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História Pão de Mel - Um idiota e uma dama


Escrita por: ValotDeadly

Notas do Autor


Olá, voltei atrasada mais voltei.

Vou att "Aprendendo a viver" logo e "feitos de barro" também.

Vou agora responder os comentários do capitulo passado, fiquei muito feliz 😍😍😍

Qualquer coisa me gritem.

Obrigada, Sisi, vc me salvou 😘

~~Boa leitura~~

Capítulo 2 - Um idiota e uma dama


Sehun encarava o único currículo que haviam deixado para o cargo de atendente na futura padaria, pensando no porquê não haviam outros e nos dados da moça de pele morena e sorriso simpático.

A padaria estava reformada, com os equipamentos montados e a sua inauguração seria na próxima semana, só faltava uma pessoa para atender os clientes.

Sua avó o havia atormentado sobre a moça, falando por horas - depois que a moça havia ido embora - sobre o quanto essa era simpática e lhe havia ajudado com as sacolas, e mesmo concordando com a avó, o moço ainda estava receoso.

A moça possuía um curriculo invejavel e isso atormentava a cabeça do Oh, que não entendia como a moça não conseguia um emprego na área, os estágios, as notas, as cartas de recomendação, era tudo perfeito demais, mesmo que o nome dela fosse um pouco exótico para o país que viviam.

Não apenas o nome como também a identidade, que terminava com um final 14, sendo que para mulheres era o final 13. Alguma coisa estava confuso naquele papel preenchido com os dados da jovem de sorrisos tímidos.

Além disso, o jovem chefe não fazia ideia de como ser um chefe, ou como fazer uma entrevista, contava com a ajuda dos amigos e sócios que estavam atrasados. Jongdae havia mandado uma mensagem dizendo que não conseguiria chegar a tempo para a entrevista e para Oh perguntar sobre disponibilidade de tempo e porque a moça desejava trabalhar ali.

Sehun entendia o que Jongdae queria testar a sinceridade e o apoio que essa daria a uma pequena padaria de um bairro no subúrbio de Seul, e estava grato pela juda com aquelas perguntas. Sabia que Jongdae raramente consegueria ajudar sendo que esse mantia o emprego, era o único dos três que não havia desistido de tudo.

Hani estava atrasada pois a missão de pesquisar preços e negociar com fornecedores era sua, e Sehun sabia que isso sempre podia atrasar pelas negociações.

Sehun não tinha noção de como ser um chefe ou como as coisas eram demasiadas complexas para se abrir e manter um negócio. Tudo que ele desejava era poder fazer seus pães da forma que desejava e levar suas receitas as pessoas -  o que definitivamente não conseguia fazer quando estava trabalhando para outras pessoas.

Ele e Hani tentavam de todas as formas levar as receitas dos doces e dos pães que eles queriam fazer, mas dificilmente as outras padarias e os outros muitos empregadores - que tiveram os dois gastrônomos -, aceitavam essas ideias. Os jovens eram sonhadores demais e buscavam nas receitas de outros países aquilo que os marcava, porque queriam adoçar a vida das pessoas e trazer um pouquinho de amor. Eles achavam que os seus doces e seus pães trariam às pessoas um pouco de amor porque faziam tudo com esse sentimento.

Estava sozinho, esperando a jovem moça que viria fazer a entrevista para trabalhar com eles. Seria idealista e até mesmo idiota Sehun estar pensando que a moça também faria tudo com o mesmo carinho que ele e os sócios possuíam, pois essa se mostrou assim quando eles se conheceram.

-X-

Kai havia trocado de roupa umas mil vezes, estava extremamente nervosa pela entrevista que aconteceria em algumas horas. Não sabia como se vestir ou como se portar. Estava nervosa, pois esse era o único lugar que havia a chamado para uma entrevista, mesmo ela tendo distribuído currículos por toda a cidade. Talvez devesse ao fato dela ter ajudado a avó do dono da padaria, ou talvez simplesmente aquele fosse seu destino. Talvez aquele fosse o seu lugar.

Ela acreditava em destino. Isso poderia ser idiota, talvez até mesmo tosco, mas isso a ajudava a seguir em frente: dia após dia, batalha após batalha.

