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História Our Strange Duet - De volta à superfície


Escrita por: ElvishSong

Notas do Autor


Oi! Sim, eu sumi, mas a faculdade não me deixa muita saída... Espero que continuem gostando, flores!

Capítulo 7 - De volta à superfície


Fanfic / Fanfiction Our Strange Duet - De volta à superfície

POV Celine

Uma semana depois do beijo entre ela e Erik – semana durante a qual se havia entretido com livros, desenhos e aulas de música – Celine e Madame Giry haviam decidido que já era hora de a jovem voltar ao convívio com outras pessoas. Depois de três anos sendo humilhada publicamente, ela tinha medo de pessoas, e não seria no isolamento da Casa do Lago que perderia este medo.

Estava tudo decidido: Antoinette a levaria ao teatro para trabalhar como auxiliar de figurino e maquiagem, uma vez que as habilidades da jovem com costura e desenho eram notáveis; com o tempo, ela poderia passar a produtora de figurinos, maquiadora ou cenógrafa, mas isso levaria algum tempo. A moça ficaria no alojamento das bailarinas mais velhas, cujas idades eram próximas à dela.

O único insatisfeito com o arranjo era Erik. O Fantasma se havia acostumado à presença da mulher em sua casa, e não queria voltar à velha solidão. Por mais que soubesse ser necessário à moça retornar ao convívio social, não poderia deixar de sentir falta daquela voz agradável, das palavras sensatas, da risada gentil; e ele deixara aquilo bem claro para ela.

Com pena do Fantasma, Celine lhe prometera retornar à Casa do Lago sempre que possível, e assim o faria. Jamais quebrara uma promessa, e não começaria a fazê-lo agora; mesmo porque ela também sentiria falta da presença constante de Erik, com sua capa negra farfalhando e sua voz sonora ecoando pela Casa do Lago.

Trajando um vestido simples, dado a ela por Madame Giry, a garota reuniu seus poucos pertences: algumas camisolas, duas ou três mudas de roupa, escova de cabelos... A flauta que Erik lhe dera, ao perceber que, se a jovem tinha um grande talento para o piano, era um verdadeiro gênio com a flauta. Ela não tinha como agradecer ao Fantasma por aquele presente, nem a Madame Giry e Meg por tanto cuidado e dedicação.

Quando Celine terminou de guardar suas coisas numa bolsinha dada a ela por Meg, Erik guiou as três mulheres de volta à Ópera Populaire, usando um caminho que não passava pelo lago. Para a adolescente morena, aquelas passagens eram algo empolgante e maravilhoso, e ela jurou a si mesma que, um dia, as conheceria tão bem quanto o Fantasma da Ópera. Meg, por sua vez, encolhia-se para fugir das teias de aranha, e mal sufocou um grito quando um rato passou correndo à sua frente. Pobre Meg... Tão medrosa!

Após serem deixadas por seu lacônico acompanhante bem à entrada do teatro, as três agiram conforme o combinado: Antoinette apresentou Celine aos diretores do teatro e, sem grandes discussões, conseguiu que a moça fosse incorporada à vida nos bastidores. As bailarinas acolheram a recém-chegada com entusiasmo – entusiasmo excessivo, na opinião desta, que teve de lutar contra a vontade de sair correndo ao ser abraçada por cada uma das seis jovens que compartilhavam aquele dormitório – e lhe mostraram qual seria seu leito: era uma cama simples, como as demais, mas macia e quente. Para quem dormira no chão por três anos, era deliciosa.

Após quase meia hora de conversas, perguntas acerca de sua história – das quais Celine se esquivava – e apresentações, a menina estava a ponto de cair no choro. Era uma pressão psicológica grande demais para quem, nos últimos anos, só recebera insultos e agressões. Madame Giry percebeu o medo da garota, e mandou as bailarinas saírem e voltarem aos ensaios.

Uma vez sozinha com Madame Giry no alojamento, Celine murmurou:

– Obrigada.

– Não há de quê. Eu vi que você estava à beira de uma crise de nervos.

– Estava, mesmo. – Ela acabou de guardar suas coisas na cômoda ao lado de sua cama – Bem, vamos lá?

– Acha que está preparada? Você pode começar amanhã.

– Não vou estar menos assustada amanhã. Tenho de começar, então, prefiro fazer isso o mais cedo possível.

– Muito bem – Antoinette passou o braço pelos ombros de Celine – Vamos começar?

As duas mulheres deixaram o alojamento: era hora de apresentar a adolescente às pessoas que, agora, seriam não apenas suas colegas de trabalho, mas também sua família.

