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História Par Perfeito - Espaguete e almôndegas


Escrita por: girassoldegaveta

Notas do Autor


Olá, amores! Hoje é um dia bem bacana pra mim porque estou fazendo 17 aninhos! 🎉🎉🎉🎉 E como eu desejava que não só o meu dia fosse especial, resolvi correr com a vida para atualizar duas fanfics hoje - essa e Corpo Celeste. Então o presente é de vocês. Espero que gostem. ;)

E DEEM UMA OLHADINHA NA NOVA CAPA DE PAR PERFEITO! Ela foi feita pela linda da scar dentro do projeto TKWDESIGN. Deixarei o link de tudo para vocês nas Notas Finais. TE AMO, SCAR! <3

Tenha uma boa leitura! >💟

Capítulo 7 - Espaguete e almôndegas


Fanfic / Fanfiction Par Perfeito - Espaguete e almôndegas

Fazia pouco mais de cinco dias que Jeongguk não respondia as mensagens de Taehyung – e tampouco atendia suas ligações. Tornara-se um hábito despertar com o som de ligações e não com o costumeiro alarme azucrinante. Sentia-se cansado de receber mensagens tarde da noite e puxões de orelha dos melhores amigos, cuja impaciência ultrapassava os limites quando Jeongguk resolvia desligar o celular em momentos inoportunos.

A vergonha de ouvir Taehyung novamente o frustrava. Sentia vergonha por tê-lo ferido quando o amigo tentara confortá-lo. Os olhos magoados e a voz fraca do ninfo ainda mexiam com sua cabeça. Surpreendia-se com o fato de não ter surtado como anos trás, onde rasgava a garganta com gritos desolados e quebrava todos os móveis.

Yoongi não se encaixava ao tipo comum de amigo que dava tapinhas nas costas e dizia que tudo ficaria bem; que todo o desencantamento com o mundo logo se findaria. Pelo resto da semana, permanecera ao seu lado, apontando-lhe o dedo e cuspindo em sua cara utópicas fantasias que apenas serviam para deixar a vista o quanto era estúpido.

Não tiraria a razão do Min. Aquela era a forma de o mais velho dizer que ele ainda podia consertar as coisas.

Ele ainda tinha uma chance, embora ela parecesse distante. 

Seokjin lhe implorava para voltar logo a lanchonete – segundo o Kim, as rosas azuis murchavam mais facilmente sem sua presença –, contudo o moreno fugia como um gatuno. Era ciente que Jin e Yoongi estavam cansados de emitir seu endereço a Taehyung.

Por cinco longos dias, o garoto não desistira de informar-se acerca de onde vivia. Não se abatia quando os mais velhos afagavam seus cabelos e confessavam não poder passar-lhe o endereço desejado se o próprio Jeongguk não os permitisse.

Jeongguk não queria.

Até então não estava pronto para olhar nos olhos de Taehyung.

O pensamento de perder o controle e lhe dizer tolices outra vez causava-lhe pleno desconforto.

 

 

Naquela tarde em especial, deixou Norah e seus trabalhos de lado, permitindo-se assistir aos shows de IU em sua TV pelo resto da tarde. Poderia masturbar-se olhando para as feições angelicais da garota, mas até mesmo essa vontade se esvaiu.

Posto isso, distraiu-se cantarolando as canções que sabia de cor, até que o toque da campainha reverberasse. Pensava ser Yoongi do outro lado da porta – novamente o questionando sobre Taehyung – ou até mesmo Namjoon e Seokjin que o forçariam a sair de casa, todavia, mandou todas as suposições para o inferno quando os olhos coloridos, que tão bem aprendera a reconhecer, tornaram-se ainda maiores ao que eram contemplados pelo olho mágico de sua porta.

 – Mas o que diabos ele faz aqui?! – Crispou os lábios, virando-se de costas. Recordou-se das palavras que Yoongi dissera naquela manhã, enquanto o professor de fotografia digital lecionava.

“Se você continuar ignorando esse garoto, eu terei todo o prazer de dizer onde você mora, criança estúpida!”.

 – Droga, hyung! – Deu um tapa na própria testa, retrocedendo a fitar o garoto pelo olho mágico.

Os cílios longos tremulavam enquanto as íris observavam um ponto abaixo do visor. – Eu sei que você está aí, Jeon Jeongguk! Então sugiro que abra a porra dessa porta antes que eu a arrombe com os pés!

