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História Our Strange Duet - Ataque


Escrita por: ElvishSong

Capítulo 9 - Ataque


POV Celine

Sozinha na noite de Paris, Celine caminhou pelo beco na lateral do teatro, deixando que as lágrimas corressem. Não entendia por que a raiva de Erik a magoara tanto, mas preferia mil golpes de açoite ao olhar de decepção e tristeza que ele lhe lançara. Ele iria odiá-la para sempre, depois daquilo? Teria o seu incipiente relacionamento sido cortado por um impulso tolo?

Perdida em pensamentos, ela só despertou ao perceber que era seguida. Desconfiada, apressou o passo; as quatro figuras que a seguiam também o fizeram. Com um olhar para trás, viu que era um quarteto de homens, todos usando máscaras e capas longas: ela pôde farejar a excitação deles, antes de ver o brilho em seus olhos. Achando que estar sem capa e de calças compridas a ajudaria a fugir, ela correu.

Enveredando velozmente pelas ruas que tão bem conhecera na infância, ela esperava conseguir voltar à rua do teatro e escalar a fachada alta, fácil de subir para uma garota esguia e ágil. Entretanto, três anos longe de Paria haviam sido suficientes para mudar a configuração dos caminhos, e ela se viu diante de um beco sem saída, bloqueado por pedras e tábuas em mau estado.

Assustada, ela pensou em voltar, mas seus perseguidores já estavam à entrada do beco; sem saída, ela tentou saltar por cima do obstáculo, porém a tábua em que se apoiava quebrou sob suas mãos, lançando-a de costas no chão. Sem perder tempo, ela rolou sobre si mesma e, tateando a cintura da calça, puxou a tesoura que guardara ali mais cedo.

Os quatro a cercaram, rindo, e um deles falou:

– Não resista, garota. Prometo que você vai gostar.

Ela empunhou a tesoura como uma espada, fazendo-os rir. O primeiro agarrou-lhe o braço livre, gargalhando; o riso morreu em sua garganta quando o instrumento abriu um talho em seu rosto. Vendo aquilo, o segundo, que parecia o líder, rosnou:

– Vai se arrepender, vadia.

Os quatro a atacaram de uma só vez: movida mais pelo medo do que pela habilidade, ela brandiu o instrumento com toda sua força, cravando-o até o cabo no pescoço de um dos homens. Não conseguiu, contudo, soltar a “arma” da carne, e viu-se totalmente desarmada.

Lutando com fúria, ela quebrou o nariz de um segundo, e chutou a virilha do terceiro. Esses golpes, contudo, apenas os enfureceram. Após uma luta furiosa, ela se viu imobilizada por dois homens, sendo lentamente estrangulada pelo terceiro, que sangrava profusamente do corte que ela lhe fizera no rosto. Ela fechou os olhos, recusando-se a pedir clemência ou a chorar. No momento seguinte, entretanto, ele foi solta e ouviu barulho de luta.

Ao abrir os olhos, viu que dois dos agressores fugiam, enquanto o terceiro lutava desesperadamente enquanto um cordão negro se apertava em torno de seu pescoço, seguro por um homem de capa. Por um longo minuto ele agonizou, os olhos arregalados, a língua pendente; afinal, quando o corpo relaxou, o recém-chegado deixou-o cair no chão.

Ainda trêmula pela falta de ar, a jovem se levantou e, numa exclamação de alegria, lançou-se nos braços de seu salvador:

– Erik!

 

POV Erik

 

Para a felicidade do Fantasma, Celine não caiu em armadilha alguma; por outro lado, isso significava que ela tinha uma boa vantagem em relação a ele: a garota era rápida na corrida.

Ao sair para o frio da noite, ele pôde ver os rastros da jovem nos resquícios de neve daquela noite de primavera, e os seguiu o mais depressa que podia. Viu os homens que perseguiam sua protegida, e aumentou a velocidade. Não podia deixar que a machucassem!

Chegou ao beco a tempo de ver a jovem usar algo de metal como faca para assassinar um dos atacantes. O tempo que levou para alcançá-los, entretanto, foi o bastante para que ela fosse, afinal, imobilizada. A pequena artista lutava bem, mas quatro homens adultos eram fortes demais até para o Fantasma! Pegando no cinto seu cordão de seda trançada – o tipo usado pelos sikh indianos – Erik alcançou o trio que tentava ferir sua Celine. Com a velocidade de um raio, passou o cordão pela garganta daquele que estrangulava a adolescente; surpresos e atemorizados pelo tamanho do recém-chegado, os outros dois se puseram a correr. O Fantasma, porém, só afrouxou o aperto no cordão quando sua vítima relaxou na imobilidade da morte.

Deixando o cadáver cair, ele abriu os braços para envolver sua amada – sim, amada: agora percebia isso com clareza. Ouvi-la exclamar seu nome com aquela nota de alegria acalmou seu coração, até então apertado com o receio de que ela passasse a odiá-lo.

– Ah, minha querida – Ele começou – Perdoe-me. – E fitando-a nos olhos, para que ela visse a sinceridade de suas palavras – Aquilo que eu lhe disse, foi porque estava envergonhado demais que você me houvesse visto naquele estado tão deplorável. Estava envergonhado de mim mesmo, por me apresentar de forma tão patética ante seus olhos. Tive medo que, depois de ver como eu perdera o controle, sentisse medo, ou desprezo.

Tocando a fronte dele com a própria – uma vez que era apenas uns dez centímetros mais baixa que Erik – Celine respondeu:

– Erik, eu não sou Christine. Eu sei que você não é algum ser místico! Por mais que eu goste de chamá-lo Anjo da Música, isso é apenas um nome! Eu sei que você é humano, com sentimentos, defeitos e conflitos – Ela acariciou a face mascarada – Dizem que gostamos das pessoas por suas qualidades, mas que aprendemos a amá-las com seus defeitos. Eu sei que você não é perfeito, e nem gostaria que fosse; para mim, você é Erik: um artista brilhante, um homem sofrido e misterioso, um enigma a ser desvendado, uma personalidade apaixonada e intensa, às vezes irascível, que teme a si mesma. E é apenas isso que eu espero de você: que seja você mesmo.

Duas lágrimas brilhantes escorreram pela face do Fantasma, e outras duas pela da garota. Ele a abraçou com força, sentindo algo estranho: uma dor no coração que, por mais intensa que fosse, não era de todo desagradável. Parecia que seu coração se partira para, de uma só vez, banir toda a raiva e amargura guardadas. Ninguém jamais lhe havia dirigido palavras tão puras, sinceras e cheias de amor, e ouvi-las de Celine despertara algo dentro de si. Não posse. Não paixão. Não ciúme ou vontade de proteger. Despertou algo que ele só podia definir como amor puro: vontade de vê-la feliz, e a certeza de que, se ela o estivesse, ele também estaria.

– Eu amo você, Celine – sussurrou ele ao seu ouvido, antes de beijá-la intensamente, trazendo-lhe o corpo bem feito para junto do seu.

– Eu amo você, Erik – respondeu ela, antes de voltar a beijá-lo.

Na noite fria de Paris, o casal vestido de negro parecia ter se esquecido do restante do mundo.



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