História Palavras na Neve - Terceira Carta

Dezembro. Sexta-feira. 

Minseok, 

 Eu mal percebi que estamos em dezembro. Eu adoro todo esse brilho que as lojas colocam, os enfeites nas casas. 

Você gosta do natal? Faz muito frio, mas eu adoro cada segundo. 

É uma sensação maravilhosa. 

 Parece que volto a ser criança por um mês inteiro. Parece que não há nada de triste ou ruim que possa nos atingir. 

Você sente o mesmo? 

 Hoje eu te vi sozinho na sala de música. Estava sentado no banco do piano e parecia querer lembrar de algo. Eu tentei vê-lo melhor, mas não podia entrar na sala ou iria te atrapalhar. 

 Quando finalmente começou a tocar, eu fechei os olhos no mesmo instante. Nunca tinha ouvido uma melodia parecida. 

Era doce e suave, leve e parecia me ninar vagarosamente. 

 Eu me sentei na parede ao lado da porta e fiquei ali, absorvendo todas as notas que seus dedos me davam. Já estava me sentindo completamente entorpecido quando o sinal tocou e todos saíram das salas, gritando e invadindo o corredor. Senti uma vontade enorme de gritar, mandar que calassem a boca ou voltassem para a sala, mas já era tarde. 

Você já havia parado a melodia. 

Mas eu continuei ali, no chão, como se as notas ainda estivessem sendo tocadas. A verdade é que elas ainda ressoavam em meus ouvidos e pareciam provocar minha alma, como se soubesse de um segredo profundo meu. Algo que nem eu mesmo conheço. 

 Qual o segredo, Minseok?