História Pai de Primeira Viagem - 05

— Tá bom, eu desisto! – joguei minha caneta em cima da mesa e bufei irritado jogando meu corpo nas costas da cadeira.

— Jeongguk, vamos lá! Não é tão difícil assim aprender logaritmos… – TaeHyung pegou meu caderno e folheou as páginas.

— Não quando você se é de humanas e não de exatas! – o encarei irritado logo chutando de leve sua perna destra.

— Olha, se quiser, eu posso te ajudar. – fez cara feia enquanto encolhia suas pernas.

— TaeHyung, você sabe que ainda estou bolado pelo que você fez hoje cedo, né? – cruzei os braços e comecei a rabiscar a mesa com o lápis. O moreno suspirou pesado e olhou para os lados, não demorando muito para voltar a olhar pra mim.

— Kookie, me desculpe mas eu já pedi perdão mil vezes! – olhou para o teto. — Somos melhores amigos e, só porque eu não gosto de um amigo seu, não quer dizer que devemos ficar brigados…

— Olha TaeHyung, eu… – no exato momento em que eu diria algo, Jimin chegou correndo na sala e logo puxou uma cadeira para se sentar ao nosso lado.

— Meus amigos, a cada momento que eu penso que eu não irei me superar, eu me supero mais ainda. – o loiro tinha um enorme sorriso no rosto.

— O que aconteceu dessa vez? – apoiei meu rosto em minha destra e olhei para o baixinho ao meu lado.

— Eu, lindo e maravilhoso, fui matar um pouquinho do tempo de Matemática no banheiro, né. Só que, quando eu saí de lá, eu vi; ali, enchendo sua garrafinha no bebedouro, lindamente, ninguém menos que ela: Myoui Mina. – o garoto abriu a boca e, por um momento eu pensei que ele babaria ali mesmo na minha mesa.

— Tá e o que tem de mais você ter visto seu amor platônico? – TaeHyung riu e Jimin irritado bateu fortemente na mesa, o que me assustou, e chegou seu corpo para frente.

— Ela não é o meu amor platônico! – jogou-se para trás e esticou suas penas logo cruzando os braços. — Ela só não sabe que eu gosto dela… – murmurou fazendo bico e abaixou a cabeça.

TaeHyung colocou a destra em sua testa, soltando um “ah” frustrado e eu olhei para o lado, cobrindo minha boca com a palma de minha destra para esconder o meu sorriso enquanto eu balançava a cabeça negativamente.

— Diz logo o que aconteceu Jimin. Estamos tentando estudar. – o moreno a minha frente cruzou os braços.

— Assim que eu saí do banheiro e a vi, fiquei em transe encarando aquela obra em minha frente e ela percebeu. Vocês acreditam que ela olhou pra mim, sorriu e disse: “Oi Jimin”? – parecia que o loiro explodiria de tanta emoção.

— E o que isso tem de mais? – coloquei os braços em cima da mesa e deitei por cima deles, bastante desinteressado com aquela animação fora do comum do meu melhor amigo.

— Ela sabe o meu nome, cara, meu nome! Isso já é um grande avanço. – revirei os olhos.

— Jimin, se você está todo feliz pela Mina saber seu nome, por que não chama ela pra sair? – Tae perguntou entendiado. Levantei a cabeça e apoiei meu queixo nas costas de minha destra para olhá-lo logo depois olhando para Jimin.

— Que papo é esse TaeHyung? – o menor inflou suas bochechas e cruzou os braços. Ri voltando meu olhar para o moreno de voz grossa.

— Ai Jimin, eu desisto de você. – riu abrindo o seu caderno. — Você é Park Jimin: o pegador da escola e morre de vergonha de falar com a Mina. Eu não consigo entender…

Jimin olhou para baixo e mexeu em seus cabelos, enquanto TaeHyung lia seu caderno e eu resolvi rabiscar a última folha do meu caderno. O silêncio que se formou entre nós só foi quebrado pelo celular de Jimin que fez um barulho de notificação.

— Por favor, quem tiver mexendo no celular, guarde e desligue ou deixe no silencioso. Eu não estou a fim de parar os meus afazeres para recolher celular de ninguém. – o professor Soon falou sem tirar seu olhar do computador.

— Jimin, se eu fosse você, guardaria logo esse celular. Caso ainda não tenha se ligado, nós estamos perto da mesa do professor! – ajeitei-me na cadeira vendo o loiro ficar ao lado oposto do professor para diminuir o brilho da tela.

— Cara, por que você não vai lá pro fundão? – TaeHyung perguntou e Jimin riu sem humor.

— Ora porquê. Porque se eu levantar vai ficar na cara que sou eu que estou mexendo no celular, né! – o moreno revirou os olhos.

— Qual é! Você é o Jimin. Todo mundo sabe que você não consegue ficar parado muito tempo num mesmo lugar, a cada cinco minutos você pede pra ir ao banheiro. – Jimin deu língua enquanto eu ri da pura verdade dita por TaeHyung.

Para que o professor não percebesse que o menor mexia no celular, coloquei minha mochila em cima da mesa tampando um pouco da visão que o professor tinha de Jimin e Tae e eu começamos a conversar sobre o dever passado para disfarçar.

