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História Outro Mundo - Shadow kissed?


Escrita por: KateMoura

Notas do Autor


Demorei mais voltei
Boa leitura :)

Capítulo 23 - Shadow kissed?


-O que foi? - Eu perguntei preocupada ao ver a cara que ele fez quando atendeu o celular. 

Estávamos tão perto! 

-Seu pai está aqui. - Ele se levantou da cama e eu congelei. 

-Como é? Ele vai vir aqui no meu quarto? - Eu tirei o edredom de cima de mim e levantei indo pegar uma roupa. 

-Ele quer nos encontrar em uma cabana na floresta. - Ele disse com a expressão fechada e já vestindo o seu sobretudo - Eu vou sair e você fica aqui dentro se arrumando que eu volto para te buscar e inventar alguma desculpa para a inspetora. 

-Tudo bem - Eu disse vestindo um sutiã e já procurando uma calça jeans - Você vai chamar a Lissa ou alguém vai buscar ela?

-Como você sabe? - ele disse vindo na minha direção e arrumando seus cabelos que estavam um pouco bagunçados. 

-Fui eu quem botou Abe contra a parede para ele me explicar direitinho essa palhaçada. - Eu disse irritada e abotoando os botões da minha calça.

O velhote tinha que aparecer logo agora? Sério mesmo?  

Dimitri colocou seu dedo indicador no meu queixo e levantou meu rosto na sua direção. 

-Vai dar tudo certo. - Ele sorriu e me deu um selinho - Mas... Do que você está falando? 

Respirei fundo e lembrei das palavras de Lissa sobre não contar para ninguém, e eu já tinha contado para o meu pai. Eu não poderia quebrar a confiança dela desse jeito novamente. 

-Você vai saber na hora, Camarada - Eu sorri e me virei na direção do guarda roupa novamente, dessa vez procurando uma blusa - Mas tem algo a ver com o laço. 

Dimitri não demorou nem dois minutos, na verdade só deu tempo de eu vestir uma blusa, checar minha aparência no espelho e ver se ele não tinha me marcado. Minha aparência estava ok e eu não tinha nenhum chupão. Logo ele chegou e fomos em direção ao prédio dos morois. 

No caminho nós ficamos em silêncio e não dissemos nada. Deve ser estranho para ele uma hora tá com a mão dentro da minha calcinha e na outra falando com o meu pai mafioso. O que será que o meu pai faria se descobrisse? Não quero nem imaginar. 

Droga! Chegamos tão perto, mas tão perto. Sua boca explorando meus seios com certeza é uma sensação que eu nunca vou esquecer. Será que eu teria tido coragem de ir até o fim se o meu pai não tivesse nos interrompido? Eu me esforcei tanto nesses últimos dias para conseguir tirar Dimitri do sério, e quando consigo somos atrapalhados pelo meu pai. Isso é terrível. 

O sol estava maravilhoso lá fora, mas quando entramos no prédio dos morois, ignorando a recepcionista e indo direto para o quarto de Lissa, toda a luz natural se desfez e ficou somente a artificial. A arquitetura do prédio dos morois era diferente da dos dhampirs, enquanto a nossa era mais aberta para receber a luz do sol, a dos morois era mais fechada. 

Quando chegamos perto eu comecei a sentir Lissa mais inquieta. Ela estava dormindo mas ao mesmo tempo estava agitada, como se estivesse sonhado. Tomara que esse sonho não fique tão forte a ponto de eu ser arrastada para a mente dela, isso não é hora do laço confundir a minha cabeça. 

Esse laço cada dia que passa fica mais difícil de controlar, deve ser porque eu nunca mais tentei bloquear ela totalmente, ainda tinha medo de que se eu fizesse isso, eu não ia conseguir capitar aquela coisa ruim que eu percebi naquele dia. Como resultado disso o laço fica praticamente incontrolável, e eu, há dois dias, fui arrastada para mente dela bem na hora em que ela e Christian iam dar início a um porno moroi. Foi horrível. Eu acordei e não consegui mais dormir, e o pior foi que eu tive que ficar quieta senão Dimitri ia acordar e estranhar porque eu não estava dormindo. Ignorar as emoções de Lissa naquele momento foi bem difícil, e até constrangedor no dia seguinte, tanto que nem falei para ela. Nesse momento eu fiquei frustrada porque até a minha melhor amiga conseguia dá as escapadinhas dela e eu não. 

