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História Our Strange Duet - Recomeço


Escrita por: ElvishSong

Capítulo 17 - Recomeço


POV Erik

A volta para casa foi silenciosa; após se livrar dos pertences de suas vítimas jogando-os no esgoto, sua esposa tirara as luvas e as guardara, escondendo-se no fundo de seu capuz. Conhecedor da estranha sensação que se apossava do ser ao cometer um assassinato, Erik deixou que Celine lidasse com os próprios sentimentos: falar não serviria de muita coisa.

Foi apenas durante a descida para a Casa do Lago que ela, finalmente, voltou a falar:

– Voltamos para casa...

– Sim – ele a segurou pela mão para ajudá-la a entrar no barco (haviam descido pelo caminho do lago) – Voltamos para casa, meu amor. – Em pé ao lado dela, que não se sentara, começou a cantar-lhe palavras de amor.

Uma expressão de paz e deleite se fez presente no rosto da mulher; tocando a face de seu amado, ela elevou a voz para transformar o solo num dueto. Com música e belas palavras, reafirmaram o amor que sentiam um pelo outro ao longo de todo o percurso pelo lago espelhado, e quando a gôndola afinal atingiu a margem, trocaram um beijo intenso e apaixonado.

Ao perceber que sua amada, afinal, superara o medo e a raiva que a haviam perturbado nas últimas semanas, ele lhe tomou o rosto nas mãos, acariciando a pele macia, totalmente fascinado pelo brilho e encanto nos olhos castanhos. Ela retribuiu a carícia, deslizando os dedos por seu rosto; com voz repleta de paz, declarou:

– Agora, podemos recomeçar de onde tudo isso nos fez parar. Eu quero ser sua esposa, outra vez, e voltar à nossa vida e nossa... - O Fantasma não a deixou continuar: capturando-lhe os lábios num beijo voraz, carregou-a consigo da barca para a Sala do Órgão, e de lá para seu quarto.

POV Celine

Sentir Erik beijá-la daquele modo novamente, após tantas semanas em que só a tocara com uma distância e respeito quase irritantes, fez o coração de Celine se acelerar e chamas irromperem em seu corpo. Com beijos sôfregos, ela tirou a camisa de seu companheiro – destruindo um ou dois botões com aquilo – enquanto ele lhe arrancava o espartilho. Os beijos dele desceram pela curva de seu pescoço enquanto as mãos grandes a livravam da camisa; ela se deixou cair de costas no leito, puxando-o consigo e deslizando as mãos pelas musculosas costas largas.

Entregando-se totalmente a seu homem, ela se deixou mergulhar nas chamas que pareciam envolvê-los: os lençóis vermelhos ao seu redor eram fogo e sangue – o sangue que corria veloz e quente em suas veias, bombeado pelos corações acelerados. Naquela noite, a mulher o amou como nunca antes, e ele a ela... Seus corpos, mentes e corações se fundiam numa coisa só... Eles pertenciam um ao outro... Naquele momento, eram um único ser.

POV Erik

Ele acordou sentindo-se absurdamente feliz! Estendendo o braço, procurou por sua amada, mas sua mão encontrou apenas os lençóis. Ainda tonto de sono, por um instante teve a horrível sensação de que tudo o que vivera fora um sonho, do qual acabava de despertar. A descarga de adrenalina que percorreu seu corpo baniu totalmente o sono quando ele chamou:

– Celine!

A garota apareceu à porta do quarto com uma expressão surpresa no rosto:

– O que foi, meu amor?

Levantando-se de um salto, ele a envolveu nos braços com força, sentindo cada centímetro do próprio corpo se regozijar ao contato com o corpo de sua estrela. Confusa, ela falou:

– Erik, eu só estava com sede! Fui até a sala de jantar beber água.

– Eu sei – o Fantasma tratou de se recompor – Mas acordar e não ter você ao meu lado... Por um instante achei que havia tido o sonho mais belo de minha vida, e que ele havia acabado.

– Se isso é um sonho – a jovem o conduziu de volta para a cama – Então é um sonho maravilhoso, e eu vou matar quem tentar me acordar. – O corpo feminino deslizou contra o seu quando a moça se deitou.

