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História Pão de Mel - As asas da borboleta


Escrita por: ValotDeadly

Notas do Autor


Demorei, eu sei! Me perdoem, eu tô com um bloqueio ó 10

Vou tentar voltar logo 💖

Agradeço a Yoda e a Ian pela ajuda 💞

Boa leitura!

Capítulo 3 - As asas da borboleta


Não demorou e Kai começou a trabalhar como atendente na padaria “Pão de Mel”, era um local acolhedor e a moça poderia jurar que ali eram feitos os melhores pães da cidade, os doces, os bolos, tudo era saboroso, e ao ver os seus patrões animados com tudo aquilo, ela se animava. Era como se pudesse tocar o carinho que esses mantinham na cozinha.

A moça não cozinhava ou ficava na cozinha, atendia os clientes, servia-lhes os pães, os bolos e os doces e sorria, era visível a alegria dela ao estar ali.

Descobriu que Sehun era o responsável pelos pães, doces ou salgados e que Hani era a responsável pelos bolos  delicadamente confeitados e sempre cheios de flores de glacê, assim como sabia que Jongdae - o seu chefe que raramente aparecia -, era responsável pela contabilidade do negócio.

Era estranho, pois Sehun e Hani, mesmo que tentassem pesquisar ou colocar preços no que estavam fazendo, falhavam miseravelmente e Jongdae sempre reclamava que os amigos gastavam demais.

Kai conseguia perceber que se os três amigos não tomassem cuidado, falir iam rapidamente, mesmo que as vendas fossem boas.

Compravam os melhores ingredientes sem pesquisar os preços, se faltava algo na hora compravam em supermercados e não dos fornecedores e nunca repassavam esses preços aos consumidores, faziam algo quase que caseiro com o preço de um industrializado, era bizarro como conseguiram se manter com o dinheiro das vendas neste mês - o capital de giro estava por um triz -, mas o pior era a falta de projeção de negócio. 

As contas chegavam sem nenhuma previsão de serem quitadas.

A moça via Jongdae surtando e perdendo os cabelos. Quando aparecia estava sempre bravo, mesmo que sorrisse para a moça, enquanto Sehun e Hani sorriam felizes a cada jornada feita, sem mostrar nenhum sinal de preocupação.

A propaganda era mal feita e as pessoas iam ali achando que era uma lanchonete, não uma padaria. 

Kai via muitos erros que poderiam ser consertados, mas ela era apenas a atendente, não daria pitacos no negócio alheio, mesmo que sentisse que logo não teria um emprego.

A moça era sempre ativa e sorridente, mesmo que tivesse dúvidas sobre a administração do negócio e até mesmo o nome de tal, mal conseguia pronunciar certinho as palavras, e se pegou diversas vezes imitando o google tradutor - às escondidas, claro -, para não falhar.

Achou que estava sozinha no banheiro - afinal Sehun e Hani estavam na cozinha -, e começou a praticar sua pronúncia, mesmo que achasse a voz robótica irritante.

- Pãau de Mél… - Repetia, ficando as sílabas como o tradutor. - Pãú de Méú... - continuava, infinitas vezes até ouvir uma risada abafada.

Sai do box e viu Sehun lavando as mãos enquanto segurava o riso.

Kai sentiu-se envergonhada e ia saindo de fininho quando ouviu: - Pão de Mel. Sabe, eu também tinha dúvidas. - Virou e viu seu chefe encostado na pia. - Pão de mel. - Sehun falou pausadamente, abrindo e fechando a boca dando ênfase nas sílabas. - Um amigo meu era brasileiro, por isso o nome.

- Pão de mel. - Kai repetiu, copiando as aberturas de boca do outro. - E por que justamente esse nome? - Questionou, estava com essa dúvida desde que ouviu o nome e viu a placa. 

- Por que pão de mel é o pão do amor…

Kai sorriu, e Sehun ficou envergonhado, ela se aproximou e encostou na grande pia ao lado dele.

- Me explica? 

- Hum, - O loiro bagunçou o cabelo e jogou a cabeça para trás, rindo de si mesmo. - Jura que você não vai rir? Ou me achar patético?

Kai olhou para ele, puxou a destra deste e cruzou os mindinhos. 

- Juro de mindinho. - Sehun sorriu e fez o gesto com a moça. - Agora, me conta.