Colocou pela milésima vez o seu terninho, que era composto por um blazer e uma saia social. Vestiu uma meia-calça escura, se olhou no espelho e não se reconheceu naquilo. Definitivamente não combinava com ela, que decidiu colocar uma calça jeans e uma camisa social delicada, calçando sapatilhas simples e penteando o cabelo com penteado que mantinha uma trança pequena com metade do cabelo, enquanto os outros fios escuros caíam junto dela.

Passou um batom clarinho nos lábios, enquanto olhava no espelho sem sorrir. Aquela era realmente a Kai, a moça se reconhecia no reflexo.

Saiu de casa cantarolando as músicas animadas que tocavam no seu fone de ouvido fone de ouvido. Sua mãe observava filha com orgulho, gostava de vê-la com um sorriso nos lábios, torcia internamente para que tudo corresse bem. Desejava o melhor para sua doce e amada filha.

-X-

A moça seguiu todo o caminho ouvindo as músicas que lhe davam coragem e animação para a entrevista. Era estranho, mas ela estava com as mãos tremendo e o estômago embrulhando. Era visível o seu nervosismo, afinal, precisava daquele emprego. Era o único lugar que havia lhe chamando, sabia que as contas não se pagavam sozinhas. Ela queria poder ajudar a mãe em casa e queria poder fazer algo; há muito estava se sentindo inútil.

Olhava a rua pelo vidro do ônibus enquanto fazia mil planos para o futuro e tentava acreditar que existia um destino para ela, era difícil. Muitas vezes sentia sozinha, outras vezes não conseguia acreditar que poderia ir além, mas ela tinha forças suficiente, havia estudado e feito de um tudo para isso. Também havia estagiado, e mesmo que essa vaga de emprego não fosse na sua área, ela tentaria dar o seu melhor. E mais pra frente talvez ela conseguisse algo que realmente fizesse-a exercer a profissão, a qual ela havia batalhado tanto para conseguir.

Não demorou para chegar naquela pequena padaria. Olhou para o vidro da porta e sentiu falta da placa que a havia feito pensar tanto na última vez que esteve ali. Ela se sentia como aquela placa, e talvez aquela empatia a fizesse querer tanto estar aqui.

Realmente não acreditou quando telefonaram marcando a entrevista. A senhora que ela havia ajudado a carregar as sacolas realmente havia insistido para que o neto a contratar-se e ele só estava esperando sentado numa mesa repleta de papéis enquanto olhava a moça por detrás do vidro da porta.

Sehun olhava a moça sorrindo para a sua padaria e realmente acreditava que essa poderia ter o mesmo carinho que ele e os sócios tinham. Nem havia começado a entrevista ainda e ele estava admirando a nova funcionária; se sentiu um pouco estranho, mas quando ela entrou tocando o sininho pôde sorrir. Kai sorriu de volta, uma forma simplista de se cumprimentarem, mas que fazia com que Sehun quisesse realmente ver essa moça trabalhando lá dentro, afinal, ela era simpática.

E é disso que atendentes precisavam, não é? Simpatia.

“Como eu faço entrevista?” Sehun se perguntava mentalmente.

Todas as perguntas que havia pensando em fazer para a moça se esvaíram ao ver o sorriso branquinho dessa.

Definitivamente ele não havia nascido para ser um chefe. Era um ótimo padeiro, mas realmente não havia nascido para comandar as coisas. Estava perdido em meio aos sorrisos e os olhares tímidos da moça que estava esperando-o para conduzir aquela tortura que chamavam de entrevista de emprego.

Kai estava nervosa, vendo que aquele que deveria conduzir a entrevista estava olhando sem parar para o seu currículo. Ela sabia que estava escrito seu nome social e sabia também que seu documento de identidade dizia que ela era aquilo que ela nunca foi, aquele maldito final em catorze dizia que era um homem, sendo que ela nunca o foi. Sua biologia era de um homem, mas a moça nunca se sentiu assim. Era engraçado, senão fosse triste, a forma que lhe davam o direito a um nome social, mas não mudaram o seu documento de identidade, o seu gênero para todos oficialmente era masculino por aquele conjunto de dois números no final de seus documentos. Ainda estava escrito lá que se chamava Jongin e não Kai e aquele 14 a marcava como sexo masculino, mesmo que ela preenchesse tudo como a mulher que realmente era.

