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História Outro Mundo - Por conta própria


Escrita por: KateMoura

Notas do Autor


Demorei mas voltei!!! E agora voltei ao ritmo normal, ok? Se eu der outra pausa eu aviso que nem de novo.
Boa leitura :)

Capítulo 13 - Por conta própria


    Hoje é o último dia do Dave aqui comigo na St Vladimir, ou Vlad para os íntimos, e é um pouco estranho eu me separar dele depois de tantos anos juntos. Vou aproveitar esse dia ao lado dele o máximo que eu conseguir, já que ontem eu disse para ele passar o dia com a Srta Geler porque era a folga dela. 

  -Rose! Baixinha, cheguei. Abre a porta. - Eu ouvi a voz de Dave tamanha 5:30 da tarde. 

     Cara, como assim há duas semanas eu tô acordando 5:30 da tarde? 5:30 da tarde era para eu tá chegando em casa depois de um dia cansativo, e não inciando o meu dia cansativo.

    Bem, demorou, mas acho que finalmente eu vou surtar com toda essa coisa de mundo vampírico. Eu tinha que surtar logo agora que o Dave tá indo embora?

  -Tá aberta, Dave. Entra. - Eu disse abotoando meu sutiã. 

    Quando ele entrou eu estava vestindo meu top verde e ele me ajudou a fazer meu rabo de cavalo. Foi estranho porque ele nunca fez meu cabelo quando eu era criança, na verdade sempre foi a Ana ou alguma outra empregada da casa. 

  -Você falou com a sua mãe essa semana? - Ele perguntou enquanto me botava para fora do meu próprio quarto. 

  -Falei. - Eu suspirei - Ela mandou um e-mail. O que custa ela ligar? Você vai me mandar e-mails também? 

  -Não, não vou. - Ele respondeu divertido - Você está sem contato com a Ana e nem por isso fica cobrando dela. 

  -A Ana não é minha mãe de verdade. - Eu cruzei os braços - Embora faça o papel de uma. Eu sinto falta dela. Eu sinto falta de tudo. 

  -Ei, eu sei. - Ele suspirou e coçou a nuca - Mas o mais importante é a sua segurança. Eu vou embora hoje e só volto quando for para te levar para casa, tá bom? 

    Eu parei de andar e pensei por alguns segundos. Meu coração se apertou. Eu não queria que ele fosse embora, queria que ele ficasse. Ignorando o nó que se formou na minha garganta e no meu peito, eu apenas sorri e concordei. 

  -Já descobriu algo? - Eu perguntei como quem não quer nada. 

  -Sim, alguns homens da corte andam trocando informações com o seu pai. Em três meses eu te tiro daqui e você volta para a sua antiga escola. 

    Não era animador eu voltar para a minha antiga escola, era animador eu voltar para a minha antiga vida. 

  -Tudo bem. - Eu sorri. 

    Andamos o resto do caminho em silêncio. Quando eu cheguei no ginásio, Dimitri já nos esperava, como sempre, e me mandou correr. Graças a deus Dave me acompanhou na corrida de hoje, já que Dimitri só gosta de me fazer dar voltas enquanto lê aqueles livros estúpidos de faroeste. Será que é por isso que ele usa aquele sobretudo? Ele por acaso acha que é um cowboy? Bem, não seria má ideia ver ele vestido de cowboy, hum? 

    Me dando conta de que eu estava me transformando em uma aluna pervertida, eu afastei aqueles pensamentos e dei todas as voltas que aquele russo mandou. Cara, foram quantas dessa vez? 30? 40? Cada dia que passa ele aumenta mais, e a tendência é piorar. Pelo jeito ele não quer dar sossego para os meus músculos. 

    Terminamos os exercícios da manhã, e como de costume, eu me joguei no meio do tatame com a impressão de que meus pulmões e meu coração iam sair pela minha boca. 

  -Caramba Dimitri, você quer me matar? Eu sei que na Rússia os treinos devem ser bem rígidos mas aqui é a América! 

