Dezembro. Quinta-feira
Minseok,
Não consegui escrever mais nada depois de me lembrar da última carta.
Acho que devo ter te assustado tanto quanto me assustei, me desculpe, mas eu não me sinto totalmente em mim quando estou aqui, nesse colégio, em um canto qualquer escondido, te observando, enquanto escrevo minhas palavras em blocos de papel.
Na terça eu corava somente de ver sua silhueta. Não só por saber que você estava ali, tão perto, mas também por que eu já te reconheço por ela. Me senti estranho ao levantar a cabeça toda vez que estava no corredor, esperando a próxima aula, por que toda vez que alguém passava eu precisava levantar a cabeça e confirmar se você já estava ali, se tinha chegado.
Se tinha me visto.
Mas acho que nunca me viu, não é? Percebi que sempre está sozinho, mas todos falam de você. Por que?
Um de meus amigos chegou a dizer que sente pena, mas eu não o entendi. No intervalo, eu vejo as pessoas te chamando para perto, mas você se afasta.
Por que se afasta tanto, Minseok? Se eu fosse ao seu encontro, me afastaria também?
Talvez seja por isso que eu ainda esteja aqui nesse jogo com as cartas. Elas são como as conversas que eu sei que nunca teremos, os risos que nunca serão para mim.
Eu irei ouvir sua voz de novo?
Quando terei coragem de finalmente te encarar e me perder nos seus olhos?
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