-Liss está agitada, ainda bem que vamos acordar ela - Eu disse quando chegamos perto da porta do seu quarto - Dimitri, você vai ficar bem falando com o meu pai? Quer dizer, dever ser bem estranho... 

-Eu vou ficar bem, Roza. Não se preocupe - Ele sorriu e fez um carinho rápido na minha bochecha. 

Acordar Lissa foi um pouco difícil, até porque ela estava sonhando, mas quando abriu a porta e viu eu e Dimitri, ela soube que a hora de buscar respostas havia chegado. 

-Fico pronta em um minuto. - Ela disse fechando a porta e começando a ficar ansiosa. 

Quando ela saiu, ela foi rápida vestindo um moletom rosa bebê e uma calça jeans. Saímos do prédio dos morois e fomos cruzando toda a escola na direção leste. Dávamos passos rápidos e estava praticamente impossível acompanhar Dimitri. Ele percebeu isso e diminuiu seus passos para que eu e Lissa não ficássemos para trás. 

Lissa estava ansiosa, a mente dela trabalhava a mil. Ela queria tantas respostas e estava feliz, mas ao mesmo tempo com medo de não ter suas dúvidas tiradas. 

-Vai ficar tudo bem - Eu sorri para ela - Se não conseguirmos respostas agora, nós vamos arranjar depois. Vamos dar um jeito. 

-Eu sei. - Ela sorriu e eu senti uma imensa onda de confiança emanar dela para mim - Obrigada pelo que você fez. 

-Só procure ficar calma - Eu fiz uma careta - O laço anda meio louco e eu não quero deslizar para a sua cabeça agora. 

-Tudo bem... 

-Algumas das minhas encomendas já chegaram - Eu disse tentando mudar de assunto para distraí-la um pouco - As suas chegam quando? 

-Não sei, acho que essa semana ainda. 

Eu assenti e me virei para Dimitri, ainda tentando arrumar outro meio para distraí-la.

-Então Dimitri, você já conversou com a Kirova, ou seja lá quem, para Lissa passar as férias lá em casa? 

-Não, ainda teremos tempo para isso. - Ele disse em um tom gentil. 

-Não sei não - Lissa disse e de repente ela ficou apreensiva - Temos que resolver logo isso antes que a rainha Tatiana resolva logo as férias por mim. 

-Meu deus, a rainha daqui decide até as férias de vocês? Credo! - Eu revirei os olhos - Agora entendo porque meus pais quiseram me criar no mundo humano. Em Los Angeles eu podia fazer o que eu quisesse que o Obama não ia se importar. 

-Quer dizer que seus ataques terroristas não são do interesse do governo humano? - Lissa riu e eu já sentia ela mais calma. Eu estava conseguindo - Infelizmente essas são as desvantagens de ser uma princesa e a última da minha família. - Ela suspirou - Mas essas serão minhas últimas férias, ela não pode me negar isso. 

-Entendo... - Eu suspirei e comecei a imaginar que não devia ser nada legal assumir tantas responsabilidades com tão pouca idade. Cada dia que passa agradeço mais por meus pais terem me tirado desse meio. 

Andamos mais um pouco e chegamos à cabana. Ela era velha, caindo aos pedaços quase, o que me fez acreditar que já devia estar desativada há um bom tempo. Eu queria perguntar se essa era a cabana em que Tasha ficou, mas achei melhor não, então fiz outra pergunta: 

-Por que vocês têm essas cabanas velhas? - Eu me virei para Dimitri. 

-Era um posto de vigia. - Ele disse neutro.

-E porque não é mais? - Eu fiz uma cara confusa. 

-Não temos guardiões o suficiente e também agora temos as wards. 

Eu fiz um biquinho confuso e olhei para Dimitri mas ele não olhou para mim. Ele ainda continuava olhando para frente, sério e imponente. Será que ele sabia que ficava tão sexy nessa postura de guardião? 

Dimitri abriu a porta, que rangeu um pouco, e deu espaço para eu e Lissa entrar. Eu entrei primeiro, e apesar do ambiente um pouco escuro, eu vi que meu pai se destacava de longe. 

-Baba! - Eu corri e me joguei nos braços do homem que vestia um terno azul bem vívido e uma camisa vermelha. Por que ele tem que ser tão excêntrico? 

