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História Painting Me - Senhoras bonitas têm talento para destruir lares


Escrita por: Pancley

Capítulo 7 - Senhoras bonitas têm talento para destruir lares


Fanfic / Fanfiction Painting Me - Senhoras bonitas têm talento para destruir lares

Hansol acordou sentindo lábios macios depositando cálidos selares em sua face.  Nenhum dos dois apresentavam-se em seu melhor estado, ambos os rostos estavam inchados e os rapazes ainda se encontravam sonolentos, mas isso não impediu que sorrisos surgissem ali assim que os olhares se cruzaram. 

— Bom dia — o japonês disse em tom baixinho, um tanto rouco e arrastado. 

— Bom dia, Yuta — respondera o Ji. 

Os rostos aproximaram-se novamente e foi impossível evitar o contato. Os lábios se encontraram e as línguas acariciaram-se em um beijo afável. O corpo franzino de Nakamoto, que era abraçado pelo coreano, esgueirou-se discretamente até que estivesse sobre o seu semelhante. Colocara uma perna de cada lado do tronco do Ji, inclinando-se mais sobre a face alheia em busca de mais contato. 

Os dedos ágeis percorriam a derme da nuca e rosto e enroscavam-se nos fios de cabelo. Os dois já inebriavam-se nas sensações trazidas por aqueles beijos, sentiam que poderiam ficar daquela forma pelo resto do dia. Algo, entretanto, negara aquele prazer aos amantes e os obrigara a separarem-se.  

O som da campainha ecoou por cada cômodo daquele apartamento, fazendo os  rapazes afastarem-se de rompante. Hansol praguejou mentalmente e quase soltou um xingamento por entre os lábios. 

— Tem alguém na porta — Yuta disse o óbvio, desviando os olhos curiosos para a entrada do quarto, quase como se pudesse ver quem fazia aquele barulho irritante soar apenas com aquele ato. — Você deveria ir abrir. 

O Ji bufou, jogando os braços preguiçosamente sobre a cama. Amaldiçoava a pessoa inconveniente que resolvera visitá-lo àquela hora. Se fosse Johnny ou Ten o incomodando por bobagens, Hansol ficaria bastante bravo. 

— Vamos, não faça essa cara — disse o japonês, rindo ao fitar a expressão alheia. — Eu nem podia ficar por aqui mesmo. Tenho que ir trabalhar hoje de tarde. 

— Não tem não. Aposto que tem outras pessoas para cobrir o seu turno, só preciso falar com a Hyesun... 

— Hyesun? — interrompeu Yuta rindo. Na Hyesun era o nome completo da esposa do dono do restaurante em que trabalhava. — O quão próximo você é dos Na para falar deles assim? 

A indagação saíra em um tom divertido, inconscientemente, mas despertando um questionamento antigo. Qual era a relação entre Hansol e os Na? 

— Eles são amigos dos meus pais — respondeu com simplicidade. 

Yuta não se surpreendeu, era o mínimo que poderia esperar. Todavia ainda era um pouco estranho pensar sobre aquilo. Os Na eram relativamente ricos e investiam em outros negócios. A família de Hansol tinha amigos assim? 

A campainha soou mais uma vez, entretanto, lembrando aos dois que havia alguém na porta, esperando ser atendido. A pessoa parecia não estar disposta a ir embora. Ainda que quisesse escutar o resto da história, Yuta desviou a atenção para fora do quarto.  

— Deve ser só o Johnny ou o Ten — comentou Hansol, como se quisesse dizer que não devia ser alguém muito importante. 

— Ou eles dois — completou Yuta, sorrindo. — Vai logo abrir a porta para eles.  

— Não quero sair daqui — confessou em tom tristonho. Sim, estava fazendo birra. 

— Vamos, faça esse esforço por mim. Eu vou ao banheiro, já encontro vocês. 

Então Yuta espalmou uma mão de cada lado do rosto do Ji, apoiando-se nelas, selou a face de Hansol, subindo a boca para seus lábios, beijando-o brevemente. 

— Assim que eles forem embora, podemos deitar mais um pouquinho. 

O coreano sorriu diante da sugestão, um pouco mais disposto a ir até a porta do que há instantes atrás. Yuta selou a boca do outro uma última vez e não demorou a levantar dirigindo-se para o banheiro que havia ali no quarto.  

Vendo que não havia mais nada a ser feito, Hansol também não conseguiu permanecer muito tempo mais sobre a cama, reuniu coragem para levantar do colchão e seguiu em passos preguiçosos até a porta de entrada de seu apartamento, ainda ouvindo o som irritante da campainha soar. 