- O pão de mel é difícil de se moldar, o mel gruda e conforme o clima é necessário uma quantia variante de farinha, não se usa a força na massa, a sova precisa ser delicada, e ao mesmo tempo é um pão simples, faz-se bolinhas com a massa e as assa. É como o amor, precisa de uma quantidade variante de carinho, não se usa a força física, mas se sova, se esforça com ele, é simples e complexo ao mesmo tempo, e quando se prova se sente o sabor doce e contagiante, mas que nunca enjoa.

A moça apenas sorriu, ainda com os mindinhos presos no padeiro, tentando imaginar como ele fazia esse pão, e vendo na explicação algo que queria experimentar.

- Quero provar…

- Temos vários, pode pegar, daqui a pouco sai outra fornada, se quiser tiro-os pra você, quentes são uma delícia.

- Obrigada, Sehun, mas eu queria provar o amor.

Ela sem nem ao menos perceber apertou seu dedo no outro, que sorriu e apenas fez um carinho singelo com o dedão na mão da moça. 

- Também quero… - O padeiro disse por fim, sorrindo ao ver Kai sair do banheiro sorrindo.

 

-X-

 

Hani estava animada em seu quarto, fez um cartaz florido para um grande evento na padaria, e até Jongdae, que sempre reclamava com ela ficaria orgulhoso com certeza, pois conseguiriam arrumar o problema dos gastos. 

Tamanho foi seu ânimo que começou a bordar várias toucas para usar na sua padaria com tudo que mais gostava, flores e laços. Parecia a arte de uma criança do primário quando precisa fazer um trabalho para o dia das mães, mas era tão fofo, as pequenas flores de crochê costuradas ou até mesmo as feitas com E.V.A.

Sorriu encarando a sua obra, e uma ideia marota surgiu na sua mente:

Havia Kai, a moça era tão delicada quanto si própria - em sua mente se sentia delicada mesmo quando estapeava os amigos contando alguma piada -, faria uma touca para Kai, afinal, aquela moça ficaria ainda mais linda com uma de suas magníficas toucas no lugar daquela sem graça, branca e de renda.

Pensou no que Kai a lembrava e logo começou a fazer pequenos crochês de borboletas delicadas e pequenas. Kai era tímida e delicada, então colocou algumas borboletas de eva também e sorriu ao ver a sua obra completa. Havia ficado adorável e delicadamente bonita, diferentes das suas.

Fez mais duas para que a moça pudesse usá-las tranquilamente no trabalho. Adorava trabalhos manuais e aquilo era como uma terapia para sí, esperava em seu íntimo que Kai gostasse do que havia feito para ela.

Dormiu sorrindo imaginando a reação da moça ao receber seu presente no outro dia.

Chegou cedo na padaria. Geralmente era Sehun a abrir e a começar a fazer os pães franceses - era um padaria a lá Brasil como Kai insistia em dizer. 

Sehun estava suado com o forno ligado fazendo outra fornada enquanto esperava a primeira sair, seus cabelos grudavam na testa e estava com mais farinha de trigo na cara que os pães na massa.

Hani sorriu, deu um soquinho no ombro do amigo - praticamente um de direita -, e foi abrir o local. Os pães de Sehun já cheiravam. 

Se surpreendeu ao ver massa de croissant na mesa de descanso. Se existia um nível de complexidade para pães, croissant era o mais elevado.

Isso era estranho. 

Muito estranho.

Afinal Hani conhecia muito bem Sehun para saber que ele só fazia croissants quando estava de bom humor - irritavelmente feliz era uma descrição melhor.

Colocou o avental e a sua magnífica touca esperando algum elogio, mas só viu Sehun rir.

Ela o mataria. Já havia começado a pensar nos modos que trariam mais dor quando Kai entrou na cozinha para cumprimentar os dois. 

A atendente sempre fazia isso, ela era um doce.

- Bom dia, Kai. - Hani sorriu ao ver o rosto avermelhado de Sehun ao também cumprimentar a moça. - Hey, você sabe se algo aconteceu com o Sehun ah? - Soltou como quem não quer nada - Algo bom, sabe? Ele vai fazer croissant e só faz isso quando está feliz!

- Não sei não. - A moça sorriu ao ver os amigos conversando por caretas. - Mas amo croissant. - Sehun engasgou com a água que estava bebendo, Kai não negaria que ele estava estupidamente bonito com o rosto corado e algumas marcas de farinha nas bochechas e testa. - A propósito, bela touca!

- Obrigada. - Hani colocou a mão no peito, preparando-se para sua encenação dramática. - Acredita que Sehun ah... - Continuava provocando o amigo. - Riu dela? - Fez sua melhor cara de gato, olhando para os olhos da moça, clamando por piedade.

