia ordens dele, de jeito nenhum, mas respirar fundo era o único meio de se acalmar e de assim dizer algo coerente.
— Porque está me dando isso? — ela finalmente conseguiu perguntar, as mãos tremiam sob a maleta, afinal, jamais havia segurado tanto dinheiro junto nas mãos. Aquilo era aterrorizador.
Sasuke suspirou com seus olhos cravados no rosto delicado, naquele momento, confuso e cheio de outras emoções dela. Sakura esperava ansiosa para que ele lhe respondesse, já quase gritando pela demora, que não passava de poucos segundos.
— Aí tem dinheiro mais que suficiente para pagar o aluguel pelos próximos seis meses. Além de comprar materiais escolares pra você e seus irmãos e claro, dá pra dar uma repaginada na decoração da sua casa. — falou Sasuke com simplicidade, Sakura foi tomada pelo choque, enquanto seus olhos se arregalavam ainda mais. Ele estava dando a ela todo aquele dinheiro?
— Porque está tentando me ajudar? — a Haruno quis saber após um minuto em silêncio. Assim que o Uchiha deixou claro o propósito do dinheiro ela decidiu que não iria aceitá-lo, mas ainda sim, queria saber o porquê.
— Ajudar? — Sasuke repetiu com estranheza, erguendo uma sobrancelha para ela. — Não se engane com isso, Gatinha. Não é uma ajuda.
— Então o que é?
— Isso é uma troca.
— Uma... Troca? — confusa ela perguntou, enquanto Sasuke puxava o celular do bolso para ver que horas eram.
O moreno assentiu e respondeu:
— O quê? Achou mesmo que eu ia te ajudar assim de bom grado? Eu lá tenho cara de Robin Hood? — ele riu descrente balançando a cabeça negativamente. — A única caridade que faço é para um hospital de crianças com câncer e orfanatos. E você não se encaixa em nenhuma dessas descrições, espero.
— Eu não entendo. — murmurou a garota sem entender nada.
Sakura estava completamente confusa. Uma troca? Do que ele falava afinal?
Sasuke suspirou pesadamente como que já exausto por ter que explicar a ela do que falava.
— A imprensa não sabe sobre a situação do meu irmão, meu pai e eu queremos que continue dessa maneira. — começou ele, os olhos da Haruno se estreitaram com suas palavras. — A salvação do pescoço dos seus pais pelo silêncio sobre a situação em que se encontra meu irmão. É uma troca justa não acha?
Sakura estava chocada. Não via aquilo como uma troca, de jeito nenhum. Aquilo que ele a estava propondo era ofensivo, ultrajante. Como se ela estivesse a venda; ele estava comprando o silêncio dela, sendo que, jamais passou pela cabeça dela dizer qualquer coisa a qualquer um sobre o estado de Itachi. Não era aquele tipo de pessoa. Não comentou nem com sua mãe que era sua fiel confidente.
Sasuke não escondeu a surpresa em seus olhos quando Sakura lhe jogou com força a maleta, quase ele não consegue segurar pelo ato inesperado. Estava prestes a indagá-la do motivo, porém a rosada fora mais rápida, não dando tempo para ele falar qualquer coisa que fosse.
— Eu não pretendo contar nada a ninguém sobre seu irmão. Você pode estar acostumado com pessoas que fazem coisas desse tipo ao seu redor, mas eu não sou uma dessas pessoas. — as palavras da garota estavam carregadas de raiva, e em seus olhos era nítido que ela havia se ofendido. — Pode ficar com o seu dinheiro, não sou interesseira. Só porque venho de uma família pobre não significa que meus pais não tenham me ensinado a ter caráter.
O garoto estava confuso. Não fizera aquilo para ofendê-la de maneira nenhuma, muito embora não fosse surpresa se o fizesse. Não quis ofendê-la, apenas ajudá-la sem demonstrar interesse. Seria um bom plano, se a garota a quem queria ajudar não fosse honesta demais. Aquilo era estranho para ele. Não estava acostumado a pessoas honestas e de caráter ao seu redor; e seu erro foi ter pensado que Sakura era como as outras. Mas de qualquer maneira, estava feliz. Feliz por ela não ser como as outras pessoas.
— Espere. — ele pediu segurando-a pelo braço gentilmente quando ela fez menção de sair da mesa. A Haruno suspirou, os olhos baixos voltaram-se furiosos para a face do moreno que soltou seu braço imediatamente.