  -Voltou a reclamar? - Ele cruzou os braços e parecia se divertir com o meu sofrimento, até percebi um sorriso no canto dos lábios. 

  -Você é sádico! - Eu exclamei e olhei para Dave que realmente demonstrava cansaço - Até o Dave tá demonstrando que vai desmaiar a qualquer momento. 

  -Não foi tão ruim assim, baixinha. Não seja dramática. - Dave disse rindo e me dando as mãos para eu levantar - Vamos! Hoje vamos tomar café da manhã juntos. Tenho uma surpresa para você. 

    Associei a sua surpresa a comida e rapidamente levantei do chão. 

  -Tô com fome. - Eu disse e depois bebi água. 

  -E quando você não tá? - Dave perguntou mas não deixou que eu respondesse, ele se virou para Dimitri - Quer se juntar a nós, Belikov? Assim conversamos sobre algumas coisas que ainda não tivemos a oportunidade. 

    Eu quase engasgo com aquele convite. O que o Dave tava planejando com aquilo? Era para ser um dia só nosso. Eu até já deixei Lissa e alguns outros amigos avisados de que eu estaria ocupada hoje com o Dave. Ele tinha mesmo que convidar para o café da manhã o homem, que é meu professor, e que eu tô tentando me manter o mais longe possível porque quando eu tô perto eu me sinto uma ninfomaníaca que vai atacar ele a qualquer instante? Dave tá de brincadeira com a minha cara. 

    Depois da minha briga com Dimitri, e daquela noite que eu acidentalmente bati na porta dele, nossa relação melhorou um pouco. Não éramos amigos, como Dave e eu, mas também ele não era mais tão frio, embora ele sempre procure se manter distante quando percebe que eu me aproximo demais, e isso me deixa frustrada. Também notei que as vezes, quando não tinha ninguém por perto ou quando Dave não estava olhando, ele me encarava com um certo vislumbre, me analisava de cima a baixo, como se conferisse o meu corpo. Isso me deixava excitada. Mas nunca era mais que segundos, ele as vezes olhava para o outro lado e agia como se travasse uma batalha interna consigo mesmo. E era aí que ele se tornava frio e distante, mas eu não ligava, nessas horas eu preferia a distância também.

    Qual é, ele é meu mentor. Uma vez ele me disse que tinha 24 anos. 7 anos mais velho que eu. Eu só posso tá ficando louca! Ele tem quase a idade do Dave, mais novo pouca coisa. E tudo isso deve ser coisa da minha cabeça. Dimitri não é como os outros caras, ele age como se fosse mais velho e certamente ele não iria notar uma garota como eu, no máximo talvez ele me acharia uma pirralha mimada e fútil, como ele mesmo mencionou uma vez. Pensar sobre o que ele acha de mim me deixa triste porque eu não quero que ele tenha essa impressão sobre mim. Eu não ligo para o que os outros aqui dentro ou lá fora achem, mas ele... Bem, não sei, só não quero que ele ache que eu sou superficial. 

    Dimitri inicialmente recusou mas Dave insistiu e ele por fim acabou aceitando. 

  -Por que você chamou ele? - Eu perguntei enquanto Dave me carregava nas costas de volta para o meu dormitório. 

  -Achei que seria bom um café da manhã de despedida com a minha protegida e o meu mais novo amigo. - Ele falou casual, quase inocente. 

  -Conta outra, seu asiático de araque! - Eu dei um leve tapa na cabeça dele - Eu vou sentir falta disso, sabia?

  -De quê? - Ele riu - De você acabando com a minha coluna ou me espancando? Você agora vai ter que usar uma coisa chamada pernas para ir para os treinos. 

  -Cala a boca. - Eu ri e ele me colocou no chão. 

