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História Our Strange Duet - Sentimentos


Escrita por: ElvishSong

Notas do Autor


Oláááá! Cá estou eu, com mais um capítulo! Tomara que continuem gostando!
kisses!

Capítulo 5 - Sentimentos


Fanfic / Fanfiction Our Strange Duet - Sentimentos

POV Erik

Erik se sentou ao banco do piano, no Santuário, sacudindo a cabeça, arfante: o que acontecera consigo?! Ele passara muito perto de beijar Celine! O que fora aquilo?!

Confuso e com o coração aos saltos, o Fantasma se ajoelhou diante da escultura de Christine: aquele Santuário era inteiramente dedicado à memória daquela que trouxera beleza inefável à sua Música da Noite, antes de abandoná-lo por um amor ao Sol. Em meio a desenhos da jovem sob vários ângulos - em vários figurinos e papéis –, esculturas de seu rosto e dezenas de vestidos e trajes que ela usara, havia o leito que ele um dia fizera para ela: em forma de barco com cabeça de cisne, forrado de veludo vermelho. Era ali que ele dormia desde que salvara Celine.

Celine... A mente do homem fervia com emoções desencontradas, seu coração batendo descompassado. Fitando o rosto de mármore da mulher a quem amara mais do que à própria vida, ele perguntou:

– Christine... O que é isso? Por que sinto-me assim em relação a essa mulher, tão parecida e tão diferente de você? Eu mal a conheço, mas sinto algo que não consigo descrever! Quase a beijei, ainda que mal tenha lhe dirigido algumas palavras... E quando ela me tocou... Você jamais me tocou daquele modo, tão sem medo, tão confiante. Eu era seu Anjo, e você me temia... Para ela, eu sou um estranho, e ainda assim Celine não parece ter medo. – Ele enterrou o rosto nas mãos – Isso é ridículo, Christine! Quando você partiu, achei que minha vida não teria mais razão de ser... E assim foi pelos últimos três anos. Mas desde que ela chegou... A música voltou à minha mente! Meu coração se agita outra vez, e meus dedos pedem para dançar sobre um instrumento! Meu coração se agita, e minha voz pede para se elevar outra vez!

Ele se levantou bruscamente, imerso em raiva e fascínio, confuso e maravilhado. Ofegante, ele se encostou contra a parede, fitando um dos tantos desenhos que fizera de seu Anjo: ainda amava Christine intensamente, o bastante para seu coração doer ao fitar o desenho, mas algo havia mudado...

Ao correr os olhos pela imagem, ele quase podia ver o rosto de Celine sobrepondo-se à gravura; e o rosto dela parecia muito mais bonito, não pelos traços, similares aos da mulher retratada, mas pelos olhos: mais escuros, mais intensos, mais brilhantes. O olhar de sua hóspede não era deslumbrado e assustado, como o de seu Anjo, mas curioso, firme e penetrante; um olhar vibrante, forte e poderoso, que parecia enfeitiçá-lo e perscrutar sua mente e seu coração.

Virando o rosto para fugir daqueles pensamentos, ele se aproximou novamente da estátua de Christine e, tocando o rosto de pedra, falou:

– Perdoe-me por isso, meu Anjo, mas... Mas eu acho que estou me apaixonando por esta garota.

POV Celine

Dez dias se haviam passado desde que fora salva por Erik. Pouco a pouco, Celine recobrara as forças e suas feridas se fecharam. Seu rosto desinchara, e os dois cortes inflamados se haviam tornado arranhões vermelhos e ligeiramente saltados na pele da bochecha. Os hematomas haviam clareado, e alguns, sumido. A única coisa que ainda a incomodava, mas não mais a ponto de haver necessidade do ópio, eram as costelas fraturadas.

Ela não havia gostado de parar de tomar ópio, uma vez que, depois que o dispensara, seus pesadelos dos tempos de prisioneira haviam retornado com força total: já por três vezes ela fora acordada por Erik de um desses sonhos onde estava de volta ao circo, sendo espancada e humilhada, seu rosto desfigurado por ácido que escorria para seu colo e mãos, queimando e corroendo a pele. Nessas três vezes, de tão apavorada, ela fizera algo totalmente contra sua natureza: agarrara-se ao mascarado com toda a sua força, trêmula e muda de terror, enterrando o rosto no peito do homem. Ele, doce e gentil, apenas aguardava que ela se acalmasse, abraçando-a com firmeza e afagando-lhe os cabelos. E da última vez, quando o terror fora tão grande que ela levara algum tempo até voltar à realidade, ele não havia ido embora: ao contrário, sentara-se no leito e, puxando-a contra si, fizera-a adormecer deitada em seu colo. Impróprio, com certeza, mas maravilhoso.

