História Outro Mundo - Sonhos e Complicações

    Eu ainda tinha o cheiro dele impregnado em mim de quando ele me emprestou seu casaco, porque obviamente eu estava tremendo de frio. Droga! Por que Montana tem que ser tão fria? Eu tinha as minhas roupas de frio mas mesmo assim eu ainda era idiota o bastante para insistir em usar as minhas roupas normais. Por que ele tinha que ter um cheiro tão bom? Eu ainda pensei em ficar com o casaco de Dimitri para fazer de pijama, para dormir com o cheiro dele e... O que eu estava pensando? Credo, só fazia duas semanas que eu estava aqui e já estava nessa situação com o meu mentor? Mais uma vez lembrei de Cassie... Bem, eu tinha consciência da minha beleza e do meu corpo. Eu não era nenhum pouco feia, eu sabia que caras mais velhos me desejavam mas nunca tive coragem o suficiente para lidar com eles pelo simples fato de caras mais velhos quererem mais do que alguns amassos.

    Eu bem que podia fazer um joguinho de sedução igual ao que Cassie fez com o professor dela. Oh sim, era isso que eu ia fazer, era isso que a minha mente estava mandando eu fazer. O cheiro dele não saía de mim e eu estava ficando louca. Tudo nele me atraía: Seus músculos, seus cabelos, sua pose de antissocial, seu sotaque, sua postura imponente, seu jeito de andar. Sim, eu o queria. 

    E seria agora. 

    Saí do meu dormitório sem nem ao menos me importar de estar com meias pretas que iam até as minhas panturrilhas e somente um moletom preto que era estampado com a palavra "Sexy" na cor rosa. Espera, eu não tinha esse moletom, mas não importava porque eu já estava atravessando o pátio e conseguindo entrar escondida no prédio dos guardiões, que nem eu fiz mais cedo. Subi algumas escadas correndo e quando dei por mim eu já estava na frente do quarto dele batendo na porta. Demorou um pouco e ele abriu. Novamente com a mesma cara de sono, os mesmos cabelos bagunçados, a mesma samba canção azul.

    Oh deus, ele era tão gostoso. E seria meu em poucos minutos.

    -Rose? - Ele me analisou da cabeça aos pés e soltou um sorriso malicioso, um sorriso que eu nunca vi ele me lançar - O que faz aqui de novo? Como te deixaram entrar? 

    -Hey, Camarada... - Eu soltei um sorriso comedor de homens e fui na sua direção - Não quer me deixar entrar? Aqui fora está frio.

    Ele não me respondeu e continuou me analisando, me olhando da cabeça aos pés e provocando sensações em mim. Sensações que nenhum cara nunca conseguiu provocar nem com beijos quentes. 

    Eu o queria. Ele seria meu. 

    Tive a confirmação disso quando seus olhos encontraram os meus e eles estavam diferentes, estavam demonstrando luxúria.

    Sim, eu os queria assim. Eu queria aquele olhar. Aquele olhar que me fez esquentar. 

  -Entre, Rose. - Ele disse com uma voz que eu classifiquei como a sua voz sedutora.

    Eu entrei e mordi o lábio inferior ao observar o corpo dele novamente. Dimitri mal me deu tempo para me familiarizar com o ambiente e já atacou meus lábios em um beijo completamente animalesco, me erguendo nos seus braços para que eu ficasse na sua altura. Sem perder tempo, e a coragem, eu rodeei minhas pernas ao redor do seu corpo e ele me prensou contra a parede. Eu nunca estive assim com ninguém, nunca mesmo, mas naquele momento eu não tinha medo, a única coisa que eu tinha era a certeza de que eu queria me perder no corpo de Dimitri. 

    Isso era loucura. Uma loucura quente e que eu iria até o fim.

    Sua língua desenhava os meus lábios e em poucos segundos ela já explorava toda a minha boca. Eu me sentia mole nos seus braços, e era um beijo tão fodidamente bom e quente. Há muito tempo eu já havia perdido a batalha pelo controle do beijo e apenas aproveitava as sensações que eram refletidas lá em baixo, enquanto suas mãos exploravam as minhas coxas sem nenhuma cerimônia, as apertando e alisando, me trazendo mais para perto dele. Eu estava completamente entregue em um beijo erótico e não tinha a intenções de quebrá-lo, até que Dimitri interrompeu e por um momento eu o olhei confusa. Apesar de já estarmos há um bom tempo nos beijando, não havia a necessidade do ar ainda, o que era estranho, mas estava tão bom.