Jeongguk achava adorável o fato de o outro falar palavrões quando lhe convinha. Não imaginava que ele xingasse.

O arco-íris misturava-se a tempestade em sua mente. Taehyung parecia cansado; tão fadigado quanto ele. Os olhos bonitos não eram tão chamativos quanto às bolsinhas arroxeadas abaixo deles.

 – Vamos lá, Kookie... Eu estou preocupado com você.

Praguejou-se por seu corpo físico e espiritual cederem ao ninfo. Almejava questioná-lo quais segredos possuía para que todos simplesmente tombassem diante de seus pés. 

Automaticamente abriu a porta ao ouvir o pedido feito com tamanho jeitinho. Mandou o receio que ainda sentia para os ares, deixando-se ser abraçado pelo amigo de fios rosados.

O Kim enlaçou seus ombros; a gola da camiseta amarela pendendo para um dos ombros quando o dongsaeng se utilizou do tecido para puxá-lo contra seu peito.

A lei da impenetrabilidade, a qual dizia que dois corpos não podiam ocupar simultaneamente o mesmo lugar no espaço, parecia ter sido desfeita perante ambos os amigos; pois os corpos que se fundiam poderiam se remodelar como uma só partícula.

O hyung se afastou minimamente, tocando nas bochechas branquinhas do moreno. – Você está bem? Está se alimentando direito? Yoongi hyung me disse que você não vai mais a lanchonete. Yah, Jeon Jeongguk! Não me deixe preocupado! – Varreu o rosto mórbido com seu olhar, descendo as órbitas heterocromáticas para o corpo maior.

Lamentou no instante exato. Por que Jeongguk está sem calças?

 – Oh! – Caminhou para trás, sentindo suas bochechas enrubescerem com a visão perturbadora.

Coxas grossas, braços fortes e abdômen definido. Jamais imaginara testemunhar algo como isso. – Por que não me disse que está só de cueca? Me pouparia da visão, Jeon! – Tapou o rosto, caminhando as cegas em direção ao sofá conforme Jeongguk trancava a porta.

O mais novo sorriu presunçoso. – Agradeça a qualquer divindade por me ver de cueca.

 – Como? – A cabeça com fios cor-de-rosa pendendo para o lado.

 – Eu costumo ficar completamente pelado dentro de casa. – Jogou-se ao seu lado no sofá. – Roupas me incomodam.

 – Ah, sim... Como os sapatos que incomodam meus pés. – Taehyung voltou ao batente da porta, deixando suas sandálias escuras em frente ao pequeno degrau de entrada.

Ele ficava bonito com camiseta larga e jeans pretas agarradas às pernas.

Jeongguk aguardou que o outro se sentasse outra vez, arrastando-se para perto do corpo franzino. O silêncio perdurou por longos minutos. Ambos observavam a imagem congelada de IU na TV, no entanto, somente davam atenção as próprias respirações relaxadas.

Seria mais emocionante se um buraco se partisse no chão e os engolisse num abismo de tormenta.

 – A IU é bonita. – Taehyung quebrou o silêncio, procurando não olhar demais para as coxas chamativas do mais novo. Era perigoso.

Sempre soube o quão atraente o Jeon era; não esperava que ultrapassasse os limites de suas fantasias, porém.

 – Sim, muito bonita. – O moreno deu de ombros, suspirando pesadamente e analisando o perfil alheio.

Os fios cor de algodão-doce cobriam os olhos retesados. Taehyung permanecia com a cabeça abaixada, brincando com os dedos longos. Estava desconfortável.

Não desejava que ele se sentisse desconfortável pisando em sua casa pela primeira vez. O ninfo deveria sorrir, ou surgir em momentos onde Jeongguk se lembrasse de que a vida era uma passagem de tempo bonita. Quase sempre se esquecia.

Sem qualquer receio, tocou na mão maior, entrelaçando-a a sua e deitando sua cabeça no ombro do parceiro. – Me desculpe. – Exprimiu envergonhado, dando início a uma descontraída guerra de polegares como seu hyung. – Me desculpe por ter te tratado daquela maneira e ter lhe virado as costas... Eu... me senti sufocado. Por um momento, pensei ter perdido o ar.

– Tudo bem, Kookie. Não precisa me pedir desculpas... – O garoto riu ao ganhar a brincadeira, reiniciando-a logo após. – Me desculpe por atrapalhar suas noites de sono com tantas mensagens e ligações.

