Capítulo Único
“ Mona Lisa o nome mais conhecido no mundo todo. Lisa a dona do sorriso e olhar misterioso, a pintura mais valiosa de Leonardo Da Vinci e assim era o caso de Angel, considerada a segunda Mona do mundo, a minha Angel.
O rosto pálido com aquele sorriso tímido e os cabelos loiros caindo em cascatas onduladas, lembrava-me bem daquele dia, a nossa troca de segredos era avassaladora, bastava um olhar e pronto éramos eternos confidentes.
Tudo começou em 1894 no baile beneficente do asilo de Holmes Chapel, as pessoas estavam sorridentes e bailavam de uma lado para o outro , lembro-me vagamente de tê-la visto chegar ali , mas nunca esqueceria do seu sorriso brincalhona com aquela aposta ridícula. A garota loira me desafiara a puxar uma senhora de idade para dançar a música que a banda tocava e até que a senhora Hansenburg tinha o dom da dança. Meus amigos apenas riam, observando de longe , o olhar dela permanecia neutro e em seus lábios eu podia ver um sorriso pequeno sem o mostrar dos dentes e sincero, não conhecia aquela garota loira, mas eu estava determinado a conhecê-la.
Angel McMills era seu nome e realmente ela se parecia com um anjo, o vestido azul caia bem em seu corpo e o cabelo preso realçava seus olhos castanhos.
Duas semanas depois Angel e eu mantínhamos contato nossas casas não eram longes uma das outras, sua história era simples, era uma garota que havia chegado da capital para morar com sua tia Filomena a quem ela garantia enormes elogios, com tantos elogios eu me mantinha curioso e cada vez mais que eu conhecia Angel eu me encantava mais e mais.
Minha casa era simples e havia 4 quartos, um de meus pais, outro meu e um de hospede e o que sobrava eu utilizava como estúdio para minhas obras e lá estava eu dando início a minha pintura valiosa, uma pena que não pude finalizá-la. Lembro de ver minha mãe chorando e meu pai de cabeça baixa, ainda escuto a voz dela, ecoando fina pelo ar, mas de onde eu estou o som se torna mais distante e me deixa de coração aflito e como eu escutei uma vez somos todos obras inacabadas”
Angie relia pela milésima vez a adaptação da carta que constava em seu livro de artes , a aula estava entediante, Angie só queria sair daquele lugar e ir para sua casa tomar um banho e finalmente relaxar em sua cama, mas como querer não é poder ela estava ali com o livro aberto e o lápis ao lado, mantinha sua atenção inteiramente no pedaço de papel e evitava olhar para o resto do local que a mantinha presa. Harold Edward havia sido um grande pintor , seu quadro Angel era o mais valioso de todas suas obras, as pessoas diziam que ele estava apaixonado pela moça loura, mas o câncer interrompeu seu destino com ela, assim como interrompeu o término de sua obra. Angel nunca havia sido conhecida e assim como o caso de Mona Lisa as pessoas se perguntavam quem seria aquela mulher.
—Senhorita Keyes? — a voz grossa do professor Alberto chamou sua atenção e ela devagar levantou sua cabeça.
—Sim?— a voz soou melodiosa.
—Estou certo de que você leu a carta. — o professor fez uma pausa e observou a garota concordar com o olhar. Alberto Gomes não era um professor tão novo, mas não parecia ser velho, com a pele morena e o olhar rude ele transmitia ignorância ,mas era o oposto de todas as hipóteses. —Gostaria de comentar? — a garota se remexia desconfortável na cadeira e pensava no que falar, pensou até em dizer que estava bem, mas não queria decepcionar o professor.
—Angel era o nome da moça em que o pintor Edward retratou. — escutou risadinhas atrás dela, havia falado algo que era óbvio , todavia continuaria a comentar. — Angel e Harold podem terem se relacionado, pois do jeito que ele a descreve parece que ele estava tão envolvido com ela que havia se apaixonado, ele com certeza deveria estar pintando o quadro para presenteá-la , já que ele não era nenhum pintor famoso na época, porém como seu caso de leucemia estava em estado terminal , o pintor não pode terminar a obra, deixando alguns detalhes inacabados.
A pequena garota sorriu tímido assim que havia terminado de falar, Angel McMills sempre seria um mistério para ela. Sentiu um toque em seus ombros encolhidos e virou devagar para a pessoa quem a chamava, ali estava ele Harry Styles o único garoto por quem Angie suspirava antes de dormir.
— Você foi ótima. — o garoto disse sem jeito. Harry não era popular, não era pegador e nem muito menos algum típico badboy. Harry assim como Harold tinha nas mãos o talento da pintura, Angie sempre o admirara , ele era tão diferente.
— Obrigada— balbuciou e logo depois deu seu típico sorriso tímido.
Harry encarava os fios dourados de Angie que estavam presos em um rabo de cavalo, ele via muita semelhança entre Angel McMills e Angie Keyes, não era para tanto , como um amante da pintura ele buscava meros detalhes em cada pessoa e durante a noite sonhava em como retratá-las. A jovem Keyes o intrigava tanto , em sua mente parecia uma recriação da história do pintor com a jovem donzela.
