—Acorde, Mikael Levett.
A voz dela era incrível. Mesmo antes de abrir os olhos, Mikael sabia que ela seria única e inacreditável. Estava certo. Ela era tão linda quanto uma estrela de cinema. Ela tinha olhos amendoados com um profundo vermelho ao redor da íris. O rosto dela era quase um coração perfeito e a pele tinha aquela luminosidade que se vê na TV. O cabelo dela era profundamente negro e brilhante que caia em ondas pelos ombros. O corpo era, bem, perfeito. Ela não era magra. O corpo dela era perfeito porque ela era forte, mas tinha curvas. E ela tinha lindos peitos.
— Hun? — Disse Mikael. Falando em peitos... he he.
Ela sorriu e mostrou dentes incrivelmente perfeitos e brancos.
Ela tinha uma discreta tatuagem de lua crescente e espirais entre os seios que era possível ver por sobre o decote.
— Você parece ter armado uma bela confusão.
Sem o sorriso e a gentil preocupação na voz dela, as palavras poderiam parecer duras. Ao invés disso, o que ela disse soou preocupado e um pouco confuso.
— Desculpe, onde estou? Eu fui atingido por um raio!
— Enfermaria. É para onde trazemos aqueles que são atingidos por grandes descargas elétricas... seus amigos trouxeram você inconsciente até nós. Três dias atrás.
— Onde está Blake? E Rex? Eles estão aqui? Estão bem?
— Provavelmente no buffet... sim e sim. Vai encontra-los logo.
— O que exatamente é isso? Esse lugar?
— Escola de Sombras, Pandemônio.
— Desculpe, acho que não entendi.
— Sombras, Mikael. Nós, criaturas sobrenaturais e mitológicas. E não diga que você não é um porque pessoas normais não sobrevivem ao serem atingidas por um raio.
Mikael pensou em argumentar. Mas não exatamente da forma que ela estava pensando. De alguma forma parecia finalmente fazer sentido. Ele não era normal, não era humano.
— Quem é você? — Optou por fazer uma pergunta mais segura.
— Meu nome é Ivy Rogue. Digamos que por enquanto sou sua guia.
— Oh... eu... eu... bem, ótimo. Isso é ótimo. — Balbuciou.
Mikael sorriu debilmente, por que ninguém dá um tiro e acaba logo com isso?
— Bem-Vindo ao Pandemônio, Mikael Levett — Ivy disse carinhosamente estendendo a mão como se quisesse apertar a sua, automaticamente Mikael a ofereceu.
Mas ao invés de pegar a mão, ela pegou o antebraço, o que era estranho, mas de algum jeito parecia certo.
O toque dela era quente e firme. O sorriso dela dava boas-vindas. Ela era incrível e inspiradora.
O lugar era como algo saído de um sonho estranho. Grandes e velhos carvalhos faziam sombra em tudo. Uma calçada que se dirigia paralelamente ao enorme edifício de tijolos vermelhos e rochas pretas. Tinha três andares e tinha um telhado estranhamente alto que tinha uma ponta para cima, mas aplanava no topo. Pesadas cortinas estavam abertas e suaves luzes amarelas faziam sombras dançar entre os aposentos, dando a estrutura toda um tom vivo e de boas-vindas. Uma torre redonda estava junto ao prédio principal, dando a ilusão que o lugar era muito mais um castelo, do que uma escola. Um fosso iria parecer se encaixar melhor ali do que uma calçada envolvida por arbustos de azaleias grossos e um gramado arrumado.
Ivy fez um movimento assinalando que era para Mikael andar com ela pela calçada e gesticulou expansivamente para o impressionante campus que se esticava na nossa frente.
— O que é conhecido hoje como Pandemônio foi construído em um estilo grego, com pedras importadas da Europa. Originou-se nos anos 1835 como um convento. Eventualmente foi convertida em Bel Hall, uma escola preparatória privada para adolescentes humanos influentes. Quando decidimos que deveríamos abrir uma escola nossa, nós o compramos de Bel Hall alguns anos atrás.
— Estou surpreso por eles terem vendido para vocês — murmurou. O lugar era simplesmente incrível. Era obvio que dinheiro não era uma preocupação a essas pessoas.
A risada de Ivy era baixa e um pouco perigosa.
— Eles não queriam, mas fizemos ao diretor arrogante deles uma oferta que ele não podia recusar.
Mikael ficou tentado perguntar a ela o que ela queria dizer, mas a risada dela lhe deu um calafrio.
— Mesmo o mais tolo dos humanos sabe que existem criaturas das trevas no mundo, mesmo sendo quase impossível identifica-los apenas com um olhar. Somos incrivelmente aterrorizantes e intimidadores, mas também somos os mais atraentes e tentadores. Os atores e atrizes mais bem-sucedidos no mundo são da nossa espécie. Eles também são bailarinos e músicos, escritores e cantores. Demônios dominam as artes, o que é a razão para termos tanto dinheiro.
A parte do Pandemônio onde ficava os dormitórios era do outro lado do campus, então andamos bastante, Ivy parecia estar caminhando devagar de propósito, dando bastante tempo a Mikael para fazer várias perguntas e admirar feito um idiota. Não que eu se importasse.
Caminhar pelo enorme “castelo” e aquela aglomeração de prédios, com Rogue apontando pequenos detalhes sobre o que era aquilo, lhe deu uma noção do lugar. Era estranho, mas de um jeito bom.
Lá dentro foi uma surpresa. Mikael não tinha certeza do que esperava - talvez que tudo fosse preto e assustador. Mas era legal, com um sofá confortável e várias almofadas suaves grandes o suficiente para sentar enchendo o quarto com gigantes almofadas parecidas com M&Ms. A suave luz vinda de uma lareira fazia o lugar parecer como o castelo de um conto de fadas. Nas paredes cinzentas tinha uma grande pintura a óleo, onde havia uma mulher seminua que parecia exótica e poderosa. A mesa estava cheia de livros e bolsas e coisas bem de adolescentes. Várias TVs de tela plana, e um som de MTV Mundo Real vinha de uma delas. Mikael olhou para tudo isso rápido, fascinado.
— Senhores, esse é Mikael Levett. Deem boas-vindas a ele pelo Pandemônio.
Um garoto levantou do meio de um grupo que estava amontoado perto de uma TV. Ele era alto e ruivo com um olhar travesso de quem não pode ser deixado perto de objetos pontiagudos ou inflamáveis.
— Olá Mikael. Bem-vindo a sua nova casa. — O garoto sorriu de forma quente e genuína. Instantaneamente um calafrio percorreu a espinha. — Eu sou Darius — ele disse.
— Rogue, você gostaria que eu mostrasse a Mikael o lugar dele?
— Quis dizer o quarto?
— Foi o que eu disse.
Não foi não. Ele disse outra coisa! Mikael olhou aflito para Ivy tentando transmitir seu pensamento. Ao invés de responder imediatamente ela só ficou parada ali e olhou nos olhos de Darius. Então, assim como tão rapidamente o silencio tinha começado, o rosto de Ivy se quebrou em um enorme sorriso.
— Obrigada, Darius, isso seria ótimo.
— Você sabe que estou sempre feliz em te ajudar, Ivy.
Virando-se, Ivy disse.
— Vou deixar você agora, Mikael. Darius vai te levar para seu quarto, e seu novo colega de quarto pode te ajudar a responder algumas de suas dúvidas. Eu te vejo na sala de jantar. — Ela sorriu daquele jeito quente e descontraído, e saiu.
A porta fechou com um abafado som.
— Anda logo novato. Os quartos são para esse lado.
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