— É ISSO AÍ! – Jimin berrou levantando-se num pulo da cadeira, recebendo o olhar assustado de todos. — Pessoal se preparem: teremos uma festa a fantasia essa semana na escola vizinha da periferia! – dada a notícia, a sala começou a ficar eufórica e eu, rapidamente, cobri meu rosto com as mãos ao perceber a burrice que o meu amigo havia acabado de fazer.

— Park Jimin, que palhaçada é essa? – o senhor Soon levantou-se bastante irritado. — Você está muito encrenca… – sua fala foi cortada pelo sinal que havia acabado de bater, dando o final das aulas.

— Puxa, que pena professor. O senhor não pode fazer mais nada comigo, já que, agora está na hora de ir embora. – Jimin pegou sua mochila que estava no chão. — Foi ótimo quase ficar mais um tempo extra com o senhor. Até amanhã!

O loiro correu para fora de sala enquanto Tae e eu terminávamos de guardar nossas coisas em nossas mochilas. Olhei para o professor que ainda estava bastante irritado e tive que rir. Por um lado eu sentia um pouco de pena dos professores por terem que aguentar Jimin todos os dias, era sem dúvidas um enorme desafio. Saímos de sala e vimos o loiro ao lado de uma lixeira.

— Ei Jimin-ssi! – uma menina da nossa turma o chamou enquanto passava ao seu lado. — Que horas será a festa?

— Eu direi nas minhas redes sociais. Fiquem atentas, meninas. – deu uma piscadela e as meninas riram logo seguindo caminho. TaeHyung e eu nos olhamos e reviramos os olhos, não demorando a nos aproximar dele.

— E aí? Quando vai ser essa festa? – ajeitei minha mochila que pendia em um ombro só.

— Essa quinta-feira.

— Que? Mas a gente não ia jogar basquete com o Namjoon e os amigos dele? Quer dizer que eles desistiram? – o moreno ao meu lado sorriu. — Eu sabia que eles teriam medo da gente. – proferiu vitorioso.

— Não é isso, meu amiguinho. – olhei para trás e vi Namjoon abraçando TaeHyung por trás, fazendo o moreno congelar ali mesmo. — Eles já tinham planejado essa festa faz tempo. Quando eu falei com eles, eles disseram que deixariam pra próxima por causa da festa e até pediram pra eu chamar o pessoal daqui, todos, sem exceção alguma. – olhou para Tae enquanto o soltava.

— Mas hyung, por que não pediu para que eu chamasse as pessoas? – perguntei me sentindo meio ofendido. Afinal, eu que era o melhor amigo dele e não Jimin.

— Ah Kookie, não fique enciumado. Mas, o máximo de pessoas que você chamaria seriam as amigas da Soo In. – apoiou sua destra em meu ombro. — Jimin é o popular da escola, óbvio que ele consegue chamar mais pessoas. Afinal, meus amigos querem muitas pessoas das escolas vizinhas.

— Espera. Só tem três escolas aqui perto, contando com a nossa. A da periferia, a nossa e aquela pública do lado da biblioteca. – Tae se apoiou em Jimin que estava ao seu lado.

— Como eu disse: sem exceções, pequeno TaeHyung. – sorriu e o garoto olhou para o lado oposto meio desconcertado. — Bom, eu vou indo. Nos vemos amanhã pessoal! – o hyung correu entre as pessoas e logo sumiu do meu campo de visão.

— Gente, eu não sei vocês, mas eu prefiro dar uma passadinha no shopping e comprar logo a minha fantasia. O que vocês acham? – Jimin chamou a nossa atenção.

— Que? Vocês vão nessa festa? Qual é! Além de ser na periferia, será na escola deles a noite. É obvio que eles estão invadindo a escola! – TaeHyung se pronunciou e eu revirei os olhos.

— A escola deles fica aberta porque algumas pessoas lá ficam até tarde estudando, já que, em casa, eles não tem tempo para estudar. E, como a escola fica num bairro pequeno, não tem perigo de nada. – coloquei as mãos no bolso de minha calça e comecei a andar, fazendo com que os meus melhores amigos me seguissem. — A escola é deles e eles tem permissão de fazer qualquer coisa lá, contanto que não quebrem nada.

— Uau! Queria eu estudar numa escola que deixasse fazer festas aqui. – Jimin falou entusiasmado.

— Jimin hyung, eu vou com você no shopping. Se TaeHyung não quiser ir, o problema é dele. – já estava cansado daquelas bobeiras de Tae e eu não me cansaria mais com aqueles showzinhos dele sem motivo.

— Você não vai esperar a Soo In?

— Ela vai dormir hoje na casa da Dawoon. Acho que elas vão terminar um trabalho pra amanhã, alguma coisa assim. – dei de ombros. — Mas eu vou avisar a ela sobre a festa e, com certeza, ela irá. – assim que íamos atravessar a rua para ir ao ponto de ônibus, TaeHyung nos puxou e nos abraçou.

— Esperem, eu vou com vocês.

— Certeza? – me desvencilhei de seus braços e o encarei desconfiado.

— Sim. Sabe… Eu ainda não gosto deles mas, eu posso começar a não gostar por outros motivos e não porque eles moram num lugar que, para mim, não é bom. – sorriu de canto e eu sorri.

— Ei seus idiotas! – Jimin nos gritou e olhamos para ele que já estava atravessando a rua. — Vocês vem ou não?

Tae e eu nos entreolhamos e rimos, logo correndo atrás de Jimin que corria para o ponto de ônibus.