*

Dois meses se passaram: com a ajuda de Meg e madame Giry, Celine conseguiu, aos poucos, superar sua fobia em relação à proximidade com outras pessoas. Não que lhe fosse algo agradável, mas, ao menos, ela já conseguia ficar num ambiente lotado sem ter ataques de pânico. E isso a ajudara com seu trabalho: conseguindo ficar em meio à agitação e superlotação dos bastidores, ela pudera ver – e trabalhar em – técnicas de figurino, maquiagem, ilusões de ótica. Não tardara para que ela própria aprendesse muito de tudo o que via; o que lhe faltava em experiência era compensado por seu senso estético.

Mas sua vida não se resumira ao trabalho no teatro: pelo menos a cada duas noites, ela descia até a Casa do Lago para se reunir a Erik, com quem aprendia cada vez mais sobre o maravilhoso mundo de beleza e arte que era a Ópera. Não aprendia apenas a cantar – como Christine fizera – mas também a tocar instrumentos diversos, pintar, esculpir e desenhar. E nos dias em que estava cansada demais para descer até o Fantasma, ele vinha até ela durante o dia.

A relação entre os dois se havia tornado mais estreita, embora nenhum outro beijo houvesse ocorrido; por duas ou três vezes ele a levara consigo até o camarote cinco – desde o incêndio mantido vazio – para assistir às apresentações de cuja produção ela mesma participara. Nessas noites ela envergava seu melhor vestido – de seda azul, que ganhara de Violette, uma das bailarinas mais velhas – arrumava os cabelos e, com os truques de maquiagem que aprendera, escondia as duas grandes cicatrizes que lhe marcavam o lado esquerdo do rosto. Erik lhe dissera ser tolice esconder as cicatrizes, que em nada lhe reduziam a beleza, mas ela se sentia melhor quando não havia máculas visíveis em sua pele. E, naquelas noites, ela era uma princesa.

Embora suas cicatrizes a desgostassem, elas não pareciam desagradar aos homens: desde os meninos adolescentes até os homens de quarenta anos, todos eles viravam a cabeça para observá-la, quando passava, e ela já recebera algumas propostas que não lhe interessaram. Por sorte, seus modos rígidos e frios mantinham a maior parte dos pretendentes afastada, exceto um: o Barão Louis de Toulouse, um dos milionários patrocinadores do teatro – embora nem de longe tão rico quanto o Visconde de Chagny, marido de Christine – parecia totalmente fascinado pela jovem. Desde que a conhecera, há três semanas, conseguira várias ocasiões para ficar a sós com ela, que se mantinha o mais longe possível do nobre.

Era pensando em tudo isso que, naquele dia, Celine encerrava seu trabalho: acabara de decorar cerca de sete ou oito peças de vestuário que seriam usadas na próxima apresentação de ballet, e agora pretendia descer para a Casa do Lago. Pendurando os trajes nos cabides, e estes na armação de metal, pôs-se a guardar linhas, tintas, agulhas e apliques; terminava o trabalho quando ouviu a porta da sala ranger. Sem se virar, escondeu a tesoura por dentro da calça que vestia, seus instintos alertando-a para um possível perigo.

– O que faz aqui, tão sozinha? – perguntou a voz do Barão de Toulouse.

Virando-se para ele, a artista o mirou com desprezo no olhar: o barão não era um homem que lhe despertasse a atenção. Embora fosse jovem e bonito, com cabelos claros e olhos azuis, elegante e bem vestido, a moça o achava tolo, mimado e superficial. Mais um dos tantos garotos mimados que, em outros tempos, teriam rido de sua humilhação no circo. Erguendo o queixo, ousada, ela respondeu:

– Trabalhando. Mas não creio que o senhor saiba o que é isso, já que parece ter sempre muito tempo livre para vir à minha procura.

– tenho quem trabalhe por mim – respondeu o jovem, aproximando-se perigosamente – Agora, por que não larga seu trabalho, um pouco, e vem comigo para nos divertirmos?

Empurrando-o para o lado, Celine ia deixando a sala quando o rapaz a agarrou pelo braço, puxando-a para si:

– Quem você acha que é, mulher? Com que direito ousa me desprezar? Devia ficar grata por eu desejar uma vadiazinha como você! – Com raiva, ele tentou beijá-la à força, mas a garota Daae não era indefesa: arrancando a tesoura de dentro das vestes, encostou a ponta do objeto à garganta de seu atacante.

– Toque em mim outra vez, senhor, e eu o farei sangrar como um porco no abate. – Ele se encolhia ante o olhar de raiva da mulher – Eu não sou uma prostituta, para que satisfaça seu desejo. Mantenha suas mãos longe de mim, ou este teatro presenciará mais uma tragédia.

Assim dizendo, ela colocou a tesoura no cinto e saiu a passos largos. Seu coração batia acelerado: ela sabia que conquistara um inimigo perigoso. Porém, ela logo se esqueceu disso, enquanto seguia para os subterrâneos. Só lhe importava rever seu querido Erik!


Notas Finais


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