— O que você quer? — vociferou ela, os olhos estreitos, os lábios prensados numa linha única e com os braços cruzados. Estava realmente furiosa. Não, pior que furiosa; estava ofendida e magoada. E ainda tinha aquela vontade louca de trancar-se num banheiro e chorar, assombrando sua mente. Amaldiçoou-se por isso. Se fosse outro alguém, outra pessoa, mesmo ficando ofendida não a teria ferido tanto quanto a ofensa partida daquele moreno bastardo. Ele a estava afetando como ninguém jamais a afetou fisicamente e emocionalmente.
O Uchiha suspirou deixando a maleta na mesa e passando as mãos nervosamente pelo cabelo. Deus como aquilo podia ser tão difícil? Respirou fundo, cerrando os olhos com força rapidamente. Sakura esperou pacientemente com os braços cruzados e batendo um dos pés no piso, mas nem em um milhão de anos ela sonharia em ouvir o que ele disse.
— Desculpa.
Os olhos da garota se abriram um pouco mais, tomados pela surpresa.
Sasuke estava lhe pedindo desculpas? Sim, ele estava. E pela estranheza com a qual as palavras escapuliram de sua boca, a garota soube que pedir perdão não era uma coisa com a qual a natureza orgulhosa de Sasuke estava acostumada. E vê-lo ali, obrigando-se a fazer algo que parecia não apenas não estar habituado, como também não gostar de fazer, foi algo que fez o coração da rosada bater frenético em seu peito, as veias pulsando debaixo de sua pele. Mas ainda assim ela manteve-se séria, ignorando por completo a sensação estranha de alegria que surgia em seu interior.
— Não tive intenção de te ofender. — Sasuke tornou a dizer-lhe, aproximando-se e tomando a mão direita de Sakura na sua, o que fez a Haruno prender a respiração por um instante. Ele estava tão perto.
Ela suspirou longamente, fechou os olhos por segundos e assim, tornou a encarar os ônix a sua frente.
— Espero que isso nunca mais se repita. — a garota tentava se manter indiferente, engolindo em seco no processo. — Como eu disse, seu segredo sobre seu irmão está guardado e enterrado comigo a sete chaves. Ok?
O rapaz olhou para Sakura com uma expressão levemente triste no rosto quase imperceptível. Como se tivesse perdido alguma coisa preciosa. Ela constatou que aquele era o Sasuke que conheceu na noite anterior, apesar dela não conseguir explicar como e onde... Esse era o Sasuke que fazia ela ter borboletas no estômago, corar, e até mesmo se apaixonar. Apaixonar? Deus ela estava se apaixonando por ele. E por mais que não quisesse Sakura não pode lutar contra seus sentimentos.
Eles se encaravam olho no olho; esmeralda contra ônix. E assim por um impulso Sasuke afastou-se dela e se levantou.
— Aonde você vai? — perguntou a garota se levantando da cadeira.
— Tenho que ir. — respondeu ele de costas pra ela.
— Espera. — sussurrou a rosada mas Sasuke pareceu não escutar.
O quanto ele precisava se afastar dela?
Sakura observou sentindo um misto de confusão e vergonha, e uma tentação maior ainda quando o mesmo lhe dirigiu o olhar de volta acenando um adeus definitivo.
[…]
— Oi dad. — saudou Ino animada. — Mal posso esperar pra te ver no próximo final de semana e...
— Aconteceu um imprevisto e infelizmente não poderei ir para York na semana que vem. — Inoichi a interrompeu. — Tenho uma viagem marcada para Cannes, espero que não se importe Ino.
— QUÊ? — a garota gritou cerrando os olhos com força. — Mas pai, é o meu aniversário. Você entende isso? O aniversário de dezoito anos da sua única filha, a qual você não vê a mais de sei lá quantos meses...Além disso, eu reservei o hotel e liguei para a vovó avisando que íamos visita-la.
— Eu sei princesa, mas a quem estamos querendo enganar? — o homem do outro lado soltou uma risada divertida, como que para tentar amenizar a culpa. — Você não precisa de mim, nunca precisou. Sempre foi tão independente.
— Sim, eu precisei. — Ino o interrompeu, a voz demonstrava toda sua mágoa, assim como toda sua irritação e frustração. — Eu precisei pai, precisei e muito…— ela deu uma pausa criando coragem, diria tudo que estava entalado na sua garganta. — A cada dia que passa, você vem se tornando um estranho tanto quanto o homem que entrega o jornal em casa.
O magnata do outro lado da linha suspirou, um suspiro cansado. Ino revirou com os olhos, apenas falar com ela parecia cansá-lo. A própria filha. A única filha. Como se ela fosse um estorvo. Quem sabe fosse?