-Quer dizer que eu descobri o segredo para você me chamar de Baba? - Ele falou me abraçando - Vou passar mais dois meses sem te ver de novo. 

-Não se engane. - Eu desfiz o abraço e tentei fazer uma cara séria, mas eu estava tão feliz em vê-lo que eu não consegui esconder um sorriso - Estamos aqui a negócios. 

-Oh... - Ele fingiu uma careta de surpresa - Então vamos iniciar o nosso jantar de negócios, mas antes... - Ele voltou para o seu tom sarcástico de sempre - Olá, Belikov, como vai? - Ele disse se voltando para Dimitri e eu congelei. 

-Sr Mazur... - Dimitri disse neutro, com sua postura séria e sem vacilar. 

-Princesa Dragomir, anda aproveitando muito a companhia da minha filha? - Meu pai se voltou para Lissa. 

-Rose é incrível, Sr Mazur. - Lissa disse sorridente e educada. 

Suspirei e, vendo que meu pai ia me enrolar o máximo possível, eu fui na direção de Pavel mas parei ao notar duas pessoas ao seu lado. Uma mulher, que eu imediatamente identifiquei como moroi, estava parada ao lado de um homem alto e robusto, com o cabelo meio grisalho indicando ser mais velho que ela, e ele era um dampiro. 

-Eu sou Oksana - A mulher, que tinha cabelos loiros quase ruivos e as maçãs do rosto bem salientes, sorriu sem mostrar as presas - E esse é o meu marido Mark. 

Passei meus olhos de Oksana e fui para Mark. Meus pais disseram que casamentos entre morois e dhampirs era incomum, tanto que meu pai e minha mãe só eram casados no mundo humano. Eu fiquei um pouco confusa mas tentei soltar um sorriso. 

-Eu sou Rose - Tentei ocultar meus sobrenomes pois eu não sabia qual usar em uma situação como essa. 

Notei que Oksana olhava para mim, mas era como se ela olhasse além, depois ela seguiu seus olhos até onde Dimitri, Lissa e meu pai estavam e soltou um sorriso discreto. Achei aquilo estranho, e ainda não entendia porque aquele casal estava ali, eu me virei para Pavel:

-Hey, como você está? 

-Eu estou bem, Rose. Obrigada por perguntar - Ele sorriu minimamente - E você como está? 

-Estou bem também - Eu dei de ombros e troquei o peso de uma perna para outra - Você viu a Ana? 

-Sim, e ela está com saudades de você. 

-Diga para ela que eu também estou, se você vê-la novamente. 

-Claro. - Ele sorriu e me virei para o meu pai. 

-Então velhote, pode começar a falar - Eu chamei a atencao do meu pai que agora falava com Dimitri. Eu não queria eles muito próximo um do outro, isso deve ser tão desconfortável para o russo quanto é para mim. 

-Para quê tanta pressa, Kiz? - Ele sorriu debochado e se aproximou de mim - Faz tempo que não nos vemos. Você não quer por o papo em dia? - Eu cruzei os braços impaciente e torcendo para que ele não me enrolasse - Eu trouxe pizza! 

Com essas três palavras mágicas ele conseguiu desviar minha atenção durante alguns segundos.

Depois de apresentar Mark e Oksana para Lissa e Dimitri, nós nos ajeitamos para comer. Dentro da cabana tinha algumas cadeiras e nos arranjamos por ali como pudemos.

Meu pai, conhecendo ele como eu conheço, ia enrolar o máximo que ele pudesse até conseguir me tirar do sério ou até que eu esquecesse essa história. Ele sempre fazia isso quando eu pedia para dormir na casa de alguma amiga sem Dave no meu encalço. 

Cada um pegou um pedaço de pizza de pepperoni e meu pai tentou tratar aquilo como se fosse um jantar casual. 

-Já se meteu em muita confusão? - Ele perguntou com aquele sorriso zombeteiro. 

-Não muita - Eu dei de ombros e resolvi entrar no joguinho dele, até porque eu podia desarmar o velhote na hora que eu quisesse, eu era a sua princesinha no final das contas - Até agora só duas detenções e Dimitri conseguiu me tirar de algumas quase brigas, duas para ser exata. - Eu resolvi não contar sobre Jesse, mas não porque eu tenho medo do meu pai fazer algo com ele, mas sim por vergonha. Uma meretriz de sangue... 