Ao acordar, poucos minutos atrás, a jovem não encontrara Erik no quarto: seu rosto se apoiava não num ombro forte, mas num travesseiro macio com o perfume do mascarado.

“Mascarado não – pensou ela – Fantasma”.

Meg lhe havia contado a triste história de Erik, desde quando ele fora vendido pela mãe aos ciganos até a morte em vida que o havia acometido após ser abandonado por Christine. Suas únicas companhias haviam sido, depois disso, Antoinette e Meg, ainda que Erik se esforçasse por mantê-las afastadas.

Celine, por sua vez, contara a Meg – e sabia que o Fantasma havia escutado – que sua mãe era irmã bastarda do Sr. Daae, pai de Christine. Ela própria havia vivido com a mãe viúva no Opera Populaire, onde esta trabalhava como costureira e maquiadora. Quando Celine tinha oito anos, sua mãe se casou novamente com um padeiro, que pouco se importava com a presença da enteada, a não ser para ordenar à garota que mantivesse o fogo do forno sempre aceso. De tanto manusear um machado e carregar lenha para lá e para cá, a garota se tornara bem mais forte do que as crianças de mesma idade, e isso se manteve com o passar dos anos. Com a morte de sua mãe, quatro anos atrás, Celine passara a temer o padrasto, que parecia cada vez mais interessado nela; um dia, ao surpreendê-la no porão da padaria, ele tentara violá-la. Mas a moça não era frágil ou vulnerável e, com a força que desenvolvera no trabalho contínuo com a lenha, golpeara seu atacante com a pá de cinzas, fazendo-o desmaiar. Assustada, trancara-se no quarto por dias, até que, um dia, a porta foi arrombada, e sua vida mudou: seu padrasto a vendera aos saltimbancos. Não houve luta ou lágrimas que demovessem os três homens que vieram buscá-la! Eles a arrastaram para o circo, e a convenceram a cooperar com a seguinte ameaça: se tentasse fugir, ou tirasse a maquiagem desfigurante, eles a deformariam com ácido. Depois disso, ela desistira de lutar, a não ser quando entravam sua jaula. Porém, esta era uma luta desejada pelos saltimbancos, uma vez que tornava o espetáculo mais real. E fora esta a vida de Celine, até o dia em que estrangulara seu vigia e fugira, sendo salva da morte pelo Fantasma.

Meg se surpreendera ao saber que Celine era prima-irmã de Christine, o que explicava a semelhança entre as duas. É claro que aquela não estava nem perto de ser tão franzina quanto Christine. Ao contrário, era alta e bem desenvolvida, com um corpo de formas generosas, a despeito da magreza causada por três anos de sofrimento e privações. A despeito de seu grau de parentesco, as garotas Daae jamais haviam sido próximas, e saber da frieza de Christine, que simplesmente humilhara e abandonara quem cuidara dela por toda uma vida, apenas fez com que Celine desprezasse a prima.

Estava assim, perdida em devaneios, compadecida do cruel destino que Erik tivera, quando algo interrompeu o fluxo dos pensamentos de Celine: música! Notas harmoniosas e, no entanto furiosas, que reproduziam a melodia mais intensa que já ouvira. Uma música carregada de paixão, de raiva, de tristeza... Sentimentos conflitantes se misturavam às notas, que pareciam contar uma história de dor pontilhada por esperança. Uma história com a qual ela mesma se identificava. Erik: somente ele poderia produzir algo tão intenso e complexo. Ela não imaginava que algum outro ser humano pudesse ter uma alma tão complexa.

Levantando-se da cama com cuidado, para não interromper o Fantasma com uma queda, ela ajeitou a camisola longa em seu corpo e, passo a passo, caminhou para fora do quarto. Erik já a havia levado em um pequeno passeio pela casa, mas era a primeira vez que andava sem apoio: era bom retomar o controle sobre seu corpo.

