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História Paladinos do Limoeiro - Pra peleja!


Escrita por: Deziderio e Sephirot_

Notas do Autor


Não se esqueçam de dar play na música antes da ação começar. Eu estive esperando desde o início pra colocar essa que eu considero a música-tema de Paladinos do Limoeiro e que me ajudou muito nas noites que passei escrevendo. O link tá lá nas Notas Finais.

Capítulo 35 - Pra peleja!


            Meteoros choviam sobre toda a cidade. Não importava o bairro, tudo estava sendo alvejado por pedaços enormes de grafite. Os monstros de sujeira comemoravam a destruição com urros bestiais, como em um grande cântico macabro. Na escuridão dos túneis vazios do metrô, famílias se abraçavam e rezavam para que a superfície não cedesse sobre suas cabeças. Nas pontes que ligavam o centro aos bairros, adolescentes em armaduras corriam em círculos desesperados, sem saber o quê fazer e desesperados por instruções do garoto que poucos meses atrás consideravam esquisitão. O Fim sempre muda as pessoas. Por todo o mundo, redes de notícias cobriam a calamidade na cidade brasileira de Arvoredo. Alguns chamavam de ataque terrorista, outros de justiça divina. O planeta parou para ver a Batalha do Limoeiro, mesmo sem entender tudo que estava em jogo nela.

            A aeronáutica tentou intervir, mas a densa camada de nuvens já tornava a operação extremamente perigosa, mesmo sem contar os meteoritos. O exército tentava ajudar, mas suas armas não surtiam nenhum efeito nos inimigos. Bruxos dos cinco continentes assistiam a tudo com suas bolas de cristal. Uma órfã em Paris observava o noticiário na TV da janela de um restaurante. Uma adolescente obesa permanecia desmaiada entre os escombros de seu apartamento, sem saber que agora também era uma órfã. Outra garota estava escondida dentro de um armário, observando pela fresta enquanto os corpos de seus pais eram dilacerados por monstros de lama; suas últimas palavras foram uma ordem para que ficasse escondida.

            Em muitos sanatórios espalhados pelo mundo, alguns pacientes sofriam ataques loucura, gritando: “Ele está vindo!”. Em um bunker militar, o chefe da Divisão Nacional de Mistérios e Catástrofes acompanhava calmamente nove noticiários diferentes enquanto passava ordens para seus comandados. Um culto secreto dedicado à Morgoth, escondido nos pântanos da Flórida, cantavam e dançavam nus ao redor de uma enorme fogueira, enquanto seu sacerdote entalhava um pedaço de argila com um F maiúsculo: o símbolo de seu deus. Na Vila Abobrinha, Chico Bento estava na casa de sua namorada quando o plantão de notícias irrompeu na televisão, agora os dois, a família da garota e os empregados se reuniam na sala de estar. No Templo da Eternidade, o mago Demiurgo, pela primeira vez desde que iniciou sua vigília do cosmos, temeu continuar a observar os acontecimentos da Terra.

            No último andar da Torre FranCorp, o Professor Spada ajustava os últimos detalhes da máquina climática enquanto Franja tornava a vestir sua armadura e o teto abobado se abria no meio, revelando o céu negro e vermelho. Nas escadas de incêndio da torre, Jeremias, Manezinho e Titi se encolhiam atrás de uma barricada improvisada com mesas e cadeiras, atirando nos monstros que se aproximavam. “Temos que conseguir mais tempo pro Franja!”. No centro de tudo, o cérebro de Cebola pensava a mil, arquitetando simultaneamente dezenas de planos diferentes para acabar com o Capitão Feio. Mas o fato dos dois Paladinos mais poderosos estarem feridos e cansados não ajudava. Eles só precisariam segurá-lo até que Franja pudesse fazer chover, depois de molhado não seria mais problema derrota-lo. Ele revisou seu arsenal e as capacidades de seus amigos, eliminando os planos mais esdrúxulos um a um, até que...

            - Cascão!

Ele gritou e lançou duas bombas de fumaça contra o Capitão. Elas foram detonadas no ar por um raio vermelho, mas a cortina de fumaça que criaram impediu-o de ver seu sobrinho disparar seu arpéu contra ele. A corda se enrolou como uma serpente em sua cintura e a garra na ponta a prendeu como uma fivela de cinto.