-Belikov - Meu pai se virou para Dimitri - Não se meta nas brigas da minha filha, ela sabe dar um excelente soco e precisa praticar isso no dia-a-dia. 

A maioria das pessoas classificam meu pai como um homem bizarro e assustador, já eu o classifico como bizarro e super legal, e esse era um dos momentos em que ele era super legal. 

Me virei para Dimitri para ver o que ele falaria ou se iria demonstrar alguma coisa, mas não, ele continuou com a sua expressão neutra, como a de Pavel. 

-Rose já pratica muito todos os dias. - Ele disse com sua voz séria, em um claro sinal de que não gostou do meu pai me incentivando a fazer coisas erradas. Ele poderia dá uma lição zen para o velhote dizendo que não podemos incentivar a violência e devemos procurar ser um bom exemplo para as nossas crianças, mas acho que ele não teria essa audácia. 

-Um bônus não faz mal para ninguém, certo Rose? - Ele se voltou para mim e eu apenas concordei com a cabeça porque estava de boca cheia. 

Chequei Lissa pelo laço e vi que ela estava um pouco entretida com o jeito de ser do meu pai. Ela estava achando ele totalmente bizarro. Vi também que eles já se conheciam e na primeira vez em que ela viu ele, ela ficou com um pouco de medo. Eu quase que me viro e digo que o velhote não mete tanto medo assim, mas me calei ao pensar que ele devia estar no modo mafioso dele, e eu sinceramente nunca quero conhecer esse lado do meu pai. 

Balancei minha cabeça tentando tirar esses pensamentos e olhei para Oksana e Mark. Ela estava comendo um pedaço de pizza e o dampiro passou um lencinho para ela sem nem ela pedir, e ela já estava com a mão esticada antes mesmo dele entregar o lenço para ela.

-Então Rose, você precisa de algo? - Meu pai perguntou com o ar despreocupado e eu revirei os olhos.

Preciso que você pare de atrapalhar a minha quase transa com Dimitri! Mas ao invés de dizer isso, eu apenas sorri e disse:

-Lissa e Christian podem passar as férias de natal lá em casa? 

-Quem é Christian? - Meu pai perguntou semicerrando os olhos e se inclinando na minha direção. 

-O namorado dela, Christian Ozera - Eu apontei para Lissa e revirei os olhos - Infelizmente eles não se desgrudam e o garoto tocha vai ter que ir.

-Claro que podem - Meu pai sorriu e relaxou, depois alisou a sua barbicha e fez uma cara pensativa - Vou ter que arrumar mais fornecedores. A Mônica não vai ter sangue o suficiente para três morois.

Lissa ficou feliz com a ideia de passar as férias comigo, ela estava até imaginando várias coisas que iríamos fazer juntas e até curiosa para conhecer os humanos que eram meus amigos. Mas eu parei de me concentrar nos pensamentos dela assim que meu pai falou "Mônica" e "fornecedores" 

-Co...Como é que é? - Eu quase engasguei - Como assim a Mônica não vai ter sangue suficiente? 

-Ela é a minha fornecedora, garota. - Meu pai soltou um sorriso zombeteiro e eu senti toda a janta e o pedaço de pizza chegarem na minha garganta. 

Mônica, a empregada legal da minha casa e que sempre me botava para arrumar meu quarto, era a fornecedora do meu pai. Eu sabia que os morois precisavam de sangue para viver, mas era uma coisa que eu preferia não pensar tanto. 

-Mas acho que Alicia pode ser a fornecedora também... - Ele disse pensativo.

-O quê? - Eu praticamente gritei - Você é um sem noção! Alicia é a cozinheira! Você tem noção do quanto isso é nojento?

-E você acha que quem é a fornecedora da Ana?

-Hein? - Eu sentia meu enjôo aumentar e eu acho que estava mais pálida que a Lissa. Ana era uma moroi? Sei bem que ela era alta e magra como um deles, e tinha a cor do meu pai, que era quase doentia se comparada com a minha - Alicia e Mônica são Dhampirs? 

-Claro que não, Rosemarie! - Meu pai pareceu ofendido - Você acabou de se escutar? Elas são fornecedoras e empregadas da casa, e são humanas. 

-Ainda bem! - Eu respirei fundo - Arranje outros fornecedores para Lissa e Christian. Alicia está fora de questão! - Eu disse cruzando os braços e fazendo uma cara de nojo. 