— Ino não faça drama tá? Sabe que sou um homem ocupado e... Você tem Naruto e Sasuke para lhe fazer companhia.
— Ocupado? ha-ha essa é boa. — a loira falou em tom de deboche revirando os olhos, quase que rindo ironicamente.
Novamente ela obteve como resposta apenas um suspiro. O maldito suspiro cansado. Como aquilo a irritava.
— Me diga uma coisa pai, por que não pode vir? Que vagabunda vai levar para passar uma temporada na França no meu lugar? É aquela sua secretaria de quinta categoria não é?
— Sinceramente, se você for continuar a se portar feito uma criança de dez anos acho melhor pararmos por aqui. — retrucou o sir Yamanaka. Ino revirou os olhos bufando. — Eu mandarei um presen…
Ela sequer o deixou terminar e encerrou a conversa; respirando fundo. Porque escutar até o fim? Já sabia o que ele diria. O mesmo discurso de sempre: que sentia muito por não poder estar com ela, quando aquilo não passava de mais uma grande mentira.
Ino viu que a ligação era do escritório, então isso significava que seu pai ainda não tinha ido viajar e estava em York.
— A Testuda que me perdoe mas preciso resolver isso… — rapidamente ela mandou uma mensagem para Sakura explicando a situação, cancelando assim o almoço.
[…]
— Olha aquele Chevy Suburban. — a voz parecia casual, mas Deidara conhecia Kakuzu bem o suficiente para saber que ele estava em alerta.
O hacker esperou alguns segundos antes de se virar e observar o veículo mencionado pelo seu parceiro um Chevy Surburban na cor prata estacionado próximo a guia, a meio quarteirão de distância.Os vidros escuros impediam a visão do interior, mas Milazzo tinha palpites.
— Acha que é o FBI? — ele disse observando com o binóculo. — Não parece da região.
— Qualquer coisa é possível. — respondeu Kakuzu atento. — FBI, Departamento de Justiça, CIA…
Deidara fez um movimento negativo com a cabeça acionando seu drone em formato de besouro.
— O que aprontou para fazer a CIA trabalhar em plena sexta-feira?
— Nunca se sabe. — disse com sorriso de escárnio e piscou. — Talvez eles estejam querendo me recrutar.
Deidara riu, embora ele não descartasse essa possibilidade, afinal essa não é a primeira vez que alguém da CIA tentava trocar informações com seu parceiro de missão.
— Acho que é alguém amando daquela mulher. — arriscou o loiro no palpite. — Aquela da pasta… A Bratva.
— Também acho… — concordou Ferrandini. — Você vai falar para o Príncipe. Se eles estão aqui é melhor tomarmos precauções.
Deidara suspirou fazendo um gesto com a cabeça indicando que iria descer o quarteirão.
[…]
O que acabara de ver era algo traumático demais. Ino estava atordoada, embora quisesse estapear seu pai até suas mãos não aguentarem mais, contudo, seu corpo estava estático e a vontade de chorar venceu sua fúria de forma incontestável.
— Princesa… nós eu e Isabella… — Inoichi estava atrapalhado nas palavras, fitava a face da filha em lamento.
Num impulso, a herdeira Yamanaka agarrou-lhe o braço antes que o magnata pudesse afastar.
— Por que pai eu não sou o suficiente para você? Por que não pode me amar? — questionou em melancolia, segurando as lágrimas que pareciam querer ganhar vida. Ela estava se sentindo estúpida e com coração sangrando.
Inoichi travou diante da pergunta e Ino percebeu. Seus olhos azuis arregalaram-se, pouco antes de se estreitarem e sua face ficar completamente ilegível. Era impossível para a garota lê-lo no momento e odiava quando ele fazia isso. E Isabella permanecia com as mãos nos seios, tentando inutilmente tampa-los diante dos olhos da Yamanaka que pouco se importava com sua existência.
— Ino…
A garota soltou um leve riso falso para si mesma e balançou a cabeça negativamente num apelo silencioso de que se calasse.
— Cansei pai… Eu não quero mais tentar entende-lo. E por favor faça a única coisa de útil que é pagar minhas contas… — falou em tom amargo, para então sair da sala presidencial.
Suas pernas caminharam em torpor e só parou quando viu as escadas perto da grande porta de vidro. Ela sentou-se ali e abaixou a cabeça; por mais que não quisesse, chorou tudo que devia…Então lembrou-se da sua visita na casa dos Haruno - o quão incomoda se sentiu - e agora entendia o porquê… Eles eram o exemplo de família que sempre sonhou : unida e feliz.
