História Our New Fate - Hoje a noite não me deixe sozinho.

“Quando os dias eram longos e o mundo era pequeno

Ele ficou quando desmoronava”

 

Nam Soon terminou de trazer a última caixa de produtos para dentro da loja de conveniência. Ele secou o suor de sua testa, suspirando aliviado enquanto abria a primeira caixa, revelando várias latas de cafés, e começou a guardá-las nos refrigeradores.

Seu colega de trabalho abriu outra caixa ao seu lado cheia de comidas industrializadas, e passou a organizá-las nas prateleiras. Nam Soon ainda não o conhecia muito bem - seus turnos de trabalho não eram os mesmos na maioria das vezes. Mas o que conhecia dele já foi suficiente para que percebesse que, ao contrário dele, ele gostava de conversar, e especialmente fazer piadas idiotas em momentos inapropriados. Mas Nam Soon tinha que admitir que ele até era uma boa companhia durante as tardes entediantes.

Só que hoje não era uma delas - Nam Soon não conseguia parar de relembrar essa manhã com Heung Soo, seus beijos quentes e mãos suaves... E era simplesmente impossível esconder o sorriso em seu rosto. Tanto era que mesmo seu colega de trabalho, Kang Ki Young, notou. Ele estava o olhando com uma expressão curiosa desde que Nam Soon chegou, e aparentemente ele não conseguiu controlar seu comentário quando Nam Soon riu discretamente - mas certamente não discreto o suficiente - pela segunda vez.

"O que aconteceu? Você parece tão feliz hoje," ele disse, dobrando uma caixa vazia depois que eles terminaram de armazenar todas as latas de café. "Namorada?" Ele riu com um sorriso malicioso ridículo, que Nam Soon teve que se controlar para não revirar os olhos.

“Não, não é nada. Eu só acordei bem, foi isso," ele respondeu rapidamente, se apressando em direção ao caixa, numa tentativa de fugir dele rapidamente para que ele não pudesse começar a fazer mais perguntas. Entretanto, Nam Soon sorriu mais uma vez assim que lhe deu as costas.

 

“Posso ver você com as luzes da cidade

Décimo quarto andar, olhos pálidos azuis

Posso respirar você”

 

Heung Soo mal conseguia se concentrar em seu trabalho. Sua cabeça ainda estava naquela garagem, nas palavras escritas por todo o seu carro - os xingamentos, e todo aquele ódio. Ele estava sem palavras e irritado. Por que ele tinha sido alvo de tanto desprezo?

Mas agora que aconteceu com ele, ele sentia que podia entender Nam Soon um pouco melhor... Como ele se sentiu quando perdeu o emprego e o motivo pelo qual ele não estava confortável em demonstrar muito afeto em público. Talvez Nam Soon estivesse certo ao ter esse receio.

Ele checou as horas, e já estava quase na hora de ir. Ele tinha que sair mais cedo hoje. Ele não daria chances de Nam Soon ver o seu carro nesse estado, porque ele não queria que ele sentisse o mesmo que ele estava sentindo agora... Nam Soon definitivamente não precisava passar por isso. Então, antes que pudesse correr o risco, Heung Soo teria que limpá-lo.

Ele sabia que poderia apenas dirigir até um posto de gasolina, mas ao mesmo tempo duvidava que teria coragem de fazê-lo. Ele preferia limpá-lo no estacionamento. Contanto que Nam Soon não o visse... Ele poderia fazer isso sozinho.

 

“Bem, eu não sei bem o que isso será

Mas com meus olhos fechados tudo que eu vejo

É o céu, pela janela

A lua acima de você e as ruas abaixo”

 

Nam Soon se jogou sobre o sofá assim que chegou em casa, aliviado por seu turno de trabalho ter finalmente terminado.

Ele sorriu para si mesmo, ainda se sentindo animado ao se lembrar dessa manhã. Ele ainda não conseguia acreditar que tudo isso estava realmente acontecendo. Parecia um sonho, e que ele acordaria um dia e Heung Soo não estaria mais lá.

Ele se sentou sobre o sofá, ligando a televisão em um canal aleatório. Hoje estava pedindo por uma cerveja, ou soju, ou qualquer bebida alcoólica acompanhada de ramen. Ele foi em direção à geladeira, cantarolando algum um rap coreano que ficou grudado em sua cabeça, e a abriu a procura de uma lata de cerveja. Mas aparentemente não havia sobrado nada - nem cerveja, nem soju. Ele tinha que ter parado no supermercado, mas se esqueceu completamente.