  -Rose... - Ele acariciou minha bochecha e voltou a me beijar de um modo mais carinhoso, menos selvagem. Dimitri parou o beijo e roçou seus lábios pela minha bochecha até a minha orelha - Vamos ver o que você esconde por baixo desse moletom. 

    E com isso ele me incendiou completamente. Eu sentia que precisava dele, eu queria tê-lo o mais rápido possível. Ele soltou um risada ao ver que eu estava me esfregando contra ele, e sinceramente, nem eu sabia que estava fazendo isso para me aliviar. 

  -Paciência, Rose. - Ele sussurrou no meu ouvido e mordeu o ponto sensível, me fazendo morder os lábios para impedir um gemido - Você terá tudo o que quiser - Ele passou seus beijos para o meu pescoço, onde me provocava com lambidas e chupões, me fazendo arrepiar e gemer - Eu sei que você quer isso desde a primeira vez que me viu. 

  -Dimitri... - Eu gemi o seu nome e inclinei meu pescoço para trás, me esfregando mais ainda contra ele, percebendo que ele já estava com um bela ereção. 

     Oh céus, ele era tão grande. Isso era tão bom. Essas sensações novas e deliciosas. Estar com ele. 

  -Deixe-me ver o quanto você é linda, Rose. - Ele falou com a voz rouca de desejo e tudo o que eu consegui fazer foi gemer em resposta. 

    Ele olhou nos meus olhos e depois de ver a confirmação neles, Dimitri começou a levantar o moletom que estava acumulado entre a minha barriga e o início das minhas coxas. 

    Então era isso, eu iria ficar semi nua na frente do meu mentor, eu iria me entregar para ele e finalmente iria perder a minha virgindade. 

    E de repente...

     Como se alguma coisa me puxasse para a minha realidade, eu acordei ofegante e confusa. Eu não estava mais no quarto de Dimitri e nem sendo prensada por ele contra a parede do quarto dele. Eu estava na minha cama, coberta por um edredom, apertando inconscientemente minhas coxas uma contra outra e vestida com o meu moletom cinza que tinha o símbolo da Channel. 

  -Droga... - Eu fiquei sentada na minha cama por poucos segundos mas depois deitei frustrada - Pelo menos eu realmente não estava vestida com aquele moletom ridículo. 

    Definitivamente fugir para o prédio dos guardiões só para procurar colo com Dave não foi uma boa ideia. Não quando eu bati no quarto errado e o dono do quarto era justamente Dimitri. Ele não podia dormir com um pijama de flanela? Ele precisava dormir com uma samba canção azul e expor todo aquele corpo que me fez ter deliciosas sensações no pé da minha barriga das quais eu nunca havia sentido? Naquela hora eu fiquei tão desconcertada que eu tenho certeza que ele percebeu. Para completar o pacote, ele me fez usar um dos seus casacos porque eu estava morrendo de frio. Merda. Ele tinha um cheiro tão bom, tão delicioso. 

    O resultado disso tudo fui eu tendo sonhos indecentes com o meu mentor. Sério mesmo? Eu nunca tive sonhos eróticos com ninguém, e as sensações do sonho eram ótimas e desconhecidas, principalmente se o causador dessas sensações fossem Dimitri Belikov.

     Ele definitivamente mexia comigo. 

                            -X-

    Eu estava me arrumando para o treino depois de uma hora acordada graças ao bendito sonho. Como que eu ia olhar para a cara do Dimitri depois de bater na porta do seu quarto, ver ele quase pelado e ainda ter tido um sonho erótico com ele? E que sonho... Tão delicioso, tão quente, tão bom que eu realmente queria que não fosse só um sonho.

    Diabos! O que estava acontecendo comigo? 

    Saí do meu quarto e fui caminhando até o ginásio ensaiando uma feição que não me denunciasse em nada que ele me afetou. Ele com certeza estaria com aquela máscara de indiferença, uma máscara que todo Guardião usava, mas Dimitri parecia sempre se agarrar mais à ela, e isso me incomodava as vezes. 

