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História Our Strange Duet - Our Strange Duet


Escrita por: ElvishSong

Capítulo 22 - Our Strange Duet


POV Celine

A figurinista se debruçou sobre a bancada de trabalho, arrematando o delicado bordado do traje em suas mãos. Guardando a agulha, devolveu a peça à costureira que nela trabalhava, com o erro consertado. Agora, Celine era uma das figurinistas-chefes, e era seu dever inspecionar a confecção das vestes que seriam usadas pelos atores e cantores. Fora, sem dúvida, um enorme progresso!

Sentando-se novamente no banco sob a escadaria – sim, às vezes o teatro era um pouco apertado – retomou o próprio trabalho de fazer os últimos ajustes na roupagem de Bruna. Mal havia acabado de marcar a barra com alfinetes, um estrondo alto se fez ouvir, acompanhado de labaredas azuis a irromper do chão, apagando-se no momento seguinte. Fumaça azul se espalhou pelo aposento, enquanto as costureiras saíam às pressas dali, soltando gritinhos assustados.

Trincando os dentes, Celine apenas começou a contar de trás para frente, tentando manter a calma:

– Dez... Nove... Oito...

– O que foi isso?! – interrompeu a soprano – Não parece coisa do Fantasma! – Erik desenvolvera o hábito de pregar pequenas peças para manifestar seu descontentamento com algo mal-feito ou ações escusas no teatro.

– E não é. – Respondeu a figurinista, brava – É bem pior que isso: são os filhos dele! – ela começou a subir a escadaria sob a qual estava sentada até há pouco – René! Melody! De castigo, os dois! Já para casa! Acertaremos as contas quando eu chegar! – Teria uma conversa com o Fantasma, também: desde quando ele permitia aos pequenos que mexessem no material de pirotecnia?!

Ela pôde ouvir as risadas dos gêmeos enquanto corriam para se enfiar em uma das inúmeras passagens secretas da Ópera. Internamente, porém, ela sorria: era impossível ficar realmente zangada com as travessuras de seus filhos. Voltando para o piso inferior, saiu para o corredor para acalmar as costureiras e reconduzi-las à sala. Ao voltar ao próprio trabalho, ouviu a voz da amiga:

– Ouvi Melody cantar, outro dia, e fiquei pasma! – declarou a soprano, tirando o traje com alfinetes e recolocando as roupas normais – Ela só tem sete anos! Que voz não terá aos quinze, dezesseis?

– Eles são muito dedicados, e têm talento. – a mãe mal conseguia conter o orgulho que sentia de seus pequenos gênios das artes – Que eles não me ouçam, mas nunca, nem em meus maiores sonhos, imaginei que seriam tão... Perfeitos. Até mesmo suas travessuras me encantam!

Bruna riu, o que fez as costureiras levantarem os olhos de seu trabalho. Com um gesto que pedia desculpas, as duas mulheres encerraram a conversa enquanto cada uma seguia para um lado, a fim de cumprir suas próprias tarefas.

*

– Muito bem – começou Celine, de braços cruzados – Estou esperando uma boa explicação. Por que jogaram uma cortina de fumaça bem no meio das costureiras?

– Porque seria engraçado – respondeu o menino de cabelos negros e olhos escuros, esforçando-se para conter o riso.

– Engraçado?! Quem deu ordem a vocês para mexerem no material de pirotecnia? Vocês sabem que é perigoso!

– Você nunca nos proibiu, mamãe – Argumentou Melody. E era verdade; embora sempre alertasse os pequenos quanto aos perigos de mexer com fogo, ela nunca fizera qualquer proibição explícita. Droga! Por que a menina tinha que ser tão boa para argumentar?

– Bem, estou proibindo agora. Se quiserem usar as cortinas de fumaça, a pólvora ou qualquer coisa que envolva fogo, terão de estar acompanhados por mim ou por seu pai. Entenderam? E nada de ficar por aí assustando as pessoas: isso não tem graça! O que fizeram hoje podia ter causado um acidente grave.

Anuindo, os gêmeos falaram em uníssono:

– Desculpe, mamãe.

Meneando a cabeça, ela sorriu e abraçou os filhos: como os amava!

– Está tudo bem, meus amores. Apenas não repitam isso. – e soltando-os de seu abraço – já jantaram?

– Eu os fiz jantar, querida – a voz de Erik soou bem atrás dela, enquanto os braços fortes a envolviam e um beijo terno era depositado em seu rosto.

– Obrigada, meu amor – ela se voltou para as crianças – Muito bem; se já jantaram, vão tomar um banho: têm de dormir cedo hoje. Lembrem-se que, amanhã cedo, Meg e Christine virão buscá-los para passar o final de semana com elas.