    Entrei no meu dormitório e me arrumei, mas dessa vez demorei um pouco mais. Notei se meus cabelos estavam ondulados o bastante e se eles estavam bonitos o suficiente. Pela primeira vez na vida me vi em dúvida de qual batom usar. Eu normalmente usava um delineador e um batom não muito chamativo para começar o dia, mas hoje eu optei por usar um batom líquido cor de boca, um pouco mais arroxeado, mas mesmo assim ainda mantendo um tom rosa natural, que logo secou e intensificou ainda mais o efeito. Vesti a meia preta e logo em seguida a saia que ficava quatro dedos acima do joelho, nada indecente, e depois a blusa branca e coloquei o blazer que tinha a mesma cor escura da saia. Calçei meus sapatos desejando desesperadamente poder calçar meu velho all star preto. Talvez eu fizesse isso quando Dave fosse embora, e talvez eu levasse uma detenção. 

    Peguei minha mochila e alguns trabalhos que estavam prontos em cima da minha escrivaninha e fui em direção ao refeitório. No caminho pensei que se por um lado eu estava triste pela partida de Dave, por outro eu estava feliz porque hoje era meu último dia de aula com o Stan. Ele me odiava simplesmente pelo fato de eu ser um pouco agitada, mas ele nunca se negava em me ensinar algo. As vezes nós parecíamos nos dar uma trégua quando ele vinha na minha direção perguntar se eu tinha alguma dúvida ou precisava de algo, ou quando eu ia atrás dele. Mas não durava muito, logo o ódio que ele sentia por mim voltava com força total, e era um sentimento mútuo. 

    Logo quando empurrei a porta de vidro, eu vi Dave sentado em uma mesa mais afastada dos outros estudantes. Passei por Mason e dei uma piscadela para ele e acenei para Eddie e os outros. Não demorou muito e eu logo consegui alcançar Dave, que segurava uma caixa nas mãos. Tomara que seja o que eu estou pensando. 

  -É o que eu tô pensando? - Eu dei voz aos meus pensamentos assim que eu me sentei ao lado de Dave. 

  -Se o que você pensa for rosquinhas... Sim! - Ele riu e abriu a caixa, revelando seis rosquinhas de todos os jeitos. Com cobertura de chocolate, morango, e com granulados de vários tipos. 

    Era o paraíso. 

    Não que a comida da escola fosse ruim, longe disso. Eles até tinham ótimas rosquinhas. Mas eu ainda preferia a da minha loja favorita, e acho que Dave achou uma filial nesse fim de mundo chamado Montana. 

  -Eu tô em dúvida se eu como primeiro as rosquinhas ou o Bacon que tá cheirando de longe ali na cantina. - Eu disse sem tirar os olhos da caixa.

  -Eu vou pegar meu café e pego algumas coisas para você também. - Ele disse rindo e se levantou. 

    Passei um tempo olhando para as rosquinhas, sem me decidir qual pegar, que nem notei quando Dimitri se sentou na minha frente, segurando um copo grande com alguma bebida estranha na cor verde. 

    Optei por pegar uma rosquinha com cobertura de morango em alguns granulados e olhei para Dimitri. Já que ele não puxava papo, puxo eu. 

  -Camarada, se você me responder uma pergunta eu te dou uma rosquinha. E olha que eu não costumo dividir elas. - Eu sorri sapeca. 

    Ele não me respondeu, ficou olhando para mim com a sobrancelha levantada, depois ele respirou fundo, como se soubesse que eu soltaria uma bomba. 

  -Pergunte, Rose. - Ele disse neutro. 

  -Me ensina algumas palavras feias em russo? 

  -Não. - Ele disse sério. Eu soltei uma gargalhada.

    Lógico que ele não ia me ensinar palavrões em russo. Era o Dimitri. Mas era bom tirar uma com a cara dele. 

  -Então sem rosquinhas, Camarada. - Eu mordi a minha e engoli rapidamente - E também existe uma coisa chamada Google tradutor.

  -Rose, não use o tradutor para aprender palavras... - Ele pareceu pensar no que dizer. Ele ia me dar lição zen? - feias. Isso não vai trazer coisas boas para o seu conhecimento.

