Acordei com alguma coisa vibrando em baixo do meu travesseiro, então eu arrastei minha mão e peguei meu celular. Me virei e dei de cara com o rosto sereno de Dimitri. Ele parecia um anjo dormindo, com o meu edredom branco cobrindo apenas metade do seu corpo. Um anjo horrivelmente sexy. Olhei para o celular novamente e eu arregalei meus olhos ao ver que era o Dave.
Merda! Calma, Rose... Respira. Ele não está aqui para saber que você dormiu com o seu mentor.
-O que você quer, Dave? - Eu falei após atender e afundar minha cabeça no travesseiro.
-Liguei para acordar você! - Ele falou animado.
Estranhei essa sua animação, ele parecia tão cansado ultimamente e eu não podia deixar de me sentir culpada. David com certeza estava trabalhando muito para me proteger.
-Você não faz isso desde quando você foi embora e...
Senti Dimitri rolar para mais perto de mim e enlaçar minha cintura com o seu braço esquerdo. Sua ereção matinal roçou na minha bunda e eu mordi o lábio para não soltar um gemido.
-Roza... - Dimitri murmurou e beijou o meu ombro, me fazendo dar um salto para fora da cama.
Não olhei para trás para ver a sua reação, fui direto para o banheiro e me tranquei lá dentro. Tomara que Dave não tenha escutado nada do outro lado da linha.
-Que barulho foi esse? Você está com alguém aí? - Meu guardião-dhampir-mentiroso perguntou em um tom desconfiado.
-Claro que não! Enlouqueceu, velhote? - Eu tentei soar debochada, mas foi apenas para mascarar o meu nevosismo.
Sim! Tinha alguém aqui comigo, e era o meu mentor, que a propósito tirou minha virgindade ontem.
-Velhote? - Dave riu - Eu não sou tão velho assim, ainda vou fazer 28. Seu pai vai me matar se ele ver que você passou o apelido dele para mim.
-Não vai não... - Eu ri e me olhei no espelho vendo alguns poucos chupões nos meus seios.
-Você está bem?
maravilhosamente bem...
-Eu estou sobrevivendo - bocejei e senti um pequeno incômodo entre as minhas pernas, mas não dei muita importância - Ensino médio não é fácil nem para os vampiros.
-Sua voz está com eco... - Dave voltou para o tom de voz desconfiado e eu quase pude ver ele entortando suas sobrancelhas - Você está no banheiro? Pensei que estava na cama.
-É... - Puta merda! Por que Dave tinha que ser tão esperto? - Eu levantei e vim para o banheiro. Já está na hora de acordar.
-Rose, você tem certeza que não está com ninguém?
-Claro que tenho! Você sabe que eu não mentiria para você - Eu fingi estar ofendida quando na verdade eu queria me bater por mentir para Dave. Mas ou eu mentia, ou Dimitri apareceria misteriosamente morto no dia seguinte - Por que você está duvidando de mim?
-Eu não estou duvidando de você, Baixinha, desculpe... - Ele disse arrependido e eu quis tacar minha cabeça na parede. Odiava mentir para o Dave, ele até me acobertava as vezes quando eu fazia besteira.
-Ok... - Eu murmurei - E você está bem?
-Estou ótimo! Enfim, só liguei para saber como você estava, antes de você dormir eu ligo de novo.
-Tudo bem. Até mais. - Desliguei o celular e me encostei na parede fria do banheiro.
Não pense muito. Não pense muito. Não pense muito!
Eu ficava repetindo isso para mim mesma enquanto eu sentia um nervosismo se apoderando de mim. Se Dave descobrir sobre Dimitri, meu camarada será uma pessoa morta.
Prendi meu cabelo em um coque e liguei o chuveiro. Dave me acordou 10 minutos antes do que eu sou acostumada então eu vou adiantar as coisas. Quando eu estava quase acabando, Dimitri bateu na porta e entrou, totalmente nu.
