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História Outro Mundo - Despertando


Escrita por: KateMoura

Notas do Autor


Demorei mas chegue!!!
Boa leitura, menines.

Capítulo 47 - Despertando


Abri meus olhos me sentindo sonolenta e os fechei novamente por conta da luz forte. O cheiro do local me lembrava um hospital, e eu nunca estive em um, pelo menos não internada, então eu abri meus olhos por meio segundo e os fechei novamente e voltei a dormir. Eu estava com muito sono.

Senti uma onda de pensamentos calmos e tranquilos me puxarem de volta, como quando você acorda de uma longa soneca da tarde em um dia chuvoso e sente uma paz infinita, logo em seguida mãos finas e quentes apertando a minha mão.

Obrigada, Rose, obrigada por ter nos mantido vivas e nos salvado até a ajuda chegar. Eu não sei o que seria da minha vida sem você a partir de agora.

-Liss - Sussurrei baixinho e abri meus olhos, percebendo que a luz estava apagada e as cortinas um pouco abertas, criando um ambiente agradável para os meus olhos.

-Você acordou! - Ela disse me abraçando com cuidado e delicadeza.

-É, acordei - Pisquei algumas vezes e ela me estendeu uma garrafa de água, me fazendo perceber que eu estava com uma vontade desesperada de fazer xixi - Por que eu tô nessa cama de hospital? Por que eu estou em um hospital? Eu me sinto ótima e acho que não quebrei nada - Como um lampejo a memória de David caído me veio à mente, e mesmo eu me sentindo um pouco sonolenta eu sentei na cama em um salto - Cadê o Dave?

-Não, não quebrou. O Tanaka está ótimo e acordou primeiro que você - Liss sorriu mostrando suas presas e eu desviei o olhar, ao mesmo tempo em que eu sentia uma paz ao saber que Dave estava bem - Mas o seu corpo ficou fraco e após… hum… - Ela parecia tão envergonhada quanto eu - Você sabe… você precisou de uma transfusão de sangue e…

-Espera! - Eu interrompi ela com a minha mão esquerda e quase caio pra trás ao ver uma agulha. Eu odiava agulhas - Odeio agulhas, merda! - Eu disse tentando tirar.

-Não! - Lissa me interrompeu - Isso é soro e faz bem pra você.

-Meu sangue é B- e não é tão fácil de se encontrar por aí - Eu disse deitando na cama emburrada e tentando não olhar para a minha mão.

-Seu pai foi o doador. Todos estão aqui e bem - Ela soltou um sorriso tranquilo - Acabou, Rose.

-Acabou? - Eu perguntei para mim mesma quase sem acreditar.

Nesses últimos dias em que eu e Lissa ficamos em cativeiro, eu me sentia sozinha e assustada. Eu não conseguia entender de onde eu tinha tirado forças para escapar, incapacitar Daphine, lutar com aqueles caras, controlar a escuridão dentro de mim e ainda assim ter forças o suficiente para deixar Lissa me morder para salvar o Dave.

-Acabou… - Eu afirmei e depois olhei para Lissa e nós começamos a rir de alívio, mas no final ela começou a chorar e eu já sabia o porquê.

-Não, não fique assim - Eu a abracei - Existe uma coisa chamada burocracia, sabia? E graças a ela ainda vai demorar um bom tempo para eu me desligar do mundo moroi, e enquanto isso não acontece eu fico na St Vladimir - Eu respirei fundo engolindo minhas próprias lágrimas - Até porque minha mensalidade naquele inferno está paga até março, pelo menos é o que eu sei.

-Ótimo - Ela disse rindo e limpando as lágrimas - Te botaram para dormir por um dia - Eu arregalei os olhos e novamente lembrei que eu queria desesperadamente ir ao banheiro - E sabe o Adrian Ivashkov? Ele disse que te alcançava através de sonhos e ele é um usuário de espírito.

-Como é? - Eu praticamente gritei de surpresa e indignação, e devo confessar que medo também, e dei um pulo da cama. Como assim um usuário de espírito invadia meus sonhos? Isso é uma violação com o meu cérebro!

-Ele voltou para a corte há algumas horas - Ela suspirou - Ordens da rainha e tudo mais.