Ele suspirou, esquecendo-se de seus planos de comer ramen e beber sozinho, e desligou a TV, saindo do apartamento e calçando o primeiro par de sapatos que encontrou na entrada.

Heung Soo ainda ia demorar para voltar para casa, então ele tinha tempo suficiente para sair e comprar algumas coisas. Provavelmente ele ainda conseguiria voltar e beber uma lata ou duas sozinho antes que o outro chegasse.

Mas Heung Soo não podia trabalhar até tarde hoje. Ele não podia arriscar que ficasse muito escuro, ou seria mais difícil para limpar o seu carro. Ele olhou para fora, e estava um pouco nublado. Ainda faltava um tempo para ele conseguir terminar seu trabalho e ele sabia que não podia arriscar continuar chegando atrasado e saindo cedo... As pessoas começariam a falar, isso poderia acabar chegando ao seu chefe, e ele definitivamente não podia arriscar perder seu emprego.

Ele checou a hora novamente, e embora parecesse que horas haviam se passado, foram apenas alguns minutos. Ele estava com medo que Nam Soon descobrisse, e ele também estava envergonhado que alguém o visse limpando seu carro com aquelas palavras escritas nele.

Mesmo que não fosse sua culpa, não era uma situação em que ele simplesmente se sentia ok por passar. Então, ele estava muito ansioso.

Ainda faltava uma hora para o final de seu turno quando ele desligou o computador. Ele sabia que não deveria estar fazendo isso, e que provavelmente precisaria ir trabalhar mais cedo e ficar até mais tarde nos próximos dias por causa disso. Mas hoje ele tinha um bom motivo.

Ele pegou todas as suas coisas, e saiu sem falar com ninguém, torcendo para que ele não fosse notado por seus colegas de trabalho, e desejando que eles não estivessem falando sobre isso.

Nam Soon levou mais tempo do que o esperado no mercado. Ele carregava cinco garrafas de soju e alguns pacotes de ramen em algumas sacolas. Ele não havia se apressado, e o caminho para casa estava realmente refrescante por causa do vento.

Ele acabara de virar a esquina da rua do seu apartamento, cantando novamente aquela música que ficou grudada na sua cabeça, quando viu Heung Soo. Ele carregava sua maleta de trabalho, mas estava saindo de um táxi. Ele não foi com seu carro? Nam Soon tentou chamá-lo, mas ele estava muito longe e Heung Soo foi muito rápido.

Nam Soon não se incomodou, e lentamente alcançou o prédio, carregando sacolas demais para se preocupar em correr atrás dele.

Ele o chamou novamente quando chegou à porta, já que tinha as duas mãos ocupadas com sacolas, mas mesmo assim Heung Soo não respondeu.

"Yah, bastardo, você pode abrir a porta?" Nam Soon xingou, mas ainda sem obter respostas. Ele pensou que pelo menos a porta estaria destrancada, mas por algum motivo o estúpido do Heung Soo havia a trancado.

Nam Soon entrou no apartamento já o xingando de todos os nomes possíveis, e largou as sacolas sobre o balcão da cozinha. Ele pensou que Heung Soo poderia estar tomando banho, ou qualquer outra desculpa razoável para não respondê-lo. Mas Heung Soo não estava lá.

Nam Soon chamou por ele mais uma vez, mas agora ele tinha certeza de que ele não tinha subido até o apartamento. Mas Nam Soon também tinha certeza de que era ele em frente ao prédio àquela hora.

Após trancar a porta atrás dele, ele tirou seu celular do bolso, pensando que encontraria alguma mensagem, mas Heung Soo não havia nem mesmo ligado hoje.

"Onde você foi?" Nam Soon escreveu, esperando impacientemente por sua resposta.

No entanto, levou mais tempo do que imaginava. E a resposta não foi nada melhor.

"Ainda no trabalho. Vou chegar mais tarde hoje.”

Nam Soon realmente não conseguia explicar como ele se sentia. Certamente ele prendeu a respiração por um momento, e mesmo que parte dele sentia que deveria ter uma boa explicação para isso, ele não conseguiu evitar de ficar irritado porque Heung Soo mentiu. Por que ele mentiu? Ele queria só xingá-lo e dizer que tinha o visto entrando no prédio. Entretanto, ele não podia.