Que homem gostoso do inferno!
Fiquei um tempo o observando enquanto ele estava parado na minha frente. Percebi alguns poucos arranhões no seu peito. Eu fiz aquilo? Nem notei na hora, mas eu sabia que as suas costas estariam marcadas. Dimitri poderia ser bonito com roupas, mas ele era ainda melhor sem elas. Dimitri era um espetáculo.
O meu espetáculo particular...
-Rose? - Dimitri me chamou e eu o encarei.
-Hein? - Eu corei e olhei para o outro lado.
-Eu perguntei se você está bem, se está dolorida ou algo assim, e porque saiu praticamente correndo da cama. - Ele perguntou preocupado.
-Eu estou ótima! - Eu menti. Na verdade eu estava sentindo uma pequena ardência no meio das minhas pernas, mas aquilo era normal já que eu tinha perdido minha virgindade e Dimitri não era nem um pouco pequeno - E eu saí daquele jeito porque o Dave me ligou.
Saí de baixo do chuveiro e ele entrou logo em seguida. Notei que ele molhou seu cabelo e bufei ao perceber que devia ser a coisa mais fácil do mundo cuidar daquele cabelo, enquanto eu estava sofrendo com a mudança brusca de clima. É tão injusto que homens de cabelo grande tenham o cabelo melhor que o das mulheres.
-Você vai ficar me olhando? - Dimitri perguntou sorrindo e passando sabonete nos seus braços.
-Você molha o seu cabelo de manhã?
Dimitri murmurou algo em russo, que eu tenho certeza que era um palavrão, e o seu sorriso se desfez. Percebi que se ele passasse com o cabelo molhado pelas pessoas, e pela recepção, alguém ia perceber que ele não dormiu no seu quarto.
-Use meu secador. - Eu dei de ombros e virei de costas, mas senti Dimitri enlaçar minha cintura e me arrastar para o chuveiro junto com ele, consequentemente molhando meu cabelo também.
Droga! Eu tinha lavado ele ontem...
-Puta que pariu, Dimitri! - Eu soltei um gritinho e tentei sair do chuveiro antes que meu cabelo molhasse todo, mas Dimitri me apertou mais ainda contra ele, esfregando seu membro na minha bunda.
-Não fale palavrões, Rose. É feio - Ele sussurrou no meu ouvido.
-Você molhou o meu cabelo! - Eu tentei protestar com a voz falha.
-Use o seu secador depois. - Ele riu e me colocou de frente para ele, me dando um beijo calmo.
Eu pensei em reclamar que nenhum de nós dois tinha escovado os dentes, mas desisti ao sentir ele mais animado do que já estava.
-Vamos fazer no chuveiro agora? - Eu sorri maliciosa e desci minha mão pela sua barriga, mas antes que eu pudesse agarrar o seu membro, Dimitri segurou meu pulso.
-Vamos nos atrasar... - Ele murmurou e tentou me olhar de um jeito sério, assumindo seu papel de mentor, o que era engraçado porque ele não sabia o quanto ficava sexy daquele jeito.
-Vai valer a pena, você não acha? - Eu enlacei meus braços no seu pescoço e fiquei na ponta dos pés para beijar seu rosto.
O russo segurou minha cintura e acabou com o pouco espaço que tinha entre nós, me beijando de um modo doce.
-Um dia eu ainda vou te ter no banheiro sim - Ele sussurrou no meu ouvido - Mas vai ser o banheiro que eu escolher.
-Não é como se tivéssemos muitas opções, Camarada - Eu ri e encostei minha cabeça no peito dele.
-Você que pensa. - Eu quase podia visualizar ele soltando um sorriso malicioso.
-O que você tem em mente? - Eu o encarei e soltei um sorrisinho.
-Te amar de todas as formas possíveis. - Ele me presenteou com aquele seu sorriso que me faz ficar fora de órbita.
