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História Padre - 05


Escrita por: hellblazer

Notas do Autor


Notas finais.

Capítulo 5 - 05


 

05

Sangue habituado.

O Exorcismo é um sacramental  realizado dentro de uma celebração litúrgica, onde sua essência é a expulsão de um ser maligno de um corpo. Os termos exorcismo, esconjuração ou esconjuro, do grego exorkismos, do latim exorcismu, refere-se ao ato de fazer jurar. Indicam o ritual executado por uma pessoa devidamente autorizada para expulsar espíritos malignos, ou demônios, de algo ou alguém que encontra-se em estado de possessão demoníaca. Designam também o ato de expulsar demônios por intermédio de rogos e esconjuros suplicantes da divindade.

•••

Na manhã seguinte, Garth partira para cumprir uma busca nos arredores da casa, a procura de moedas antigas, sacos de couro, símbolos esculpidos e resquícios de enxofre. O último elemento não sendo o mais inflexível, muito porque o odor deteriorado do elemento químico era bastante chamativo, embora não atrativo. O rapaz compreendia que o exercício não era suficiente, mas sentiria uma parcela de alívio por tentar fornecer auxílio. A cidade era um tanto mais afastada da região e prolongava-se alguns minutos da residência dos Novak, entretanto ao seu redor, existiam fazendas, mercearias e lojas físicas de comércio caseiro. A maioria dos produtos providos principalmente das fartas fazendas.

O movimento capitalista rural não era um problema para os especialistas, mas realizar uma pesquisa sobre a área era deveras necessária, desde que os indícios de seitas aumentaram progressivamente e assombraram todo o Kansas. Famoso por suas terras e farturas, o Estado era constantemente um alvo de fofocas e reais relatos. Pelos frutos e gados, comerciantes produziam cultos e adorações propriamente para deuses. Sacrifícios eram facilmente citados durante os rituais, mas a consciência guiava os indivíduos de modos diferentes. Eles não poderiam intervir se a oferenda fosse algum animal ou ser humano, apesar de tamanho talento, não eram autoridades. Tudo o que podiam fazer era somente certificarem-se de que o Novak não estava envolvido em nenhum destes. 

Residentes de todo o Kansas cumpriam com seitas satânicas e construíam igrejas propriamente para a Missa Negra. Com provas documentais e factuais, por muitos testemunhos oculares de toda confiança, gravações, ou confissões de arrependidos o caso tornava-se mais delicado. Castiel poderia ser uma vítima de qualquer um com qualquer razão aparente. Como também poderia ser um religioso, cumprindo sua fé através de rituais e sacrifícios. Eles não descartavam nenhuma possibilidade, visto que já haviam trabalhado com pessoas de este outro mundo. 

Charlie e Ashton ficaram com a função tecnológica. Conectaram devidos eletrônicos para começarem a trabalhar, iniciando ambos com notícias dos jornais virtuais e pesquisas recentes sobre seitas, igualmente seus indícios. Os Hunters também procuravam fazendeiros bem afortunados, quais portaram um rendimento acima do estimado. Encontraram festividades de agricultura, pecuária e outras ocupações rurais. Os eventos eram meticulosamente preparados, e apesar de existirem ao redor do mundo, Kansas liderava nos espetáculos contra qualquer concorrência. Apenas alguns deuses exclusivos encaixavam-se nas perfeições de determinados produtos, mas eles apredentavam-se dispostos a procurar detalhes mais sombrios e perigosos, pactos sendo um dos principais exemplos. A rivalidade que iniciava-se entre fazendeiros era tamanha, que em período de festividades elevava-se drasticamente a porcentagem de seitas de adorações, e em meio á busca de perfeições, alguns religiosos acabavam sendo possuídos, sendo vítimas ou não. 

Celeste estava a limpar os apetrechos que continha e utilizava em exorcismos. A ruiva especializava-se em trabalhos mais violentos e selvagens. Dominava formas de lutas e auxiliava os exorcistas quando necessitavam conter o hospedeiro em uma cama, cadeira ou qualquer outro tipo de cativeiro. Suas algemas personalizadas eram as mais temidas. A mais velha das univitelinas acabara se interessando por um ofício mais sombrio, assim feito, quando a besta prejudicava demasiadamente um corpo humano, ela era quem intervia e fazia a sua arte. A Bradbury também conseguia informações privilegiadas dos demônios de encruzilhada, usando todo o seu conhecimento lúgubre. 

