História Our Memories - Capítulo Único

Harry dava passos quase inaudíveis, mantinha o rosto erguido, o olhar fixado em algum ponto mais a frente, tão decidido e ao mesmo tempo tão sem rumo algum.

Parecia estar andando a horas, mesmo sabendo que não havia andado mais que alguns poucos minutos. Harry sabia bem oque estava fazendo, ou achava que sabia. Nunca seria fácil aceitar que se estava indo em direção a morte.

Harry repassava toda a sua vida mentalmente, as risadas sem preocupações, as noites tranquilas, as manhãs calmas, tudo parecia tão absurdamente banal diante daquilo.

Então ele começou a dar passos mais pesados e apressados quando começou a ouvir vozes, risadas debochadas e passos que não pertenciam a ele. Aquilo gelava sua espinha, mas nada poderia ser feito.

E então Harry viu, o conjunto de pessoas, a única parada um tanto mais a frente, um sorriso triunfante e escárnio no rosto daquele que o encarava com as fendas vermelhas no lugar dos olhos. O garoto parou no meio do caminho e de queixo ainda erguido, ouviu seu nome pronunciado uma vez e risadas acompanhadas.

Harry continuou parado, apenas olhando para a frente, e então ainda de rosto levantado, como se pussesse fim a tudo aquilo, o garoto fechou os olhos.

Dizem que quando se esta prestes a morrer, sua vida passa como um flash diante de seus olhos. Harry estranhou o fato de que não fora exatamente sua vida quem decidira passar diante de seus. Como rapidas cenas em um curto filme, Harry se viu mais novo, acompanhado de amontoado de cabelos loiro-platinados mais de uma vez, o mesmo rosto, os mesmos olhos de tom acinzentado, o mesmo sorriso debochado. O choro, o sangue, a varinha erguida. O desespero na voz, as chamas, braços o apertando como se sua vida dependesse daquilo. Confusão não era uma boa coisa para Harry sentir na hora de sua morte.

Então dedicou-se a sentir apenas aquela reconfortante sensação de calma que se instalou nele ao pensar no dono dos cabelos platinados e olhos acinzentados. Imaginar como teria sido se ele tivesse tido noção do que sentia antes, como seria se ele pudesse voltar agora. Ah mas nada disso fazia sentido.

E Harry percebeu, ao ouvir os passos do inimigo se aproximando mais, que perderá tempo demais sem investir naquilo que realmente queria, mesmo que não soubesse que queria.

E quando a voz do outro soou, alta e auditiva para qualquer um, anunciando a maldição da morte a qual Harry sobreviverá uma vez, o feitiço só lhe permitiu respirar fundo rapidamente, e focar todas suas forças e pensamentos no garoto dos olhos cinzentos e cabelos platinados antes que o rojão verde do próprio feitiço o atingisse.

E ele fosse automaticamente ao chão, com seu último pensando ligado ao rosto do jovem Malfoy.