Ficamos abraçados sentindo a água quente descer sob os nossos corpos durante um bom tempo, apenas nos deixando envolver pelo vapor que a água produzia. Eu podia ficar assim com Dimitri para sempre, mas eu tinha consciência do desperdício de água e que o meu camarada ainda precisava tomar um banho, então eu o larguei e fui pegar uma toalha para ele.
Quando eu estava abotoando meu sutiã, eu vi as roupas de Dimitri no chão então eu coloquei em cima da minha cama, mas quando eu fui pegar o seu sobretudo, duas barras de chocolates da minha marca favorita escorregaram do seu bolso. Será que Dimitri ia notar se essas barras misteriosamente sumissem? As que o Dave me mandou acabaram há uma semana. Dei de ombros e sentei rasgando o papel.
-Até que demorou para você identificar que havia chocolate no seu quarto. - Ouvi a voz de Dimitri e virei para trás.
Esse homem enrolado em uma toalha é a coisa mais sexy do mundo. Dimitri de qualquer jeito é sexy.
-Lamento, Camarada, mas esse chocolate é meu agora.
-Eu comprei para você. - Ele deu de ombros e começou a vestir sua roupa.
-E como eu posso te recompensar por este enorme gesto? - Eu ri e deitei na minha cama com a barriga para cima - Você sabe... para eu estar de bom humor é necessário que o monstro que vive dentro de mim esteja bem alimentado.
-Apenas não se atrase para o treino de hoje - Ele se abaixou na minha direção e me deu um beijo - E me ame muito também - Ele murmurou.
-Isso é fácil, Camarada. - Eu sorri e beijei ele de volta.
Metade do dia já tinha se passado, ainda bem, ou não, hoje ainda é segunda feira então tanto faz. Passei por um corredor pequeno e escuro, que recebia pouca iluminação, e quando eu saí eu vi um grupo das poucas dhampirs que estudavam na escola. Elas estavam cochichando algo como "Meretriz de sangue", e quando me viram mudaram de assunto. Eu não costumava falar muito com essas garotas, na verdade a única dhampir com quem eu falava era a Meredith. Estranhei aquilo então eu continuei andando.
As pessoas estavam me olhando de um jeito estranho e por um momento eu me perguntei se eu e Dimitri tínhamos chamado a atenção de alguém ontem, mesmo eu fazendo de tudo para não gemer muito alto. A última vez que eu o vi foi no treino da manhã e ele parecia relaxado, quer dizer, relaxado no jeito Dimitri porque quando ele está no modo guardião ele nunca parece relaxado. Afastei esses pensamentos e continuei andando para encontrar Lissa e Christian no almoço. Eu estava morrendo de fome.
-Olha só se não é a Meretriz de sangue da St Vladimir. - Mia apareceu na minha frente com um ar superior e debochado.
Sério, o que essa anã quer me perturbando?
-O que você disse? - Eu franzi a testa.
-Não precisa agir como se ninguém soubesse - Ela sorriu cínica - Jesse já contou para todo mundo que vocês transaram na sala de recreação antes de ontem e que você deixou ele beber seu sangue.
-O quê? - Eu quase dei um pulo. Esse garoto é louco? - Onde você ouviu isso? - Eu perguntei chocada.
-Acabei de passar por ele e ouviu ele contando tudo para uns amigos da realeza dele. - Mia soltou um sorriso quase inocente, que enganaria muita gente com a face angelical dela, e apontou na direção de Jesse onde ele estava com alguns amigos.
Senti uma raiva tomar conta de todo o meu ser, e se antes eu estava nas nuvens por causa da minha noite com Dimitri, agora eu só sentia ódio e uma vontade imensa de bater em Jesse até ele ficar desacordado. E era isso que eu ia fazer.
-Sai da frente, Anã. - Eu empurrei Mia, fazendo ela cair no chão e resmungar algo que eu não ouvi, mas eu nem me importei.