- Mônica!

Ela rapidamente agarrou o cabo extrarresistente e puxou seu inimigo para baixo. O tranco foi forte o suficiente para que ele não pudesse se manter no ar e caísse rapidamente.

- Magali!

A garota entendeu a deixa e saltou sobre os ombros de sua amiga, ganhando impulso para acertar um gancho no Capitão Feio. A sequência de surpresas foi o bastante para que ele se esquecesse de manter seu escudo ativo.

            Ele se levantou rapidamente e disparou contra os jovens. Nimbus se adiantou e conjurou seu escudo rosa para protegê-los. Assim que o escudo foi desfeito, Mônica girou seu coelhinho e o jogou contra o Capitão. Ele tombou de joelhos e o bruxo aproveitou a oportunidade para tentar atingi-lo com um disparo de energia verde. Mas o homem reagiu a tempo e interceptou o ataque com seu próprio poder. Os dois iniciaram um duelo de força, cada um tentando superar o poder do outro com seus raios coloridos. O feiticeiro começou a perder energia, e o ponto onde os disparos se encontravam se aproximou perigosamente dele. Quando ele estava prestes a perder, seu rival foi atingido no rosto por um bumerangue explosivo e lançado contra um carro estacionado. Cebola ajudou Nimbus a se levantar, enquanto o Capitão também voltava a levantar voo sobre eles.

- Franja!

Dois disparos luminosos acertaram as costas do Capitão Feio e o jogaram ao chão novamente. O homem de armadura sobrevoou a cena em círculos antes de pousar entre seus amigos. Cascão fingiu não se impressionar:

- E a sua dança da chuva, como vai?

Ele apontou com a mão para o topo da Torre FranCorp, de onde uma grande coluna de luz azul surgiu e atingiu o céu, espalhando sua energia pelas nuvens como uma grande onda. Dentro delas, as moléculas se separavam e se reorganizavam, formando grandes acúmulos de água. Elas passaram rapidamente de um negro completo para uma cor cinza clara, ao mesmo tempo em que os meteoros deixavam de surgir. Um relâmpago clareou o céu e deu início à chuva. Pequenas gotas lavaram a cidade, como que avisando que o pior já havia acabado. Os recrutas da Iniciativa finalmente puderam parar de lutar ao ver os monstros de barro se desfazendo na água.

            O Capitão Feio se encolheu com as pontas dos dedos pressionando a cabeça, visivelmente sentia dor ao entrar em contato com água.

- O que vocês fizeram?!

Foi Magali quem respondeu:

- Bitch, please, nós salvamos o mundo. Partiu comemorar no Pizza Hut, gente!

- Será que sobrou algum aberto?

- Calma, pessoas. Ainda temos que prender o maluco aí.

Mônica observou. Mas contrariando as expectativas, ele se levantou com os olhos brilhando vermelhos de ira. Com uma rajada poderosa, derrubou a garota dentuça.

- Vocês tolos acharam mesmo que uma garoa leve como essa seria capaz de tirar meus poderes?! Posso ter enfraquecido um pouco, mas ainda tenho o suficiente para aniquilar vermes como vocês!

            - PALADINOS, PLA PELEJA!

- Agora desse grito de guerra eu gostei, careca.

O Capitão Feio voou pra cima deles com uma fúria assassina, mas a armadura do Franja soltou cerca de 40 mísseis, do tamanho de tampas de canetas, saídos de seus ombros contra ele. O homem recuou e usou a telecinese para volta-los contra seus inimigos. Nimbus também a usou para erguer os destroços e pedras do chão, formando uma muralha improvisada contra o ataque. Mônica, aproveitando a distração causada pelas minúsculas explosões, agarrou Cascão pelos braços e o girou como se fosse um arremesso de martelo nas Olimpíadas. O garoto foi lançado contra seu tio à altíssima velocidade, acertando seu tórax com os dois pés.