A porta foi aberta rapidamente e eu vi Paul e Dave. Acho que eles estavam de guarda. Eu soltei um sorriso e se não fosse pelo soro preso na minha mão eu correria e me jogaria em seus braços, mas Dave fez isso por mim.

-Baixinha, obrigado! Muito obrigado! - Ele disse me apertando.

-Dave, que bom que você está vivo, mas pára de me apertar senão eu não vou mais precisar ir ao banheiro.

-Oh, Céus! - Ele me botou no chão e riu - Ok, vá ao banheiro mas não demore.

-Precisa de ajuda? - Lissa perguntou vindo na minha direção e segurando o soro.

-Não, Liss - Respirei fundo e notei que uma enfermeira começava a chegar - volto logo.

Entrei na porta ao lado, trancando a mesma e respirando fundo. Onde Dimitri estava? Ele não queria mais me ver depois do que eu fiz? Meu coração se apertou com essa possibilidade e eu mordi meu lábio inferior.

Caminhei devagar até o pequeno espelho que tinha e procurei alguma marca no meu pescoço, mas não tinha nada. Ótimo, Lissa deve ter dado um jeito nisso. Passei os dedos pela minha face em alguns pontos roxos e algumas lágrimas brotaram ao relembrar de todo o inferno que eu passei junto com a minha amiga. Depois de toda a agitação inicial de ver Lissa e Dave, eu comecei a me sentir pesada e um pouco sonolenta novamente. Lissa disse que me botaram para dormir por um dia, devia ser os últimos efeitos ainda. Joguei uma água gelada pelo meu rosto e continuei me encarando no espelho.

-Eu definitivamente não quero fazer parte desse mundo - Eu disse em voz alta, mas em um tom que ninguém do lado de fora escutasse.

Eu nunca precisei viver escondida ou ser subordinada à alguém, à uma regra ou sacrificar minhas vontades e meus sonhos em prol de outra pessoa. Eu morreria, como eu provei, pelas pessoas que eu amo, mas transformar isso em uma obrigação e algo político? Jamais. Eu quero voltar para a Califórnia o mais rápido possível. Eu não quero viver esse inferno nunca mais na minha vida.

-Rosemarie? - Ouvi uma voz que eu me surpreendi - Você está bem? Precisamos conversar.

-Estou, mãe - Eu disse limpando minhas lágrimas - Estou indo.

Abri a porta enquanto eu enxugava minhas mãos na camisola, me sentindo bem mais confortável depois de me aliviar, tanto fisiologicamente quanto emocionalmente, e encontrei somente a minha mãe sentada em uma poltrona com um pequena mala nas mãos.

-Eu já vou receber alta? - Eu perguntei confusa - Assim… Sem novos exames? Eu me sinto quando eu tomava aqueles remédios para dormir, só que duas vezes mais forte - Sorri fraco.

-Não - Ela suspirou. Ela parecia cansada, suas olheiras entregavam - Eu apenas separei algumas roupas para você, e também acho que vovê irá receber alta em pouco tempo. Nós nos recuperamos rápido.

-É… - Eu sentei na cama encarando minhas unhas, e me surpreendi com um vulto ruivo me abraçando. Um abraço diferente, apertado e cheio de soluços.

-Eu fiquei com tanto medo de te perder - Ela disse com a voz embargada - Você é a minha única filha. O que ia ser da minha vida sem você, Rosemarie?

Fiquei sem palavras naquele momento. Eu não sabia que eu era tão importante assim para ela. Janine vivia apenas para o trabalho e tirava folgas de duas semanas para mim a cada dois meses. Isso me magoava. Mas agora? Acho que ela realmente me ama. O tal Adrian me disse que ela perseguiu Strigois! Droga, claro que ela me amava! Ao seu modo Janine Hathaway mas me amava, e eu a amava também.

-Você provavelmente não iria ter companhia para o festival de Edimburgo - Eu disse a abraçando forte e me permitindo afundar meu rosto naqueles fios ruivos.

