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História Our Strange Duet - Desejo de Vingança


Escrita por: ElvishSong

Capítulo 15 - Desejo de Vingança


POV Celine

Afinal, Celine despertou; seu corpo doía horrivelmente, mas a dor maior não era física. Ao se mover, percebeu que estava deitada sobre o peito de Erik, e levantou o rosto para fitá-lo; tentou sorrir um pouco, mas o lábio partido não permitiu.

– Olá, minha querida – ele se sentou, puxando-a para seu colo e a abraçando – Como está se sentindo?

– Não sei o que dói mais... Meu corpo ou minha alma. – ela tentou se conter, mas começou a chorar novamente. Sempre havia sido uma pessoa forte, mas o estupro destruíra suas defesas psicológicas: estava envergonhada, com dor, humilhada. Só em lembrar-se dos dois homens a fazer o que queriam com seu corpo, tinha vontade de cravar uma faca no próprio peito. Ruborizada, sentou-se na beira da cama. Até a noite anterior sua vida era perfeita, agora... Tudo o que havia conquistado poderia ruir.

Sem coragem para encarar seu marido, manteve os olhos fixos no chão, lutando contra as lágrimas que teimavam em escapar; dedos quentes e carinhosos deslizaram ao longo de suas costas, acompanhando a linha da coluna. Quando Celine teimou em não fitar-lhe o rosto, seu esposo desceu do leito e, ajoelhando-se diante dela, segurou o queixo delicado com suavidade para obrigá-la a encontrar seu olhar. Para ela, era impossível cruzar o olhar com Erik: sentia-se suja, indigna e desonrada. Fechando os olhos com força, perguntou:

– Você não está com raiva de mim? Não se sente traído? Não sente asco por meu corpo ter sido usado por outros homens? – Ela tinha medo de que seu esposo a rejeitasse. Muitos maridos já haviam abandonado as esposas por elas terem sido violadas; os homens gostavam de ter exclusividade sobre os corpos de suas companheiras.

Ainda de olhos fechados, ela sentiu Erik abraçá-la com força. Com a voz embargada, o Fantasma respondeu:

– Eu nunca poderia sentir raiva de você, meu amor. – Ela se agarrou a ele, escondendo o rosto no peito forte – Tampouco ficaria enojado por outra pessoa tê-la tocado. Tenho sim, ódio por quem tanto a machucou! – o abraço dele se intensificou – você é minha esposa, minha Estrela! Você é minha razão para viver! Como eu poderia me zangar? Você foi horrivelmente abusada, e quase a mataram! Que tipo de homem eu seria, se desprezasse minha amada por algo que foi feito contra sua vontade?

Ela sentiu seu coração se aliviar ao ouvir aquelas palavras, mas Erik não havia terminado de falar:

– Eu te amo, Celine. Não consigo nem mesmo imaginar uma vida sem você.

– ah, Erik! – ela o abraçou, escondendo o rosto em seu pescoço – Sinto-me tão suja! Tão indigna de você!

O Fantasma sorriu para ela, e disse:

– Nunca. Você é pura e perfeita – as mãos enluvadas acariciaram seu rosto – Mas entendo que sinta-se horrível, com tudo o que aconteceu. Acho que falar com Antoinette fará com que se sinta melhor: é outra mulher, mais velha e você confia nela. Quer que eu vá chamá-la?

– Não. Quero, sim, falar com Antoinette, mas prefiro ir até ela. – A moça se levantou com pernas trêmulas, apoiada no braço de Erik – Pode ajudar-me a tomar um banho? Acho que o calor ajudará com a dor. – Todo o seu corpo estava machucado, mas a dor entre as pernas era realmente forte, tornando difícil até mesmo andar.

Anuindo, seu Anjo a amparou até o banheiro, onde a ajudou a se despir e, tirando a própria roupa, entrou com ela na água.

– Vai se banhar também? – Celine fazia o possível para manter longe de sua mente as memórias de dor e pavor.