 – Não se preocupe, hyung. Eu sei que não fui o único a deixar de dormir aqui, não é mesmo? – O moreno observou as olheiras arroxeadas. – Queria que eu me sentisse culpado ao te ver com essas bolsas horrorosas?

Taehyung sentiu vontade de quebrar o polegar do amigo. Às vezes, o humor negro do Jeon lhe assustava. – Não fale idiotices, Jeongguk. Eu só não quis ficar me maquiando como uma garotinha após Yoongi hyung ter me ligado e me dito seu endereço.

 – Eu ainda matarei esse cretino. Eu realmente não queria que você me visse dessa forma.

 – Pelado? – Arqueou a sobrancelha.

 – Não, idiota. – O dongsaeng desferiu-lhe um peteleco na testa. – Eu não queria que você me visse triste. Eu sei que você não gosta de ver seus amigos desanimados.

 – E muito menos pelados. – Taehyung procurou descontrair a atmosfera aflita, sendo presenteado como uma almofadada no rosto.

 – Eu não estou pelado, Tae. Por acaso você está vendo o meu-... – As mãos alheias rapidamente calaram suas palavras futuras.

 – Não ouse falar isso, Jeongguk! – O mais velho se inclinou sobre seu corpo, mantendo as mãos espalmadas contra sua boca. Ele sentiu-se ainda mais constrangido quando uma língua morna rastejou por seus dedos, pulando do sofá enquanto lhe xingava de todos os palavreados baixos que conhecia.

O moreno riu escandalosamente, massageando sua barriga nua. Seu hyung era deveras divertido.

Permitiu que ele olhasse em volta; que analisasse os móveis e tudo o que mais lhe interessasse. As órbitas curiosas observavam os quadros de vidro e os vasos de cristal, tão logo rodeando sua cozinha e seguindo pelo pequeno corredor.

O ninfo não hesitou em caminhar até uma das portas e abri-la.

O quarto de Jeongguk.

Aquele poderia ser um quarto comum, com uma cama casal, guarda-roupa e mesa para estudos, mas – além do essencial –, a estante repleta de mangás e histórias em quadrinho faria qualquer adorador babar. Aproximou-se da mediana estante agregada a parede. – Você também gosta de Wolf Children?

O rapaz, que permanecia encostado ao batente, assentiu. – É uma ótima história. – Sorria enquanto o via dedilhar os numerosos volumes de mangás.

Os olhos heterocromáticos detiveram-se no grande painel de fotos ao lado da cama do garoto. – Eu sabia! – Guiou-se para perto das fotografias.

Aos olhos do Jeon, ele parecia uma criança que descobria as cores do universo. Adorável.

 – Todos os fotógrafos têm um painel de fotos.

Várias eram as imagens de Yoongi, Seokjin r um terceiro rosto que o Kim desconhecia.

 – Esse é o Namjoon hyung, o namorado do Jin hyung. – Jeongguk postou-se ao seu lado, apontando para o brilhante rapaz de mechas rosa bebê.

 – Charmoso. – Taehyung sorriu. – Fazem um belo casal. – Aproximou-se um pouco mais, fitando algumas fotografias com o rosto de Jimin e outras com o rosto do ruivo, Hoseok e Yoongi. – Eu não sabia que você tinha fotos do Jiminie e... Você tirou essas fotos no dia em que fomos para o parque de diversões, não é?

 – Sim. Eles estavam felizes, me fizeram sentir desejo de fotografar.

 – Posso saber porque Chanyeol e eu não estamos nesse painel?

Jeongguk sorriu de canto, ao que o mais velho franziu os lábios e cruzou os braços. – Bem... – Enrolou uma pequena mecha de fios escuros no dedo. – Você fica mais bonito sozinho.

O de cabelos cor-de-rosa ficou calado e aquilo incomodou o amigo.

 – Não me entenda mal, Tae. Eu quis dizer que gosto de tirar fotos suas quando você está sozinho; não tem nada a ver com vocês não ficarem bonitos juntos. Vocês fazem um par legal.

 – Mas não perfeito. – O hyung murmurou. – Eu quero ouvir que somos um par perfeito, Kookie. Nem mesmo Jimin e Hoseok dizem que somos perfeitos juntos.