            O Capitão Feio caiu novamente, e Cebola não perdeu tempo ao lançar granadas de cola contra suas pernas, o prendendo ao solo. Ele e Magali avançaram sozinhos, entrando em um combate corpo-a-corpo feroz. Mesmo sendo uma dupla treinada lutando contra um homem com as pernas presas, foi uma luta equilibrada já que ele tinha reflexos sobre-humanos e podia concentrar parte de sua energia restante nos punhos, aumentando um pouco o poder dos socos. Às vezes eles tinham que se desviar de um disparo de energia, mas Cebola se movia tão rápido quanto uma serpente dando um bote, em alguns momentos sendo indistinguível de um borrão verde. E Magali se aproveitava da imobilidade de seu adversário, pulando, girando e usando sua capa para confundi-lo e abrir uma abertura onde poderia aplicar um chute.

            Num urro de ódio, os dois adolescentes foram jogados longe por meio de telecinesia. O Capitão começou a acumular energia novamente, visando se teletransportar pra outro lugar, mas Nimbus o atingiu com um de seus relâmpagos mágicos. Ele tentou se defender com um escudo de energia vermelha, mas a eletricidade o atravessava e lambia seu rosto e tórax com faíscas.

- Se tem uma coisa que eu aprendi, foi que corpos eletricamente carregados não podem ser teleportados.

            A armadura de Franja começou a emitir um zumbido e, em seguida, disparou um poderoso feixe de energia através de seu reator peitoral. Somado ao raio, ataque foi responsável por aniquilar de uma vez o escudo de energia, queimar a cola que o prendia e chamuscar a capa do Capitão Feio. Ele estava prestes a atingir os jovens com seus raios, mas um coelho azul foi arremessado contra sua cabeça, mais rápido que qualquer reflexo. Suas rajadas erraram o alvo por vários metros enquanto seu corpo era jogado para trás pelo impacto. Enquanto o homem se levantava tonto, viu um bumerangue descrever uma parábola em sua direção e conseguiu agarrá-lo no ar.

- Vocês humanos e seus armamentos paté...

O final da frase foi abafado pela explosão que se seguiu.

            Por uma última vez, Capitão Feio levantou-se, já incapaz até mesmo de levantar voo. Seus inimigos se reuniam a sua frente, lado a lado, o encarando cheios de raiva.

- O quê são vocês?!

Cebola respondeu:

- Somos os Paladinos do Limoeiro, e este mundo está sob nossa proteção. Cascão, quer fazer as honras?

O garoto assentiu. Puxou seu arpéu e o mirou em uma caixa-d’água localizada acima de um pequeno prédio, logo atrás do vilão. Ele disparou e a garra se fixou à estrutura da base. Junto com Cebolinha, Magali e Mônica, a puxou para baixo. O cilindro metálico caiu acompanhado de um sonoro “Não!” e se espatifou sobre o corpo do Tio André, espalhando uma enorme poça de água no asfalto rachado da Rua.

            Acabara. Nenhum deles conseguiu conter um pequeno sorriso de satisfação. Logo, isso se tornou uma leve risada. O peso do mundo acabara de sair de suas costas. E eles tinham conseguido. Cebola tomou uma expressão séria e ligou seu comunicador para que pudesse falar com todos da Iniciativa.

- Muito obrigado, pessoal. Iniciativa desativada.

O que nenhum dos recrutas sabia era que, quando haviam sido recrutados, Cebola havia ordenado que Nimbus os hipnotizasse. Assim, ao ouvirem “iniciativa desativada”, suas memórias relacionadas aos Paladinos foram completamente apagadas e eles foram forçados a se livrarem de todo o equipamento e uniforme. Quando as aulas voltassem, na semana seguinte, nenhum deles se lembraria de ter participado da Batalha do Limoeiro. E o Cebolinha voltaria a ser o esquisitão, mas era o preço a pagar por sua identidade secreta.

Nimbus teleportou a todos de volta para o que restara da base assim que ouviu as sirenes se aproximando. Deixariam para que o exército se encarregasse do corpo do Capitão Feio. Mais tarde, a FranCorp lhes ofereceria um método barato de mantê-lo em animação suspensa por tempo indefinido. Mas agora, tudo que a turma queria era um bom descanso. Eles teriam mais com se preocupar ainda nas próximas horas.


Notas Finais




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