disse-lhe, num sussurro:
não vá
és o único que resta
não vá
és a única nascente de água pura
o único raio
no qual ensaio
a minha dança
não vá!
o mundo gira em minha mente
incapaz de contar a dedo quem sente
quem dorme
quem some
quem soma
não vá
não espere a chuva cair
nem meu sorriso sumir
não espere minha alma fugir
temo que vás
temo que há
em algum lugar
algum eu sem algum você
descanse aqui
no conforto da batida
do meu coração
banhado em ferida
mas que resistiu ao espinho
ao fato de sentir-se sozinho
não vá
não esqueça-me na solidão do campo
enxuga meu pranto
faça-me querer ser eu
segura-me em teus braços
conjuga o verbo amar
doar
entender
entenda a vida e a morte
o azar e a sorte
o querer e o poder
poder de quem pode
a noite é fria lá fora
a manta faz teu espelho
o pano é sujo
o chão tem pedaços de mim
que você não recolheu
não vá
o povo agora me olha em pena
"oh, que mulher de alma pequena!"
o que aconteceu com aquela morena
que um dia carregou altruísmo
no olhar?
não vá
a onda é violenta sobre os grãos de areia
o vento é violento contra meus olhos
lágrimas correm como rios
nos quais eu hei de me afogar
não vá
os humanos estão doentes
absolutamente descrentes
quase como um vírus
aqui é teu lugar
perto do nosso proibido luar
que eternamente repousarei
na espera de você voltar
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