-Com certeza eu não teria mais motivos para ir nesse festival - Ela disse e depois murmurou algo rápido com um sotaque carregado de um escocês antigo, algo que eu entendi “e nem motivos para viver” acho que ela pensou que eu não entendi, e preferi continuar deixando ela pensar isso.

Desfizemos o abraço e eu lancei um sorriso fraco para ela, encarando novamente o chão e segurando as lágrimas. Eu não queria chorar na frente dela. Minha mãe sempre foi tão forte e eu queria ser forte também, e no final das contas eu estava viva, não estava? Todos estavam bem e tudo já tinha acabado.

-Rose, eu sei o que você fez para que a princesa tivesse energia para curar o David - O tom dela não estava repreensivo, ou com repulsa, mas ela também não estava orgulhosa - Você tem que me prometer, que independente da sensação das endorfinas, você nunca, mas nunca, irá fazer aquilo na sua vida novamente.

-Você não vai brigar comigo? - Eu disse olhando para baixo e com vergonha, mas não deixei que ela respondesse - Na academia, tinha um vampiro da realeza que ficava dando em cima de mim, e quando ele não conseguiu nada comigo ele espalhou um boato de que eu dei meu sangue para ele - Fechei meus olhos e fiz uma cara de nojo - Isso é repulsivo, mãe. Eu dei meu sangue para Lissa para ela salvar o Dave, e eu não me arrependo, mas sair dando ele de graça? Acho que até as prostitutas humanas iriam me chamar de burra se soubessem de uma coisa dessas.

-Prostitutas humanas… - Janine balançou a cabeça - Rose, você não muda. Mas que bom que você ainda tem esse pensamento de que dar o nosso sangue é um ato repulsivo. Foi a primeira e última vez que você fez isso, e não comente com ninguém, certo?

-Certo - Eu continuei fitando o chão enquanto eu pensava em Dimitri - Você viu o Dimitri? Ele está bem?

-Parece que ao acordar o David ainda pensava que estava resgatando você e a Vasilisa, e Dimitri estava com ele no quarto. Foi difícil controlar David, mas Dimitri conseguiu, só que ele acabou com um nariz quebrado e agora está com um ortopedista. Tanaka esteve com ele agora há pouco mas voltou para te ver.

-Que estranho… - Eu disse confusa e deitando minha cabeça no seu ombro - Meu guardião conseguiu quebrar o nariz do melhor guardião oficial - Eu ri enquanto ficava dividida entre sair da cama e ir ver todo mundo, inclusive meu russo de nariz quebrado, ou dormir novamente - Coitado.

-A namorada dele está grávida, sabia? Ela está na mansão.

-Sim, são gêmeos - Eu suspirei - Mãe, eu tô com sono - Eu disse decidida a dormir. Tudo já tinha acabado, não tinha? O pior passou.

O pior já passou Eu repetia isso para mim mesma enquanto eu deitava.

-Eu vou chamar uma enfermeira para dar um jeito nesse soro, mas antes eu acho que o médico vai ter que te examinar.

-Tudo bem… - Eu disse enquanto ela se levantava e meu pai chegava acompanhado de uma menina com uma tatuagem de um lírio dourado na bochecha.

-E mande também… - Ele dizia para a garota e eu olhava para os dois com os olhos semicerrados, mas ele olhou para mim e ao me ver acordada sua expressão mudou, mas não durou muito - Acordou, dorminhoca? Pelo que Lissa me contou você fez um belo trabalho ficando viva.

-Ibrahim, deixe a garota. Ela está cansada - Janine disse - Estou indo chamar o médico.

-Tudo bem, Janie - Ele disse e eu continuei encarando a garota que ficou encolhida na porta - Essa é Sydney Sage. Uma alquimista. Sydney, essa é a minha filha, Rosemarie Mazur.

-Oi… - Eu tentei sorrir e a garota apenas me lançou um sorriso forçado e falou um outro “oi”

Eu normalmente prestava muita atenção nas coisas que o meu pai dizia, até me divertia, mas meu cérebro estava dividido entre ter sono e entre ficar remoendo o que se passou. Dave está bem? Ok. Dimitri ainda quer saber de mim por causa do que eu fiz? Não sei. Confesso que essa última parte era a que mais me causava medo. E fora as imagens de luta que vinham na minha cabeça e eu me esforçava para mandar para longe. No fim minha cabeça era uma bagunça e eu só queria dormir. Ainda bem que eu ainda tenho aquele maldito remédio para dormir, vou precisar dele.