    Chequei Lissa através do laço, e ela já estava acordada, o que era estranho. Eu sempre checava ela antes dos treinos e ela sempre estava dormindo, não demorou muito e eu fui arrastada de novo para a mente dela. Droga. Ela estava em um lugar que eu nunca vi, parecia um porão, tinha lençóis espalhados como uma cama improvisada e Christian estava arrumando tudo. 

  -Vá para o seu quarto que eu arrumo tudo aqui, daqui a pouco as pessoas acordam e se você for vista não será nada bom - Christian disse enquanto colocava tudo dentro de uma mochila.

  -Droga! - Ela estava ansiosa e preocupada - Nós dormimos muito dessa vez!

    Lissa estava com medo de ser pega, então boa coisa ela não fez. Eu ainda não entendia direito, mas emoções das últimas horas em que ela esteve com Chris passaram pela mente dela. Ela estava feliz e tinha a mais absoluta certeza de que o amava, e não estava arrependia, faria tudo de novo se pudesse, e alguma coisa nela me falava que eles iriam fazer isso de novo.

    Christian olhou para ela e só naquele olhar eu via que ele sentia o mesmo. As coisas entre eles estavam tão doces que eu sentia vontade de escovar meus dentes novamente. 

  -Vamos. - Ele colocou a mochila nas costas e pegou na mão dela.

    Novamente o medo tomou conta dela, mas ele não a dominou porque uma emoção mais forte passava por ela, foi a mesma emoção que me fez ser arrastada para a cabeça dela. Era a adrenalina de ser pega fazendo algo errado, algo que iria deixá-la em problemas, mas no fundo ela não se importava, não com Christian ao lado dela. 

    Eles desceram as escadas e eu ainda não conseguia identificar onde eles estavam, mas a adrenalina em Lissa subia cada vez mais. Eu com certeza já estava atrasada para o treino com Dimitri e eu não queria brigar com ele de novo, não quando eu não posso voar no pescoço dele, mas Lissa estava muito eufórica com o que parecia ser uma fuga deles de algum lugar e isso me impedia de sair da mente dela. Ótimo, eu ia ter que esperar tudo isso acabar e pelo jeito o laço que eu achava que já estava controlado não estava me obedecendo. Dimitri ia me comer viva. Quando eu pensei que ela não iria ficar menos agitada, aos poucos ela ia se acalmando e eu fiz um esforço enorme para sair da mente dela assim que eles viraram um corredor. 

    Quando eu voltei a mim mesma, eu já estava no ginásio, mesmo faltando mais dois minutos de caminhada, e Dave me olhava desesperado sendo acompanhado por Dimitri. 

  -Rose? Rosemarie? Pelo amor de Deus me responda! - Sua voz me trouxe de volta e eu o encarei. 

    Dimitri murmurou algo em russo e quando viu que eu estava bem se afastou, dando mais espaço para Dave. 

  -Como eu vim parar aqui? - Eu olhei para os dois confusa.

  -Eu te vi parada no meio campus, que nem o Belikov te viu da última vez, e você parecia que não estava no seu próprio corpo. Te carreguei pelos ombros até aqui. Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

  -Lissa está bem? - Dimitri perguntou - A última vez que você ficou assim ela estava quase se metendo em uma briga.

    Eu me levantei e me soltei de Dave, que segurava meus ombros, encarei os dois e confirmei com a cabeça antes de dar as respostas. 

  -Sim, eu estou bem e eu estava com Lissa. E sim, ela está bem, apenas um pouco agitada... Hum... Ela está dormindo, apenas tendo um pesadelo. 

    Eu não ia falar a verdade, não quando ela realmente não estava em perigo. Me virei para Dave e lembrei que ele passou o dia fora ontem e nem se deu o trabalho de me dar satisfações.

  -Onde você estava ontem? - Eu cruzei os braços e olhei de forma questionadora para ele.

  -Tive que ir renovar minha carta de motorista, e eu só posso fazer isso em um horário humano. - Ele disse sorrindo e levantando suas mãos para acariciar meus cabelos - Vou dormir apenas por algumas horas e antes das suas aulas acabarem nós nos encontramos. Vá treinar e me deixe orgulhoso.

  -Ok. - Eu sorri e ele depositou um beijo na minha testa.