Passando pela cortina vermelha, ela se viu no amplo salão principal, todo iluminado com velas e adornado em tons de negro, vermelho e dourado, com estátuas, instrumentos, quadros. Era um belo ateliê, de uma organização intencionalmente desarrumada. Como tudo o que ela já descobrira a respeito de Erik, parecia contraditório, mas era exatamente isso que lhe dava aquela beleza peculiar. E no ponto mais alto da sala, sobre uma espécie de palco em degraus, estava o homem, sentado ao piano. Suas mãos se moviam velozmente por sobre as teclas brancas e pretas, produzindo os sons intensos que chegavam aos ouvidos da mulher. Seu rosto, ou o que dele estava à mostra, tinha uma expressão carregada, intensa, mistura de sofrimento e êxtase.

Movida por uma atração incontrolável, Celine se aproximou com passos silenciosos, fazendo o possível para não despertar Erik de seu transe criativo. Chegando cada vez mais perto, ela só parou quando estava à distância de um palmo dele. Nesse momento, uma chave complexa de notas pareceu encerrar a composição, e o músico se virou para ela, parte surpreso, parte satisfeito. Seu olhar era tão intenso e brilhante quanto sempre, mas parecia imensamente aliviado. Ela sentiu aqueles olhos verdes nos seus, e um arrepio percorreu-lhe o corpo: sabia que havia algo de anormal no modo como eles, dois completos estranhos, eram atraídos um pelo outro, mas era um magnetismo intenso demais para que ela pudesse ignorar. Com um sorriso, ela deslizou a mão pelo teclado, e falou:

– Foi a música mais bela que já ouvi. Como aprendeu a tocar assim?

– Não sei. Com tentativas e erros, um dia eu simplesmente sabia reproduzir qualquer música que quisesse.

– Eu gostaria de saber tocar assim. – Comentou a garota. Como resposta, Erik se afastou para um lado do banco, e disse:

– Eu posso ensinar.

Com um sorriso, ela se sentou ao lado do pianista, sentindo o calor do corpo dele tão próximo ao seu. Ele lhe segurou os pulsos, posicionando-lhe as mãos sobre as notas. Com paciência, mostrou-lhe uma curta seqüência de notas, que ela repetiu sem problemas. Ele repetiu a seqüência, adicionando mais algumas notas. Novamente, ela repetiu os movimentos sem perder o ritmo de uma única nota. Aquilo se repetiu várias vezes, o Fantasma aumentando gradativamente a dificuldade das escalas; Celine o acompanhava sem dificuldades, encantando o homem cada vez mais.

Assim, quando a tarde findou, Celine já era capaz de tocar sozinha a música que lhe fora ensinada por Erik. Este, por sua vez, sentia seu fascínio pela moça aumentar exponencialmente: ela tinha a música dentro de si! E isso ficou ainda mais claro quando, ao tocar a melodia sozinha, ela começou a acompanhar as notas com um cantarolar suave: tinha uma voz suave e sonora, cristalina e pura como gotas de chuva. Uma voz que, com sua beleza, penetrou o coração partido de Erik, fazendo-o bater novamente.

Quando o piano e a voz silenciaram, Celine se voltou para seu professor: tinha um sorriso nos lábios, assim como ele.

– Nada mau – sussurrou ele, tomando-lhe as mãos nas suas – imagino o que estas mãos não poderão fazer, quando estiverem melhor treinadas. – Ele estendeu a mão dela sobre a sua, comparando os tamanhos: a dela era tão pequena, que ele quase podia fechar os dedos por sobre os da menina. E ainda assim, ela manipulara o piano com uma habilidade inesperada. Um talento raro, com certeza.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. Os olhos de Erik subiram das mãos para o rosto de Celine, fitando longamente os lábios rosados. Sabendo o que iria acontecer, ela olhou para o lado e desconversou:

– Sabe... Eu me lembro deste lugar.

– Como poderia, Celine? – Perguntou aquela voz sedutora que ela, aos poucos, aprendia a amar. – Eu nunca permiti que outra pessoa, além de meu anjo, viesse a este lugar, antes de encontrar você.

– permitiu, sim. – Respondeu ela, levantando-se e caminhando pelo ateliê, reconhecendo o ambiente familiar – Mas não creio que se lembre.

– Que eu me lembre do quê? – Perguntou o mascarado, levantando-se e indo atrás dela com passos lentos.

– De uma menina; de uma criança que se perdeu nos corredores secretos da Ópera, há doze anos.


Notas Finais


Então, é isso! Alguém esperava que eles já se conhecessem? huahuahuahuahua! Logo, logo, posto o próximo capítulo.
kisses!


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