Robert devorava mais um livro sobre exorcismos. Apesar de ser bom em seu trabalho, o ranzinza procurava aprimorar o seu conhecimento, visto que a Arquidiocese poderia e conseguiria prejudica-lo de variadas formas possíveis se descobrissem o que ele faz. Singer não queria de maneira alguma cair nas mãos do Vaticano e mostrar do que é capaz é versado como uma boa vantagem. Livros grossos passavam por sua mão o tempo todo, absorvia informações até mesmo raras, e fazia questão de compartilhar tudo com o Campbell. Bobby igualmente instruía o loiro a cumprir com pesquisas específicas. Ele mandava e o rapaz obedecia. 

Benjamin estava excluso das pesquisas, sobretudo, não deixara de cuidar de seu dom. Ajudar as pessoas com seus tabuleiros e objetos regidos de feitiçaria tornaram-o um xamã muito requisitado. Ele pensava em uma dupla de feitiços que ajudaria-os no caso, mas precisava acionar ao Robert primeiro. O Lafitte estava com o Campbell em seu quarto temporário repassando trechos de uma reza, pois ele necessitava tanto quanto o loiro participar do Rituale Romanum. Era um estudo para ambos os lados, mas Benny provinha um conteúdo mais leviano do que o próprio aprendiz, uma vez que ele tornava-se presente apenas para auxílio. 

O bruxo notara um desconforto partido do loiro, ele não apenas podia sentir a sua energia como também recebe-la. Entretanto, depois de presenciar a levada discussão entre ele e Robert enquanto ainda estavam em Dakota do Sul, decidira por não incomoda-lo. Ninguém sabia com clareza o que havia ocorrido com Dean e seu misterioso passado no Kansas, mas se ele determinara que não contaria a eles, o mínimo que poderiam fazer era respeita-lo. Monstros e fantasmas existem assim como os demônios, a diferença é que eles já habitam nos corações do humanos, causando os seus temores. Esse é um mau que cada um carrega, sem qualquer intervenção maligna, no entanto. O mago compreendia o Campbell mais do que ele poderia imaginar, talvez esta seja uma razão para se darem tão bem. 

Quando o exercício deu-se por fim, os rapazes tornaram a citar o nome do Novak com determinada precisão, posto que aguardavam por notícias do moreno, qual jamais chegara. Benjamin estava ali para ajudar espírita e medicinalmente Castiel, mas em momento algum sentira um palpitar em seu peito, completamente o oposto de seu colega. Dean sentia-se incomodado e tentava ignorar a aflição. Ele esfregava sua nuca e respirava pesadamente, o seu ato de inspirar e expirar sendo irritantemente audível. 

A preocupação demasiada nunca fora vista como um exagero no trabalho dos Hunters, suas atitudes não se dão como diferentes. Em conjunto, decidiram procurar por notícias do rapaz, mas uma cena incomum fora capaz de paralisa-los ainda no caminho. Aos prantos e sem olhar para trás, Rowena abandonava o quarto de seu filho. Suas mãos tremiam e os soluços eram baixos, embora notáveis. Seu vestido longo arrastava-se pelo chão, deixando um rastro de sua tristeza. Benjamin não hesitou em seguir a moça, apressando os passos para conseguir alcançá-la a tempo. 

O Campbell não se deu o luxo de permanecer inerte, em instantes suas pernas moviam-se ligeiramente para o cômodo do moreno, esfregando novamente a sua nuca durante o processo. Quando encontrou-se próximo o bastante, notara que a porta mantinha-se entreaberta. Mesmo obtendo pouca visualização, seu estômago agitava-se desconfortavelmente. Sua palma deslizou pelo objeto maciço e depois, ele empurra-a para sua própria passagem. Já no primeiro passo Dean sente seu coração intuir. O barulho de cacos de vidro o pegara de surpresa, sua atenção intervira diretamente para suas botas. Havia um porta-retratos ali, e era decerto que todo o vidro presente viera do objeto agora estilhaçado. Dean não deu importância a imagem que ali habitava, pois a exsudação existente atraía toda a sua atenção, tornando detalhes como aquele em um miúdo e vazio. 