Estávamos conversando como se só existisse nós dois na cabana, mas eu sabia que Oksana e Mark estavam na nossa frente e Lissa observava tudo confusa, assim como eu também sabia que Dimitri estava em pé junto com Pavel ao seu lado. 

-Por quê? - Meu pai sorriu como se fizesse isso só para me irritar. 

-Porque ela é a minha cozinheira e isso é nojento e antinatural. Eu não vou abrir mão da Alicia! Ela é uma excelente cozinheira. 

-E o sangue dela é ótimo também! - Meu continuava sorrindo. 

-Meu deus... Quanta nojeira! - Eu revirei os olhos e respirei fundo - Isso é pior do que ouvir que o senhor trai a minha mãe! 

-Eu nunca traí a sua mãe! Você é louca? De onde você tirou isso? - Ele realmente parecia ultrajado. 

-Ainda bem? - Eu fiz uma cara confusa. 

-Eu pensei que você já tinha se acostumado - Lissa falou me olhando confusa - Naquele dia que você me levou nos fornecedores não parecia que você estava incomodada. 

-Porque eu estava com outra coisa na cabeça - Eu revirei os olhos - Não sei se você se lembra, mas você tinha acabado de curar um corvo e estava fraca. 

Olhei para o casal na minha frente, me perguntando se eles teriam a resposta para isso. Mark deu uma mordida na sua pizza e ficou sujo de molho bem no canto da sua boca, ele apenas virou para o outro lado e pegou outro lencinho e se limpou sem nem ele saber que estava sujo, depois ele se virou para Oksana e ela olhou para ele e se virou para frente de novo, cravando seus olhos em mim. 

Eu já tinha visto esse tipo de comportamento antes, e tinha sido em mim e em Lissa. Uma vez eu tinha me sujado e ela me avisou pelo laço, e também quando ela me deu cola no teste de história Moroi. 

-Vocês têm o laço! - Eu disse surpresa. 

-Sim, temos. - Oksana respondeu gentil - E estamos aqui para fazer alguns alertas e tirar suas dúvidas. 

Olhei para Lissa e eu senti a animação dela vir para mim. Finalmente depois de meses e meses sem respostas ela ia conseguir. Meu pai se mexeu desconfortável na cadeira e assumiu uma postura tensa, diferente daquela zombeteira e sarcástica que ele tinha alguns segundos atrás.

-Rose - Ele disse sério e sem nem um pingo de sarcasmo no seu rosto e eu me preocupei. Na última vez em que ele foi sério comigo foi para falar que eu ia vir para St Vladimir - Como o David falou para você, há alguns anos você foi atacada por um Strigoi e quase morreu afogada - Ele fez uma pausa que eu achei desnecessária e depois continuou - Mas a verdade foi que você de fato morreu e a princesa te trouxe de volta. 

-Quê? - Eu dei um pulo da cadeira - Como assim? 

Então eu não estava viva? Que porra é essa? Olhei para Lissa e ela estava confusa, mas um fio de compreensão passou por ela. Ela se lembrou do dia em que me viu pela primeira vez, do que ela sentiu quando chegou perto de mim, e comparou com o corvo que ela curou. 

-Não... - Eu sussurrei e olhei para ela - Você só cura pequenas coisas como arranhões e machucados, e não traz alguém de volta dos mortos. 

Isso era insano! 

-Rose, você é uma shadow Kissed - Oksana falou de forma cuidadosa - Assim como Mark, você morreu mas foi trazida de volta - Ela fez uma pausa e apontou para Lissa - Você... Você não é especializada em nenhum elemento, certo? - Lissa assentiu positivamente - Isso é porque você é especializada no espírito...

Eu me levantei rápido da cadeira e dei um passo para trás. Já não bastava eu ter descoberto sobre essa coisa de vampiro, eu ainda tinha que descobrir essa loucura de que eu morri e fui ressuscitada ou seja lá o que fizeram comigo.

-Não quero mais ouvir! - Eu disse firme e me virei. Olhei para Dimitri e ele parecia tão confuso quanto eu - Vocês querem me enlouquecer de verdade, é isso? - Eu olhei para o meu pai e fui em direção à porta.

-Rose! - Lissa falou quando eu começava a caminhar para trás. 

Eu olhei para ela e não precisava nem do laço para descobrir que ela queria ficar. Podia ser confuso para mim, mas ela queria respostas e já estava angustiada por isso. Por favor, Rose, fique... Por mim. 