Não podia ser maior a sua surpresa quando, ao abrir a porta, encontrara uma mulher baixinha, bem vestida, com o cabelo negro em um corte curto e feições que lembravam muito as suas próprias. Aquela era Ji Yangmi. 

— Mãe? O que está fazendo aqui? 

— Ah, claro, estou muito bem, querido. Também senti saudades — respondeu irônica, passando pelo corpo que era mais que uma cabeça maior que o seu, adentrando o apartamento sem pedir permissão. — Afinal, quatro meses de viagem é muito tempo! 

Um arrepio percorreu o corpo do Ji assim que ele viu a mulher parar no meio da sala. Sabia que uma hora ou outra precisaria falar com ela, porém não imaginara que seria justo quando Yuta estava em sua casa.  

— O que aconteceu com o seu celular? Por que não atende minhas ligações? 

Naquele momento, Hansol arrependeu-se amargamente por não ter, ao menos, atendido às ligações da mulher. Diante do silêncio do filho, ao qual, particularmente, já estava acostumada, ela estendeu a bolsa, jogando-a sobre o sofá da sala e já quase despencava sobre o estofado quando a voz do rapaz soou desesperada. 

— Não!  

Assustada com a exclamação repentina, a mulher permaneceu no mesmo lugar. Hansol empurrou a porta, fazendo-a soltar um baque alto e fechar com o impacto. Ele andou em passos largos, puxando a poltrona confortável que havia ali ao lado pelo encosto. 

— Aqui — indicou. — Pode sentar aqui. 

Mesmo com uma expressão confusa, sem entender muito bem o que deixara o filho tão assustado, a mulher decidiu sentar-se na poltrona sem fazer muitas perguntas. Hansol pegou a bolsa sobre o sofá, transportando-a para o móvel da televisão.  

Depois do que havia feito com Yuta sobre o estofado, não tocaram mais ali. No dia anterior, os dois apenas tomaram banho e foram deitar-se na cama. Não podia deixar sua mãe sentar ali sem antes limpar o local, se sentiria muito mal se o fizesse. 

Sem importar-se com o comportamento do filho, imaginando ser por causa de algum defeito com o móvel, a mulher continuou a falar, em tom um pouco indignado. 

— Me ignorar, tudo bem... 

O Ji respirou fundo. Até já sabia sobre o que ela ia falar, por isso interrompeu-a antes que terminasse a frase: 

— Mãe, não — pediu, tentando não elevar muito a voz.  

— Mas eu falei com a Mei — prosseguiu ela, sobrepondo sua voz à do filho. 

— Não podemos conversar sobre isso outra hora? 

A mulher, contudo, não parecia ouvi-lo. 

— Você tem que me dar um bom motivo para não estar falando com a sua noiva desse jeito. 

Ela interrompeu-se ao fim da frase, quando olhou para algo atrás de Hansol, franzindo as sobrancelhas. Era a Lei de Murphy agindo, ele tinha certeza. O Ji olhou para trás de si, encontrando um corpo franzino, um tanto encolhido, com o olhar incerto.  

Hansol respirou fundo, praguejando mentalmente. Tudo o que havia conseguido evitar ao se deixar ser levado pela janela da cafeteria para fora do prédio por Yuta estava indo por água abaixo a partir do momento em que sua mãe cruzara a porta de entrada do apartamento. 

Foi com um grande pesar no peito que Hansol viu Yuta, em passos vacilantes, voltando a adentrar o corredor. O Ji não era o tipo de pessoa que se desesperava com facilidade, mas, naquele momento, ele temeu bastante o que poderia vir a acontecer. 

Hansol seguiu para seu quarto, pelo mesmo caminho em que andara o japonês, esquecendo-se, por um momento, da presença de sua mãe na sala. Ao entrar no cômodo, encontrara Yuta pegando suas roupas, que estavam dobradas sobre a cômoda, e o celular, o qual estava sobre as vestes. 

— O que você está fazendo? — indagara o Ji ainda que a resposta fosse óbvia. 

— Pegando minhas coisas — respondeu simplesmente, sem olhar para o coreano, transmitindo certa imparcialidade.  

— Yuta, eu posso explicar. Isso não é o que você está pensando. 

— Não? — Finalmente o japonês desviou a visão do que fazia, voltando sua atenção para o Ji. Hansol podia sentir aquele olhar coberto de mágoa e raiva quase perfurar sua alma. — Você é um cretino, Hansol. 

As palavras agressivas atordoaram o coreano. Só naquele instante conseguia entender que Yuta estava muito mais afetado do que Hansol podia imaginar. Aquele fato o fez desesperar-se ainda mais. 

