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História Paladinos - cronicas da historia impossível - O atraso


Escrita por: Juniorjft95

Capítulo 2 - O atraso


Mais um dia amanhecera em Theia, era uma manha sexta–feira, dia letivo, significando que boa parte das crianças e adolescentes deveria estar estudando.

    Não era o caso de um jovem que dormia despreocupadamente em sua cama, a seu lado o relógio disparava o alarme incessantemente, mais não era o suficiente para desperta-lo, suas baterias estavam fracas, o que ocasionara um atraso de vinte minutos e o fraquejar de seu toque, que já quase se extinguira. A vibração porem gerada pelo despertador acabou por fazê-lo deslizar por sobre a superfície do criado-mudo onde estava, resultado em uma queda.

    Um grande estardalhaço então surgiu no quarto, coincidentemente logo abaixo do criado-mudo havia uma bacia metálica, fora esquecida na noite anterior após a realização de um experimento para a escola, o objeto fora acertado pelo relógio, gerando um alto barulho metálico que ecoou pelo quarto, este se intensificado pela vibração do toque que combinados foram mais que o suficiente para despertar o adormecido.

    Acordado, mais um tanto atordoado, o garoto ficou procurando a origem do barulho, finalmente viu o despertador dentro da bacia e o desligou devolvendo-o ao seu lugar logo em seguida.

Sentou-se ao lado da cama com uma cara de que não queria sair dali, meio a contragosto espreguiçou-se, usava um short branco e uma camiseta desgrenhada de mesma cor, seu cabelo desarrumado e os olhos semicerrados apenas comprovavam que ele havia acabado de acordar, esfregou os olhos para desembaçar suas visão, logo começou a olhar o lugar a sua volta.

Era um grande cômodo com inúmeras camas distribuídas em duas fileiras, todas vazias e já arrumadas, uma única janela existia mas que tomava conta de quase toda a parede e por ela entrava uma leve brisa agitando suavemente as cortinas, ao fundo o topo de uma arvore indicava que não estava no térreo.

Não era uma casa, tão menos um hotel, mas sim um grande orfanato, Bergamonte Filho era o nome e no momento abrigava cerca de 300 internos, distribuídos entre meninos e meninas espalhados por quatro andares do que um dia foi uma rica casa de família, mais que fora doada à prefeitura e por isso recebera o nome em homenagem ao seu doador.

    O cenário porem não importava para o garoto, Thiago Allbaran era seu nome, e como sempre vivera ali já estava acostumado, o que estranhava contudo era o fato de não haver mas ninguém ali, olhou no relógio e só estava atrasado alguns minutos, ainda desconfiado decidiu verificar e abrindo a primeira gaveta de seu criado-mudo retirou um celular, arregalou os olhos ao ver que horas realmente eram.

– To atrasado! – exclamou ele pulando da cama e correndo até um dos guarda-roupas do quarto. E garoto era um jovem de 16 anos, ainda estudante e como tal devia estar em sua escola, cuja aula começava às oito horas, o que lhe dava menos de menos de vinte minutos para chegar ao local.

Encontrou seu uniforme dentre inúmeras outras peças de roupa, e sem demora tirou a roupa de dormir que usava já se pondo a vestir a outra, colocou a camiseta o mas rápido que conseguiu e o fez sem dificuldades, tentou repetir o mesmo com a calça, mas se desequilibrou ao enfiar uma das pernas na peça de roupa, acabou caindo, terminando de vesti-la ali mesmo no chão. Levantou-se rapidamente fechando o zíper e agarrou sua bolsa em outro guarda-roupa, enfim pronto saiu correndo enquanto ajeitava os cabelos com a mão, desceu as escadarias e logo já se encontrava na rua.

 O colégio Don Bosco, onde estudava, era uma rígida escola pública que não aceitava atrasos, alunos retardatários teriam de prestar explicações na diretoria, coisa que Thiago não estava a fim de fazer, contudo sete quadras separava o orfanato do colégio, já Thiago tinha apenas dez minutos para completar o percurso, sem enxergar outras opções simplesmente começou a correr pelas ruas na esperança de vencer o tempo.

A missão parecia ser impossível principalmente para alguém com o porte físico dele, era alto evidente em seus 1,85m, contudo possuía um corpo magrelo, sem músculos ou barriga, seus cabelos eram loiros e se mostravam um tanto arrepiados, devido ao tratamento que receberam mas cedo, com um rosto um tanto alongado uma barba mal feita era vista demonstrando desleixo. Era um garoto comum, sem nada de especial não fosse por seus olhos, dotados de uma coloração cinza rara, mas não incomum, isto porem não ajudava em nada na situação em que se encontrava, contudo tinha sim algo lhe favorecia, algo oculto das vistas de todos, conhecido apenas pelos mas chegados, Thiago era um mutante.