-Ok... - Eu olhei para ela e tentei sorrir, depois voltei e me sentei no banco - Podem falar. 

-Certo - Meu pai sorriu de forma gentil, e ele raramente fazia isso, é como a minha mãe me abraçando, e ela só fazia isso de dois em dois meses quando ela voltava de viagem - Não me interrompa, você sabe que eu não gosto disso - Ele ficou sério - Quando David me ligou dizendo que estava indo para o hospital da corte porque você tinha sofrido um ataque Strigoi, e o infeliz te deixou só Alá sabe quanto tempo de baixo d'água, eu imediatamente fui para lá e liguei para a sua mãe. Eles tentaram te ressuscitar e passaram quase 20 minutos fazendo isso, mas no fim não teve jeito. - Ele respirou fundo e tinha um olhar distante - Eu só vi sua mãe chorar uma vez na vida, e foi quando o médico foi buscar os papéis da sua certidão de óbito. 

Eu sentia minha garganta ficar apertada e meus olhos ficando levemente marejados, mas eu não ia chorar, não ali na frente de todos. 

-Enfim... - Meu pai limpou a garganta - Eu não vou entrar em detalhes, kiz. A equipe médica saiu e nos deu um tempo a sós com você, mas antes que pudéssemos entrar, a garota Dragomir passou por nós - Ele se virou para Lissa e soltou um sorriso triste - Nós nem vimos você passar, quando entramos você estava desmaiada no chão ao lado da cama dela e Rose tinha voltado a respirar. Os médico consideraram isso um milagre e tiraram você de lá achando que você acordou confusa e teve um surto de exaustão. Voltamos para casa mas não sem antes compulsar você, Rose. - Eu mantinha meus olhos baixos e não ousava olhar para ninguém, e tentei bloquear Lissa o máximo possível mas fracassei, me permitindo saber que ela estava tão confusa e chocada quanto eu - Foi um grande susto para todos nós, mas para todos os efeitos você ainda estava bem e levando uma vida normal, ou pelo menos pensávamos até você começar a ter mudanças de humor e confidenciar para Dave que estava sonhando regularmente com uma garota alta, pálida e loira dos olhos verdes. Com o passar do tempo foi piorando e você, uma vez, no meio do jantar ficou com os olhos fora de foco e quando voltou disse que estava no corpo da menina que você sonhava. 

Eu ainda me lembrava desse dia, e levando um mão para minha bochecha e limpando uma lágrima, eu tentava não lembrar desse dia porque foi ali que eu tive a certeza que eu estava ficando louca. 

-Isso raramente acontece e são poucas as pessoas que têm conhecimento disso, então nós começamos a investigar e descobrimos que você estava ligada por um laço psíquico à Vasilisa. 

-Foi quando seu pai nos encontrou e pediu ajuda - Oksana falou e eu olhei surpresa para o meu pai. Ele nunca pede ajuda para ninguém, mas acho que o seu desespero por respostas foi maior do que a sua presunção e o seu orgulho - Eu e Mark somos ligados também. Eu o trouxe de volta à vida, e isso só foi possível porque eu sou uma usuária do espírito, que é um quinto elemento e tão raro que foi esquecido ao longo dos séculos - Ela se voltou para Lissa - Curar é a única coisa que você faz? 

-Eu... É... Descobri faz menos de um ano, mas eu também... - Ela ficou nervosa e envergonhada - Minha habilidade de compulsão é melhor que a dos outros morois. 

-Tudo bem - Oksana sorriu de forma gentil - Não tem porquê se envergonhar, isso é normal entre pessoas como nós, e contanto que você não use de forma maldosa está tudo bem. 

Foi quando uma pequena onda de nervosismo me atingiu, e culpa também, mas culpa pelo quê? Uma ansiedade cresceu dentro de mim e quando eu me virei para Lissa, já era tarde demais. Eu tinha sido arrastada para a mente dele. Oh droga... Logo agora? 

-Kiz? - Meu pai tocou no meu braço ao perceber que eu fiquei paralisada. 

Eu estava enxergando tudo através dos olhos de Lissa e vi Dimitri se mexer desconfortável. Lissa estava tendo uma espécie de ataque de ansiedade e se sentia culpada pelo acidente dos pais dela. Ela achava que se tivesse descoberto isso antes, ela poderia ter salvado eles que nem ela fez comigo. 

