História Owned - Orfanato

Após Lauren a ter abandonado, Camila ficou parada constrangedoramente perto da comida, beliscando-a. Ela não estava com raiva, mas precisava fazer alguma coisa com as mãos. Parte de si não conseguia acreditar que uma chefe da máfia era íntima de ricos e famosos. Parte de si não conseguia acreditar que ela deveria ficar perto dos ricos e famosos. Beliscando a comida, ela se manteve sozinha. Ela não tinha absolutamente nada em comum com aquelas pessoas, e tentou se manter invisível. Infelizmente, a ex de Lauren já tinha lhe visto e estava lançando dardos venenosos com os olhos. Além disso, muitos homens passavam babando por ela. Se ao menos eles soubessem sua história. Se ao menos eles soubessem com quem ela estava ali. Nenhuma das mulheres se aproximou e tentou cumprimentá-la ou deixá-la confortável. Após beber duas taças de champanhe, percebeu que tinha tinha sido o suficiente. Separando-se da multidão, ela começou a explorar o resto da mansão. O andar de baixo estava magnificamente decorado, mas o resto da casa estava plana. Enquanto Camila vagava pelos corredores, ela viu os brinquedos deixados para trás e os desenhos feitos de giz de cera na parede. Sorrindo suavemente, ela passou as mãos sobre eles. Era difícil acreditar, após ver o andar de baixo, que o lugar era para crianças.

- Tento não deixar que eles pintem as paredes, mas quando fazem, deixo os desenhos aí por uma semana ou duas. Eles sempre acham que é uma obra de arte.

Camila se virou para encontrar Dorie sorrindo para ela.

- Desculpe. - Camila balbuciou. - Provavelmente eu não devia estar aqui.

- Por favor. - A mulher mais velha acenou a mão com um sorriso. - Vocês todos pagaram tanto dinheiro para estar aqui que têm permissão para ir a qualquer lugar. E qualquer convidada da Lauren também é minha convidada. Além do mais, pude notar que você estava desconfortável lá em baixo.

- Muito desconfortável. - Camila confessou com um sorriso. - Estava sentindo que qualquer coisa que eu tocasse me custaria um ano inteiro de trabalho. Não cresci com dinheiro. - Dorie riu.

- Conheço a sensação. Eu vivo com calça de moletom. É mais fácil para correr atrás das crianças. Se dependesse de mim, eu apenas recolheria o dinheiro e agradeceria, mas Lauren acha que festas ostentosas trazem mais dinheiro. Ela está certa, claro. Os ricos adoram um bom evento de caridade, para que possam exibir o quanto eles são humanitários enquanto bebem a bebida mais chique e a melhor comida. A festa nos deixaria falidos se não fosse Lauren bancando tudo.

- Lauren está pagando por isso? - Camila disse franzindo a testa. - Sério? - A mulher inclinou a cabeça e a encarou.

- Há quanto tempo você está com Lauren? - Camila abriu a boca antes de fechá-la novamente. Lauren havia avisado para não falar sobre a situação delas para ninguém. Dorie pareceu entender.

- Foi uma pergunta rude. Não devia ter perguntado. Posso ver que você não conhece Lauren muito bem. Deixe-me adivinhar. Você olha para ela e só vê uma gângster?

- Você sabe?

- Querida, isso é a Rússia. Todos sabem. Se não fosse pela história de Lauren, eu não aceitaria nenhum centavo dela. Honestamente. Que tipo de mensagem eu estaria passando se eu criasse essas crianças com o dinheiro de uma pessoa relacionada à máfia? Mas quando eu precisava desesperadamente da ajuda, ela estava lá. Eu assumi o orfanato há alguns anos para ajudar essas crianças, e pensei que precisaria fechar o lugar. Não havia nenhum dinheiro aqui. E quando me dei conta do que acontecera com essas crianças, eu não queria me envolver.

- O que aconteceu? - Camila perguntou suavemente. Ela tinha a sensação de que já sabia a resposta.

- Quando o antecessor de Lauren, Gregori, estava no comando, as crianças eram recrutadas. Elas eram elegíveis a partir dos dez anos. Dez. Consegue imaginar isso? Meninos saudáveis eram estudados e depois eles precisavam escolher. Podiam encontrar um lugar seguro, uma família e um lar sob os olhares de Gregori, ou podiam esperar que alguém os adotassem. Aos dez anos, a maioria das crianças entendia que estavam muito velhos para alguém querer adotá-los. Quase todos aceitavam a oferta de Gregori. Quem não aceitaria? Eles desesperadamente queriam alguém que os protegesse, que os amasse, e Gregori oferecia isso.

-  Meu Deus! - Camila disse enquanto pressionava a mão no estômago. Ela pensou que ficaria enjoada. - Então, Lauren?

Dorie assentiu. - Lauren não fala sobre isso, mas olhei o arquivo dela depois que ela entrou em contato comigo. Ela deixou o orfanato aos onze anos. Ela estivera aqui desde os quatro, então não tenho certeza por que Gregori não a levou mais cedo. Ou talvez ele tenha tentado, mas Lauren resistiu. Mas quando ela assumiu o lugar de Gregori, a primeira coisa que ela fez foi expulsar a antiga diretora. Eu estava trabalhando como empregada na época, mas ela me ofereceu o emprego com algumas condições. Não haveria mais crianças recrutadas. Ela queria ajudar. Ela queria colocar dinheiro novamente na instituição para torná-la ótima e dar a essas crianças uma chance. Eu sei que Lauren não é uma boa pessoa, mas para essas crianças, ela é um anjo. E deixe-me lhe contar, nada passa batido por ela. Ela supervisiona os livros toda semana para garantir que todo o dinheiro está indo para as crianças.

Camila não queria perguntar, mas precisava. Precisava saber da verdade. - Dorie, você já ouviu falar de um Alejandro Cabello?

- Não o conheci, mas todo mundo precisa assinar um livro ao entrar. Eu sei que Alejandro recebeu um passe próprio porque ele vinha com muita frequência.

- Ah, Deus. - Camila se recostou na parede para que não desmaiasse. Lauren não estava mentindo. Seu pai era um recruta para Gregori. Seu pai recrutava crianças órfãs que pensavam que não tinham para onde ir. Seu pai recrutara Lauren.