História Palavras Rudes, ou Não, Para Serem Lidas. - Cartas para a Humanidade- II

-Cartas para a Humanidade:

Nossa mais que garota séria. Nossa mais que garota triste. Nossa mais que garota vazia.

Não é a questão de ser vazia, sabe, é a questão de ser cheia, de transbordar, de se afogar naquilo. São correntes que lhe prendem no chão, só que essas correntes não são vistas por olhos que procuram a perfeição, olhos que procuram apenas o lado bom das coisas. 

Essa corrente, essas palavras, esses pensamentos, isso tudo vira batidas altas e desesperadas à procura de uma ajuda, de algo que a salve. Mas, as correntes e aquele sorriso abafam esses pedidos, e assim ela se aprisiona em si mesma, por causa de si mesma.

Ela pendura no pescoço e marca na lamina que isso é a salvação, acha que se machucando ganhará uma chave que a libertará de todo o seu próprio mal e se salvará dos sentimentos que já a consumiram. 

Pobre garota.

Mal ela sabe que existem pessoas que vêem e ouvem o seu pedido silencioso que ecoa naquele sorriso frio e vazio. Mal ela sabe que se sussurrar no ouvido de tais pessoas conseguirá se salvar de tudo. Mal ela sabe que existem mãos para à segurar enquanto ela caí no abismo. Mal ela sabe que existem pessoas indo no fundo do mar para emergir com ela nos braços e não deixá-la se afogar. Mal ela sabe que existem pessoas trabalhando para à salvar. 

Mal ela que não irá afogar.

Mal ela sabe que irá se libertar dessas correntes.

Mas, acho que não sou eu que devo dar a chave para ela retirar essas correntes, não sou eu que vou dar o meu braço e a puxar desse abismo, e não será eu que irei mergulhar no frio e salgado mar para retirá-la de lá. Pois, serei eu que será cega pela perfeição, será eu que nunca notará nada, serei eu que não notarei o vazio no sorriso dela.

Será eu que irei à prender nesse caótico mundo para viver comigo.

Eu que colocarei correntes nela, eu que vou a empurrar abismo à baixo, eu que direi que aquele mar é raso, eu que ensinarei ela à ter um sorriso falso, frio e vazio, eu que irei fazer a liberdade dela algo escuro e frio. Pois eu quero ela comigo, presa comigo, sofrendo comigo. Pois, sabe, esse mundo é frio, esse mundo que eu estou sozinha é triste.

Como nunca serei salva daqui, prefiro fazer desse lugar, meu lar, mas aqui é grande. Vou precisar de alguns acompanhantes, certo?