Mutantes são seres humanos com diferenças genética, que lhes proporcionam dons especiais que os acompanham desde o nascimento até o fim da vida, em outras palavras, pessoas com poderes, por toda Theia eles existem, com relatos de sua existência surgidos desde o século XIV, atualmente representam uma parcela de 45% da população mundial.

Existem por volta de 1200 classes diferentes de mutantes catalogadas, ainda assim muitas vezes se descobre uma totalmente nova, uma mutação da mutação, como por exemplo, os ditos técnopata mutantes capazes de controlar tecnologia e que, segundo a ciência, são mutações dos metalpata que são controladores de metais. Existem também os mutantes "puros", que não mudaram desde seu surgimento, como os pirotéc que são controladores de fogo, outros pertencem à classe dos Mults que são aquelas pessoas com mais de uma mutação, a maioria com dois, até três classes, em casos raros dez ou mas, sendo os conhecidos por omines, que tem em si um misto da maioria das mutações, a mas rara e poderosa mutação existente, só ocorrendo em um a cada 1 bilhão nascimentos, e por algum equívoco da vida Thiago se tornara esse um.

Por ser um omine uma velocidade extrema era um de seus dons, mas existia um problema, o garoto não controlava muito bem seus poderes, talvez pela variedade excepcional, talvez pela falta de treino, seja como for sempre que tentava usa-los acontecia alguma coisa inesperada, além do fato de o mesmo ser meio desastrado contribuir para esta estatística, porém ele era determinado, e não iria desistir sem ao menos tentar.

Deu os primeiros passos, logo o mundo a sua volta começou a caminhar lentamente perante seus olhos, conseguia ver tudo como se fosse uma foto, o que lhe dava tempo o suficiente para desviar de quaisquer obstáculos que encontrasse pelo caminho, pessoas, placas, os carros nas ruas não lhe eram problema, pois corria em uma velocidade maior, duas quadras foi-lhe percorrida em segundos e em linha reta. O primeiro obstáculo mais difícil então surgiu, ele tinha de virar a esquina e não era muito bom em curvas, porem diminuiu drasticamente a velocidade e conseguiu transpassar o obstáculo, ainda assim acabou patinando um pouco ao mudar de rumo, nada muito grave.

Apenas cinco quadras agora separavam o jovem omine de seu objetivo, de relance viu um relógio em uma loja e se alegrou ao perceber que ia conseguir.

Estava extremamente feliz, não só por chegar a tempo, mas por finalmente ter conseguido usar seus poderes adequadamente, a euforia porem o distraiu. As cinco quadras se passaram, e o garoto teria de virar novamente em uma esquina, contudo envolto em seu ego exaltado, acabou percebendo muito tarde a hora de mudar de direção, tentou reduzir a velocidade mas já era tarde, atravessou a rua freando e um carro teve de parar para não atingi-lo, já em velocidade normal tropeçou no meio fio, se esborrachando em um monte de folhas secas e lixo amontoado na calçada.

Meio atordoado devido à queda, o garoto se sentou com as folhas esparramadas ao seu lado, algumas pessoas se juntaram ao seu redor para ver o que tinha acontecido, olhando para elas ele viu sua escola logo à frente, também o porteiro já fechando o enorme portão azul da entrada, caindo em si se levantou o mais rápido que pode, começando a correr novamente, agora em velocidade normal. O esforço foi em vão, quando enfim chegou ao seu destino se viu trancado do lado de fora.

– Merda! – exclamou ele em voz alta, chutando uma lata amassada que estava no chão em raiva. Olhou para o portão de ferro e pensou em bater, mas ao se lembrar de que teria de dar explicações desistiu, buscou outra forma de entrar, porem um alto muro branco, repleto de pichações, impossibilitava qualquer passagem, sem falar que o único acesso era a entrada principal que agora jazia trancada.

Ficou andando de um lado para o outro sem saber o que fazer, poderia perder um dia de aula mas não o queria, tivera poucas faltas durante o ano e por estarem no fim de novembro restavam poucos dias de aula para terminar os estudos, o garoto estava no terceiro ano do ensino médio, por esse motivo àqueles seriam seus últimos dias de estudo, pelo menos naquela escola.

Por suas notas e taxa de presença não seria problema perder aquele dia de aula, contudo tinha uma motivação especial, justamente neste dia ele e sua turma iriam partir em uma vigem, a saída seria a noite mas os preparativos aconteceriam de manhã, graças a isso ele se desesperava buscando uma maneira de entrar.

Atrás de uma inspiração divina se escorou no muro cabisbaixo, mudou sua expressão subitamente e logo se alegrou – é claro, como sou burro – exclamou ele de sobressalto – tenho o poder de me teleportar, vai ser fácil entrar! – um sorriso surgiu em seu rosto, sem pensar duas vezes já botou seu plano em ação, desaparecendo da rua e instantaneamente aparecendo no interior do colégio, porém não exatamente onde queria, ao invés de parar no corredor em frente à sua sala terminou na pilha de sacos de lixo atrás do refeitório.



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