O Novak encontrava-se sentado em seu leito, com os pés descalços repousados no chão. Suas palmas amassavam o lençol, o tecido sobressaía sobre seus dedos magricelos. Suas bochechas coradas recebiam lágrimas salgadas e pesadas. Seu tórax ardia com as arfadas longas que ele não conseguia controlar, a dor psicológica atacando novamente o seu corpo. Castiel estava assustado, reduzido a uma massa trêmula e vagante. Além de seus baixos murmúrios manhosos, havia um silêncio absoluto por todo o local. A casa parecia dormir enquanto o rapaz sofria e reprimia a angustia por diversas vezes em seu peito. 

Dean se aproximou paulatinamente, sentindo os pelos de seus braços se erguerem com um novo arrepio. Ele temia as reações seguintes, mas não temia de forma alguma a verdade. A dor sentida pelo de olhos azuis se resumia a uma veracidade e não havia razão para fugirem daquilo. Este era um motivo pelo qual ele odiava dar as notícias as vítimas, pois as consequências sempre se diferem uma da outra. O Campbell ajoelhou-se na frente do rapaz, buscando o azulado que antes o cativara. As lágrimas camuflavam o seu olhar vazio, o loiro estava disposto a depositar uma parcela de esperança nele. 

— Dean — disse ele ao avistar o homem, sua voz entrecortada pelo caminho — Você é um exorcista? 

O moreno não optou por enganar o Campbell, apesar dele desconfiar a razão de tamanha lamúria, não imaginava que o outro jogaria a bomba em seu próprio colo quando ela estava prestes a explodir. Castiel não diminuira o aperto sobre os lençóis, não deixara de chorar, mas aguardava pacientemente uma resposta concreta. O medo crescente em seu peito sendo maior que o seu orgulho. Estava cansado das mentiras e suas enrolações, agora ele buscava a verdade.

— Castiel...

— Diga.

— Sim — o rapaz ponderou, mas não censurou a si mesmo — Sim, eu sou. 

— Eu... — suspirou, não querendo acreditar na notícia. — Maldição!

— Castiel, acalme-se. Agora que conhece a minha verdade... — o loiro indaga calmo e gentil, aproximando-se um pouco mais do outro — não preciso esconder nada de você.

— Não posso lidar com isso, Dean. Eu não consigo.

Os seus rogos baixos e quebrados causavam desconforto no exorcista, mas ele estava ciente de que não era a metade do que estava por vir. Não existia uma opção rápida e fácil neste ofício. O trabalho pesado e doloroso era inevitável. Embora o loiro reconhecesse de que, a provabilidade do rapaz estar sendo influenciado por uma força maior que a sua fosse enorme, seu coração lhe assegurava de que ele estava sendo sincero em suas poucas palavras.

— Confie em mim. Vamos ajudar você a lidar. É o que fazemos.

— Confiar em você? — ele debateu, de repente sentindo-se ofendido.  — Eu não confio em ninguém. 

Dean compreendia que a declaração não duraria tanto, ele era capaz de sentir essa verdade. Castiel precisava confiar no seu suporte, não era uma opção, mas uma necessidade. A confiança era a base de sua salvação, a fé depositada no Campbell era a chave para sua libertação, desde que o loiro era o único a ser capaz de faze-lo.

— Prometeram a minha melhora — as lágrimas continuavam perpassando por suas bochechas coradas, sua esperança esvaindo-se igualmente. — Agora, há um exorcista em meu quarto.

— Não deixa de ser ajuda, no entanto. — rebateu com o cenho franzino. A conversa estava quase a virar um jogo de ofensas. Dean sabia que era errado perder o controle — Castiel, esse é o momento em que você passa a expandir o seu conhecimento. É importante obter uma mente aberta.

— Milagres não existem.

— Eu entendo a sua fúria e não retiro a sua razão — Dean proferiu com a voz controlada — Mas essa é a realidade. Nada pode mudar isso.

— Por que eu? — Castiel ressaltou em voz alta, tendo certeza que aquilo não era uma idiossincrasia de sua mente.

— Não existe justiça natural. Todos somos vítimas inocentes.

— Deus permitiu isso acontecer — ele franziu o cenho, a raiva e a tristeza transparecendo em sua feição — Ele está me punindo?

— Se acredita mesmo Nele, não deposite fé nesta conjectura. Nem tudo o que acontece é de Sua vontade.

