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História Our Strange Duet - União


Escrita por: ElvishSong

Capítulo 12 - União


POV Erik

Entre conversas, música, desenhos e poesia, a manhã e a tarde passaram depressa. Erik e Celine começaram a trabalhar juntos em uma nova ópera: ela delinearia o enredo, ele criaria a música com base neste enredo. Era um trabalho longo e difícil, especialmente quando feito por duas pessoas ao mesmo tempo, mas era extremamente prazeroso. Quando o relógio de corda marcou quatro horas, tinham já um esboço do que pretendiam para sua obra.

Famintos novamente, após oito horas em jejum, eles se deliciaram com o que restara de seu furto naquela manhã, e dividiram uma taça de vinho. O Fantasma não era adepto da bebida, pois via o álcool como uma substância que envilecia o homem e o reconduzia ao comportamento animal – ou menos. Entretanto, dividir uma taça de bom vinho com sua noiva – ele pensara mesmo aquela palavra? – era totalmente diferente de embriagar-se por prazer ou mágoa.

Entre um bebericar e outro, os apaixonados brincavam como crianças, rolando no tapete macio e fazendo cócegas um no outro; uma dessas brincadeiras resultou em acidente: o copo, que estava então na mão de Celine, virou a um movimento brusco da moça, derramando seu conteúdo no vestido claro. Erik riu ao ver a expressão dela, entre divertida e zangada, e mais ainda quando ela soltou duas pragas seguidas ao sentir o líquido gelado escorrendo pelo colo e ventre.

– Acho que você precisa de um banho – declarou o músico, não esperando a anuência de sua noiva para erguê-la nos braços e carregá-la até o banheiro, indiferente aos protestos dela, que detestava ser carregada. Realmente, ele nunca havia sido tão feliz. Pela primeira vez, não desejava ter nascido sem sua deformidade, pois ela, indiretamente, havia feito com que Celine entrasse em sua vida.

POV Celine

Despir-se diante de Erik foi algo estranho para Celine. Uma coisa fora a noite passada – quando ele a despira, e ela a ele – outra, bem diferente, era despir-se para ele, com o olhar esverdeado devorando cada centímetro de seu corpo.

– Erik, pare com isso! – Ela exclamou afinal, já despida.

– Por quê? – O olhar dele misturava diversão e malícia.

– Porque está me deixando sem graça! – respondeu, sentindo-se corar ante a intensidade do olhar do Fantasma.

– Não vejo motivo para seu constrangimento – tornou o mascarado – eu não me sinto minimamente incomodado em me desnudar diante de você – E, para prová-lo, ele o fez. Não havia em seu rosto qualquer traço de constrangimento, mas sim, de carinho e desejo. Celine desistiu de tentar manter o recato, e permitiu-se apenas desfrutar do banho na companhia de seu amado.

Quando voltaram ao quarto – onde agora havia uma arca para guardar as vestes que a moça deixava na Casa do Lago – a garota já tinha uma idéia para tornar o fim de tarde e começo de noite especiais: em vez de escolher outro vestido, envergou uma calça justa, negra, camisa branca e um espartilho de couro negro que não lhe tolhia a respiração. Calçou também botas negras sem salto, as mais confortáveis que tinha. Ao seu lado, Erik vestira apenas calça e camisa negras com as botas de mesma cor. Isso, claro, além da máscara branca sobre o lado direito.

– Aonde você pretende ir, querida?

– Você vai ver. Temos de sair pelo telhado. – ela terminou de abotoar os punhos das mangas antes de segurar a mão de seu amante e puxá-lo consigo para a passagem que conduzia ao terraço.

Uma vez chegando a seu objetivo, a moça soltou a mão do Fantasma e correu para uma das estátuas no peitoril. Com movimentos ágeis, escalou a pedra até alcançar o telhado, sentindo Erik segui-la de perto. Ao alcançá-la, ele perguntou:

– O que estamos fazendo no telhado?

– Você já foi à catedral de Notre Dame? – perguntou a moça.

– Não. É bastante afastado do teatro, e nunca fui tão longe.

– Sempre há uma primeira vez! Como arquiteto, eu creio que você irá se encantar. – um sorriso maroto surgiu em seu rosto – Quer dizer, isso se você conseguir me acompanhar pelos telhados. Não deve ser fácil para um homem com a sua idade.

Entrando na brincadeira, o artista a fez engolir aquelas palavras ao jogá-la nos ombros e, escorregando agilmente pelo telhado íngreme da ópera, saltar do beiral até o telhado da casa mais próxima. Colocando-a de volta no chão, perguntou:

– Algum outro questionamento acerca de minha “idade”?

Ela riu e, antes de sair correndo pelas telhas, desafiou:

– Pegue-me, se puder!

Como crianças travessas, o casal atravessava a noite parisiense aos saltos, passando de telhado a telhado, subindo e descendo por calhas, escorregando por peitoris. Celine ia à frente, conhecedora da cidade que se tornara entre os oito e os quinze anos – o tempo em que vivera nos subúrbios da Cidade Luz. Tinha uma surpresa para Erik, mas só a revelaria quando estivessem na catedral.

POV Erik

A imagem da Catedral erguendo-se imponente, rodeada pelo Sena que brilhava à luz do luar, roubou o fôlego do Fantasma. Celine estava certa: ele se viu praticamente hipnotizado por tão complexa arquitetura, especialmente na fachada decorada com dezenas de estátuas, gárgulas e detalhes. A enorme rosácea principal, à luz do sol, com certeza seria um caleidoscópio de luzes coloridas refletidas em todas as direções. Mesmo que ficasse ali toda uma vida, ele não conseguiria absorver todas as minúcias da belíssima construção.