– É mais fácil para ajudá-la. Venha cá – Segurando sua mulher pela cintura, ele a fez flutuar de costas na água quente e funda da banheira enquanto fazia-a apoiar a cabeça em seu ombro. Massageou-lhe o corpo machucado com dedos suaves, relaxando-a e agradando-a. Satisfeita, a mulher se sentou no fundo da banheira enquanto seu marido ensaboava-lhe o corpo. Pensou em protestar, mas sabia que cuidar dela era o modo como o Fantasma lidava com a própria raiva e frustração: assim sendo, apenas se abandonou às mãos cuidadosas de seu Anjo.

Vestir-se mostrou-se uma tarefa difícil: as mordidas nos seios ardiam ao ser tocadas pelo tecido das roupas, e os hematomas das pernas e braços estavam muito doloridos. Acabou desistindo de vestir calça e camisa e, com a ajuda de Erik, envergou um vestido leve e solto, que não lhe pressionaria o corpo dolorido. Deixou os cabelos soltos, e colocou sobre o rosto uma meia-máscara feminina.

– Por que vai usar isso? – Perguntou o Fantasma.

– Uma máscara, no teatro, chama menos a atenção do que o hematoma em minha face. – Ela respondeu, movendo os lábios o mínimo possível.

– Cai bem em você – ele puxou a cortina que cobria um espelho e colocou-se ao seu lado – Veja só: somos iguais – a jovem reconheceu que ele tinha razão: com a máscara sobre o lado esquerdo (o mesmo das cicatrizes de açoite) e vestida de negro, ela e Erik pareciam um mesmo ser em suas formas feminina e masculina. – Eu nunca a deixarei, Celine. Nunca. Eu amo você.

Involuntariamente, um sorriso escapou dos lábios feridos de Celine: seu amado sabia como fazê-la sentir-se melhor. Ela o abraçou, deitou a cabeça em seu peito e fechou os olhos; gostava de ouvir o coração dele batendo, forte e regular. Dava-lhe uma sensação de calma, e a fazia sentir-se segura. Após alguns segundos abraçados, ela ergueu o rosto e o encarou:

– Vamos, querido.

Ela começou a caminhar, mas no instante seguinte Erik a havia erguido nos braços. Antes que pudesse protestar, porém, ele pousou os lábios nos seus, e disse em seguida:

– Suas pernas estão tremendo. Não adianta brigar: eu não vou deixar que ande.

Sem escolha, ela deu de ombros: por mais que não quisesse admitir, adorava quando seu marido a carregava no colo. Sentia-se a salvo e feliz, e não era diferente naquele momento. Pelo menos em seus braços, ela podia esquecer o que passara.

POV Erik

Ele havia deixado Antoinette e Celine conversarem a sós; podia imaginar o quão constrangedora devia ser a situação, para sua esposa, e sabia que ela não conseguiria contar o que lhe haviam feito se ele estivesse presente. Mas não ouvir a conversa não fazia com que ele não pudesse, em seus pensamentos, ver exatamente o que aqueles dois homens haviam feito com sua amada. E isso só contribuía para aumentar a raiva que fervia em seu peito.

Quando a porta do quarto de Antoinette – para onde ela levara a garota – afinal se abriu, Meg apareceu à porta e sinalizou a Erik para que entrasse. Celine estava sentada na cama, as pernas cruzadas, os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar: havia perdido completamente o relativo controle que conseguira mais cedo. Meg sentou-se ao lado da outra moça, envolvendo-a pelos ombros. A própria menina estava assustada com a violência cometida contra sua melhor amiga, e tentava confortá-la.

Antoinette, por sua vez, estava lívida de ódio: como mulher, e mãe de uma adolescente pouco mais nova que a esposa de Erik, aquilo a atingia tanto quanto se ela ou Meg houvessem sido as vítimas. Fechando a porta para não ser ouvida, ciciou:

– Eu matarei esse Barão com minhas próprias mãos, se tiver chance!

– Não precisará fazê-lo, Giry – respondeu o fantasma – será um enorme prazer estrangular esse garoto bêbado com minhas próprias mãos.

– Não. – A voz de Celine soou forte e firme, decidida. Ela se levantou da cama – Eu já chorei todas as lágrimas que tinha. Agora, vou agir. Vocês não farão nada contra o barão de Toulouse e seu comparsa: eles são meus.

– O quê?! – os três outros ocupantes pareciam incrédulos, e Erik perguntou:

– Ficou louca? Já se esqueceu do que lhe fizeram?