Andei em passos rápidos até Jesse e seus amigos, focando somente nele o no estrago que eu ia fazer. Senti algumas pessoas cochichando enquanto eu passava e ouvi alguns sussurros que me chamavam de meretriz de sangue. Quando eu já estava próxima o bastante para ele me ouvir, eu gritei:
-Ei, seu babaca! - Jesse olhou na minha direção e soltou um sorriso convencido - Quer dizer que eu fiquei com você e eu não estava sabendo disso?
-Rose, querida... - Jesse falou no seu jeito mais presunçoso - Não haja como se nã...
Ele nem chegou a terminar a frase, eu me aproximei dele e lhe dei um murro certeiro no canto da boca, o impacto foi tão grande que ele caiu no chão apoiado nos braços.
-Dhampir vadia! - Ele disse tentando se levantar do chão enquanto passava seus dedos no canto da boca e tirava o excesso de sangue.
-A dhampir vadia que você nunca encostou e nem nunca vai encostar, seu merdinha! - Eu disse isso e dei um chute na sua barriga.
Um amigo de Jesse, Ralf Sarcozy, tentou se aproximar para me tirar de perto dele, mas eu o empurrei e fiz ele encostar na parede, e ele não ousou sair de lá.
-Filho da puta!
Eu fui para cima de Jesse com o punho fechado, mas duas mãos fortes me pegaram e não deixaram eu terminar o serviço. Era um guardião que eu não sabia o nome.
-Hathaway, para sala da diretora Kirova. Agora! - Ele disse enquanto me arrastava para longe do moroi que me olhava com ódio.
-Eu volto para terminar o serviço, seu merda! - Eu gritei tentando me desvencilhar do guardião - Me solta, seu idiota!
Como aquele filho da puta foi capaz de inventar uma coisa dessas? Antes de ontem eu estava sozinha no meu quarto esperando que Dimitri batesse na porta e me pedisse desculpas, óbvio que isso não aconteceu.
-Chega! - O guardião disse com uma autoridade que em nada me afetou, mas eu parei de me debater porque eu sabia que era inútil.
Nós íamos passando e as pessoas sussurravam coisas inaudíveis, mas eu tenho certeza que era algo a ver comigo. Senti minha garganta apertando e a vontade de chorar surgindo, mas lógico que eu não ia me desfazer em lágrimas diante de todas essas pessoas.
Uma onde de raiva e preocupação passou por mim, e logo ficaram tão intensas que eu parei de andar e o guardião quase tropeça comigo. Foi questão de segundos para eu ser arrastada para a mente de Lissa.
-Como você se sente ao saber que a sua amiga dhampir é uma vadia da pior espécie, Princesa? - Era Mia, e novamente ela fazia um show as custas de Lissa, ou as minhas custas agora.
-Rose jamais faria isso! - Lissa gritou com raiva.
Elas estavam no refeitório, e Lissa tinha abandonado sua bandeja de comida perto de uma mesa que ela não era acostumada a sentar, o que me fez pensar que Mia foi até ela só para a provocar enquanto ela andava em direção à mesa do canto esquerdo.
-Não é o que o Jesse anda falando por aí! - Mia riu mostrando seus caninos e depois saiu andando.
Lissa ficou parada por um tempo e ela olhou em volta atrás de mim.
Rose, onde você está? Por que as pessoas estão falando isso? Você jamais faria uma coisa dessas!
Lissa em nenhum momentos acreditou nas palavras de Mia, mas as pessoas comentando em volta era perturbador.
Droga de laço de um só via! Rose, cadê você?
Lissa começou a andar para fora do refeitório, passando por um corredor e outro até esbarrar em Chris.
-Cadê a Rose? - Ela perguntou enquanto ele a seguia. Lissa andava em passos rápidos.
-Eu não sei, mas eu já estou sabendo. - Christian disse olhando para os lados.
-Ela nunca faria isso! Isso é algum tipo armação! - Lissa se alterou e olhou bem fundo nos olhos de Christian.