— Que quer dizer com isso?

— Quero dizer que a melhor equipe do país está trabalhando por você. — murmurou com orgulho demasiado de sua família — Já sabe a razão de estarmos aqui, basta fazermos nosso trabalho para descobrir o motivo de você se encontrar dessa forma.

— Por que não disse a verdade? Por que escondeu sua profissão de mim? — perguntou, sugando dolorosamente o ar fino.

— O porta-retrato quebrado em sua porta explica o meu ponto.

O Novak desviou o olhar, envergonhado pelo ocorrido. Dean invadia o seu local e descobria as suas verdades como se estivesse lendo-as. Ele decifrava o moreno como se ele não passasse de uma pista interessante. Isto era constrangedor, mas seu peito ardia sem qualquer hesitação. O choque que seu corpo recebeu quando seus dedos esguios encostaram-no ficava reverberando em sua mente traíra. A sensação era suportávelmente irritante. O homem não o conhecia mas se esforçava para ser uma boa companhia, o que acabava deixando-o vulnerável.

Incomodado com o silêncio, Dean procurou os olhos do moreno, descobrindo-os ainda tristes e molhados. Os sentimentos unidos com os seus hematomas possivelmente causavam-no uma dor excruciante, as lágrimas eram esperadas. Cada instante que passavam em conjunto mostrava um lado do moreno que o loiro desejava conhecer. Quando as frases escapavam de seus lábios, ele ficava admirado com a gentileza que o seu tom carregava. Por mais doloroso que seja cada movimento ele não desistia de faze-lo.

— Me desculpa. — ele encarou os seus olhos azuis e acentuou sinceramente arrependido. Àquela altura, Dean já não poderia suportar os seus sentimentos condolentes. Havia muita intensidade e melodrama presente, ele não costumava deixar suas emoções expostas de tal forma  — Não foi correto mentir, eu reconheço e sinto muito, Castiel.

O Novak largou os tecidos de seu leito e permitiu suas mãos vagarem até o seu rosto molhado e inchado, escondendo-o. O exorcista deu tempo ao rapaz, deixando-o sentir a dor que ele precisava passar por. Pessoalmente, odiava momentos como aquele, mas acima de sua opinião, havia uma razão profissional. O moreno queria desabafar e ele permitiria, sem interferência ou incômodo relativo. Enquanto o fazia, observava o quarto do rapaz. Ele possuía a personalidade de Castiel, e apesar dos vidros atuais que enfeitavam o recinto, era um local acolhedor. Sua cor trazia harmonia e os objetos eram o contraste que faltavam para confirmar a calmaria que o rapaz um dia possuiu. A mobilia lembrava a cultura rural, mas continha uma atração moderna e sofisticada. Dean gostaria de presenciar a vida do Novak antes, ele tinha um perfil peculiar que o loiro apreciaria entender.

Com delicadeza e cuidado, ele apanha as mãos trêmulas do moreno, transmitindo calor para o outro. Seu polegar deslizou gentilmente sobre o seu dorso, transferindo segurança. Castiel ainda chorava, mas não censurou o exorcista, tampouco afastou-se de seus toques, o primeiro depois do incidente da noite anterior. Sua mente bagunçada e sofrida não o permitira sentir o gostoso arrepio desta vez. Não estava racionalmente presente. Ele apenas fora capaz de captar a voz calma e compreensiva do homem, sugando a sua atenção de uma maneira surpreendente.

— Nós vamos te ajudar. Eu prometo.

Dean não considerou o fato de não haver uma confirmação concreta do hospedeiro. Não considerou a razão de que, até que eles possam provar o contrário, o rapaz poderia apenas provir uma doença. Ele apenas certificou-se de que não o abandonaria. Uma decisão tão rápida e certeira, que fora capaz de passar por cima de sua maneira de trabalho. Ele poderia receber uma bronca por isto.

— Isso é surreal. — Castiel sussurrou para o Campbell, certamente desolado.

— Não vou pedir para aceitar. Você terá o tempo necessário para pensar sobre — decretou com seriedade — É um direito seu. Vou garantir que todos respeitem isso.

— Verdade?

— Sim.