Ao seu lado, sua amada apontou para a porta da catedral: estava aberta, embora a missa noturna houvesse acabado. Ela começou a descer pela lateral do palacete sobre o qual estavam, sinalizando para que Erik a seguisse. Ele o fez, cada vez mais intrigado e deslumbrado: ela pretendia entrar em Notre Dame?

De fato, Celine pretendia. Apesar do receio inicial – ele nunca deixara de temer a exposição e proximidade com outros seres humanos – o músico confiou em sua Estrela, e a acompanhou através do enorme portal. Seus olhos se enchiam com centenas de cores e formas, deleitando-se com aquela expressão de arte em sua forma mais pura.

A mulher lhe disse que a aguardasse ali, perto da entrada. Obedecendo – como ela conseguia dar-lhe ordens daquele jeito?! – o Fantasma a viu seguir até um senhor de idade, um padre, ao que lhe parecia: ele não conhecia muito sobre as classes religiosas. O idoso assentiu com a cabeça, e a jovem voltou para junto de seu amor, parecendo satisfeita.

Enquanto era guiado por sua noiva através da catedral – ainda atordoado e maravilhado por tanta beleza – o Anjo pôs a mão no bolso da camisa, segurando a caixinha de veludo que ali estava: pretendia fazer aquilo na manhã seguinte, mas isso fora antes de haver entrado naquele lugar. Não podia haver melhor hora do que agora!

Sua amada, entretanto, o surpreendeu: tomando-o pela mão, conduziu-o por uma escada em caracol que parecia não ter fim. Ao fim da escada, viram-se no campanário. Sem hesitação, ela continuou em frente, até levá-lo à sua meta: o topo da torre direita de Notre Dame. A visão que encheu os olhos do Fantasma foi, com certeza, a mais bela que já tivera: era possível ver a cidade em 360 graus, iluminada com seus lampiões, cortada pelo Sena que, sob a Lua, era prata líquida! No céu acima, as estrelas brilhavam em milhões de pontos luminosos. No horizonte, perdia-se a noção de acima e abaixo quando as luzes do céu e da terra se fundiam em uma coisa só.

Emocionado, Erik tocou novamente a caixinha em seu bolso: aquele era o melhor lugar para fazer o que pretendia. Entretanto, quando tirou o objeto do bolso, viu que sua amada segurava uma caixinha exatamente igual. Com um sorriso divertido, ela falou:

– Acho que tivemos a mesma idéia. – ela recolocou o objeto no bolso – Você primeiro.

Abrindo a caixinha, o Anjo da Música sentia o coração bater descompassado no peito; ver os olhos de sua amada brilharem ao pousar no anel de safira que ele comprara – sim, ele criara coragem para ir até uma joalheria comprar aquela peça – o alegrou. Acariciando o rosto delicado, ele perguntou:

– Celine, minha amada, minha estrela... Você quer se casar comigo?

Ela respondeu tirando a caixinha de veludo vermelho do próprio bolso. Abrindo-a, revelou um anel largo de ouro puro, antes de declarar:

– Aqui, e agora.

POV Celine

Ser pedida em casamento por Erik, quando ela própria pretendia tomar a iniciativa, fez a moça sentir o peito estourar de alegria. Ao lhe mostrar o anel que comprara – com uma bolsinha de moedas de ouro “esquecidas” pelo diretor Firmin (algo que ela nunca contaria a Erik) – os olhos dele se marejaram.

– Aqui, e agora – ela falou. Não via motivo para esperarem mesmo um segundo a mais! Que se casassem ali, tendo as estrelas, a lua e o Sena como testemunhas. Ela tinha certeza de que, se existisse um deus, em algum lugar, ele com certeza abençoaria algo feito em nome de um amor tão verdadeiro quanto o que sentia por seu Anjo.

Ele sorriu e, tomando-lhe a mão esquerda, deslizou o anel de safira pelo dedo delicado, dizendo:

– Celine, eu faço meu juramento em nome da Música que sempre me guiou: eu a amarei por toda minha vida, e mesmo depois dela. Eu honrarei e respeitarei seu nome. Eu a protegerei e farei de tudo para que seus dias ao meu lado sejam sempre felizes. Ofereço-lhe, com este anel, tudo aquilo que tenho: meu lar, minha vida, meu coração e minha arte. A cada manhã eu verei seu sorriso ao despertar, e a cada noite velarei seu sono. A partir de agora, para o resto de nossas vidas, eu pertenço a você.

Celine nunca esperara ouvir – ou sequer imaginara – uma declaração de amor tão espontânea e tão linda! Emocionada, deslizou o anel de ouro no dedo de Erik, e disse:

– Erik, eu não tenho nenhuma posse material que possa lhe dar, mas seu é tudo o que tenho: minha vida, minha alma, meu coração e minha arte. A cada dia eu despertarei em seus braços, e a cada noite beijarei seus lábios ao adormecer. Você povoará meus sonhos e meu coração, e honrarei e protegerei o seu nome. Se necessário, eu o defenderei e lutarei ao seu lado. Eu o amarei até o fim de nossos dias, e me alegrarei a cada som de sua voz. Dedicar-me-ei à nossa arte, e trarei felicidade e conforto a todos os seus dias. De agora em diante, eu pertenço a você.

O beijo que trocaram foi repleto de amor em sua forma mais pura: nunca mais estariam sós! Nunca mais estariam infelizes! Seu juramento fora trocado e, mesmo que não fosse válido pela lei dos homens, era totalmente irrevogável, selado com amor e música. A música da noite.



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