 – Me desculpe, Tae, mas... Vocês não são um par perfeito. 

Taehyung nunca se importara com a opinião de terceiros, com exceção do ponto de vista dos seus amigos.

Ouvir de Jeongguk que Chanyeol não combinava com seu universo deixou-o melancolicamente reflexivo. Afinal; fizera mesmo a escolha certa?

Continuou apreciando as fotografias, admirando os diversos jogos de luzes e se impressionando com as infinitas cores que já passaram pelos cabelos de Yoongi.

Uma imagem lhe tomou a atenção. Inusitada, pensou, conforme a desprendia do imã em formato de estrela.

Reconhecia as feições jovens de Jeongguk. O garoto parecia alcançar os quatorze ou quinze anos; com um sorriso; abraçava um homem aparentemente jovem. Tentava desvendar o porque de faltar um rosto na fotografia.

A imagem fora cortada.

Jeongguk lhe soava inquietante.

 – Seu pai? – Questionou-o.

 – Sim...

 – E quem está ao lado, quer dizer, por que essa foto está incompleta, Kookie?

O Jeon mordeu o interior da bochecha. Apenas seus amigos estavam a par daquela história. Não se sentia confortável em relembrar seu passado outra vez. Instável.

“Por favor, eu só quero te ajudar”.

Lembrou-se das palavras que o ninfo dissera outrora. Não parecia ter intenções ruins.

Apenas os céus sabiam o quanto quisera abraçá-lo e chorar como um desgraçado em seu ombro, porém, engoliu o pranto. Chorar não lhe valia benefício algum.

 – Ei, ei. – As mãos gentis tocarem em seus ombros murchos. – Não precisa me contar se não quiser. Eu sou paciente, posso esperá-lo.

 – Está tudo bem. – Encarcerou os pulsos finos, resvalando sua boca nas costas da mão alheia. – Só prometa que me abraçará depois.

Taehyung sorriu. – Eu prometo.

Jeongguk se afastou, procurando algo na gaveta de sua mesa de cabeceira, engolindo amargamente ao encontrar. Sentou-se no colchão, convidando o amigo para se sentar ao seu lado. – Venha.

O outro murmurou um retraído “com licença”, sentando-se ao lado do moreno e enrijecendo quando ele jogou um pedaço de fotografia em suas mãos.

A fotografia que carecia.

Seus pés se contorceram sobre o acolchoado, e seus olhos saltariam se vivenciasse a física improvável de desenhos animados.

Era tia Help. Sooyoung.

 – O-O que ela faz nessa fotografia? – Perguntou de maneira vaga, juntando ambas as imagens entre suas palmas.

O dongsaeng sorriu seco. – Choi Sooyoung é a minha mãe, Taehyung.

 – Como...? – Pensou não ter ouvido direito.

 – Sooyoung é a minha mãe. – Jeongguk não se sentia confortável em permanecer inerte. Logo se ergueu, folheando um volume qualquer de Digimon. – Meu pai morreu alguns meses após tirarmos essa foto. Ele teve um infarto fulminante; uma morte súbita por consequência de anos de tabagismo e alto colesterol. Ele era um ano mais velho que minha mãe... Ela engravidou com dezesseis anos; foi uma gravidez indesejada.

O hyung acompanhava os passos molengas do garoto. Soltou o ar que prendia ao que Jeongguk vestia uma calça moletom acinzentada.

O receio de olhá-lo, aos poucos, perdia-se.

 – Depois que ele morreu, eu perdi minha imagem paterna. Sooyoung passou a trabalhar dobrado em suas aulas de música e se casou com um compositor pouco depois de um ano. Ele me odiava e tal ódio sempre foi recíproco. Já chegamos a discutir e brigar algumas vezes.

 – Jeongguk...

 – Eu estava no primeiro ano do ensino médio quando me envolvi com pessoas erradas. Passei a fumar e chegar bêbado em casa, como meu pai fazia em sua adolescência. Foi então que eles resolveram me mandar para um colégio interno em Londres. Fui obrigado a aprender o básico da língua em menos de duas semanas.

Taehyung se levantou quando o outro seguiu pelo corredor. Aceitou o copo com água que ele lhe oferecera.

O líquido descia perfurando sua garganta, e o único som aparente era o de seus suspiros fadigados. Permanecia em silêncio.

Deveria deixar que Jeongguk manifestasse suas adversidades sem sua infame insistência, pois Taehyung era alguém deveras insistente.