Porque aquela sensação de insegurança tomou conta dele novamente. Por qual motivo ele iria mentir?

 

“Não fuja

E é difícil amar mais uma vez

Quando a única maneira que você sabe

Quando o único amor que você conhece

Acabou de ir embora”

 

Heung Soo estava envergonhado, irritado e cansado. A tinta demorou demais para ser removida, e estava pintado por toda parte. Mais do que zangado, ele também estava preocupado... Quem teria feito isso? Por que ele tinha que passar a noite toda limpando aquilo enquanto a pessoa que o fez deveria estar apenas rindo dele agora?

Ele enxugou o suor misturado com água de sua testa assim que entrou em seu apartamento. Já havia passado das onze da noite... Ele estava com fome e cansado. Foi muito mais difícil do que ele pensou. Mas ele não tinha como dirigir seu carro até um posto de gasolina com ele naquele estado. Esta era a única forma. Pelo menos não havia mais nenhuma evidência do que aconteceu, e Nam Soon nunca descobriria.

Ele retornou ao apartamento e ficou surpreso ao encontrar todas as luzes apagadas. Ele pensou que Nam Soon ainda estaria acordado e, com sorte, eles ainda teriam tempo para comer. Mas aparentemente ele realmente demorou.

Mas Nam Soon não estava nem dormindo, nem acordado esperando para jantar com ele. Ele já estava na cama, com os olhos fechados, escutando Heung Soo chegar. Muito tarde... Ele demorou muito. Onde ele estava até agora? Ele nem se deu ao trabalho de lhe enviar uma mensagem.

Então, quando ele voltou da cozinha meia hora depois, Nam Soon apenas fingiu estar dormindo. Ele não queria perguntar a ele e ouvir uma mentira, e ele definitivamente não queria começar uma discussão por causa disso.

Amanhã. Ele tinha certeza de que ele o explicaria tudo no dia seguinte. Mas, agora, Nam Soon iria continuar fingindo que estava dormindo.

 

“Fique comigo

Baby, fique comigo

Hoje à noite não me deixe sozinho”

 

Ainda assim, Nam Soon não falou com ele no dia seguinte. Em vez disso, ele saiu antes de Heung Soo acordar, e quando ele voltou para casa do trabalho Heung Soo ainda não tinha retornado.

Heung Soo lhe enviou uma mensagem assim que acordou, perguntando onde ele estava, mas Nam Soon ainda estava com raiva. Ele sabia que estava sendo muito infantil, mas ele também estava com medo de que Heung Soo não iria lhe contar, e que continuasse mentindo sobre isso.

Porque Heung Soo mentiu antes, e depois de tudo pelo que ele o fez passar nos últimos meses, ele ainda estava achando difícil acreditar que Heung Soo havia aceitado seus sentimentos completamente.

"Nós vamos naquele bar com seus amigos hoje a noite, certo?" Heung Soo o enviou por volta das cinco da tarde. Nam Soon tinha esquecido completamente disso, e ele definitivamente não queria sair hoje. Especialmente não com os outros dois. Não quando ele estava se sentindo assim.

“Sim,” ele respondeu. Ele não queria ir, mas também não queria ouvir Heung Soo reclamando, já que ele sabia que isso não havia sido realmente uma pergunta.

 

“E se é algo que você quer

Querido, você não precisa correr
Você não precisa ir”

 

"O que foi?" Heung Soo perguntou pelo que deveria ser a quarta vez naquela noite, enquanto Nam Soon calçava seus sapatos na entrada.

"Eu te disse, você tá imaginando coisas," Nam Soon reclamou, levantando-se e destrancando a porta.

Heung Soo pegou sua carteira com impaciência e a colocou dentro de seu bolso, enquanto ambos saíam do apartamento. Nam Soon não estava falando com ele desde que ele voltou do trabalho. A princípio ele achou que ele só estava cansado, mas não parecia mais ser isso, já que Nam Soon nem mesmo lhe respondeu quando ele perguntou mais detalhes sobre a festa que estavam prestes a ir.

"Certo," ele sibilou, revirando os olhos. Ele não se lembrava de ter feito nada errado. Ele estava irritado porque Heung Soo chegou em casa tarde ontem? Não foi culpa dele. Ele entendia que Nam Soon não sabia seus motivos, mas ao menos ele poderia lhe dizer por que ele estava agindo assim.