O barulho da campa soou um pouco mais alto para os alunos que estavam entediados com a aula de artes, o estúdio estava em reforma e então eram obrigados a estudar da maneira formal e chata de sempre. O próximo horário era de Química, a única aula em que Harry não era parceiro de Keyes. Antes fosse, ele estava inteiramente intrigado com a beleza da jovem britânica, seu olhar era direto e sincero e como se tudo em volta parecesse infinitos mares de telas com traços feitos com precisão.
Angie caminhou em passos lentos até o armário buscando seu livro da matéria, ela era tão calma em relação a tudo. Os alunos passavam com muita pressa pelo corredor , o colégio tinha o típico formato de uma escola americana, apesar de ser em Holmes Chapel, mas ninguém parecia se importar com sua estrutura.
Harry dava passos apressados assim como o resto dos alunos, ele procurava a jovem com o olhar pelo corredor e assim que a achou suas pupilas dilataram-se. O toque no seu braço foi tão reconfortante que a sensação de conhecê-lo foi gigantesca, a jovem virou-se para o garoto de cabelos compridos e de repente seu coração acelerou-se.
—Olá Harry. — a garota disse baixo e o garoto sorriu sem mostrar os dentes.
— Vem precisamos conversar. — o dos olhos verdes a puxou pelos braços e confusa ela seguiu andando. — Para onde vamos ? — Angie disse olhando para trás rapidamente.
—Calma. — o tom rouco estava calmo e soava até inocente.
Respirando pela boca Keyes se permitiu levar , sentiu a mão esquerda ser retirada do seu braço direito , para que pudesse abrir a porta. Jamais havia estado ali naquela parte da escola, o que ele pretendia fazer ,ela não sabia.
— Você falou bem na aula de artes. — ele começou a falar bem embolado, procurando as palavras corretas.
— E o que isso tem haver com o fato de você me trazer até aqui. — a garota rodou o local com o olhar , era uma sala vazia, igual a qualquer outra.
— Angel. — o garoto disse sério.
— Não estou entendendo Harry. — a menina deu passo para trás e ele a fitou.
— Angel de Harold Edward foi pintada nesta sala, exatamente há 132 anos atrás. Angel McMills foi uma grande mulher, formou-se em medicina e chegou a se casar com Harold, eles tiveram um filhos juntos e exatos 2 meses depois ele faleceu . Angel nunca foi terminada e como você disse era para presentear sua amada. Aqui neste lugar era a construção da casa deles e aqui nesta sala vazia funcionava o estúdio de Harold. — o garoto disse encantado com a história que revelava a aquela garota.
— Isso é incrível, mas do mesmo jeito o que está acontecendo? — ela apoiou o braço esquerdo na parede.
— Angie você sabe o que eu quero dizer. — ele dissesse aproximando da pequena. — Me conte o resto da história. — o jovem viu a garota respirar fundo e abrir a boca duas vezes, mas não emitia nenhum som. — Por favor. — ele estava com o corpo colado no dela.
— Angel McMills faz parte da minha família, meu nome completo é Angie Keyes McMills, sou uma descendente da mulher misteriosa. — ela disse fitando o rosto dele que estava bem próximo.
— Disso eu já sabia. — ele sussurrou contra a boca dela.
— O que quer saber? — Ela sussurrou de volta.
— Me fale sobre a carta. —ele fechou os olhos para poder apreciar a bela voz da garota loura.
—A carta tinha um pedaço que dizia ”Somos todos obras inacabadas, manchadas pelas gotas das lágrimas e estampadas em um museu cheio de destinos traçados pelas cedas finas do pincel. De alguma maneira ela era a minha pintura valiosa, a segunda Mona Lisa do mundo, mas a minha única Angel, o meu verdadeiro amor retratado em uma tela.” — a garota fez uma pausa e fechou seus olhos assim como o garoto e logo a voz rouca dele inundou o espaço.
—“ Talvez esse já fosse o nosso destino, sabemos que o quão injusto é o nosso caso e o que temos é tão verdadeiro que está fora do alcance , pois quanto aos anjos, eles vêm e vão e nos fazem especiais.” — ela abriu os olhos rapidamente, como ele sabia o resto da carta? Enquanto se perguntava mentalmente , sentiu o macio dos lábios dele tocar os seus e tudo fez parecer sentido.
O beijo iniciou-se calmo e junto deles lembranças de uma época distante, o fato de ambos terem acesso a aquela informações podia fazê-los criar aquelas imagens em suas cabeças, mas sabiam que aquilo era real, tudo era real, as marcas, o passado, o amor.
— Sei que você sentiu o que eu senti e viu o que eu vi. — Harry abriu os olhos e fitou a sua garota. — Vim te buscar Angel.
— Eu aceito ir contigo Harold. — ela sorriu timidamente e tudo em volta deles pareceu ser tomado pelas cores preta e branca.
Na arte o importante não é o saber ou a técnica, mas o amor que se transmite. A arte é a reencarnação do homem e ela o mantém vivo por décadas , assim como o amor dura para a eternidade.
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