-Rose - Mark olhou para Lissa mas ele falava comigo - Se concentre em voltar para o seu corpo. 

-Quê? - Lissa parecia assustada ao me ver assim, o que era engraçado, porque eu estava me vendo pelos olhos dela. 

-Ela está na sua cabeça - Oksana falou para Lissa e sorriu - Procure se acalmar também, deixe suas emoções menos intensas. 

Tudo não durou nem quinze segundos, eu apenas me concentrei e voltei para o meu próprio corpo. Olhei ao redor e Lissa parecia horrorizada e meu pai suspirou aliviado. 

-Está tudo bem - Eu peguei na mão dela e sorri - Eu já estou acostumada e conseguindo controlar aos poucos. 

-Eu não sabia que você ficava assim - Ela disse assustada e eu dei de ombros fingindo não me importar, mas na verdade eu também não gostava disso. 

-Estão todas calmas? - Oksana sorriu - Posso continuar? 

Eu e Lissa assentimos com a cabeça e eu segurei a mão dela. 

-Como o passar do tempo você pode desenvolver mais habilidades, podemos discutir isso por e-mail depois, mas agora vamos para os alertas. 

-Alertas? - Eu perguntei confusa. 

-Existe um motivo para eu ter tentado adormecer o laço entre vocês duas - Meu pai parecia tenso. 

-Quando os morois usam magia, isso suga a energia deles, mas nós, usuários de espírito, bem, isso desgasta a nossa mente, e também tudo isso tem um custo: A escuridão. - Oksana disse de forma séria - É um lado negro do espírito que pode levar a pessoa a perder a sanidade, e tanto você quanto Mark sugam essa escuridão, passando a loucura para vocês. 

Eu afrouxei a mão de Lissa e dessa vez foi ela quem apertou a minha mão. Fique calma Ela disse através do laço. 

-As vezes você se sente triste e irritada, certo? - Lissa concordou - E a Rose pode sugar isso de você. 

Me lembrei de quando eu contei para ela sobre Jesse e daquela coisa ruim e pequena dentro dela, lembrei também de quando ela curou o corvo e eu me senti irritada e liguei furiosa para o meu pai exigindo respostas, e bem, não sei se meu mau humor pode ser associado a escuridão ou se era por causa da minha insônia. 

-Dave sabia disso, não sabia? - Eu sussurrei baixo e olhei para o meu pai - No dia em que ocorreu um incidente desagradável com uma moroi, ele se preocupou ao me ver irritada e depois levou eu e Lissa para o ginásio e perguntou se estávamos bem. Ele também vem fazendo perguntas frequentes sobre o meu humor. 

-Mas há uma solução. - Mark disse e me deu um anel de prata - É um anel encantado com o espírito. Use quando você sentir que está começando a absorver a escuridão dela, creio que isso ainda não ocor...

-Aconteceu sim - Eu disse para Mark mas depois me virei para Lissa - No dia em que nós fomos curar plantas eu senti uma coisa pequena, quase inexistente, dentro de você, mas ela era ruim, negra e horrível. Eu achei que era por causa do que eu falei, e também porque você estava sem usar seus poderes, já que Abe disse para você não usá-los, então eu chamei você para curar as plantas no limite do campus, e quando nós estávamos voltando eu chequei você de novo e não estava mais lá, tinha sumido. 

-Você absorveu - Mark disse e fez uma cara não muito boa - Use esse anel, ele ajuda a controlar a escuridão e entre outras coisas - Ele se virou para Lissa - Você também vai poder fazer um desses quando tiver um controle melhor. 

-Não se preocupem sobre a escuridão, só sejam cautelosas. - Oksana disse para nós duas mas depois se virou para Lissa - Não exagere no uso dos poderes, eles têm um custo e agora você sabe qual, mas tente trabalhar neles semanalmente. Podemos manter contato por e-mail e eu posso ajudar as duas com isso. É uma coisa difícil de ser controlada, mas não é impossível. 

-E o mais importante - Mark suspirou e nos olhou de maneira séria - Não comentem isso com ninguém. Esse é um dom raro e muito cobiçado, as pessoas podem querer se aproveitar e explorar isso o máximo possível. 

-O meu namorado sabe. - Lissa olhou para baixo - Ele vem me ajudando com tudo isso. 

-E ele sabe que eu pedi explicações suas - Eu disse e olhei para o meu pai. 