  -Não quero edificar meu conhecimento - Graças a deus sem lição zen - Quero me expressar. 

  -Você já se expressa demais, baixinha - Dave se sentou ao meu lado e me entregou um prato pequeno com bacon e ovos - E eu tenho certeza que o Belikov não vai te ensinar palavrões em russo, você já sabe muitos palavrões em outras línguas. 

    Meu pai era turco e digamos que eu sabia algumas palavras básicas. Eu não era fluente, mas sabia me virar, e também sabia vários palavrões. 

  -Ainda existe Google tradutor. - Eu cantarolei e vi Dave e Dimitri balançarem a cabeça exasperados. 

    Mesmo Dimitri se recusando a me ensinar palavrões em russo, eu ainda deixei ele pegar uma rosquinha e dei outra para Dave. 

    Eles ficaram conversando sobre algumas coisas que eu realmente não me interessei em ouvir, então eu me concentrei em comer minhas rosquinhas que estavam deliciosas. Minha distração não durou muito, logo ouvi a voz de Dave:

  -Rose, como foi a sua semana? - Ele todo dia me perguntava como foi o meu dia ou a minha semana, mesmo sabendo a resposta. Era uma mania dele.

  -Péssima. - Eu revirei os olhos e olhei para baixo - Parece que por onde eu passo a fama de vadia me acompanha. - eu murmurei mas depois me arrependi. Levantei minha cabeça e olhei para Dimitri - Não que eu seja uma. - Eu disse rapidamente antes que ele colocasse isso na lista "coisas ruins a respeito da Mazur" embora o vadia esteja no topo dessa lista. 

  -São apenas boatos, e as pessoas nem estão mais comentando tanto assim. - Dave disse e segurou minha mão, mas rapidamente a soltou porque as pessoas poderiam ver e interpretar isso errado. 

  -Poderia ser pior. - Dimitri disse neutro - Há coisas bem piores que uma garota dhampir pode ser chamada. 

    Mia havia espalhado um boato de que eu era amante de um velho Moroi rico e que ele me bancava. Não sei como as pessoas não inventaram que eu era uma meretriz de sangue. Odeio ensino médio. 

  -Mas fora isso - Dave disse mudando de assunto - Aconteceu alguma outra coisa que você queira me contar? Algo que te deixou triste? Soube que você foi me procurar no meu dormitório quando eu estava fora, há uns dias. 

    Os olhos de Dimitri, que antes estavam pousados na minha mão quando Dave a segurou, agora encaravam Dave de uma maneira estranha e depois ele se virou para mim. 

  -Não. - Eu respondi casual - Apenas queria encher sua paciência mesmo.  

    Naquele dia eu tinha brigado com Dimitri e estava me sentindo péssima não só pela briga, mas pelo peso de tudo mesmo. Não tinha como Dave ficar sabendo disso. 

    Me levantei da mesa chupando um dos meus dedos para tirar o coco ralado das rosquinhas, e com a outra mão eu puxei uma pasta com os meus trabalhos. 

  -Estou indo. Quero encontrar Lissa ainda. Ah Dave, hoje eu entrego o trabalho da sua namorada. Tenho que falar, aquele Heathcliff é um filho da puta. 

  -Você realmente leu O morro dos ventos uivantes? - Ele perguntou surpreso.

  -Infelizmente sim. - Eu respondi dando de ombros e ajeitando minha mochila - Já vou. Até mais tarde, pessoal. 

     O resto do dia passou rápido depois disso. Encontrei Lissa antes de ir para a sala da Srta Geler e ela estava radiante hoje, pensamentos felizes e tranquilos passavam pela sua mente. Também encontrei Mason e fomos caminhando para a nossa aula juntos. Ele iria me falar algo mas Yuri e Dave chegaram na sala e logo nós fomos lutar. 

  -Preste atenção nos braços, Hathaway! - Dave me repreendeu - Eu vou embora e vou ter que te mandar uma carta todo dia te lembrando de não deixar eles tão baixos assim? 