Yuta não sabia se conseguiria permanecer no mesmo cômodo que o Ji por muito tempo, por isso guiou seus passos para a saída do quarto. Antes que ele alcançasse a porta, em um movimento automático, o coreano pôs-se diante dela. 

— Por favor — Hansol respirou fundo. — Você não pode ir embora assim, não antes de a gente conversar. 

Definitivamente, Yuta não estava em condições de ter qualquer tipo de diálogo naquele momento, havia uma onda de sentimentos ruins inundando seu peito, alguns deles incitavam o japonês a dedicar uns bons socos no rosto da pessoa a sua frente.   

— Não estou a fim de conversar. Por que não conversa com a sua noiva? Talvez ela esteja um pouco mais interessada que eu.  

Não esperando uma reação, já vendo que Hansol abria a boca para retrucar, Yuta resolveu arriscar passar à força pela porta, empurrando o Ji para o lado pelo ombro com certa brutalidade.  

O coreano até pensou em ir atrás de Nakamoto, porque o sentimento em seu peito era angustiante. Algo sussurrava em seu ouvido que, se deixasse Yuta ir embora assim, ele nunca mais voltaria. Contudo, a voz de sua consciência dizia que seria idiota insistir mais, o japonês já havia deixado bem claro que agora o odiava.  

O pensamento de Hansol a respeito dos sentimentos de Yuta não era exatamente uma verdade concreta, o japonês não o odiava, não se odeia uma pessoa assim da noite para o dia, nem tivera tempo de realmente absorver o que havia descoberto.   

Nakamoto só estava com muita, muita raiva, tanto que tinha os pensamentos nublados naquele instante, de tal forma que, apenas olhar para a face do Ji, fazia seus punhos cerrarem e o sangue subir à cabeça.  

Ouvir as palavras proferidas pela mulher na sala trouxe um amargor muito grande para o jovem estrangeiro, algo semelhante a decepção. É, devia ser isso. Adicionado de um pouco de raiva e frustração.  

Achava que tinha uma boa conexão com Hansol, que poderia aguentar qualquer coisa que viesse a descobrir. Não teria muitos problemas se ele tivesse feito algo de errado em seu passado, se estivesse envolvido com pessoas perigosas, mas saber a verdade o abalara mais do que havia imaginado.  

Já havia passado por coisa semelhante com Ten, quando ele terminara o relacionamento que havia entre eles para ficar com John, agora Hansol aparecia com uma noiva. 

De fato, Hansol nunca tinha feito promessa alguma, nunca havia dito com todas as palavras que havia algo sério acontecendo entre eles, mas o Ji havia dado esperanças para Yuta no momento em que aceitara sair com ele, no dia anterior.   

A ira fervendo em Nakamoto não era, em sua maioria, direcionada ao Ji, porém ao próprio Yuta. Havia sido ingênuo, outra vez. A tristeza e a decepção queriam esmagar aquilo que pulsava em seu peito. Nunca imaginara que Hansol poderia ser aquele tipo de pessoa. Havia brincado ao sair consigo, no fim, o Ji ocultava um noivado sério.  

Nakamoto nem ao menos cumprimentara a mulher na sala, que acompanhava todo o desenrolar daquela cena ainda sentada na poltrona. Só o baque, de intensidade moderada, nem tão alto, porém não tão baixo a ponto de mal ser ouvido, pôde ser escutado por Hansol quando este surgiu no corredor.   

— Quem era aquele? — foi a pergunta que sua mãe o fez assim que voltara para a sala.  

Hansol parou no meio da sala, com o olhar perdido. Quem era aquele? Seu coração apertou. 

— Só um amigo — mentiu, sentando-se na outra poltrona que havia no cômodo, um tanto distante da de sua mãe.   

O rapaz respirou fundo, levando a palma da mão à testa, retirando os fios que grudavam no suor frio que havia ali. A mulher, que antes já tirava suas próprias conclusões, apenas confirmou-as. Hansol estava mentindo.  

— Um amigo? Você acha que eu nasci ontem, Ji Hansol?   

Tudo o que Hansol não queria era ter que discutir aquele tipo de assunto com sua mãe, ainda mais depois de ter acabado de magoar Nakamoto daquela forma. O Ji estava sentindo-se um completo idiota. Se não tivesse tido medo, se tivesse falado sobre aquilo para ele antes, Yuta não reagiria daquela forma, nada daquilo aconteceria.  

— Mãe, eu não posso continuar isso — soltou de uma vez, munido da coragem que só surgia no calor do momento.  

No segundo seguinte, arrependera-se. Não podia ser egoísta assim. Olhara diretamente para sua mãe, preocupado. Para sua surpresa, contudo, encontrara ali um cálido sorriso.  

— Eu sei, querido. Eu sei — disse ela.  



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