Aquilo era estressante e ela sabia que podia confundir muitas pessoas, queria a todo custo não ter que falar sobre isso, assim como queria que as pessoas aceitassem-a como ela realmente era e que não continuassem a marcá-la pelos seus documentos ou pelo o que chamavam de biologia.

Respirou fundo uma, duas, três vezes até que viu um sorriso simpático de Sehun que começou a falar, chamando-a de Kai, e isso a fez sorrir não timidamente como sempre fazia, mas verdadeiramente.

Ele começou fazendo perguntas simples da sua formação, do seu estágio e o porquê ela havia decidido trabalhar como atendente, sendo que sua formação era em administração. Ela respondendo tudo calma e delicadamente, explicando onde havia estudado, onde havia feito seu estágio e que não havia conseguido nada ma sua área e por isso estava tentando algo como atendente. Deixou bem claro que precisava daquele emprego.

Sehun sorria a cada resposta dada com sinceridade e no rosto de Kai ele via que realmente estava sendo sincera. Fez as perguntas que seriam de Hani e de Jongdae, mesmo que se sentisse perdido lendo as perguntas que ele mesmo havia elaborado. Havia procurado em mil e um sites de como ser um bom chefe e como fazer uma entrevista de emprego. Teve que recorrer ao Google, afinal não havia uma formação de como ser um bom chefe ou como elaborar uma entrevista de emprego - na verdade tinha sim, mas Sehun não tinha a mínima noção de como ser um atendente de RH -, ele já havia feito umas mil perguntas e Kai estava as aceitando e respondendo-as sinceramente.

Sehun concluiu que não haviam motivos para não se contratar Kai, exceto aquele erro de digitação no seu currículo, afinal no final de sua identidade deveria ser o número treze e não quatorze.

Perguntou isso e viu o sorriso que ela manteve do começo ao fim da entrevista morrer naquele momento.

-- Olha, eu sei que você não percebeu, mas eu sou uma mulher trans. - Sehun não havia de fato percebido. - Os meus documentos oficiais ainda mantém esse número, por mais que eu queira mudar e por mais que tenha a identidade  social que me identifica como Kai, eu ainda tenho manter o meu número de identidade assim. - Ela bagunçou um pouco a franja que caía junto com trança, nervosa. Sabia que agora havia perdido todas as chances de ser contratada era sempre assim.

Sehun apenas sorriu, entendo a moça e se sentido culpado. Estava se sentindo um completo idiota por ter feito uma pergunta tão íntima à moça que estava o tempo todo sorrindo. Percebeu no momento que ela parou de sorrir que havia cometido um grande erro.

Pediu desculpas, pediu muitas desculpas, realmente estava se sentindo irritado consigo mesmo. Afinal, a moça tinha todo o direito de ser quem era realmente e ele estava bancando o idiota porque achava que ela havia digitado errado no seu curriculo o número do documento, quando o seu documento não podia ser mudado.

Aquela era uma entrevista de emprego e Sehun não estava julgando Kai por aquele fato, a havia julgado sim, mas como a moça mais simpática que já havia conhecido. Sorriu pra ela e perguntou quando ela podia começar, já que a inauguração seria na próxima semana.

Kai não acreditou no que estava acontecendo, tinha quase certeza que seria praticamente enxotada daquele lugar, mas não foi, aconteceu o contrário e ela agradecia a Sehun que se desculpou várias vezes e sorriu enquanto perguntava quanto ela podia começar.

Ela queria gritar, só gritar e começar a dançar naquele mesmo lugar, dizendo que começaria imediatamente, mas ao invés disso se limitou a sorrir e dizer que começaria assim que pudesse.

-- Me desculpa mais uma vez! - Sehun exclamou e ela pediu para que ele parasse com isso, arrumando a mecha de cabelo que caía em seus olhos.

Sehun mandou mensagens no grupo dos sócios avisando que havia contratado a moça, assim como avisou sua avó - que era adepta as tecnologias - que havia contratado a moça que ela tanto queria e que estava pronto para inaugurar.

Kai saiu sorrindo e sentindo-se aceita como era. Aquele sentimento transbordava em si e a fazia sorrir a cada passo que dava de volta para casa.


Notas Finais


Pra quem não sabe, na Coréia o final da identidade é diferente para cada gênero, o que eu acho bem tosco.
Qualquer dúvida, amor, e xingos:
https://twitter.com/ValotDeadly


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