    Ele estava se aproveitando que eu não podia xingar ele. 

    Ridículo! 

    Soltei um sorriso na sua direção e me distraí ao pensar que eu ia sentir falta dos nossos treinos. Distração o suficiente para Eddie me acertar no braço. 

  -Puta merda! - Eu gritei ao sentir a dor do chute dele. 

  -Desculpe, Hathaway. - Ele sorriu e veio na minha direção - Não é só porque você é namorada do Mason que eu vou pegar leve com você. Você está bem?

  -Estou - Eu o tranquilizei - E eu não sou namorada dele, somos apenas amigos. 

  -Você está bem? - Eu notei Dave ao meu lado e apenas assenti com a cabeça - Se tivesse ouvido a dica dos braços, você teria bloqueado com o cotovelo ou o punho. - Ele me repreendeu. 

  -Ok... - Eu suspirei cansada - Braços. Eu vou ficar com um ótimo roxo para lembrar disso. 

  -Vá treinar com um aluno mediano. O Castile está muito acima de você ainda, ele é um dos melhores da turma. - Ele disse me empurrando para um outro aluno.

  -Eu percebi, e o futuro roxo no meu braço também. - Eu resmunguei.

    O fim do dia chegou rápido depois disso, após a minha última aula com Stan, eu estava andando apressada para o prédio dos guardiões, quando me esbarrei em alguém. 

  -Olha por onde anda! - Ouvi a voz de Jesse Zecklos, um Moroi da realeza, dizer com desprezo - Ei, eu estava atrás de você! - Ele mudou seu tom de voz ao ver que era eu - Rose Hathaway, certo? - Sua voz tinha um tom de flerte, e eu juro que se não fosse por aquelas presas me lembrando que ele era um vampiro, eu flertava de volta - Temos um trabalho de química juntos. 

  -Ah... - Eu disse me distanciando um pouco. Ainda não gostava de ficar sozinha com Morois que não fossem Lissa, Natalie ou Christian, mesmo com o garoto tocha ameaçando por fogo no meu cabelo sempre que podia - Eu tô um pouco apressada, então daqui a pouco eu te procuro e resolvemos isso, ok? 

  -Daqui a pouco o toque de recolher é ativado. Mas tem uma sala abandonada no seu prédio onde podemos nos encontrar, se você quiser. - Ele sorriu mostrando seus caninos e eu respirei fundo me lamentando pelas presas. Elas estragaram tudo. 

  -Te procuro amanhã. Adeus, Jesse. - Eu não esperei sua resposta e voltei a andar apressada. 

    Cheguei no quarto de Dave, depois de ser anunciada por uma Dhampir que não queria me deixar passar, e ele estava apenas me aguardando para ajudá-lo com as malas. 

  -Antes de você ir, precisamos conversar. - Eu disse séria e ele me olhou confuso - Eu sei que você sabe algo a respeito desse laço que eu tenho com a lissa. - Ele ia me interromper mas eu fui mais rápida - Dave, você pode ser bom mentindo para mim mas você sabe que eu também sou boa em descobrir suas mentiras. Eu sei que eu fui parar em um hospital da corte e que eu fui compulsada para não lembrar de nada. Lissa me contou tudo. De alguma forma eu sei que o meu laço se formou com a Lissa ali porque foi a primeira e única vez que nos vimos antes de eu vir para a academia. - Eu olhei bem fundo nos olhos dele e implorei - Por favor, me diga o que você sabe! Eu sei que você sabe de algo e não quer me dizer! 

  -Tudo bem... - Ele disse após um longo suspiro e um pouco de silêncio - Sente-se. - Ele apontou para a cama e eu me sentei ao lado dele - Uma vez nós decidimos passar suas férias na Pensilvânia. Tirando que lá é onde fica a corte, o lugar é bem atraente para umas férias no campo. Por um descuido meu, você quase se afogou em um lago da casa de campo que tínhamos alugado, então precisamos te levar para o hospital da corte porque te levar para um hospital humano não seria bom. - Ele disse olhando para baixo. 