- Que feio da sua parte. Sehun ah. - Entrou na brincadeira de Hani e disse o nome de seu chefe daquela forma informal, fazendo Sehun quase se afogar. - É uma bela touca e Hani deve ter passado horas a fazendo.

- Isso mesmo, Sehun ah. - Hani provocou e o viu olhando bravo. - Você me deve desculpas, vamos…

Kai não aguentava, aqueles dois não paravam de se provocar, pareciam um casal. Essa constatação estranhamente a incomodou e a deixou de certo modo, tristonha.

- Tá linda a touca, Hani. Uma obra divina. Um Picasso das toucas. - Sehun falou parando e gesticulando com as mãos, fazendo Kai gargalhar.

- Muito obrigada, - Hani se curvou. - por dizer o óbvio.

Sehun foi até o forno e tirou a segunda fornada enquanto ambas as moças riam dele. O pior era que ele gostava, dessas personalidades e do fato delas se importarem, deu um sorrisinho escondido enquanto tirava os pães.

- Hey, Kai! - Hani chamou limpando a lágrima que escorria por seu rosto depois de tanto rir. - Depois quero falar com você...

- Okay! - Kai respondeu vestindo seu avental e sua touca, abalada. Não sabia o que a sua chefe queria falar, mas temeu, temeu por tantos motivos que mal soube os enumerar na mente.

 

-X-

 

Kai passou o dia todo nervosa, não sabia o que Hani queria falar com ela, e isso a aterrorizava. Não conseguia parar de roer as unhas ou de tirar pedaços da cutícula, precisa mexer em algo o tempo todo, e muitas vezes não percebia que estava fazendo tal coisa.

Olhava no relógio e as malditas horas não passavam.

Mas pelo menos haviam vindo clientes, muitos, alguns até estrangeiros.

Estranhou tal fato, e foi ver a porta. Notou um cartaz florido ali, e sorriu lembrando-se de como havia desejado trabalhar ali.

No cartaz dizia que “Brasileiros não pagam nas sextas-feiras”.

Kai se assustou, ninguém lhe havia falado nado e ela estava a ponto de cobrar tudo sem dó nem piedade, eles vinham e pediam quase a padaria inteira. 

Achou isso um absurdo, retirou o cartaz da porta, disse que a fila do caixa já ia andar, sorrindo.

Ligou para Jongdae, contando sobre aquilo e perguntando o que ela deveria fazer, afinal os clientes estavam com pressa e ela não poderia dar - praticamente todas as fornadas de tudo - de graça.

Jongdae não soube o que falar, e Kai viu a solução brotar em sua mente enquanto falava com o chefe que pouco aparecia. Jongdae lhe deu carta branca para resolver o problema - que ambos sabiam ter sido originados por Hani.

Kai ainda com o cartaz em mãos e suando frio - já estava receosa com o que Hani queria lhe falar, agora havia se intrometido nos negócios -, pegou uma caneta e acrescentou no cartaz colorido “P.S.: Apenas Pão de Mel”.

Pregou o cartaz na parede do caixa e sorriu, pedindo desculpas pelo mal entendido.

Achou que seria apedrejada pelos Brasileiros ali, mas foi o contrário, eles tiraram fotos do local, dos pães e receberam seu pão de mel de bom grado, ainda comprando o resto das coisas.

Estavam animados e falando uma língua estranha, mas Kai reconhecia as palavras “Pão de Mel” que saiam no meio da conversa, eles nem se importaram do lugar não ser uma lanchonete e sentaram por ali mesmo, conversando, comendo e sorrindo.

Sehun apareceu - sempre fazia isso entre as fornadas -, e viu o movimento se assustando.

- Kai, que isso? - Perguntou com sua típica cara séria. 

- Clientes. - Virou para o chefe e respondeu sorrindo.

- MEU DEUS DO CÉU TEM BOLO DE BRIGADEIRO! - Sehun e Kai nada entenderam quando uma das clientes gritou apontando para Hani que trazia o bolo do dia, já picado para servir.

Os clientes que estavam comendo e conversando no balcão - que não havia sido feito para isso -, voltaram a fila, desesperados enquanto Hani sorria.

- Eu sabia que ia dar certo. - Colocou o bolo onde ele ficava exposto e abraçou Kai. -- Eu sou um gênio, não sou?

- O que tá acontecendo? - Sehun tentava entender enquanto servia os pedaços de bolo, deixando Kai apenas no caixa.