-Kiz, você escutou? - Meu pai perguntou preocupado.

-É… Sim, Baba - Eu sorri falsamente.

-E o que eu estava falando? - Ele sorriu debochado, como quem dizia te peguei

-Sobre… - Olhei para a tal Sydney para ver se ela falava algo e notei que ela se vestia como uma testemunha de Jeová - Por que os alquimistas se vestem como testemunhas de Jeová? Uma jaqueta de couro seria bem mais legal.

-Eu não me visto assim! - Sydney disse demonstrando uma pequena, quase imperceptível, irritação.

-Na verdade se veste sim - Meu pai disse fitando a garota - Você não precisa se vestir assim quando estiver trabalhando comigo. Isso é crueldade.

-Acho que a jaqueta de couro fica legal - Eu me virei para o meu pai - Dá um contraste com o lírio na bochecha.

Meu pai soltou um risada ao ver Sydney fechar a cara e ficar vermelha da cor de um pimentão, acho que ela queria me esganar.

-Não se preocupe, Sage. A garota está dopada. Ela não sabe o que está falando.

Eu revirei os olhos e observei melhor a tatuagem da tal Sydney e notei que tinha um certo brilho, como cor de ouro. Era linda.

-Sua tatuagem é linda… - Eu disse enquanto me virava para o meu pai mas ele tratou logo de me cortar.

-Você não vai fazer uma tatuagem na cara, Kiz. Escolha outro local.

-Ok. - Dei de ombros.

Eu deitei novamente e fiquei oscilando entre ficar agitada, saber notícia dos outros e dormir. Depois de uns dez minutos o médico chegou e me examinou, perguntou se eu sentia dor em alguma parte do corpo, e por incrível que pareça eu respondi que não, e disse que ele só ia solicitar mais alguns exames rápidos e que dependendo de tudo eu poderia ter alta ainda hoje. Depois que ele saiu, e a enfermeira ajeitou meu soro para eu poder tomar um banho, eu troquei de roupa colocando um moletom cinza da Gucci e uma calça de lycra preta e fui dormir.

Acordei novamente com alguém acariciando meus cabelos, eu inicialmente pensei que era Dave, mas as mãos maiores e o toque mais suave entregou que era um russo. Ronronei e coloquei minha mão sobre a dele. Dimitri desceu nossas mãos até o meu rosto e acariciou minha bochecha.

-Você dormiu seis horas - Eu escutei sua voz e sorri achando que era um sonho - Você não acha que está na hora de acordar? Você até já recebeu alta.

-Como estão todos? - Eu disse abrindo meus olhos e os arregalando logo em seguida ao ver um curativo em cima do nariz do Dimitri - Meu Deus, eu sou uma tonta! - Eu bati na minha própria testa - Meu amor, como você está? Doeu muito? O que o médico disse? Desculpa por eu não ter ido atrás de você mas eu nem lembro o que eu disse. Eu nem lembrava que o Dave quebrou seu nariz sem querer - Eu disse ficando sentada na cama e puxando ele para se sentar ao meu lado também - Como o Dave tá? Ele já tá melhor? Cadê a Lissa? Meus pais?

-É… David já se desculpou inúmeras vezes por ter quebrado meu nariz sem querer - Dimitri disse sorrindo e me abraçando - Mas não doeu muito, o médico só fez um procedimento que não precisou de cirurgia pro meu septo não ficar torto.

-Então doeu bastante, Camarada - Eu disse beijando seu rosto e depois pegando minhas mãos e colocando no meu nariz - Ele colocou seu septo de volta no lugar e deve ter feito crack.

-Sim - Dimitri me lançou um sorriso lindo e se afastou após me dar um beijo - David está bem. Ele apenas acordou transtornado mas a Srta Geller está cuidando dele, e não se preocupe, foi a primeira vez que você viu ele em ação mas não foi a primeira vez dele em brigas - Ele disse isso eu eu fiz um beicinho pensando na vez que Dave chegou com um braço quebrado depois de uma suposta folga, e ele me disse que foi um acidente enquanto ele escalava umas montanhas.