  -Como assim um descuido seu? Eu sempre soube nadar - Eu disse confusa - Eu passei metade da minha vida praticamente morando na praia! 

  -Um Strigoi... - Ele sussurrou - Você foi atacada por um Strigoi. 

  -O quê? - Eu disse assustada - Co...como assim? 

  -Ele se escondeu na água. Você correu para o lago e ele te puxou. Você passou muito tempo submersa e eu só notei depois de alguns minutos. - Ele continuou falando baixo e não olhava para mim - Eu tinha ido deixar nossas malas no quarto. Só estava você eu e alguns outros guardiões, seu pai chegaria depois e sua mãe só no outro dia porque o protegido dela estava na corte. Joe veio correndo e disse que um Strigoi invadiu a casa gritando que ia matar todos nós e você tinha sumido. Foi tudo muito rápido. - Notei lágrimas nos olhos dele - Joe e os outros cuidaram daquele infeliz e eu fui atrás de você. Depois de alguns minutos eu não sabia mais onde te procurar então pulei no lago. Você quase morreu naquele dia. - Ele olhou para cima - Seu pai quando soube ficou perturbado e acho que ele não me matou porque realmente foi um ataque inusitado. Nós quase te perdemos. E quanto ao laço... - Ele suspirou e falou após um longo silêncio - Vá para a missa e preste atenção no que o padre fala. 

  -O quê? - Eu estava repetindo muito isso mas era tudo o que eu conseguia falar. 

    Passei mais alguns minutos em silêncio e ele também. Dave se sentia culpado mas não era culpa dele.

  -Você sabe que não é sua culpa, certo? - Eu toquei seu ombro - Você de qualquer modo me salvou! - Eu limpei suas lágrimas e o abracei - Obrigada. - Foi tudo o que eu consegui dizer. 

  -Obrigado por ter falhado com você? - Ele retribuiu o abraço. 

  -Não. - Eu sorri e o apertei mais ainda - Obrigada por ter me salvado nesse dia. Obrigada por sempre estar ao meu lado me protegendo e cuidando de mim. Obrigada por sempre agir como um irmão e até mesmo um pai. - Eu deixei algumas lágrimas cair - E obrigada por estar arriscando a sua vida e me protegendo agora. Eu vou sentir tanto a sua falta. 

  -Eu também vou. E eu prometo que dessa vez eu não vou falhar com você, dessa vez eu não vou deixar nenhum Strigoi chegar perto da minha baixinha. - Ele disse se desfazendo do abraço e limpando minhas lágrimas. 

    Depois de alguns minutos, nós descemos com as suas malas e eu acompanhei ele até o portão da escola. O ajudei colocando algumas malas no carro e depois que terminamos eu o encarei e segurei algumas lágrimas. 

  -Então... - Eu suspirei - Eu vou ser privada da sua cara feia durante um tempo. 

  -Infelizmente sim. - Ele riu e me abraçou de novo - Me escute - Ele segurou meu rosto nas suas mãos e me olhou sério - Fique longe de encrenca, qualquer tipo de encrenca, seja festas, brigas, bebidas ou algo do gênero. Não arranje confusão por aí e nem bata em Morois. Fique longe dos garotos Morois pois eles só querem uma Dhampir para se gabar. Seja uma boa garota para o Belikov e não o enlouqueça, como seu mentor, ele é responsável por você agora. E se... - Ele hesitou um pouco - Nós não sabemos o que o laço pode fazer com você, mas... Qualquer coisa use o celular que você tem e me ligue. Eu irei te mandar algumas mensagens para ver como você tá, tudo bem? Qualquer problema me avise e eu volto correndo. Tenha cuidado com os garotos. 

  -Tudo bem, mamãe. - Eu sorri para ele. 

  -Não fale isso nem brincando! - Ele riu - Você já tem mães demais e eu tenho certeza que Janine e Ana me matariam. 

