"Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho"
-Confúcio
2011
Coreia do Sul, Cheongwa
Março,2011
-" A garota corria pelos corredores como se a sua vida dependesse daquilo,-olhou sorrindo de canto observando a reacção das pessoas que a escutavam- e na verdade dependia.O som daquelas risadas preenchiam os seus ouvidos enquanto aquela pobre rapariga fugia com o sangue respingando pelos corredores da escola. Aos poucos seu corpo não aguentava mais toda aquela adrenalina, o seu sangue diminuía drasticamente e sua visão começava a oscilar".
"Sem pensar muito,desceu as escadas para o porão, procurando fugir daquelas garotas enquanto lágrimas grossas e escaldantes lhe desciam pelo rosto moreno.Seus olhos se fecharam e seu corpo cedeu ao cansaço,caiu da escada e desceu lances e lances de escadas rolando deixando rastos de sangue para trás.Não aguentando mais aquele sofrimento seus olhos se fecharam perdendo a esperança."
"As três garotas seguiram o rasto de sangue e a encontraram numa área restrita do colégio,o porão.Assustaram-se ao se deparar com o corpo morto. Sem saberem o que fazer,fugiram para suas casas querendo acreditar que aquilo era apenas um pesadelo.Mais tarde a polícia investigou o caso por milhares de vezes, mas por falta de provas, acabaram por considerar um suicídio.Dizem até hoje, mais de quinze anos depois, que Amaya ronda por essa escola durante o período nocturno. Já as outras garotas? Não se sabe delas, provavelmente morreram de arrependimento...".
Um vulto ruivo chamou a atenção de todos ao redor de si, Park Jimin. O rapaz riu escandalosamente olhando para a garota que contava a história com certo deboche, revirou os olhos e bateu palmas.
-Vocês realmente acreditam nessa porcaria barata?- Disse retorcendo o lábio enquanto desalinhava seus fios de cabelo com os dedos.- Não percam tempo.
- Jimin oppa tem razão.- Uma garota comentou arqueando a sobrancelha.- Como você pode saber algo que aconteceu a quize anos atrás?
A fala de Jimin pareceu surtir efeitos, todos ao redor analisaram a situação e começaram a questionar a garota enquanto o ruivo dava de ombros. Para ele, aquela guria apenas queria cinco minutos de fama.
- Vai nos dizer que você conversou com ela?- O rapaz ironizou.
A garota de cabelos negros traçados encarou Jimin, claro que ninguém a ouviria quando o oppa das garotas de sua escola discordava. Retorceu os lábios justamente como ele e lhe lançou um olhar de ódio.
- Dizem por aí que tudo tem volta,- sussurrou para que Jimin ouvisse seu tom de ameaçador,apesar de estar apenas blefando- tomem cuidado, talvez vocês possam ser as três garotas que morreram afogadas em poço de arrependimento.
-Ela é louca.- Comentaram enquanto a menina se retirava da sala.
Estados Unidos, Portland
Março,2011
O Sr. Kwon olhava para seu telefone atônito, sua ex-mulher tinha lhe ligado mais de sete vezes só naquela noite. Guardou o celular no bolso e disparou a correr pelos corredores do hospital. Kwon EunJi, sua filha, novamente tinha falhado como pai e colocado o trabalho na frente.Só não esperava que dessa vez sua filha fosse numa festa sem lhe avisar e acabasse sofrendo um acidente de carro.
-Você é o responsável pela Eun...- A enfermeira pronunciou o nome de certa dificuldade e o homem assentiu adentrando no quarto de imediato.
Deparou-se com a sua filha deitada na maca sendo sustentada por soro. Algumas cicatrizes e hematomas se estendiam por seu braço,uma marca vermelha de dedos estava presente em seu pulso. Apesar disso, ela se encontrava viva.
- Infelizmente a outra garota, no banco da frente, não sobreviveu.- A enfermeira olhou para o pai de EunJi que nervosamente passava a mão em seus cabelos sem saber o que fazer.- Seu nome era Elizabeth Campbell.
Claro que seu nome era Elisabeth,pensou o senhor cerrando os punhos,era óbvio que se EunJi estava em problemas a rapariga estaria por trás de tudo. Observou o corpo de Lizzie em sua maca, mesmo morta Elizabeth era deslumbrante. eu cabelos cacheados ruivos encobriam as cicatrizes em seu corpo,enquanto o vestido vermelho que usava chamava toda a atenção para si. De alguma maneira, para Sr.Kwon, era um alívio que ela não viria a se comunicar com sua filha novamente.
Seu telefone tocou novamente,resolveu atender já esperando pela longa discussão que aquela conversa duraria.
- Mande minha filha de volta, não é a primeira vez que algo assim acontece, dessa vez ela poderia acabar morta.- Ouvia Jung Yeonseol exclamar do outro lado da linha, manteve-se quieto porque sabia que ela estava certa apesar de tudo.- Nossa filha tem pelo menos tomado sua medicação?- um longo silêncio equivalente a um "não" estendeu-se.
A enfermeira cutucou o homem e apontou para EunJi, indicando que a garota tinha acabado de acordar. Os olhos da garota se abriram lentamente, ela olhou em volta repleta de pânico ao perceber as manchas de sangue por todo o seu corpo.
-Tragam um calmante!- Um médico gritou correndo para segurar a garota.
- Batimentos cardíacos aumentando...- Um residente murmurou enquanto fazia uma anotação em sua prancheta.
EunJi se debatia enquanto seu corpo suava frio, a este ponto ela chorava e tremia de nervoso murmurando palavras desconexas.
- Ele vai me matar.- sua voz rouca sussurrava com pavor.- n-não...
Antes que qualquer médico pudesse fazer qualquer coisa, da mesma maneira que ela acordou, repentinamente desmaiou afogando-se em um sono profundo. O quarto do hospital ficou em silêncio, a única coisa que o Sr. Kwon ouvia era os gritos furiosos de sua ex-mulher
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