Mas ele não falou, nem mesmo quando entraram no táxi, e muito menos quando chegaram na rua.

Nam Soon pretendia conversar normalmente com Heung Soo, mas não conseguia controlar aquela sensação irritante de que ele escondia algo dele. E ele não conseguia esconder o que estava sentindo. Mas por causa disso, a situação ficou ainda mais embaraçosa.

Ele pensou seriamente em agir normalmente quando viu Yoon Jae e Joon Hee na fila. No entanto, assim que ele se lembrou de como Heung Soo mentiu no dia anterior a raiva voltou e ele simplesmente não conseguia se forçar a fingir que tudo estava bem.

Ele permaneceu em silêncio quando saíram do táxi e foram em direção os outros dois. Joon Hee acenou enquanto se aproximavam. Era a primeira vez que Heung Soo iria se encontrar com seus amigos - ele os viu brevemente naquele dia quando esbarrou com Nam Soon saindo do clube, mas na época ele não reparou neles.

"Eu pensei que você não estava mais vivo," Yoon Jae comentou sarcasticamente, reparando em Heung Soo.

"Esse é Park Heung Soo," Nam Soon disse um pouco baixo demais e Yoon Jae sacudiu a cabeça, olhando para o outro homem, muito curioso.

"Aquele Heung Soo?" Yoon Jae provocou, sem se preocupar em ser discreto. Nam Soon suspirou, parecendo aborrecido. Tão estupidamente aborrecido sem motivo nenhum. Heung Soo olhou para o outro lado, tentando controlar o sorriso que apareceu em seus lábios - Nam Soon era tão ruim em demonstrar que estava com raiva que era impossível não rir disso.

Ele continuava dizendo que não era nada, quando ele claramente estava com raiva. E até mesmo Joon Hee pareceu notar quando Nam Soon os apresentou.

Nam Soon tinha falado tanto sobre Heung Soo que era bom finalmente poder conhecê-lo. Qualquer que fosse o motivo pelo qual eles pareciam estar agindo estranho, Joon Hee preferiu apenas fingir que não tinha notado.

"É a sua primeira vez aqui?" Ele perguntou à Heung Soo, que balançou a cabeça concordando.

"Aqui... e qualquer outro lugar nesta rua. Mas pretendo conhecer todos," ele sorriu, estendendo a mão até a de Nam Soon. Mas, antes que pudesse tocá-lo, Nam Soon deu um passo à frente. As pessoas começaram a entrar no clube, e o mais novo usou essa desculpa para desviar.

Mas Heung Soo não pôde deixar de notar. Era engraçado e tudo... Mas estava começando a deixá-lo realmente irritado.

 

“Quartos separados e corações partidos

Mas não serei eu quem te deixará ir”

 

Não era nada como os outros clubes que ele tinha ido antes. Ele sabia que não seria, mas como Nam Soon não estava falando com ele, ele não parou para pensar sobre onde eles estavam realmente indo - sobre o que ele iria ver lá.

Era como se nada dali fizesse parte da Coréia. Não só por ter muitos estrangeiros, mas porque ele estava vendo dois meninos... Pela primeira vez ele viu dois meninos se beijando e ninguém parecia se importar.

Ele olhou para o lado, procurando por Nam Soon, mas é claro que o outro não esperou por ele. Ele o viu em frente ao bar próximo a uma escada, pedindo algo para beber, e se adiantou ao seu lado.

"Pode ser dois," ele pediu ao barman, segundos depois de Nam Soon ter pedido um shot de tequila. Ele notou o mais jovem rolando os olhos irritado, mas decidiu ignorá-lo. Ele veio aqui para se divertir porque queria conhecer os amigos de Nam Soon e este lugar - conhecer os lugares que Nam Soon costumava visitar sem ele. Ele não passaria a primeira noite ali brigando.

Ele ouviu o som de copos de vidro tocando a mesa, e o cheiro de álcool encheu seu nariz instantaneamente. Nam Soon foi mais rápido, e bebeu tudo de uma só vez, sem esperar por Heung Soo.

"Ok," ele suspirou, virando o segundo copo e segurando os braços do mais jovem assim que ele se virou para se afastar. "Nam Soon ah," ele o chamou, mas Nam Soon apenas se virou para o olhar, claramente irritado. "O que aconteceu?" Ele perguntou novamente, soltando seus braços.

"Nada, eu te disse," Nam Soon comentou irritado, evitando seus olhos.