– Não, Erik, eu não me esqueci do que me fizeram. Mas é exatamente por isso que quero agir. – Ela cruzou os braços e olhou pela janela – Outro assassinato na Ópera faria com que os olhos se voltassem para você, meu amor; um crime nas ruas, por outro lado... Há muitos meliantes à solta em Paris.

– E como, raios você pretende matá-los?

– Ainda não sei; talvez um acidente com a carruagem a jogue no Sena. Talvez eu os mate durante o sono. Talvez os pegue de surpresa. De qualquer jeito, pegá-los-ei separados. Eles foram bastante valentes ao violentar uma garota; quero ver quão valentes serão para enfrentar as conseqüências.

O silêncio pairou sobre o aposento por longos segundos. Afinal, Antoinette falou:

– Celine... Você é bastante forte, e já matou antes... Mas está longe de ser uma assassina...

– Nunca disse que o era. Mas conheço um assassino bastante eficaz – seus olhos se voltaram para o Fantasma, que protestou:

– Eu não vou ensiná-la a matar com eficácia!

– A escolha é sua, Erik – retrucou a figurinista, teimosa – eu já fiz a minha: vou matar os dois. Quanto a você, pode escolher se vai ou não me ensinar; quer que eu me arrisque com base apenas em meus instintos?

O homem passou as mãos na cabeça, aflito: não queria que sua esposa fosse atrás dos atacantes! Por outro lado, sabia quão teimosa ela podia ser... E, pensando bem, não teria ela o direito de querer fazer a própria justiça? Em dúvida, perguntou:

– Por que não me deixa fazer isso? Eu os matarei fora da ópera, se é o que a preocupa.

– Não, meu querido. – Ela estava trêmula com a intensidade das emoções: raiva, ansiedade e tensão – Você não sabe, e nunca saberá por meus lábios, tudo o que fizeram comigo. Eu quero olhar em seus olhos quando expirarem; quero que saibam porque estão morrendo, e quem os matou. – ela continuou, antes que o fantasma a interpelasse – Teria você querido que outra pessoa matasse o cigano que o torturava? – Erik compreendeu o que ela queria dizer: era algo pessoal demais para ser entregue a outra pessoa. Anuindo, ele respondeu:

– eu entendo, Celine. É seu direito. Eu a ensinarei tudo o que puder ajudá-la com isso.

Antoinette parecia chocada; acenando furiosamente com as mãos, perguntou:

– Mas vocês estão loucos?! Estão planejando um assassinato como se fosse um passeio! – ela se voltou para Celine – Você não é assim!

– Eu sou, sim, Madame – respondeu a jovem – Como disse a Erik, tempos atrás: eu não sou uma boa pessoa para todos. Apenas para os que merecem. Não gosto da matar, mas eu o farei assim mesmo: eles selaram seu destino quando optaram por me machucar daquele modo.

Erik viu que Antoinette parecia muito preocupada; pousando a mão no ombro da amiga, ele assegurou:

– Ela tem todo o direito. Você sabe que não haverá justiça, de outro modo. Atrizes e mulheres do teatro são consideradas o mesmo que prostitutas, fora destas paredes; se ela não fizer isso, o que impedirá que, amanhã, eles a ataquem novamente, ou que brutalizem Meg, Bruna, ou qualquer outra menina deste teatro?

A coordenadora de palco suspirou, reconhecendo a razão nas palavras do pai de sua filha; abraçando Celine, pediu:

– Apenas me prometa que não fará nenhuma temeridade. Tome cuidado, por favor.

– Eles é que têm de tomar cuidado comigo, Antoinette – a jovem eliminara o “Madame”, Erik pôde observar – Existe um novo Fantasma, e ele irá agir fora da Ópera.

O músico se viu inundado por sentimentos conflitantes: por um lado, preocupava-se com a segurança de sua mulher; por outro, sentia um orgulho infindável ao constatar o quão forte e decidida era a jovem que escolhera para sua esposa. A penteadeira de Madame Giry refletia apenas o rosto de Celine; usando a meia-máscara, os olhos parecendo em chamas, ela era, realmente, um segundo Fantasma da Ópera.



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