   Eu ainda fiquei olhando ele ir em direção a porta de saída e semicerrei os olhos em busca de algum vestígio de mentira, e droga, Dave sabia mentir para mim tão bem quanto eu era boa em descobrir suas mentiras, o que não era fácil mas também não era impossível, e alguma coisa me dizia que ele estava mentindo. 

  -Rose, se aqueça. - Dimitri disse com a voz em um tom profissional e eu enrijeci ao lembrar do seu tom de voz no meu sonho. 

  -Ok. - Eu nem tive coragem para encarar ele ou soltar um piadinha, apenas me apoiei na barra e comecei a esticar os músculos da minha panturrilha. 

  -Você já fez balé? - Dimitri perguntou ao me observar por poucos segundos.

  -Como você sabe? - Eu o olhei de forma questionadora - Fiz até meus 10 anos, depois Ana realmente viu que eu não queria e me colocou para praticar outra atividade. Na verdade - Eu sorri na sua direção antes de trocar de perna - Eu sempre gostei de esportes que me permitiam socar alguém, e não onde eu torcia meu pé. 

  -Seu pé está na ponta, não o deixe assim. - Ele me corrigiu e eu percebi que eu mantinha meu pé esticado mesmo com a sola dura do tênis - Ou você realmente vai torcê-lo. 

    Isso não fazia sentido, não enquanto eu estivesse me aquecendo, mas eu o obedeci e deixei a ponta dos dedos normais. Terminei de me aquecer e ele, vendo isso, se levantou e pegou seu casaco. 

  -Vamos correr. - Ele apontou para o meu casaco - 20 voltas hoje. 

  -20? - Eu o questionei horrorizada.

    O treino de hoje foi tão puxado, que eu mentalmente elaborei um plano diabólico para pegar esse Strigoi que queria me matar, só para sair daqui o mais rápido possível. Eu sentia falta dos meus amigos, sentia falta do sol, sentia falta do meu quarto, sentia falta do acesso à internet ilimitado, eu sentia falta da minha vida. 

    Não é para sempre. Não é para sempre. Eu repetia as palavras para mim mesma enquanto eu bebia água. 

    Observei Dimitri e ele estava lindo, quer dizer, todo dia ele estava lindo mas hoje ele parecia mais. Me lembrei da nossa briga de ontem, e por mais que eu ainda estivesse com raiva dele, o ignorar não seria nada maduro e só reforçaria o que ele já achava de mim: Uma garota mimada. Revirei os olhos com esse pensamento e continuei olhando para ele, mas dessa vez lembrando do meu sonho. Ao mesmo tempo em que eu me sentia envergonhada, eu me perguntava como Dimitri seria em momentos como aquele do meu sonho. Ele era bastante dedicado e dava tudo de si no que ele fazia, nos nossos treinos ele era paciente e sempre parecia disposto a me ensinar mais e mais. Observando ele assim, eu cheguei a conclusão que toda essa dedicação dele devia ser muito boa quando transferida ao sexo. Sentindo a mesma excitação que eu senti no meu sonho, eu comecei a imaginar como seria se ele realmente me tocasse, se seriam as mesmas sensações do sonho, se realmente seria quente. 

  -Maldito karma... - Eu murmurei para mim mesma ao lembrar do quanto eu repreendi Cassie por causa do seu professor.

  -Disse alguma coisa? - Dimitri falou arrumando uns pesos. 

  -Nada. - Eu evitei sorrir e dei um aceno - Estou indo.

    O resto do dia iria se seguir tranquilo, pelo menos foi o que eu pensei até a hora do almoço. Quando eu estava entrando no refeitório, esbarrei em Mia e ela sorriu para mim de uma forma não muito agradável, expondo os seus caninos.

    Na aula de arte eslava, que era uma matéria que eu tinha junto com Lissa e Natalie, eu notei Mia cochichando algo com a sua panelinha da realiza e eu decidi ignorar, mas algo me dizia que não era uma coisa boa. 

  -Hey, você - Eu olhei para trás e vi Camille Conta, uma Moroi da realeza que eu tinha classificado como uma vadia perfeitinha, me chamar - Essa sua mochila é original? 