"Cala a boca, bastardo,” Heung Soo protestou com uma voz ofendida, "Eu te conheço".

Nam Soon ergueu o rosto, seus olhos escuros finalmente se concentrando no rosto de Heung Soo. Certo. Ele não queria falar sobre isso, nem perguntar sobre o que aconteceu. Mas estava preso em sua garganta, e como Heung Soo estava insistindo, ele sentiu que não podia ficar quieto a respeito disso por mais tempo. "Aonde você tava ontem à noite?" Ele perguntou seriamente.

Heung Soo balançou a cabeça, observando-o com as sobrancelhas erguidas. Ele não sabia se deveria começar a rir agora, mas algo a respeito disso o fez sentir estranhamente frio por dentro. "O quê?"

Um sorriso afiado escapou de Nam Soon antes que ele conseguisse controlá-lo, "Eu vi você. Quando você chegou dentro daquele táxi," ele disse, estudando o outro homem, inexpressivo.

Heung Soo piscou. Ele não pôde evitar de se sentir insultado com isso. Por que ele estava sendo tão infantil? Tirando conclusões precipitadas e ficando irritado sem nem mesmo lhe perguntar nada a respeito? Se ele o viu ontem, porque ele não perguntou sobre isso antes? Sim, ele nunca quis que Nam Soon soubesse. Mas ele nunca pretendeu fazê-lo pensar que ele estava mentindo para ele, sem nenhum motivo - como se estivesse escondendo algo por suas costas.

Nam Soon fechou os olhos e desviou o olhar, claramente tentando se acalmar um pouco. Esse definitivamente não era o lugar para brigarem desse jeito. Ele suspirou e balançou a cabeça, dando as costas para Heung Soo.

O outro homem olhou para ele enquanto ele se afastava, indo para a pista de dança onde seus amigos estavam de pé desde que eles entraram no clube. Ele não os seguiria. Ele inclinou a cabeça, e se virou, se dirigindo até a escadaria atrás do bar.

Ele iria aproveitar o lugar, sozinho se necessário. Ele não estava com humor para brigar por algo assim, mas também não achava justo ir atrás de Nam Soon. Sim, ele mentiu, mas ele não podia ter lhe perguntado antes de tirar qualquer conclusão precipitada?

Ele balançou a cabeça e se concentrou no outro bar, no segundo andar. A música lá embaixo estava muito baixa para que conseguisse escutar direito desse andar, mas o murmúrio dos jovens falando mais alto que o normal encheu a sala. As paredes eram muito brilhantes, em cores vermelhas e douradas, e os copos com bebidas curiosas das mais diversas cores e sabores o interessaram.

Ele não era um grande fã de drinks, então ele só pediu um copo de uísque, embora fosse divertido ver o barman misturando diferentes bebidas em copos de formatos variados.

Ele estava no terceiro copo de uísque quando finalmente se cansou de esperar que Nam Soon resolvesse procurar por ele voluntariamente.

 

“Ande comigo, venha e ande comigo

Até o fim de tudo que já conhecemos”

 

Nam Soon sabia que ele estava sendo muito teimoso, e que este não era o lugar para isso. Ele deveria estar apresentando-o direito aos seus amigos, eles deveriam estar aproveitando essa noite... Mas era impossível ignorar. Ele estava com medo de que Heung Soo fosse embora, porque estava tudo tão perfeito que ele tinha certeza de que, a qualquer momento, tudo iria acabar. E porque Heung Soo mentiu para ele, tudo que ele tinha medo pareceu mais real.

Ele tocou o copo em sua frente. Estava frio, e o gelo já tinha derretido dentro da vodka. Ele olhou para seu líquido por alguns segundos, e terminou de uma só vez, pedindo outro assim que o barman olhou para ele.

Ele havia retornado para o bar perto da pista de dança assim que viu Heung Soo subindo as escadas. Ele tentou fingir que iria se divertir com seus amigos, quando na verdade ele estava deprimido e bebendo em frente ao bar. Ele se sentia tão estúpido.

Ele não viu quando aquele homem se aproximou dele, mas definitivamente reconheceu sua voz quando chamou seu nome, sentando-se ao seu lado.

Pierre tinha um grande sorriso no rosto quando o viu, como se estivesse esperando para vê-lo durante todo esse tempo. O que provavelmente não era realmente a verdade.