Droga Lissa! Se acalme! Eu preciso voltar para o meu corpo.
-Eu sei que é mentira! - Chris revirou os olhos - Ela ficou apavorada quando o Jesse se aproximou dela naquele dia.
-Então me ajude a procurar ela! - Lissa quase gritou - Rose, cadê você?!
-Nós vamos achá-la. - Chris murmurou.
-Hathaway!
Ouvi alguém gritar meu nome e eu me senti voltar para o meu corpo. Olhei em volta e eu estava sentada em uma cadeira de frente para a diretora Kirova e ela me olhava furiosa, mas eu vi um fio de confusão passar pelos seus olhos.
-O que você fez? - Ela gritou e me olhou com raiva.
Olhei em volta e eu me dei conta de que eu estava na sala dela. Claro que eu estaria lá, afinal o guardião estava me arrastando para lá.
-Ela agrediu um moroi - O guardião que me trouxe falou, e eu nem percebi que ele estava ao meu lado - Um moroi da realeza, Jesse Zeklos.
Kirova ficou em choque, como se não acreditasse que eu tinha feito isso, depois ela olhou para mim com desprezo e falou:
-Eu me resolvo com ela, pode ir - Ela fez um gesto para o guardião ir embora, ele se foi e Kirova se voltou para mim - Eu sabia que você ia me causar problemas mais cedo ou mais tarde!
-Que bom! - Eu cruzei meus braços - Então me diga logo o meu castigo porque eu preciso voltar e terminar o que eu comecei com aquele desgraçado!
-Chega, Mazur! - Kirova alterou a sua voz - Você não terá castigo pois será expulsa.
-Como é? - Eu me levantei da cadeira chocada - Você não pode fazer isso!
Eu sabia que eu não podia ser expulsa agora, não depois de quase três meses e eu finalmente ter me adaptado a essa escola maldita, e o principal de tudo, a minha segurança estava em jogo.
-Claro que posso! - Ela me olhou com um ar superior - Eu fiz um favor para o seu pai mas pelo visto você não soube aproveitar a chance. Já é um absurdo que você esteja nesta instituição sem ter a verdadeira intenção de se formar e se tornar uma guardiã, agora você agride um moroi da realeza também? Isso é inadmissível.
-Ele saiu espalhando por aí que fez coisas comigo! - Eu gritei - Coisas de meretriz de sangue... Eu jamais faria uma coisas dessas.
-Não importa! - Kirova espalmou suas mãos na mesa e me olhou séria - Você conhece as regras.
-Ótimo! - Eu sorri irônica - Ligue para o meu pai e diga o porquê de eu estar sendo expulsa, aí eu falo o que ocasionou tudo isso - Eu sentei na cadeira e olhei para ela - E eu garanto, diretora, esse Jesse Zeklos vai amanhecer morto e vocês nunca irão descobrir o que causou a morte dele, mas eu vou saber que foi porque ele saiu falando coisas sobre mim - Eu ainda continuei sorrindo.
-isso é uma ameaça? - Ela semicerrou os olhos na minha direção.
-Interprete como quiser! - Eu dei de ombros - Se você me expulsar, vai ter que contar tudo para o meu pai, e eu conheço o velhote, ele vai querer fazer algumas coisa - Eu sorri - Só estou lhe dando uma previsão do que irá acontecer.
-Isso é um ultraje! - Kirova se levantou gritando - Você não pode me chantagear dessa maneira!
-Então o Jesse pode sair por aí falando coisas - Eu me levantei e gritei também - Sendo que ele nunca encostou um dedo em mim!
Eu senti que Lissa não parava de me chamar pelo laço mas eu fiz de tudo para ignorar ela.
-Você agrediu ele!
-E vou agredir de novo! - Eu falei debochada - Até ele aprender a lição!
Eu sabia que ela não ia me expulsar, não depois de eu mostrar as minhas opções, e também eu sabia que eu não estava ali porque meu pai pediu, eu estava ali porque ele deu uma boa quantia em dinheiro para ela.