    Eu olhei para a minha bolsa e me xinguei mentalmente por isso. Era uma Louis Vuitton, nova coleção de inverno, uma coleção que nem sequer foi lançada ainda. Ganhei de presente do meu pai. Como eu não queria uma festa exagerada que nem nos meus 16 anos, ele disse que me daria algo por conta dele. Eu só não esperava, na verdade se tratando do velhote tudo é possível, que ele mandasse alguém à um coquetel exclusivo de gente rica em Berverly Hills, onde seria apresentada a coleção da Louis Vuitton que seria lançada daqui uma semana, e muito menos que ele iria conseguir essa mochila para mim. Lógico que eu fiquei mais que feliz, até porque eu já estava com a minha mochila Prada há quase quatro anos e já estava pensando em trocar, mas naquele momento eu só conseguia me amaldiçoar por ter aceitado aquela mochila há três meses.

  -Sim - Eu respondi Camille e ajeitei minha mochila no meu ombro - Por que? 

  -Eu tenho uma igual - Ela respondeu e virou sua mochila na minha direção. 

    A mesma cor preta, o mesmo modelo, as mesmas alças, o mesmo tecido feito em couro e o mesmo pingente formando um L e V cruzados um com o outro bem no meio da mochila. 

  -E daí? - Eu dei de ombros e segui meu caminho. 

  -E daí que para uma Dhampir que só tem a mãe Guardiã você até que ostenta muito. - Eu ouvi a voz de Mia e congelei. 

    Merda.

    Então era isso que elas estavam cochichando na hora da aula de arte eslava. Observei bem as duas e logo concluí que elas tinham planejado essa abordagem. 

    Sem me deixar abater, ou pelo menos não demonstrar que eu fui pega de surpresa, eu me virei e com a resposta na ponta da língua eu respondi: 

  -Vá atrás da sua chupeta e cale a sua boca. Pare de me importunar. 

  -Eu consegui a minha no coquetel de Milão, e eu presumo que a sua foi no coquetel de Berverly Hills, né? - Camille perguntou cautelosa.

  -Eu não sei. - Respondi querendo dar um fim aquele assunto - Foi um presente. 

  -Claro que foi um presente - Mia respondeu com o tom de voz venenoso de sempre - Você deve ser dessas Dhampirs que têm um moroi rico que as banca em troca de sexo. - Ela sorriu falsamente. 

    Eu olhei para ela incrédula e vi que Lissa me chamava pelo laço.

  Apenas ignore ela e venha até mim. Ela só quer te provocar.

  -Vá embora antes que eu soque a sua cara. - Eu disse bem séria e ignorando o fato de Aaron Drozdov, seu namorado que já foi o ex de Lissa, estar ao seu lado - Eu juro que nem o seu namoradinho vai ser capaz de me impedir da surra que eu vou te dar. 

  -Srta Hathaway? - Eu ouvi a voz de Spiridon, o guardião de Victor Dashkov, atrás de mim - Algum problema aqui? 

  -Nenhum, Spiridon. - Eu sorri falsamente para ele mas ele mantinha aquela postura de guardião que eu não estava acostumada - Estava apenas comentando com Mia as minhas habilidades de combate, e ela estava se voluntariando para que eu demonstrasse. 

  -Presumo que tal prática seja proibida, Rose. - Ele olhou para mim e depois se virou para Mia e sua panelinha - Eu gostaria de tratar um assunto particular com a Srta Hathaway. Vocês já terminaram aqui? 

  -Sim, guardião Spiridon - Aaron disse puxando Mia e a mesma me encarava com fúria nos olhos. 

    Spiridon se virou para mim e encarou minha mochila, checando se ela realmente era de marca.

  -Qualquer coisa diga que ganhou do protegido da sua mãe, que ele originalmente tinha comprado para outra pessoa mas que a mesma não se agradou do presente. - Ele sorriu descontraído - Vai ser uma boa desculpa. 

  -Claro. - Eu sorri aliviada - Vou falar isso. E obrigada.  

  -Sem problemas. - Ele piscou para mim e foi embora. 

    Spiridon com certeza era o Guardião que mais se parecia com uma pessoa normal, que não tinha aquela máscara o tempo todo. Ele era até descontraído e isso me fez achar ele bem legal, e fodão também, ontem ele acompanhou uma aula de combate com o Guardião Instrutor, e cara, ele era bom, muito bom. Mason me disse que ele era um dos melhores guardiões da atualidade, e que perdia apenas para Dimitri. Spiridon até parecia agir como um cara normal para a sua idade, e isso me fazia achar tudo isso menos estranho. 