-Pode ser… - Eu respirei fundo - Eu vi ele quando acordei mas eu tava tão… sei lá… área, confusa… Dopada - Me encolhi pensando que me deram uma coisa na qual meu organismo já fora literalmente dependente.

-Foi só essa vez - Dimitri me deu um selinho - Lissa está na mansão com Christian. Tasha também está por lá - Ele disse isso e eu fechei minha cara - Roza, foi o Christian quem chamou ela, e eu estava desesperado demais te procurando para sequer dar atenção para ela.

-Sei… - Revirei meus olhos e o abracei - Obrigada, Camarada. Obrigada por nos encontrar - Nesse momento um alívio tão grande me inundou que eu senti lágrimas se formarem nos meus olhos - Aquilo foi um inferno e eu tive que fazer o papel de uma guardiã. Aquela Strigoi tentou beber o sangue da Lissa, um humano nojento se aproximou de mim, aquele Strigoi era a própria personificação da morte, aqueles humanos colocaram uma arma nas minhas costelas e em Liss também, foi assim que eles conseguiram levar a gente - Quando me dei conta eu já estava chorando e contando tudo para Dimitri que apenas tirava uma mecha insistente do meu rosto e colocava atrás da minha orelha, e me olhava com atenção - Eu tentei lutar no começo, aliás eu lutei o tempo todo, mas eles sempre ameaçavam a Lissa e eu não podia deixar nada acontecer com ela porque ela é a minha amiga. Eu sempre me jogava na frente dela ou... - Olhei para as minhas mãos enfaixadas de quando eu incapacitei Daphine e comecei uma outra crise de choro - Ou lutava, lutava mesmo que isso me machucasse fisicamente. Quando vocês apareceram eu juro, Dimitri, eu pensei que eu ia morrer nas mãos daquele vampiro.

-Não, Roza… - Dimitri afagou meus cabelos e me puxou para um abraço - Você se saiu ótima protegendo a Lissa e a si mesma. Eu estou orgulhoso de você, meu amor. Eu te amo tanto. Você é tão brava e forte, e mesmo sem forças não hesita em ajudar um amigo. Isso é o que eu mais admiro em você, Roza, a sua coragem.

Eu levantei minha cabeça e o olhei um pouco surpresa.

-Então você não está com raiva de mim porque eu dei meu sangue para a Lissa? Você não tá me achando suja ou sei lá o quê?

-Não - Dimitri sorriu limpando as minhas lágrimas - Poderia ser eu no lugar dele. E se não fosse pelo seu ato, Lissa não teria energia para curar ele, e ele estaria morto agora, e uma moroi grávida de quatro meses estaria desolada e viúva.

-Sim… - Eu dei um pequeno sorriso - Dave foi ótimo comigo desempenhado um papel de pai escondido em uma irmão mais velho - Suspirei - Desde os meus sete anos, Camarada. Ele é ótimo com crianças e no momento eu só pensei que seria injusto ele perder essa oportunidade de ser pai dos dampirinhos dele.

-Eu sei, Roza - Ele me deu um beijo na testa - E ele ainda desempenha um ótimo papel de pai - Ouvi Dimitri murmurar.

-Como? - Perguntei confusa.

-Esqueça - Ele sorriu, mas depois seu sorriso se desfez - Seus pais foram para a corte resolver coisas burocráticas. Era para eu ir também, mas Lissa não quis ir e insistiu que só sairia de Miami com você do lado.

-Eles voltam que horas? - Eu não queria contar isso para Dimitri, mas depois daquela conversa que eu tive com a minha mãe, e da promessa da viagem que ela me fez na corte, eu queria ficar mais próxima de Janine nem que fosse para brigar.

-Em algumas horas - Dimitri suspirou e levantou da cama - Eu tenho que chamar o médico para ele te examinar e só assinar a sua alta, mas você já está totalmente recuperada. Vamos para a mansão.