O Novak consentiu em agradecimento. Seu peitoral subia e descia em um ritmo lento, tentando extrair o máximo de oxigênio possível. Em meio ao transtorno, ele buscava uma solução para conseguir tornar sua respiração tranquila e suas lágrimas menos presentes. Era uma tarefa difícil, muito porque, seu corpo continuava dolorido. Não desistir do exercício apenas mostrava o quão forte ele poderia ser.

— Eu não planejava que essa conversa fosse tão dolorosa para você, Castiel.

— Eu quero entender isto tudo, Dean.

— Esse é o menor dos problemas — o loiro deu de ombros, procurando passar confiança — Deve ficar a parte de tudo o que ocorre.

— Então você pode me dizer o que há? Me sinto curioso, aflito por estar ignorante perante o meu próprio corpo.

Castiel procurou os seus olhos verdes e selvagens pela primeira vez no dia. Ele não desejava romper o contato enquanto esperava por uma resposta esclarecedora.

— Nós não temos certeza. Não quero dizer algo que não sei.

— Por favor, Dean.

— É complicado.

— Você disse isso antes. — ele pareceu pensar, estava calculando suas palavras — Nada de mentiras desta vez.

— Castiel escute, não há nada concreto, entenda o que estou dizendo... — disse com cautela, desviando o seu olhar por um breve momento. Ele não gostava daquilo, de ser controlado por suas emoções, mas compreendia que devia as respostas ao moreno — Existe uma divisão entre alma e matéria, mas um ser maligno apenas consegue alcançar uma alma através da carne.

— Eu não compreendo. Que isso quer dizer?

— Eu posso explicar, mas não agora.

— Espere, o que?

— Você não está preparado, Castiel. Ainda não.

— Eu vou insistir.

— Não.

— Dean!

Ele recebeu um aperto em sua mão, embora tão fraca. O exorcista suspirou derrotado, achando atrativa a teimosia do rapaz, mas irritante ao mesmo tempo.

— O seu corpo pode estar em processo de preparação para receber um hospedeiro.

O moreno arregalou os olhos e suas mãos deixaram de sentir o toque do Campbell. Um bolo  tornou-se preso em sua garganta, o medo invadindo o seu corpo tão rápido quanto um tornado. Dean se arrependeu do que disse no mesmo momento, mantendo sua culpa mesmo que o rapaz tenha procurado pela verdade.

— Certo, você já passou por muito hoje. É o suficiente. Vamos continuar isso depois.

•••

Sobre passos ágeis e pesados, Ezequiel vagava por quase todos os incríveis cômodos da enorme residência. Portando uma personalidade calma e severamente tímida, o jovem rapaz trabalhava para não esbarrar com nenhum novo hóspede. Ele conferia as espreitas para onde ir e quem encontrava-se presente. Para seu alívio pessoal, o Novak desencontrara-se apenas com Garth, entretanto, o homem somente o cumprimentara com um gesto gentil, partindo desajeitadamente pouco depois. As mangas de sua camisa flanela estavam tornando-se úmidas, uma vez que suas mãos soavam frio enquanto ele produzia uma busca rápida com os olhos por cada local já visitado.

Ezequiel mordia o lábio inferior com uma determinada freqüência na esperança de aliviar sua ansiedade. Ele cortou a escadaria velozmente, por muito pouco não caindo no processo. Não que ele ligasse, a única pessoa a quem ele buscava possuía toda a sua atenção e preocupação. Não importarse-ia realmente se caísse e como consequência, ganhasse um hematoma. Por um breve momento, o rapaz pôde escutar passo ágeis e atrapalhados no andar de cima, o choro de sua tia acompanhando o embaraço. Embora triste, ele estava passando a se acostumar com as lamúrias da parente, então, não se incomodou em segui-la para perguntar a razão de suas lágrimas. Ela nunca dizia, de qualquer modo.

Seguindo em frente, o Novak continuou espionando a casa, indo e vindo, cansado e com o coração agitado. Depois de passar longos minutos procurando, o jovem desiste de seu fazer, jogando-se sem delicadeza alguma contra a poltrona da sala de estar. Sua cabeça começou a latejar, assim como havia passado pela manhã, mas sua preguiça não permitiu que fosse buscar uma pílula. O calor que estava fazendo tornava o recinto abafado, tal como todo o restante, e seus olhos pesaram por um instante. Determinado a voltar para seu respectivo quarto, Ezequiel fixa o olhar pela primeira vez na porta que dava acesso ao porão. Seus olhos se arregalam quando ele finalmente percebe que aquele local fora o único qual ele não visitara. Correndo desajeitado e desesperado, o jovem alcança a maçaneta dourada do objeto maciço, forçando-a três vezes e com muita ira depositada.