-Contem somente para ele e mais ninguém então - O velhote sorriu sarcástico e se levantou - Bem, não podemos demorar e agora vocês já sabem de tudo. Troquem e-mail com eles e fiquem se comunicando. E você - Ele olhou me olhou de forma séria - Coloque o anel e venha aqui. 

Coloquei meu anel no dedo anelar direito e o segui, mas não sem antes olhar para Dimitri e ele me olhar de volta como se tentasse me transmitir força. 

-Eu já volto - Eu olhei para Lissa - Tire suas dúvidas. 

Segui para fora da cabana com o meu pai e eu senti o tempo nublado, mas mesmo assim ainda era melhor que a noite fria de Montana. 

-Já estamos em novembro e em menos de um mês vai começar a nevar. - Ele respirou fundo e olhou para o chão lamacento - Não sei se eu te falei, mas eu tenho o domínio da terra e é péssimo quando neva. 

Eu olhei para o chão e vi o solo lamacento ficar seco e até rachado. Olhei para o meu pai fascinada e sorri:

-Legal! - Eu suspirei e pisei no chão onde ele secou até rachar - Lissa cura, a namorada do Dave domina o ar, Christian o fogo e você a terra. Queria dominar alguma coisa também. - Eu dei de ombros. 

-Você já é ótima na luta - Ele disse despreocupado - Você está se dando bem com a Piper? 

-Até você já conhecia ela? - Eu perguntei incrédula. 

-Ela é uma boa pessoa - Ele deu de ombros e depois suspirou - Não sei se sua situação vai estar resolvida daqui para o natal, então eu não tenho certeza se você poderá voltar para los angeles. 

-O que isso quer dizer? - Eu perguntei cansada. 

-Que você vai poder ir para qualquer lugar com os seus amigos menos a California. 

-Turquia? - Eu perguntei com uma pontinha de esperança - Não vamos lá já faz um bom tempo... Dois anos, eu acho. 

-Você não vai lá - Ele sorriu zombeteiro - Eu estive lá no mês passado, mas mesmo assim é um lugar muito arriscado para você, escolha outro.

-Rússia? - Eu perguntei - Dimitri uma vez, depois de perturbar muito ele, me falou sobre como é Moscou e eu fiquei curiosa. 

A verdade é que desde que Dimitri me falou que ele não via os parentes dele há um bom tempo, eu fiquei com vontade de fazer algo a respeito, e se Lissa estivesse na Rússia talvez ele poderia ver a sua família.

-Muitos Strigois lá, e isso é tudo o que você não precisa, e também eu tenho negócios por lá, não seria bom. 

-O que você sugere então, velhote? - Eu revirei os olhos.

-Escolha com os seus amigos, mas você está restrita para esses dois lugares. 

Eu não respondi e vi ele endurecendo o solo lamacento e eu comecei a pisar de novo, depois ele começou a fazer uma trilha e eu fui pisando. 

-Eu costumava fazer isso com você - Ele falou um pouco alto e eu comecei a voltar. 

-Eu não lembro disso.

-Claro que não, você era uma criança na época. - Ele tinha um olhar nostálgico. 

Ficamos um tempo em silêncio e eu sabia que ele queria um tempo comigo, e estava preocupado, então apenas fiquei ao seu lado. 

-Você trouxe o seu nazar? - Ele perguntou enquanto fazia o solo ficar lamacento novamente. 

Quando eu fiz 16 anos minha mãe me deu um nazar que tinha sido presente do meu pai para ela. Eu achei estranho porque achei romântico, e meus pais não faziam o tipo de casal romântico, na verdade eu até me pergunto como que eles deram certo. 

-Sim, mas não o uso - Eu olhei para o meu pulso onde a minha tornozeleira da amizade estava presa - Talvez eu use como uma pulseira também. 

-Faça isso. - Ele sorriu - Vamos voltar. 

-Velhote - Eu chamei a sua atenção e ele voltou seu olhar para mim - Você se saiu bem com essa coisa de me esconder. Obrigada por isso. 

-Eu faria qualquer coisa para proteger você. - Ele sorriu e eu percebi que esse era um daqueles raros momentos de pai e filha que nós tínhamos, já que a nossa natureza sarcástica era a que sempre tomava conta - Eu te amo, Kiz. 

-Eu também te amo, Baba. - Eu o abracei.


Notas Finais


Comentem bastante :)
Até breve!


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