 – Antes de eu partir, durante uma discussão sem cabeça, Sooyoung confessou que já quis me abortar, mas só não conseguiu porque o eu pai não permitiu. Ela tinha uma vida boa antes de engravidar. Meus avós maternos a expulsaram de casa quando descobriram, e o meu pai a acolheu; prometeu que cuidaria dela, mas ela não cuidou de mim. Se casou com aquele estúpido que me espancava todos os dias e cuspia em meu rosto. Eu não me lembro de quantas vezes ele tentou me tocar. Nessa época, eu fugia para a casa de Yoongi hyung; ele era o único que eu conhecia desde essa época. Sooyoung via tudo; sabia de tudo, mas nunca fez nada para me defender.

Seu coração se apertou ao ver a lágrima solitária que deslizara pelo rosto bonito. A voz, carregada de cólera, embrulhava seu estômago.

O Jeon era bonito demais para chorar; era alguém doce, doce demais para suprir ódio. Desejava mimá-lo como um bebê de colo.

 – Acho que nunca apanhei tanto quanto o dia que assumi ter transado com um garoto. – O moreno riu, sentindo um sabor amargo enquanto esfregava suas lágrimas com força. – A cicatriz que tenho em meu rosto foi por culpa daquele desgraçado... Aquele...

Seu peito se contraía; suor gélido escorregando de suas têmporas e suas mãos convulsionando como se sofressem a ação de curtos circuitos. A raiva fervia-lhe a cabeça, incitando-o a destruir tudo ao redor; a se ferir e ferir terceiros. Engoliu um grito estridente, recordando-se das mãos ásperas que já tocaram em suas pernas, ombros e bochechas. Sentia a ânsia retumbar contra sua garganta.

As mãos trêmulas firmaram-se na jarra com água; seus impulsos nervosos lhe sussurrando para quebrá-la em mil fragmentos e pisar em cada um daqueles cacos.

Congelou como nevasca ao notar um par de mãos enlaçarem sua cintura e sedosos fios roçando contra o músculo retraído de suas costas.

 – Hyung...

Taehyung beijou uma minúscula pinta em suas costas, esfregando o nariz naquela musculatura. – Eu prometi que te abraçaria, não prometi?

Jeongguk riu docemente, acariciando os dedos que lhe apertavam. A tempestade em seu interior se acalmara; podia ver o mesmo arco-íris de outrora.

O ninfo controlara seus impulsos.

Era um bom amigo. Seu amigo.

Infelizmente, não mais que um amigo, mas o outro não via problemas em continuar daquela mesma maneira; perto do rapaz que passara a admirar como um lado bom d cosmos.

Por enquanto, contentar-se-ia com aquilo.

 – Kookie, o que acha de fazermos espaguete com almôndegas?

 

 

Taehyung preparava algumas panelas ao lado de Jeongguk. A camiseta amarela fora substituída pela cinza surrada que o mais novo lhe emprestara. Segundo o Kim, não gostaria de sujar sua nova camiseta com molho de tomate.

Jeongguk ria enquanto jogava as bolinhas de carne dentro do molho vermelho; o líquido espirrando contra ambos os corpos.

 – Yah! Você consegue ser mais desastrado do que eu.

Por um momento, deixara que o tempo andasse devagar, parando para observar as feições fascinantes e meramente concentradas do amigo. Sua camiseta cinza ficava bem no corpo magrelo; os olhos compreensivos se desviando do molho para fitar os seus.

Prendeu o ar, inflando suas bochechas à medida que o mais velho ria e pedia para que ele escorresse a água do espaguete.

Talvez Taehyung entendera aquele gesto como piada, quando, ao contrário do pensado, Jeongguk apenas o fizera para nãop soltar o suspiro enamorado que tornara pó dentro de sua boca.

Perdia os limites... Ou seria Taehyung seu limite inconsciente?

Assumia que deixara de agir com impulsividade após se tornar amigo do Kim. Ele o trazia coisas boas. Pouco a pouco, plantava rosas azuis em seu jardim fúnebre.

 – Já pensou em colocar algumas flores nesses vasos de cristal?

Discernia a relevância daquela questão, olhando momentaneamente para sua sala de estar, onde os vasos transparentes adornavam. – Eles são bonitos sem nenhum tipo de complemento. Não precisam de flores.