Quando a porta escancara-se, ele sente um arrepio atingir a sua espinha, uma vez que um ar gélido e cortante acerta-lhe o corpo. Olhando para baixo, tudo o que ele encontra é a escuridão concentrada. Ele odiava o escuro, talvez pelo medo, mas desgostava de qualquer maneira. Tremendo, ele torna a descer lentamente, ouvindo a madeira ranger alto como nunca. O local úmido abraça-o, assim como um forte odor de citronela, poderoso e enjoativo. No último degrau, ele busca o interruptor apalpando a parede estranhamente gélida. Pelo grau celsius que fazia, era incomum um recinto realmente gelado e sem interferência alguma do calor.

Quando a energia fora acionada, sua visão pôde expandir-se além da negritude. O porão grande e extenso era composto por produtos químicos de limpeza, caixas, móveis e objetos já esquecidos. Ele supunhava que o local fosse ainda pior do que o sótão. Ao movimentar-se, o Novak precisou abraçar o próprio corpo para um refúgio do frio, seus passos tornando-se ágeis novamente. Atrás de um amontoado de cadeiras jazia um corpo, apenas por avistar o pobre coração do garoto palpitara doloroso. Ele engoliu o seco antes de correr, sentindo os joelhos falharem quando notou que era a pessoa a quem procurava por.

— Hannah! — o jovem indaga beirando ao desespero.

Ele ajeita a cabeça da irmã em seu colo, retirando os fios escuros de sua face bonita e delicada. A Novak encontrava-se desacordada, mas uma camisola de seda cobria o seu corpo. Sua pele estava gelada como um floco de neve, seus lábios ressecados e suas olheiras profundas. Ezequiel abraçou-a para transmitir calor, mas não era como se ele estivesse quente o bastante.

— Hannah. Meu Deus. — ele balança o corpo para frente e para trás, sentindo-se medroso e preocupado — Acorde por favor.

Uma mão gelada encosta em seu ombro e ele assustasse até perceber que o membro é de sua irmã. Ezequiel tem a respiração pesada e suga o ar dolorosamente. Ele chacoalha delicadamente sua parente, tentando reanima-la. Seus olhos estão verdadeiramente arregalados e assustados, seu coração batendo muito descompassado e veloz. Ele quase conseguia ouvir a sequência agitada.

— Zeke... Pare. — ela murmura baixo e arrastado. — Zeke...

— O que está fazendo, Hans? Que faz aqui?

Ele procura os olhos da irmã, mas ela aparenta estar fraca demais para encontrar os seus. Seus lábios movem-se minimamente, prontos para soltarem murmúrios possivelmente desconexos. O ato era tão incomum quanto a visita dos irmãos Novak ao porão.

— Zeke... Zeke... Zeke...

— Como veio parar aqui? Pelo céus, fale comigo.

Com uma incomum coragem inundando o seu peito, o Novak ergue-se para puxar o corpo de sua irmã, trazendo-a consigo. A garota não consegue firmar os seus pés ao chão, está completamente maleável e desorientada. O rapaz é forçado a retira-la do chão, obtendo determinada dificuldade para suportar o seu corpo magricelo e o de Hannah. Sua cabeça doía como o inferno e suas dúvidas não eram apartadas, pois a garota apenas murmurava repetidamente o seu nome. Não havia explicação e nem razão para ambos estarem ali, mas ele compreendia que deveria sair, pois o frio que estava fazendo era capaz de adoecer a ambos. O que ele realmente precisava era tirar a sua irmã dali, pois ela cuidava dele e ele cuidava dela. Não importava o que acontecia, esse era o pacto que tinham um com o outro e ele era válido desde que os seus pais haviam falecido. 


Notas Finais


É isto pessoal. Espero que gostem, de coração mesmo!

Muito obrigada por terem elogiado a história no último capítulo, é realmente muito importante e ajuda a espantar o bloqueio criativo. Vocês são incríveis.

Desculpe qualquer erro ou incoerência e até a próxima anjos.

💙


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