-Você é uma selvagem! - Ela começou a gritar - Stan Alto não aguenta mais dar detenção para você e o seu professor de cálculo sempre vem reclamar que você fez alguma coisa na aula dele e...
Kirova não chegou a terminar a frase, a porta se abriu violentamente e nós duas olhamos na direção dela. Era Dimitri, e o seu rosto não estava nada amigável.
-Diretora Kirova! - Ele disse com um tom de voz tão frio que eu estremeci - E sou o responsável pela Srta Mazur, então eu me resolvo com ela.
Dimitri olhou para mim e eu não consegui ver se ele acreditava ou não em mim. Ele estava dormindo comigo todos esses dias, mas antes de ontem ele não dormiu comigo. Será que ele acreditava nisso? Eu não estava com nenhuma marca de mordida e ele tirou a minha virgindade ontem, mas mesmo assim um frio subiu pela minha barriga com a possibilidade de Dimitri achar que eu fiz aquilo.
-Ela agrediu um moroi da realeza! - Kirova apontou na minha direção -O que você vai fazer? Eu ia expulsar ela.
Dimitri andou na minha direção com sua postura imponente e parou ao meu lado, e olhou para kirova de forma séria, com sua postura de guardião que eu tanto odiava, as vezes eu via essa postura em Dave também
Dave... Queria que ele estivesse aqui.
-Eu vou aumentar as horas de treinamento dela e ela não terá tempo para nada, nem sequer para estudar.
Espera... O quê? Eu precisava ter tempo para estudar! Eu não era a pessoa mais inteligente do mundo e eu precisava manter minhas notas altas.
-O quê? - Eu olhei para Dimitri chocada, mas ele me ignorou e continuou falando com a Kirova.
-Não podemos expulsá-la. A segurança dela significa a segurança da minha protegida também.
-Por mim eu ligaria para a mãe dela agora mesmo.
-Eu tenho um pai, sabia? - Eu disse com raiva.
Acho que ela não aceitava muito bem o fato de eu ter sido criada sem essa lavagem cerebral de Eles vêm primeiro e ter um pai, afinal todos os dhampirs são filhos bastardos de algum moroi.
-Calada, Mazur! - Ela olhou na minha direção furiosa e eu revirei os olhos - Faça o que você bem entender com ela. Eu não me responsabilizo mais.
Dimitri assentiu positivamente com a cabeça e nós saímos dali e fomos em direção ao ginásio. Passamos pelo corredor e eu notei algumas pessoas me olhando com desprezo e ouvi alguns sussurros. Me encolhi e abracei meus próprios braços.
Que beleza! Tudo se repetindo novamente...
Tentei checar Lissa pelo laço, ela tinha desistido de me encontrar e agora almoçava com Christian na mesa mais afastada do refeitório. Ele tinha conseguido acalmá-la mas ela ainda continuava preocupada comigo.
Onde você está? Temos aula de arte eslava daqui a pouco... Você não pode fugir a vida toda!
O problema é que eu não estava fugindo, mas eu queria.
Eu e Dimitri atravessamos o campus em silêncio com alguns poucos alunos nos observando. Ele ainda mantinha uma postura rígida e tensa, e mais uma vez eu fiquei com medo. Senti minha garganta apertar novamente e algumas lágrimas se formarem mas eu abaixei minha cabeça e engoli o choro. Alguns flashbacks de quando eu passei por isso na minha antiga escola voltaram, pelo menos o uso de celular aqui era proibido e ninguém ia mandar mensagem me xingando.
Entramos no ginásio e Dimitri fechou a porta com força, fazendo um barulho estridente e eu dei um pulo assustada. Ele andou na minha frente e passou a mão no cabelo em um gesto de nervosismo.
Droga...
-Dimitri? - Eu perguntei baixo e com medo - Você não acreditou nisso, certo?
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