Com um sorriso, o Fantasma a puxou mais para cima, para que seus rostos ficassem à mesma altura – ele amava aquele rosto como nunca amara nenhum outro. Ao ver os olhos castanhos se cravarem nos seus, felizes e brilhantes, sentiu-se inundado pela mais absoluta felicidade: até poucos meses atrás, sofria sozinho nas profundezas de seu refúgio, que se lhe assemelhava a uma prisão... Agora, era o homem mais feliz do mundo! Pela primeira vez sabia o que era o verdadeiro amor – bem diferente da obsessão doentia que um dia sentira por Christine.

Longos minutos se passaram antes que dissessem algo. Quem quebrou o silêncio foi Celine:

– Eu amo você, Erik.

– Não mais do que eu amo você, minha estrela. – E apoiando-se sobre o cotovelo – Vai querer voltar ao teatro hoje?

– Hoje não. Para todos os efeitos, estou me recuperando de uma horrível queda das escadas... Ninguém vai perguntar nada, se esperarmos mais um dia. – Com um sorriso, ela se aninhou novamente em seus braços – Posso tirar a máscara?

O Fantasma ainda não se acostumara ao respeito que sua estrela mostrava por seus sentimentos – sabendo como ele não gostava do próprio rosto, tinha o hábito de jamais tirar-lhe a peça sem pedir permissão; aquilo o enternecia profundamente. Com um assentimento, ele permitiu, mas não sentiu qualquer vergonha ou constrangimento quando sua deformidade foi revelada: o olhar de amor e admiração que recebia da esposa fazia com que se sentisse... Belo.

– Como pode gostar de ver isso, Celine?

– Eu amo você: isso significa que o amo como é – ela acariciou a pele marcada – para mim, você é maravilhoso. O seu rosto é maravilhoso.

– Acho que eu nunca vou entender isso, mas fico feliz por você pensar assim. – ele a beijou carinhosamente, deixando claro todo o amor que sentia por sua pequena esposa. Ali, só havia eles dois e sua arte, e isso era tudo o que podia pedir.

POV Celine

Seis meses se haviam passado desde que cometera os dois assassinatos. Neste período, a vida se havia tornado cada vez melhor para a artista: melhorando continuamente em seu trabalho, aos poucos ia conquistando espaço na montagem das peças, a ponto de já não saber exatamente qual era sua função – cenografia, figurino, maquiagem, direção... Acabava por fazer um pouco de tudo. Também fora convidada a participar da orquestra, tamanha a habilidade que desenvolvera com a flauta – dessa proposta ela declinara, não por falta de vontade, mas de tempo.

Com o tempo, ela fora totalmente incorporada à família do teatro: homens e mulheres de todas as idades e funções a tratavam com carinho e cuidado, preocupados com seu desaparecimento noturno. Por mais que ela fizesse para desencorajar e afastar os comentários, corriam de boca em boca rumores acerca de ela haver sido escolhida como companheira pelo Fantasma da Ópera. Era tão óbvio assim?!

Quanto a sua vida ao lado de Erik, bem... Como definir algo tão maravilhoso? Ela se sentia simplesmente fascinada por seu marido e pelo mundo de arte que ele lhe dera! Ao longo dos meses, tornara-se uma boa flautista, e dominara razoavelmente bem o piano; agora, começava a prender também a arte do violino, que nas mãos de seu Anjo parecia ter vida própria. Cada dia era uma nova descoberta, uma nova beleza que se revelava a seus olhos, um novo modo de ver – e se apaixonar por – aquele homem maravilhoso.

E havia mais uma pessoa a cuidar para que a vida da moça fosse perfeita: dois meses atrás, Meg deixara o teatro para se casar com Armand de Chagny, e agora aparecia esporadicamente para visitar a mãe e os amigos que a haviam visto crescer. Madame Giry compensara as saudades da filha voltando seus olhares cuidadosos para a artista, que acabara de completar dezenove anos; às vezes ela podia ser mesmo irritante em seus desvelos, mas Celine simplesmente sorria e dava de ombros, procurando sempre manter a gentileza com a mulher mais velha, adotando-a, aos poucos, como segunda mãe.

Naquela manhã, a figurinista se sentara com Madame Giry nos aposentos da coordenadora; enquanto aquela terminava o desenho do que deveria ser a próxima vestimenta de Andres – o principal tenor da Ópera – esta verificava o livro-caixa do teatro, num favor pessoal ao diretor Firmin. Estavam ali há pouco menos de uma hora quando, de repente, a mais moça se levantou abruptamente e foi até a janela: seu rosto empalidecera.

