Vê-lo vindo em minha direção com aquele olhar distante e triste sempre me corta o coração. A insatisfação está estampada em sua cara, exposta para quem quiser ver que aquilo tudo não passa de fachada, e que a troca de "Eu te amo" é apenas da boca pra fora. Sua máscara continua firme e forte colada em seu belo rosto, servindo de troféu para uma vadia básica que o carrega a tiracolo para onde vai, apenas para exibir a sua conquista, e vê-la segurando sua mão, ao aproximarem-se, só me causa mais raiva.
Seu método era fingir que nada aconteceu, e quem sabe até negar que tudo aquilo foi deslize, sei disso, pois nem em olhar na minha ele tem coragem, o que só me destrói mais ainda, pois, para mim, tudo valeu a pena.
Uma vez minha mãe me disse "Newt! Fique longe das coisas que não são suas.", mas sei que ele me pertence! Sei que seu corpo chama por mim e seu toque cobiça minha pele, desde aquela maldita noite onde tudo se tornou tão confuso e impróprio. Alguns goles de vodka e uma música alta o suficiente para acordar a vizinhança fazem parte dessa história proibida, que só aumentou meu desejo e meu tesão por tudo que é inapropriado.
A fumaça de maconha que cercava o local só me fez querer ir para o mais longe dali, para algum lugar onde eu pudesse colocar todo o álcool do meu organismo para fora, e assim que vi a porta do quarto a direita aberta, foi onde encontrei meu refúgio daquele zoológico de jovens rebeldes e onde encontrei meu pecado, o garoto de olhos castanhos e topete fixado por um gel barato e com o brilho molhado, com seus finos lábios que eram umedecidos a cada 3 segundos, provavelmente efeito do nervosismo ou sua boca estava realmente seca.
— Me desculpe. – Minhas palavras saiam enroladas. — Eu só precisava ir ao banheiro vomitar. Mas parece que passou. – Falo seguido de um soluço.
Sua boca se estendeu em um sorriso tímido, e naquele momento vi que minha perdição estava ali, sentada naquela cama bagunçada, provavelmente por alguém que transou recentemente aqui.
— Vou deixar você sozinho. – Antes que não posso mais me responsabilizar pelas minhas ações.
— Não! – Gritou. — Pode ficar se quiser. – Sua última frase saiu quase inaudível.
Caminhei, usando o resto de sobriedade que me restava, me cuidando ao máximo para não cair, até atirar meu corpo ao seu lado.
— O que faz aqui? – Meu rosto era pressionado contra o colchão e mantinha os olhos fechados, na intenção de descansar um pouco, e rezando para que quando os abrisse, o mundo não girasse tanto.
— Minha namorada está lá embaixo, jogando o jogo da garrafa e beijando todos que queiram sentir o gosto de vômito em sua boca. – Seu tom e desapontamento, ou quem sabe arrependimento por ter uma namorada ou por ser hetero.
— Você sabe que pode terminar com ela, não é?! – A fase sinceridade está vindo a tona, e provavelmente vou me arrepender de algumas coisas que falei hoje assim que as alucinações passarem.
— Queria ter essa coragem, mas meus pais a consideram como uma filha e a família dela é muito legal, e também foi ideia minha vir nessa festa. – Sinto seu corpo despencar ao meu lado. Abro os olhos para ter certeza que aquilo não é sonho ou apenas um delírio pelas doses de tequila, e o vejo encarando o teto.
— Então aceite o chifre. – Me reviro incomodado com o gosto amargo em minha boca. — Você não teria uma bala de menta? – Me sento e passo os dedos pelos meus fios loiros.
Por segundos ele me encara, deitado ali, sem responder minha pergunta ou falar qualquer coisa. A música é alta, chega a tremer os porta-retratos sobre a estante de livros que tinha no quarto, mas mesmo com todo o som, eu podia ouvir sua respiração. Pesada e arrastada, perturbando toda a paz em meu interior, demonstrando o quanto ele se sentia nervoso.
Sabendo que não posso controlar meus movimentos, meu corpo começa a aproximar-se do seu, pendendo para cima de seu peito, enquanto meu subconsciente clama por uma parada brusca, meu coração anseia por mais disso, que para ele é algo novo. A pouco menos de 20 cm de sua boca, minha perna cruza até estar em volta de seu corpo, e eu, praticamente sentado em suas coxas, até acontecer a cena que se tornará responsável pelas minhas noites de masturbações para o resto dos meus dias: Seus lábios, finos e quentes envolvendo os meus, em uma disputa por mais. Logo as línguas se fizeram presentes, dançando dentro de nossas bocas, explorando cada canto daquele lugar tão úmido. Sua ereção começa a ser pressionada contra minha bunda, sendo impossibilitado e atrapalhado pelos jeans, que nos vetavam de fazer aquilo que pesaria na consciência de ambos, ou pelo menos na consciência dele.
Minha cintura é firmemente segurada pelas suas mãos, nos virando e trocando-nos de posição, o deixando por cima, com minhas pernas enlaçadas em sua cintura, e de forma que eu poderia ficar até o mundo acabar. Uma batalha por toques começou, embolando ainda mais os lençóis, já bagunçados, ao nosso redor, travando uma guerra naquele lugar, tão puro, tão sujo e tão bruto. Seus dedos gelados por debaixo da minha camisa só aumentaram minha excitação, impossibilitando-me de controlar os gemidos.
— Tommy! – Somos interrompidos ao ouvir uma voz transparecendo embriaguez chamar, empurrando a porta devagar.
Ele praticamente dispara para a entrada, me deixando ofegante e confuso. Eu? Só posso continuar deitado, esperando-o voltar, o que sei que não ira acontecer, pois depois de mais ou menos meia hora me iludindo, me dou por vencido e abraço o travesseiro, adormecendo com som de uma música que canta minha situação...
"You don't love her! Stop lying with those words."
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