Respirou fundo e saiu do local.
Andando sem rumo pelas ruas de York, parou diante da enorme quadra de sua escola onde ouvia os gritos e os passos dos garotos correndo atrás da bola, provavelmente Naruto e seu time estariam treinando.
Suspirou cansada.
A imagem de seu pai sentado na cadeira de couro com Isabella nua sentada encima do mesmo o beijando de forma sensual veio em sua mente para lhe atormentar.Deixou suas pernas escorregarem na calçada e tirou de um dos bolsos da saia um metal pequeno de formato retangular. Os azuis de seus olhos olhavam para a lâmina. Fazia tempo que ela não fazia mais aquilo… Mas agora com toda aquela angústia em seu peito voltando a tona, a vontade de se cortar era inevitável. Passou o objeto cortante em seu pulso direito vendo o sangue jorrar, não satisfeita tentou refazer o ato.
— Não faça isso! — gritou alguém.
Ao fitar a face do dono da voz, desesperada, ela viu a cor mais linda: verde. Ino nunca havia amado tanto a cor como agora.
Seu coração parou de bater por alguns segundos ao fitar a dor expressa naquelas orbes redondas e verdes como as águas do mar do Caribe.
A garota fechou os olhos e mordeu o lábio inferior tentando prender o choro. Deixou o estilete escorregar de seus dedos, forçando a vista que ardia.
Gaara automaticamente a abraçou de um modo protetor e reconfortante que a mesma esquecera do porque queria se suicidar.
— Po-Por que você…
'' Eu só queria aplacar nem que fosse um pouco essa solidão que você sente. '' - pensou o rapaz, apertando-a mais e mais, como se ela fosse desaparecer a qualquer momento.
— Ino… — ele sussurrou em seu ouvido em um timbre rouco. — Não é fácil para mim dizer isso mas eu estou completamente apaixonado por você… Eu preciso de você assim como lua precisa do sol… — apertou a cintura fina dela e continuou sua confissão : — Eu nunca, nunca mesmo, tive algum relacionamento… Pra falar a verdade; nunca me apaixonei de verdade, até conhecer você.
A garota estava em estado de choque, sem conseguir reagir de forma alguma; se não fosse os braços fortes e atléticos de Gaara provavelmente desfaleceria nos braços dele a qualquer momento. Suas pernas estavam bambas e seu coração batia tão rápido que ela nem tentava acompanhar seu compasso.
'' Ah…definitivamente estou apaixonando gradativamente por ela. Quero conquista-la, que olhe pra mim com aqueles azuis decididos… ''
— Antes que pense que sou interesseiro… não estou apaixonado pelos seus status, dinheiro ou a fama da sua família.
Ino sentiu o ar sumir dos pulmões, as orbes azuis arregalaram e ela não pode conter o sorriso que lhe escapou. Enquanto não conseguia se mexer, seu estômago rodava como uma hélice e o corpo vibrada diante daquela confissão.
— Por favor me diga algo… — ele a afastou apenas para fita-la nos olhos. — Nem que seja para me rejeitar.
A Yamanaka finalmente esboça uma reação e sorriu mostrando todos os dentes brancos e alinhados, perguntado se algum dia libertaria dos efeitos que aquelas lindas orbes verdes detinham sobre ela. A resposta era não, e sentia-se feliz por finalmente ter essa sensação de pertencimento. Sua existência estava sendo preenchida naquele momento por aquele garoto de cabelos ruivos tão vivos, olhos expressivos e lábios medianos tão atrativos… E a cor verde significava esperança.Constatara que nas ires do Haruno havia encontrado sua única esperança.
— Gaara, você é como uma luz para mim que ilumina a minha escuridão. — começou ela, soluçando no meio do processo. — A escuridão dentro de mim o odiou mais do que tudo, por isso me afastei de você…
O rapaz esperou por um minuto ou dois que lhe parecia infinitamente longos, e quando a ideia de que ela não falaria mais nada fixava em sua mente, eis que Ino o olha com determinação e sorri.
— Não é sua culpa… é só que eu tenho algo me incomodando e você sem saber, fez com que todos meus esforços de manter a minha aparência firme ir por água abaixo.
'' Essa garota a minha frente tem uma postura firme; seu olhar é a melhor definição para a palavra determinação. Por esse motivo, algo dentro de mim impulsiona a ficar ao seu lado… '' - pensou Gaara, prestando atenção nas palavras proferidas pela garota a sua frente.