Preocupada, Antoinette se levantou e foi até sua protegida:

– Está tudo bem, Celine?

– Não tenho me sentido muito bem, ultimamente, Madame. – respirou fundo para controlar o mal-estar – Faz mais de uma semana que tenho tido esses malditos enjôos! Ontem não consegui manter o almoço no estômago.

– Sei... Como isso começou?

– De repente, e sem razão; no primeiro dia, achei que fosse apenas falta de sono, mas isso já faz dez dias! E as náuseas só pioram. – Aos poucos ela sentiu o sangue voltar a seu rosto, e seu estômago parou de se revirar – Tudo bem, já me sinto melhor.

Celine se virou para voltar à cadeira, e viu que Antoinette a fitava com um olhar de suspeita.

– O que foi, Madame Giry?

– Quando foi seu último ciclo?

– Perdão? – Ela não compreendeu a pergunta. Como assim, último ciclo?

– Por Deus, garota, às vezes me pergunto se estou falando com uma mulher! – Antoinette baixou a voz – Quando foi a última vez que lhe vieram suas regras?

Corando ao entender a pergunta, afinal, ela contou mentalmente: com tanto trabalho, não havia prestado muita atenção naquilo! Foi só então que, sentindo um choque percorrer seu corpo, deu-se conta de que seu ciclo estava quase um mês atrasado! O olhar que lançou para Madame Giry a fez rir:

– Celine, sua menina distraída! Você está grávida! – Giry abraçou sua protegida – Como não percebeu isso?

– Eu tenho trabalhado tanto! Acho que nem percebi que havia algo fora do normal! – Seu coração estava acelerado, e ela tentava assimilar a informação... Grávida?! Ela nunca havia considerado a hipótese, até agora.

Passado o primeiro momento de surpresa, ela acabou percebendo que gostava da idéia: grávida... Ela teria um filho com seu amado Fantasma! Ao seu lado, a mulher mais velha ria, genuinamente feliz:

– Espere só até Erik saber disso! Ah, eu daria tudo para estar presente quando ele souber que... – batidas na porta interromperam sua fala, e a voz do Fantasma se fez ouvir:

– Antoinette! Posso entrar?

Ignorando a expressão de choque no rosto da garota, Giry se levantou e abriu a porta para o amigo; ao ver seu marido entrar, Celine imaginou como iria contar aquilo a ele. Entretanto, Erik devia ter visto que sua expressão estava alterada, pois perguntou:

– O que houve, meu amor? Você está bem?

– Acho que... Acho que estou um pouco surpresa com algo que acabei de descobrir.

– E o que você acabou de descobrir? – ele lhe estendeu uma rosa vermelha, fazendo-a sorrir. Madame Giry interrompeu:

– Certo, isso é conversa de casal. Eu vou descer e levar este livro para Firmin.

Quando a porta se fechou atrás da senhora, Erik tornou a perguntar:

– e então? O que foi que você descobriu?

Só havia um jeito de contar aquilo para seu marido sem gaguejar: dizê-lo de uma vez!

– Eu estou grávida. Nós vamos ter um filho. – Ela soltou aquelas palavras de uma só vez, ainda sem conseguir assimilar totalmente sua veracidade. Ela seria mãe?! Se alguém lhe dissesse isso há um ano, riria em voz alta, e agora...

Se ela havia levado um susto com a informação, Erik parecia completamente atônito! Durante um momento sua expressão foi de confusão, para então passar a pura incredulidade, e então completa surpresa. Ajoelhando-se à frente de sua esposa – para que seus rostos ficassem mais ou menos à mesma altura – ele lhe segurou as mãos e repetiu:

– Grávida... – sua voz soava atônita – Isso é mesmo verdade? Nós vamos ter um filho?

A idéia começou a assumir tom de realidade para a jovem, enchendo-a de felicidade! À sua frente, o Fantasma abriu o sorriso mais luminoso que ela já vira e, segurando-a pelos ombros, ergueu-a para envolvê-la num abraço apertado. Retribuindo, ela sorriu e sussurrou:

– Vamos ter uma família, meu Anjo! – seus olhares se encontraram quando o casal se afastou um pouco – Eu ainda não consigo acreditar que é verdade.