Depois do médico assinar a minha alta, nós voltamos para a mansão e só no caminho, enquanto eu olhava minuciosamente as pessoas e seu comportamento, foi que eu percebi que nada seria como antes. Eu estava marcada de alguma forma.

Desci do carro, completamente alerta, e fui logo para a porta enquanto Joe tirava minha pequena mala que minha mãe fez. Adentrei a porta e Alicia e Monica vieram na minha direção com as faces estampando alívio.

-Rose, de todas as vezes que você nos deixou preocupada essa foi a pior de todas - Alicia disse me abraçando.

-Do que precisa? - Monica perguntou ainda preocupada - Te alimentaram direito? Aposto que não.

-Minha menina? - Ouvi uma voz grave e repleta de preocupação - Oh meu Deus!

-anne? - Falei em turco com a moroi que me criou, que estava parada no corredor que dava acesso à sala de descanso. Ela parecia com olheiras e cansada - você tá aqui… - Eu falei na língua natal dela e corri para lhe abraçar.

-Você achou mesmo que eu não pegaria um maldito jatinho e não viria te ver? - Ela disse me apertando - Me deixe olhar para você… - Ela disse enxugando as próprias lágrimas enquanto eu procurava conter as minhas. Acho que eu já tinha chorado demais por hoje - Você mudou… - Ela sorriu - Está linda. Eu estou orgulhosa de você. Sempre ajudando o próximo - Ela afagou meus cabelos e enrolou uma mecha - Estou muito orgulhosa, mas não me mate mais dessa maneira.

-Obrigada, anne - Sorri olhando para baixo.

Ela continuou me olhando. Aquele olhar maternal e preocupado que eu tantas vezes recebia quando ela me observava. Eu já sabia o que viria a seguir, e sinceramente acho que iria precisar, seja lá o que fosse que ela planejava. Ela sempre acerta. Cassie tinha a maldita mania de dizer que mães sempre acertam, e nesse quesito Ana nunca errou.

-Vamos conversar mais tarde, tudo bem? - Ela disse em inglês enquanto me dava palmadinhas no ombro - Sinto que tem muita a me contar, mas agora vá ver Dave ou Vasilisa, ambos estavam roendo as unhas para te ver.

-Sim, senhora - Eu disse um pouco desconfiada e olhei para cima, e bem parados nas escadas estavam Lissa e Christian.

Lissa sentia um alívio enorme, não muito diferente do meu, de que tudo tinha acabado. E ao me ver ali ela agarrou o nosso colar da amizade inconscientemente e eu fiz o mesmo. O que me surpreendeu, e até Lissa ficou confusa, foi ver Christian descendo as escadas e me dando um abraço.

-Que bom te ver bem! - Ele disse alto e eu arregalei os olhos - Quem eu ia ameaçar todo dia com a minha magia de fogo? - Ele disse desfazendo o abraço e eu ri, mas assim que eu encarei seus olhos azuis eu vi gratidão neles - Obrigado por mantê-la viva. Eu não sei o que seria de mim sem ela. Obrigado, Rose.

-Relaxa, Ozera - Sorri - Sua princesa está tão bem quanto eu. E quanto a mim, não se preocupe, eu sou dura na queda e eu ainda tenho que chutar a sua bunda real.

-Eu e Monica fizemos sorvete - Ele disse enquanto Lissa descia as escadas sorridente e Dimitri se juntava a nós - Sua mãe moroi é bem simpática - Ele disse se referindo a Ana, e o apelido que demos para diferenciar minha mãe de criação e Janine.

-A Ana é ótima - Sorri enquanto me virava para Dimitri - Camarada, cadê o Dave?

-Só um minuto - Ele disse pegando um tablet e verificando alguma coisa - Na beira da piscina com a Srta Geller.

-Obrigada… - Sorri e antes que eu pudesse falar mais alguma coisa ouvi uma voz irritante ecoar por toda a sala.

-Dimka! - Revirei os olhos ao ouvir a voz de Tasha e esse apelido horrível - Rose já chegou? Oh meu Deus, aí está você, querida!

Tasha veio na minha direção e me abraçou, como se verdadeiramente tentasse me confortar.