- Eu sabia que nossa padaria precisava se movimentar e vender, Jongdae disse que estamos mal, ai eu fiz uma placa e botei lá fora, olha o sucesso Sehun! 

Kai gargalhou.

- Olha a placa agora, Hani. - Disse, simples. - Você escreveu que eles poderiam comer de graça, e acredite, eles iriam, e se não recebermos pelos produtos não conseguimos pagar os fornecedores. - Recebeu por outro bolo e passou o troco com a nota. - Eu acrescentei o “PS”, e agora o prejuízo é menor.

- Hani, isso era loucura, onde você divulgou? - Sehun perguntou, e Hani riu triste.

- Facebook, Twitter, Line, Weibo e Instagram. - Disse envergonhada. - Me desculpa, eu achei que tudo daria certo. 

- Tá tudo bem. - Kai saiu do caixa e fez um sinal para Sehun o assumir. - Vamos arrumar essa bagunça.

Juntas, tiraram fotos do novo cartaz, e pediram desculpas formais em cada rede social, o que gerou uma pequena confusão, pois os coreanos começaram a falar mal disso e os brasileiros riam, e compartilhavam as fotos com escritos em português.

Hani pediu para os clientes se poderiam tirar fotos deles e se eles poderiam dar um feedback para a padaria.

No mesmo momento que Sehun liberou a senha do wi-fi, e logo fotos com tags da padaria, dos pães, bolos e alguns começaram a surgir, positivamente, junto a palavra “saudade”. 

Sehun, Kai e Hani não sabiam o que era, mas vendo no google tradutor, acharam positivo.

Tudo que vendiam era tão bom quanto os feitos no Brasil, e isso fazia com que os estrangeiros sentissem um pouco mais perto de casa.

- Kai, almoça comigo? - Hani disse assim que o movimento diminuiu, logo quando Sehun trouxe os croissants para a bancada.

- Vocês têm quinze minutos. - Sehun disse sério. - Eu ainda tenho massas descansando e o Jongdae não apareceu.

- Okay, Sehun ah. - Hani provocou sorrindo ainda tristonha e Kai a seguiu até a cozinha.

Hani tirou da geladeira um monte de Kimbap e foi para a pequena varanda que tinha atrás da cozinha - era do antigo estabelecimento, ainda não haviam reformado isso.

- Me desculpe.

Hani começou a chorar e Kai se desesperou, ela era sempre tão animada, a moça não sabia o que fazer.

- Calma... - sentou ao lado dela num banquinho que tinha ali. - Tá tudo bem, deu tudo certo, somos um sucesso. 

Kai tentou soar animada e Hani lhe olhou com o rosto vermelho e cheio de lágrimas.

- No final deu certo, né?! - Questionou limpando o rosto na manga da camiseta.

- Deu sim, somos um pequeno sucesso.

- Graças a você, Kai, obrigada!

Dito isso, Hani começou a comer e a compartilhar com Kai que sorria pelo reconhecimento.

- Jongdae me xingou no Line, mas ele disse que não saberia como resolver. - Hani disse comendo uma rodela do alimento. - Você é formada em administração, né?! - Kai meneou a cabeça positivamente. - Você nos salvou, ia ser um prejuízo grande segundo o Dae. - Hani continuava a comer e falar. - Sabe, eu fiz toucas pra você, coloquei borboletas porque que me lembram o seu jeito, delicado e bonito.

Kai ficou vermelha, não sabia o que dizer. Pessoas falarem isso para ela era uma raridade.

Hani saiu dali e voltou alguns segundos depois com três toucas decoradas com lindas borboletas.

- Kai, borboletas também não nascem no corpo de borboletas, sabia? - Hani colocou uma touca nos cabelos escuros da atendente. - Nascem em corpos de lagartas e depois tornam-se lindas borboletas. 

Kai sorriu com a comparação, lembrando-se de tudo que já havia passado.

- Mas sabe, Kai, eu acho que elas sempre sabem o que são de verdade, e por isso fazem de tudo para voar, pelo menos uma vez. - Hani abraçou Kai, e sorrindo disse: - Você pode não ver, mas as suas asas são lindas.

Kai caiu em prantos, Hani caiu em prantos a abraçando e Jongdae achou melhor não interromper esse momento, então saiu de fininho com os croissants feitos por Sehun nas mãos.


Notas Finais


Agora vou responder os comentários.

Eu amo a Hani 💜

Obrigada por lerem!


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