As crianças soltaram gritinhos de alegria, e saíram correndo para o banheiro. Esqueceram-se de pegar as roupas, como sempre... Tudo bem, ela as levaria daqui a pouco. Passando os braços pelo pescoço de seu marido – sempre se encantava ao pensar ser casada com aquele homem! – beijou-o apaixonadamente. Amava-o tanto!

– Eu já lhe disse o quanto sou afortunado por ter você como esposa? – A voz grave sussurrou ao seu ouvido – Você me fez ver as coisas de outro jeito. Você me ensinou o significado de amor, tirou-me do Inferno e conduziu-me ao Paraíso. Você é meu Anjo, minha estrela, a razão de minha vida.

– Shh – ela pôs o indicador sobre seus lábios – você fala demais. – e voltou a beijá-lo, dizendo com aquele beijo o que mil palavras não poderiam dizer.

POV Erik

Na manhã seguinte, ele vestiu e penteou as crianças, enquanto Celine arrumava as coisas que os gêmeos deviam levar para a casa dos De Chagny. Quem diria... O Fantasma da Ópera, antes assassino e terror do teatro, era hoje um pai zeloso. Em outros tempos, ele teria considerado a idéia absurda e patética. Hoje, era apenas maravilhosa: seus filhos eram seu orgulho e sua felicidade!

Mais tarde, já na Ópera, à espera das mulheres De Chagny, Erik entretinha os filhos com novos truques de mágica: era delicioso ver os olhares de espanto e alegria dos gêmeos ante as luzes coloridas, flores que surgiam e desapareciam e coisas que se tornavam outras. Ele pretendia ensinar-lhes tudo aquilo, à medida que crescessem. Vez ou outra, Celine interrompia o truque com outro, mudando completamente o desfecho; como ele amava sua mulher!

Foi cerca de vinte minutos depois que uma voz conhecida, há semanas não ouvida, se fez ouvir:

– Ora, afinal revejo o maior músico que já conheci! – aquela voz pertencia, sem sombra de dúvida, a Phillip. O rapaz adentrou o vestíbulo do teatro com um sorriso no rosto; com elegância, beijou as mãos de Celine e Melody, antes de dar um abraço esmagador em seu professor.

– Resolveu nos visitar, afinal? – Perguntou Erik – Eu sou o Fantasma, e você é quem desaparece por semanas!

– O internato tira a liberdade de qualquer um – respondeu o moço, hoje com quinze anos – Mas as férias existem para nos dar esperanças de sobreviver a isso tudo.

Meg e Christine entraram pouco depois, cumprimentando o casal de artistas e abraçando os pequenos. Quando as damas se reuniram, o Fantasma encontrou a oportunidade para o que vinha pretendendo: voltar para a Casa do Lago, a fim de preparar a pequena surpresa que tinha para sua estrela.

– Bem, senhoras, eu preciso me retirar. Phillip, você sabe que é bem-vindo a qualquer momento, tanto no teatro quanto em minha casa.

– Eu sei, professor. Não pense que conseguiu se livrar de mim apenas porque estou estudando em Lyon: terá de me aturar aqui, durante as férias.

Com um sorriso, o Anjo da Música se despediu das crianças, sussurrando-lhes:

– Comportem-se na casa de seus padrinhos: nada de armadilhas, surpresas ou brincadeiras perigosas. – e baixou ainda mais o tom de voz, para que apenas os gêmeos pudessem ouvir – amo vocês, crianças.

Os pequenos, por sua vez, não se preocuparam em baixar o tom de voz para responder:

– Também amamos você, papai.

Soltando os filhos de seu abraço, ele cumprimentou os demais com um aceno de cabeça antes de enveredar pelos caminhos do tetro... Havia muito o que fazer, a fim deixar tudo pronto para aquela noite: pretendia dar a Celine o presente que vinha fazendo desde antes de seu casamento.

POV Celine

Após ver a carruagem dos De Chagny desaparecer nas ruas de Paris, Celine voltou para dentro da construção; o que Erik estava tramando? Conhecia seu marido, e sabia que ele armava alguma coisa... Mas o quê?

Era sua semana de folga, mas, uma vez que já estava ali, não custava nada ir dar uma olhada nos figurinos que já estavam prontos; apenas para se certificar de não haver fios mal arrematados, bordados tortos ou barras por fazer. Ela já tinha trabalho o bastante maquiando os atores, sem precisar fazer ajustes e consertos de última hora nas roupas.

Entrando na sala onde ficavam guardados os figurinos a ser usados, ia seguir até um dos cabideiros quando seus olhos pousaram na cadeira onde costumava se sentar para trabalhar: ali estava um vestido belíssimo – azul e negro, cintilante, sem alças, de espartilho com fendas laterais e saia rodada sem armação – junto com um par de luvas negras. Sobre as peças, uma carta lacrada com cera vermelha, e uma rosa vermelha adornada por fita de cetim negro. Ah, Erik! O que ele pretendia?