— Percebi quando fui estudar na sua casa que você tem um lar feliz, uma família unida e calorosa… como todas as famílias deveriam ser. Isso me doeu o coração por que meu pai prefere ficar no escritório com uma vagabunda qualquer, ao invés do meu lado. — ela ponderou as palavras dando de ombros, e o ruivo rasgou um pedaço da manga da sua camisa para poder estancar o sangue do pulso dela.
Gaara sabia por alto a história da vida de Ino pois Naruto e Sakura haviam lhe contado, mas ele queria saber da boca dela… Queria aproximar e conquista-la…
— E a sua mãe? — ele perguntou baixo, dando um pequeno nó no pedaço de pano que um dia fora sua camisa segurando o pulso dela com delicadeza.
— Ela morreu quando nasci. E desde então, tenho convivido com peso de ter a matado e causar a desgraça na vida do meu pai. — novamente o sentimento de melancolia a tomou e a dor em seu coração voltara.
Ino era realmente magnífica ao ver do rapaz. O tom de sua pele clara contrastava belamente com os olhos azuis… e Gaara estava perdido neles.
— A verdade é que… a medida que fui conhecendo você senti atraída como nunca me senti por alguém antes. Aos poucos você derrubou a minha máscara de garota perfeita; sem erros, que vive uma vida feliz. — ela disse com a voz adocicada, os olhos fixos nos dele, enquanto uma das mãos deslizava carinhosa na lateral por seu rosto. — Achei que alcançando a popularidade, estar sempre bonita, bem vestida e de bom astral, nada me derrubaria. Eu queria ser admirada e invejada por todos por que essa foi a forma que consegui de inflamar meu ego, de me sentir bem comigo mesma… Até você ver através de mim Gaara…A garota triste e solitária que sou…
O ruivo sorriu, tão lindo e graciosamente que foi impossível para Ino não lhe sorrir também. Ela fechou seus olhos e permaneceram ali em silêncio por tempo indeterminado. Até que a mesma abre os olhos afastando o rosto minimamente do dele, apenas para observa-lo melhor. As orbes verdes estavam num tom de verde mais escuro, vívido e apaixonante.
— Você não precisa ser perfeita Ino… Ninguém é feliz o tempo todo… Por que não se aceita? — ele ponderou ainda com aquele belo sorriso digno de uma capa para revista People. Foi naquele momento que Ino se deu conta do quão afortunada era.
— Por que ninguém gosta de estar perto de uma pessoa que possuí problemas! As pessoas são superficiais… Elas só querem estar perto daquelas pessoas que digam ou façam coisas positivas. — murmurou em resposta.
Gaara puxa o cabelo de Ino.
— Por que fez isso seu maluco? — a loira belisca o braço do rapaz abrindo seu melhor sorriso como quem diz '' ha-ha-ha você é um idiota.''
Ele viu um sorriso nascer no canto dos lábios carmesim de Ino com suas palavras, mas não era qualquer sorriso, era o sorriso para ele - aquele que ela destinava única e exclusivamente para ele. Um sorriso gentil ao misto de sedução.
Então ela colocou seus lábios sobre os dele, dando um beijo apaixonado. A língua buscava a passagem que lhe foi concedida com sucesso absoluto, levando os dois a uma bolha romântica - a medida que se beijavam.
— a Ino verdadeira é uma pessoa maravilhosa, e você deveria aprender a gostar dela. — falou quando interrompeu o beijo em busca de fôlego, não necessariamente separando seus lábios dos dela, murmurando contra eles. A loira esperou com os olhos fechados que ele continuasse; encostando sua testa na dele que suspirou baixo, fechando os olhos.
— Fósforo. — Naruto gritou impaciente, com as mãos fincadas na grade acompanhado de Suigetsu que observava os colegas com um sorriso malicioso do tipo '' ela tá tão na sua.'' — Anda logo, você tem o resto do ano para trocar beijos com a Barbie…
O ruivo corou instantaneamente mordendo o lábio inferior na falha tentativa de conter a timidez.
— Preciso ir. — disse, segurando com ambas as mãos o rosto de Ino. Não contendo a felicidade, fitando-a com a expressão abobada. — Prometa que não fará isso novamente.
A garota apenas assentiu perante seu olhar e ele sorriu ainda mais dando um rápido selinho de despedida.
— Foi bom ter te conhecido Gaara… — ela sussurrou ao vento mas o rapaz pode ouvi-la. As orbes azuis tão determinadas acompanhavam as costas do rapaz que foi ao encontro de seus amigos.
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