 – Seu chato. – O ninfo espirrou um pouco do molho para fora da panela, sorrindo ao ouvi-lo resmungar. – Meus pais adoravam flores. Sempre enfeitavam a casa com rosas brancas e levadas; eram tão perfumadas.

 – E onde eles estão agora? – Nada era mais justo do que saber um pouco do passado de Taehyung, como ele passara, a saber, do seu.

 – Eles... – O de fios forçou um sorriso. – Minha mãe nos deixou quando eu tinha cinco anos; ela nos abandonou. Meu pai mora com um velho amigo, próximo ao centro de Seoul. Seu amigo é viúvo há mais de quatro anos; meu pai também se considera viúvo.

Jeongguk apertou os olhos. – Eu... sinto muito, TaeTae. – Tocou nos ombros magros, plantando um beijo em sua bochecha antes que a coragem lhe desse as costas.

O gesto pareceu surtir algum efeito quando o viu sorrir de modo carinhoso.

 – Nenhuma vida é perfeita. – Taehyung suspirou, despejando o molho com almôndegas sobre o espaguete. – A não ser esse espaguete; sinta o cheirinho, Kookie.

 – Parece delicioso.

Não se preocuparam em dividir a refeição em dois pratos iguais, comendo direto da travessa enquanto conversavam sobre crianças e fotografias. O Kim demonstrava legitima paixão ao mencionar sua faculdade de pedagogia, e não se importara quando Jeongguk pegara a câmera Polaroid e o fotografara. Acostumara-se com o pensamento de que o outro não perderia aquela mania tão cedo.

 – Eu ainda acho que você deveria enfeitar sua casa com algumas flores, inclusive nas janelas. – O mais velho desviou o foco da conversa. A casa de Jeongguk era aconchegante, contudo, sem vida.

Tudo que Taehyung mais gostava era a vida presente em cada pedaço canto do planeta.

 – Só colocarei flores na minha janela quando eu desvendar o amor. – Jeongguk ofereceu-lhe uma piscadela, brincando com um fio de espaguete.

 – Vou esperar pra ver. – O outro concordou. – Agora, precisamos de algo para beber, Kookie. Estou com sede.

 – Você tem sorte de eu ter feito compras hoje. Pegue os copos enquanto eu pego o refrigerante na geladeira.  Jeongguk disse que desligaria a TV e deixaria alguns filmes sobre a mesa de centro para que passassem o tempo após a refeição.

Beneficiou-se do fato de que uma parede separava a cozinha da sala de estar – logo impedindo Taehyung de enxergar qualquer coisa que ocorresse do outro lado – para chacoalhar a garrafa com força, aguardando que o gás concentrado no topo do plástico diminuísse.

Seria divertido pregar uma peça em seu hyung. A primeira peça.

 – Aqui, Tae. Pode abrir.

 – Obrigado, Jeongguk. – O mais velho torceu a tampa da garrafa, notando-se sem escapatória quando o líquido escuro jorrou para fora e caiu sobre seu colo. – Eu não acredito, Jeongguk! – Esbravejou, olhando para a grande criança que ria alto.

Não pensou muito ao chacoalhar o restante da Coca e despejar sobre o dongsaeng, que soltou um grito e agarrou a garrafa. – Acho que o feitiço virou contra o feiticeiro, docinho.

 – Era só uma brincadeira, hyung!

O líquido pregou em seus braços e deslizou por seus pés, resultando numa queda desengonçada que levara junto o garoto de fios rosa; a cozinha completamente molhada de refrigerante.

 – Eu te odeio, Jeongguk! Olhe para as minhas calças. – Deu um tapa no moreno, enquanto virava-se para olhá-lo nos olhos.

Jeongguk fez o mesmo, afastando a franja molhada do amigo para longe dos olhos heterocromáticos. – Relaxe, você pode tomar um banho depois. Eu te emprestarei uma calça... A menor do meu guarda-roupa.

 – Kookie!

 – Tudo bem, tudo bem.

O silêncio rastejou por segundos até que os amigos estivessem rindo e alegando o quanto tudo aquilo fora uma atitude desastrosa. Como crianças levadas, ambos edificavam segredos íntimos; sentiam seu peito superaquecer enquanto sorriam com autenticidade – um gesto que o Jeon deixara de lado durante os dias que estivera longe do amigo.

A bebida correu por seu peito nu, sendo um meticuloso alvo dos olhos dóceis de Taehyung.