Seus dedos delicados abriram a carta, e ela leu seu conteúdo:

Meu amor:

Espero que tenha gostado do pequeno presente que lhe dei. Espero por você em nossa casa, hoje à noite.

Com todo o meu amor

Erik

PS – gostaria muito de vê-la com o novo vestido, esta noite

Franzindo as sobrancelhas, curiosa, a mulher segurou a peça nas mãos, maravilhada com a beleza do tecido. Onde Erik arranjara aquilo?! Ela deixou o vestido na cadeira e releu o bilhete; basicamente, ele lhe pedia para ficar na Ópera até a noite, dando-lhe tempo de preparar sabia-se lá o quê. Muito bem. Estranho, sem dúvida, mas seu marido não era um homem comum.

Conformada – embora terrivelmente curiosa – Celine juntou seus presentes, envolveu-os em um tecido branco de algodão e foi atrás de Madame Giry: se ia ficar pelo teatro, então ficaria em boa companhia.

*

Fazia muito tempo que ela não via a casa daquele jeito – para ser exata, cerca de sete anos. A iluminação era fraca, feita por umas poucas velas distantes entre si, mas deixava ver que as coisas das crianças haviam sido tiradas da Sala do Órgão, abrindo um espaço vazio. Havia um perfume intenso no ar – algum aroma indiano – e uma harpa tocando baixinho ao fundo.

Curiosa, ela procurou por seu marido com os olhos, em meio às sombras; mas foi atrás de si que, afinal, sentiu aquela presença amada. Ia se virar para fitá-lo, mas Erik não permitiu: segurou-a pelos ombros, mantendo-a virada de costas para si, e então a mulher sentiu uma venda ser delicadamente posta sobre seus olhos.

– Erik? – perguntou ela, sentindo seu coração acelerado – O que está fazendo?

– Confie em mim – sussurrou a voz suave, enquanto uma mão forte tomava a sua e a outra deslizava até sua cintura. Ela se deixou conduzir através da Casa do Lago, reconhecendo o caminho para o órgão de foles. As mãos de seu Anjo a fizeram sentar, mas não tiraram a venda de seus olhos; ele se sentou ao seu lado – Agora, apenas ouça.

Sons maravilhosos preencheram o ar, vibrando, dançando, girando à sua volta, penetrando profundamente em seu coração. Ao seu lado, a voz de Erik acompanhou a melodia, cantando uma história que ela conhecia bem: a história deles.

Nota após nota, o Fantasma cantou tudo o que sentira – e sentia – por ela: o modo como se vira tocado pela menina que morria na neve, a confusão experimentada quando ela lhe segurara a mão pela primeira vez, o conflito de emoções ao perceber que se apaixonava por uma garota a quem mal conhecia... O medo de perdê-la, quando de sua primeira – e única – briga... A alegria de tê-la nos braços ao salvá-la, naquela noite... O orgulho de conduzi-la ao baile de máscaras... O êxtase da primeira noite de amor... As sensações quase indescritíveis de seu casamento secreto... Estava tudo lá! De uma só vez, o seu retraído Erik lhe dizia tudo o que já pensara e sentira por ela. Ele a presenteava com a única coisa que – até aquela noite – havia sido apenas dele: seus pensamentos e emoções.

Com lágrimas de emoção escorrendo dos olhos vendados, ela levou as mãos trêmulas ao teclado: conhecia bem aquela canção! Embora jamais a houvesse escutado, ela soava dentro de sua mente e coração! Mesmo sem ver as teclas, sabia o som que cada movimento produziria, e foi assim que juntou sua própria canção à de seu amor, sua própria voz contando a ele de suas emoções a cada momento: como pensara ser ele um anjo, ao ser resgatada... Como se apaixonara por ele desde o primeiro momento em que o vira... A alegria que sentia a cada dia, quando despertava e fitava aqueles olhos verdes sorrindo-lhe de volta.

A venda caiu de seus olhos quando as mãos masculinas a desataram. Erik colocara o órgão no modo automático – mais uma de suas invenções – para que a música continuasse soando, e tomou-lhe o rosto entre as mãos. O beijo que trocaram falou por ambos tudo aquilo que as palavras não poderiam dizer. Levantando-se, dançaram juntos como naquela noite, tantos anos atrás, em seu primeiro baile.

Envolta pelo braços de seu amor – mais ainda: sua alma gêmea – Celine fitou aquele olhar esverdeado ao qual tanto amava, e sussurrou:

– Cante comigo, meu amor: cante comigo Nosso Estranho Dueto... – cercados pelas sombras e luzes das velas bruxuleantes, eles sabiam muito bem como era o Paraíso: já estavam lá. E sempre estariam, enquanto tivessem um ao outro. Para sempre.


Notas Finais


Boooom, estamos na reta final! Espero que estejam gostando, minhas lindas, porque o próximo é o epílogo!
beijos!


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