  -Se você ainda ver a minha anne - Eu disse triste - Diga para ela que eu estou com saudades. E se você ver a minha mãe, diga para ela que eu vou sair daqui merecendo a faixa preta de tanto que eu treino. 

    Eu costumava chamar a Ana de anne, que era mãe em turco. Ela era como uma mãe para mim e era turca, então eu as vezes a chamava assim, mas comecei a evitar quando eu percebi que a minha mãe de verdade se incomodava.

  -Tenho certeza que as duas ficarão felizes. E quanto a faixa... - Ele sorriu - Eu estava pensando em te dar a laranja mês que vem, mas como você está aqui, vamos ver como você se sai.

    Eu soltei um gritinho e o abracei novamente. Dave e minha mãe eram meus mestres no jujitsu, e eu já estava merecendo trocar de faixa, mas digamos que um pequeno acidente na escola me atrasou.

  -Agora eu tenho que ir. Já amanheceu. - Ele disse me abraçando - Seja uma boa aluna para a Piper também. 

  -Piper seria a Srta Geler? - Eu perguntei enquanto ele entrava no carro. 

  -Sim - Ele sorriu e ainda me encarou enquanto os portões se abriam - E Rose... Não quebre o coração do pobre Ashford. Eu te conheço. - Ele sorriu sacana mas depois me encarou sério - E fique longe dos Morois. 

  -Eu já entendi! - Eu ri e balancei minhas mãos - Tchau. 

    Eu vi a BMW preta do Dave sair pelos portões da academia e eu não pude deixar de sentir um aperto no coração. 

  -Volte vivo, Dave. - Eu murmurei após ter a real dimensão disso tudo. Passei um tempo de cabeça baixa tentando engolir o choro - Então é isso... Eu estou por conta própria. 

    Eu comecei a caminhar devagar mas me apoiei em uma árvore e comecei a chorar. Por dias eu tentava não surtar com isso mas acho que finalmente chegou a hora de enlouquecer.

    Sem Dave ao meu lado... E se a ansiedade e a insônia causada pelos remédios voltassem? Eu estava há anos sem ter uma crise, mas avaliando as circunstâncias. Droga! Eu preciso ser forte. Logo toda essa situação vai se resolver. Tudo vai ficar bem. 

    Limpei minhas lágrimas com as mãos e voltei a caminhar. Já era um pouco tarde, tanto que já tinha amanhecido e apenas alguns Dhampirs caminhavam apressados pelo campus, e em alguns minutos o toque de recolher seria ativado. Quando eu já estava quase entrando no meu prédio, eu escuto Mason me chamar. 

  -Hey! - Eu acenei um pouco triste. 

  -Não se sinta triste. - Mason me abraçou e eu retribui - Veja isso como uma nova chance de fazer amigos. - Ele se afastou de mim o suficiente apenas para me olhar - Suas aulas com o Stan terminaram hoje, certo?

  -Sim... - Eu disse sem muita animação - Tecnicamente agora eu tô livre para socializar com vocês. 

    Com as aulas de Dimitri e Stan, me sobrava pouco tempo para socializar com o pessoal no prédio comunitário onde tinha umas salas legais para lazer. 

  -Ótimo! - Mason sorriu abertamente - Tenho certeza que você vai gostar das nossas salas. Temos Netflix - Ele disse em um sussurro falso e eu ri - Eu reservei uma sala para nós no sábado, e eu tava pensando se você não queria assistir um filme... - Ele disse sem rodeios. 

  -Como um encontro? - Eu tentei erguer minha sobrancelha, que nem Dimitri fazia mas falhei. 

  -É... - Ele sorriu, e nossa, ele tinha um sorriso bonito - Como um encontro, se você quiser.

  -Tudo bem. - Eu sorri e ele me abraçou. 


Notas Finais


O que acharam? Capítulo chatinho, eu sei, mas essencial para o desenrolar da fic, e até para os últimos capítulos...
Até domingo. Comentem ❤💕


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