-Fiquei tão preocupada quando vocês desapareceram - Ela disse baixo no meu ouvido - Eu só pensava no Christian desolado com a Lissa e no Dimitri desesperado com você.

-É… - Eu a afastei um pouco sem graça e encarei a moroi alta - Agradeço a preocupação.

Tasha não respondeu pois um dampiro, muito bonito por sinal, chegou na sala um tanto confuso e quando viu a moroi logo tratou de chamá-la.

-Tasha - Ele sorriu ao vê-la - Ainda bem que te achei. Essa casa é enorme.

-Ah querido! - Ela sorriu na mesma intensidade e foi na direção dele - Em poucos dias estaremos de volta ao nosso apartamento em NY. Rose, e Dimka - Ela olhou para Dimitri sem graça - Você não saia do hospital então não tinha como apresentar ele à você, e também eu não sabia que estava uma tremenda confusão, não é Mazur? - Tasha olhou para mim e eu vi um pequeno brilho passar pelos seus olhos.

-Sim - Sorri ao meu modo mais debochada possível - A própria mini Abe Mazur na sua frente, Srta Natasha Ozera.

-Sua natureza sarcástica e debochada não é muito diferente da do meu sobrinho - Ela suspirou - Agora entendi porque são melhores amigos e vivem brigando ao mesmo tempo.

-Não somos melhores amigos - Eu e Christian dissemos ao mesmo tempo, fazendo Tasha, o cara bonitão ao seu lado e Lissa rirem.

-Esse é Jhonny, um amigo - Ela olhou para ele sorrindo de um modo que dizia que eles eram mais que amigos.

-Eu sou Rose Mazur - Sorri minimamente para o rapaz que me lançava um sorriso educado.

-Eu sou Dimitri Belikov - Dimitri disse apertando a mão de Jhonny.

-Um nome de peso, não? - Jhonny sorriu e eu me afastei, indo em direção à piscina atrás de Dave.

Respirei fundo ao ver Dave dormindo na enorme espreguiçadeira de casal que tinha por ali, encolhido igual a uma criança no colo da Piper, enquanto ambos estavam na sombra e ela vestia uma regata que mostrava sua barriga pequena.

Agora ele terá uma família de verdade, e você ficará sozinha.

Não me aproximei muito e sai logo em seguida e sentei no pequeno sofá de couro que tinha na salinha.

-Foi para isso que eu o salvei - Eu disse para mim mesma - E logo eu não vou precisar de uma babá. Ele não ia ficar comigo a vida toda.

Sai dali e fui direto para o meu quarto, dando uma desculpa para todos de que estava cansada e precisava descansar, e quando Lissa tentou se aproximar eu disse que precisava ficar sozinha e por a cabeça no lugar. Andei um pouco pelo meu quarto e me perguntei que rumo a minha vida tomaria a partir de agora. Eu ficaria na St Vladimir até março, pelos meus cálculos, mas e depois? Eu voltaria para LA e fingiria que nada tinha acontecido? Eu me mudaria? O que seria de mim e Dimitri? E Dave?

Preparei a banheira e fiquei um bom tempo por ali, com os meus pensamentos me assombrando, até que decidi tentar dormir um pouco. Me certifiquei de que a porta estava trancada e tentei dormir, tendo certa dificuldade no início mas logo consegui.

Acordei com alguém cutucando a minha barriga e eu quase dou um salto, afinal eu tinha deixado a porta do quarto trancada. Até pensei que fosse Adrian violando meus sonhos, mas era só o Dave deitado ao meu lado tentando me acordar.

-Ei, Baixinha - Ele disse baixo - Acorda…

-Eu te amo bastante - Eu rolei e tentei empurrar ele da cama - Mas deixa eu dormir. Como você entrou aqui?

-Eu tenho chaves extras - Ele disse eu abri os olhos lembrando da minha noite de Natal com Dimitri - Durma mais no jatinho - Ele suspirou - Estamos voltando para St Vladimir.


Notas Finais


Esse foi tranquilo porém necessário para o último capítulo, que a propósito já é o que vem, e depois disso só o prólogo e encerramos a fanfic. Desde já quero agradecer a todas vocês e dizer que vcs, cada uma de vocês moram no meu coração.


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