"Então, nos encontramos de novo..." Ele disse, rindo e balançando a cabeça em direção ao barman, pedindo um copo de uísque para si mesmo.

"Parece que sim..." Nam Soon forçou um sorriso, pegando seu copo de vodka com algum tipo de refrigerante que o barman acabara de servir.

"Como vão as coisas?" Ele sorriu, olhando para o uísque que acabara de receber.

Nam Soon nem sequer notou quando ele tocou seu ombro, ficando um pouco perto demais. Não era como se ele estivesse prestes a fazer alguma coisa, mas era o suficiente para fazê-lo se sentir desconfortável.

"Será que consigo seu número hoje?"

 

“Ele me mostra tudo que ele sabe

Retratos e rodovias”

 

Heung Soo estava certo. Ele sabia que não tinha feito nada de errado, e que Nam Soon estava sendo um idiota.

Mas ele conhecia Nam Soon. Ele mudou durante esses anos, mas lentamente ele estava começando a se tornar mais parecido com o antigo Nam Soon. Aquele que foi sempre teimoso, e que nunca admitiria que estava errado. Sua essência era assim, e mesmo que ele concordasse que Nam Soon realmente mudou, essas coisas iriam simplesmente aparecer cada vez mais com o passar do tempo. Teimoso, orgulhoso, um idiota completo.

Mas esse era o Nam Soon que ele gostava, o Nam Soon que ele sabia que o amava. E ele não podia ficar de pé assistindo alguém tocando alguém que pertencia a ele - Nam Soon provavelmente iria xingá-lo se escutasse ele se referindo a si dessa maneira, mas era como Heung Soo se sentia.

Ele nunca foi do tipo ciumento antes, mas quando se tratava de Nam Soon, ele sentia seu sangue ferver. Quem aquele loiro, branco, descarado pedaço de merda pensava que ele era pra ficar tocando em Nam Soon e sorrindo desse jeito?

Naquele momento, Heung Soo simplesmente não se importava. Ele tinha sorte que eles estavam neste bar porque ele provavelmente faria a mesma coisa se estivessem na rua.

Ele certamente já tinha bebido muito uísque. Ou ele era realmente muito ciumento e só descobriu agora. Mas ele não conseguiu controlar seus passos, e não pensou duas vezes quando puxou o braço direito de Nam Soon, forçando-o a olhar para ele.

E definitivamente Heung Soo não pensou duas vezes quando segurou a gola de sua camisa, tocando seus lábios em um beijo possessivo. Se alguém perguntasse, Heung Soo nunca diria que era uma pessoa possessiva - talvez apenas um pouco, quando era com Nam Soon, e quando estava bêbado.

E certamente quando ele queria mostrar a todos que Nam Soon era seu homem.

 

“Prendo minha respiração quando você se aproxima

Saboreio seus lábios e sinto sua pele

Quando chegar a hora, baby, não fuja

Apenas me beije devagar”

 

A princípio, a reação de Nam Soon foi empurrar Heung Soo. Ele era muito orgulhoso para corresponder assim. E que direito Heung Soo tinha de interromper sua conversa da forma? Tudo bem, ele não estava realmente com vontade de conversar com Pierre, mas Heung Soo não sabia disso.

Sua segunda reação deveria ser virar as costas ou simplesmente ir embora... Mas Heung Soo estava muito sexy naquela jaqueta de couro, e suas bochechas que estavam um pouco vermelhas provavelmente porque ele havia bebido demais lá em cima, e seus lábios perfeitos o fizeram mudar de ideia.

Ele nem sequer se incomodou em xingá-lo. Na verdade, ele estava perdendo tempo sendo um completo idiota. Então, definitivamente, a melhor decisão foi puxá-lo para mais perto de novo. Tocar esses lábios, segurar seus braços fortes e beijá-lo de volta como se eles nunca tivessem brigado. Ou apenas como as pessoas fazem quando se reconciliam após uma discussão.

Se fosse assim, eles definitivamente poderiam brigar mais vezes.

“Onde fica o banheiro?” A voz rouca de Heung Soo penetrou em seus ouvidos, fazendo estremecer cada parte de sua pele.

Ideia terrível. Essas palavras deveriam ter passado por sua cabeça. Por qualquer um deles. Mas não passou. Na verdade, neste momento, essa parecia ser uma ideia muito boa.

 

“Duas sombras na porta do quarto

Não, eu não poderia querer você mais do que eu quis

Quando nossas cabeças se aproximaram”