    O resto do dia se seguiu tranquilo depois disso, e na aula de combate, Yuri, o Guardião instrutor, até me elogiou por causa de uma melhora significativa. Eu ainda estava atrás dos meus colegas, e muito, mas digamos que um elogio desses renovou minhas forças para continuar seguindo sem mandar cada um deles ir se ferrar. 

  -Hey, Hathaway! - Eu ouvi a voz de Dave e me virei para trás.

    Alguns alunos ali perto, principalmente alguns Morois do primeiro ano, nos olharam curiosos. Eu achei estranho porque o que era mais comum era eu circulando nessa escola com Dave, ele no papel de meu antigo mentor e eu no de aluna.

  -Tanaka! - Eu sorri e ele me alcançou.

  -Como foi seu dia? - Começamos a caminhar um ao lado do outro. 

    Na hora em que eu ia responder, um grupo de alunas do segundo ano passou por nós e estavam murmurando algo.

  -Dizem que ela é amante de um velho Moroi bem rico. - Uma das garotas falou alto demais e todas do grupinho olharam para mim.

    Eu e Dave nos encaramos confusos e continuamos seguindo em frente, mas dessa vez em silêncio. Passamos por um grupo de garotos Moroi da realeza e um deles chamou a atenção dos outros e eles olharam para mim.

  -Dave... - Eu falei baixo e ele se virou para mim - Que merda tá acontecendo? 

  -Eu não sei. - Ele balançou a cabeça e se voltou para frente. 

    Continuamos andando e passamos por Mia e o seu grupo de gente estúpida, e ela me olhava com uma cara de acabei de ferrar a sua vida, e algo me dizia que ela realmente fez algo parecido, ou pelo menos tentou.

  -Rose! - Ouvi a voz de Lissa atrás de mim e tomei um susto, desde o episódio da manhã, eu tentei manter ela bloqueada.

  -Liss, que susto! - Eu disse e me repreendi porque segundo o que eu aprendi, isso é péssimo para um guardião.

  -Você não sabe o que a Mia fez dessa vez! Ela espalhou um boato de que você tem um amante Moroi rico na Turquia e as pessoas só distorcem cada vez mais. - Lissa falou e eu senti uma enorme preocupação passar pelo laço, junto com uma raiva - Eu sabia que ela não ia nos deixar em paz por muito tempo.

    Eu pensei um pouco e senti uma raiva pulsar no meu peito, eu queria tanto dar uma lição naquele projeto de vadia, mas com Dave ao meu lado seria impossível. 

  -Não pense nisso! - Dave segurou firme no meu braço - Você tem treino. Vamos. 

  -Ainda faltam 40 minutos! - Eu disse completamente ríspida.

  -Até o Belikov chegar quem vai te treinar sou eu. Estou com saudades. - Ele sorriu e eu o encarei séria - Qual é, você me trocou tão fácil assim pelo Belikov? Antes dele ser o seu mentor quem te treinava era eu, sua traidora. - Ele tentava soar calmo e descontraído, mas percebi um pingo de medo na sua voz. 

  -Tudo bem. - Eu disse mais calma e eu vi Dave soltar o ar que ele estava prendendo. 

  -Eu posso ir também? - Lissa parecia mais calma agora - Eu nunca vi um treino Dhampir. 

  -Claro! - Eu respondi super empolgada. 

    Dave ainda alternava o seu olhar entre eu e Lissa, checando se nós estávamos bem. Ele concordou com a cabeça e fomos para o ginásio. 

  -As duas estão bem? - Ele perguntou um pouco preocupado. 

  -Eu tô bem sim. Obrigada. - Lissa respondeu sorrindo.

  -Eu estou suficientemente bem para socar a sua cara. - Eu disse em tom de desafio e Dave continuou me observando - Eu tô bem, Dave - Eu revirei os olhos - Não é uma fofoca de escola que vai me derrubar. Isso já é uma coisa que eu estou acostumada. 

    Dave estava me escondendo algo, e a minha única opção era colocá-lo contra a parede, mas não agora.

  -Tudo bem. - Ele sorriu e ficou em posição de ataque - Manda ver.