O ninfo viu-se embaraçado, fitando um ponto aleatório em seus próprios dedos conforme agradecia por toda a hospitalidade que o companheiro lhe dava. – Obrigado. – Murmurou, fechando os olhos ao sentir a palma gélida tocar sua bochecha, onde o band-aid localizava-se.

 – Já faz mais de um mês que você está usando band-aids, Tae... Não acha que é tempo demais para um simples corte?

 – Estou passando pomadas de cicatrização. Quero que a ferida desapareça completamente.

 – Por quê? – O mais novo encerava-o num poço de incertezas.

 – V-Você diz que garotos bonitos não devem ter cicatrizes e... e Chanyeol diz odiar cicatrizes.

O Jeon revirou os olhos. O poder de ingênuas ou naturais palavras possuíam efeitos divergentes em cada ser humano; cada coração sentia de modo ímpar e cada mente guardava o que desejava guardar.

Seus vocábulos de outrora tiveram um efeito apreensivo sobre Taehyung, já os de Chanyeol tiveram um efeito grotesco, jogando o namorado contra uma parede de medo irracional.

Cicatrizes são algo natural.

 – Seu namorado é um idiota. – Disse rispidamente, dedilhando o queixo alheio enquanto seu polegar caminhava num percurso perigoso ao topar com os lábios cheios. Pediu permissão para tirar o curativo, observando à miúda, quase imperceptível cicatriz na bochecha acobreada. Ela recordava sua própria cicatriz.

 – Com ou sem cicatriz, feridas se perdem e as pessoas continuam sendo pessoas; e você continua sendo você, Taehyung, - Ajudou-o a se levantar, tocando na cintura fina. Seus braços puxaram-no para um abraço carinhoso; seus dedos infiltrando-se entre os fios róseos e obrigando o Kim a encostar a cabeça em seu ombro. – Cada marca em seu corpo é o verso de um poema, Taehyung. Você só deve mostrá-las para quem sabe interpretar.

O hyung se encantou pela milionésima vez, agradecendo silenciosamente pelas palavras de conforto quando abraçara o abraçara com ainda mais força. Sentia que Chanyeol nunca lhe diria algo como aquilo.

Não era um costume para o Park acordar ao seu lado e elogiar seus olhos, seu corpo. Sua essência. Levantava-se em sua forma crua, deixando um simples beijo em seus lábios de cereja e caminhando rumo ao banheiro.

O ninfo apenas observava suas costas nuas caminharem para longe. Aninhava o travesseiro em seu abraço, analisando o despertador com defeito e as paredes mórbidas da casa pertencente ao namorado.

Chnayeol deixava o ninfo para trás, perdido entre marcas, uma bagunça de lençóis e rupturas de uma mente repleta de dúvidas. Nada daquilo parecia tão prazeroso quanto antes.

De algum modo, desejava ouvir palavras bonitas vindas somente da boca de Jeongguk, e aquilo o preocupava.

Estranho.

O espaguete com almôndegas agora parecia ter gosto de descoberta.

 

 


Notas Finais


E se vocês achavam que o Taehyung de PP era virgem... porra. <|3 ( eu estou triste mencionando isso, mas ok ;-; )
A frase sobre as cicatrizes, poemas e interpretação - e tal - não me pertence. Há muito tempo eu tinha visto essa frase e achei ela bem bacana. Todos os créditos ao criador. 💟 E, sobre a Sooyoung... é.

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@tkwdesign: https://twitter.com/tkwdesign
Perfil da scar (agwstd): https://spiritfanfics.com/perfil/yachikunzi

Deem muito amor ao projeto e a ele e a tudo de mais precioso que envolva nosso taekook de cada dia. ;)

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Quero agradecer a todos as visualizações, favoritos e comentários de Par Perfeito. Vocês, leitores, são o melhor presente que eu poderia ganhar, então muito obrigada por existirem, pimpolhos!
Até a próxima atualização! Me deixem beijinhos e comentários! ♥️
@picadotaehyung no TT.
E, PARA QUEM AINDA NÃO VIU, NÃO PERCAM A OPORTUNIDADE DA DAR UMA OLHADINHA EM CORPO CELESTE: https://spiritfanfics.com/historia/corpo-celeste-6198164

X♥️X♥️ e parabéns para mim, para nós! Amo vocês. ><


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