– Eu consigo – ele desceu a mão até acariciar-lhe a barriga ainda lisa – De todas as coisas maravilhosas que nos aconteceram nesses meses, essa é a mais perfeita de todas! Celine, meu amor, você está grávida! Imagine só: uma família! – A alegria na voz e nos olhos do artista era muito maior do que ela já vira algum dia. Um novo abraço protetor a envolveu, e ela soube que seu amor lutava contra as lágrimas quando sua voz soou embargada – Meu Anjo, minha Estrela... Você me deu tudo! Uma nova vida, amor, uma razão... Não existem palavras para descrever o que você significa, para mim.

– E você, para mim – uma lágrima de felicidade escapou dos olhos da jovem. Ela entendia o que representava para Erik, pois ele lhe representava o mesmo: uma luz em meio à escuridão, um anjo que a salvara do inferno, um amor inacreditável que a fizera encontrar motivo pra viver... Para Celine, seu Anjo era o seu coração a bater em outro peito. Nunca, em sua vida anterior, havia pensado que poderia ser feliz. Seu Fantasma lhe dera a plenitude! Um lar, carinho, amor... E agora um filho! O filho dele, a crescer em seu corpo! A criança que os transformaria de casal em uma família. Parecia simplesmente bom demais para ser verdade.

Madame Giry bateu à porta poucos minutos depois, entrando em seguida. Tinha um sorriso delicado no rosto, e foi com profunda alegria que abraçou seu amigo de infância:

– Eu sabia que você, um dia, encontraria a felicidade. Você vai ser um pai maravilhoso. – O olhar dela parecia pedir desculpas por não ter sido essa a sua opinião quando do nascimento de Meg.

Ver o sorriso no rosto de seu marido aqueceu o coração de Celine, que recebeu com alegria as felicitações de Antoinette.

POV Erik

Naquela noite, em sua casa, Erik e Celine se sentaram juntos ao piano. Em êxtase com a idéia da paternidade, ele a acariciara, beijara e cantara para ela, que compartilhava de sua euforia, retribuindo cada agrado. O Fantasma mal pudera conter as lágrimas: depois de anos no escuro, sozinho, abandonado por todos, ele de repente descobrira o amor, a felicidade e, agora, teria uma família.

A princípio, tivera medo de não ser um bom pai: ele nunca tivera uma família... Não teria um modelo no qual se basear, mas baniu esses pensamentos sem demora: ele seria o melhor dos pais, pelo simples motivo de que já amava o seu filho, ou filha. Ele seria o melhor que pudesse, por sua estrela e pela criança que crescia em seu ventre. Uma idéia, porém, o incomodava profundamente; ele não a externara, até que sua amada lhe perguntou:

– O que o preocupa?

– Quem disse que algo me preocupa? – ele tentou esconder a preocupação com um sorriso, mas ela não se deixou enganar:

– Ah, Erik! Eu conheço você! – ela puxou a mão dele para seu ventre – o que poderia preocupá-lo, numa hora dessas? Nós vamos ter um bebê!

– É com ele, ou ela, que me preocupo, minha amada...

– Você está preocupado que o bebê nasça com o rosto deformado, não é? – o Fantasma apenas assentiu, acariciando o ventre de Celine – Eu também pensei nisso, meu Anjo. Mas não me preocuparia: Meg não tem qualquer problema, e não acho que nosso bebê terá. Mas, se o tiver...

– Nós o ensinaremos a amar a si mesmo, e a se proteger contra a maldade das pessoas, do mesmo modo como o faremos se nascer com um rosto normal. – Ele completou. Já amava aquele pequeno ser de todo o seu coração, mesmo sem saber como ele – ou ela – seria. A paternidade lhe parecia maravilhosa, mas se tornava ainda mais especial porque seria o filho dele e de Celine! O filho da mulher a quem amava tão loucamente!

Por longas horas eles desfrutaram da companhia um do outro no quarto branco – como Celine passara a chamar os aposentos que Erik fizera para ela – em meio ao som de flauta, violino e harpa. Não falaram muito, pois palavras não poderiam expressar a alegria que sentiam: apenas a música que tocavam, revezando-se, era capaz de externar o que havia em seus corações!

 



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