História Para Equilátero Falta Um Terço - A sua facilidade em me surpreender

É óbvio que o episódio passado ficou se repetindo durante o fim de semana todinho na minha mente, como um loop eterno pra me lembrar que Hoseok queria conversar comigo mais vezes; talvez ser um amigo, apesar de eu querer poder beijar aquela boquinha fina – perdão mas Jung Hoseok era lindo pra caralho, e eu não desperdiçaria a oportunidade se tivesse. De qualquer maneira, mesmo que ele só tivesse dito aquilo por educação, eu não parava de remoer e imaginar umas teorias loucas, e aquilo estava me consumindo.

A verdade é que desde a primeira vez que vi Hoseok eu fique de fato interessado, era uma vontade desesperadora e esquisita de querer estar por perto, mas eu ignorava – como sempre – e continuava a vida fingindo que aquilo não existia, afinal ele era um total desconhecido, apesar de primo do Jungkook; na verdade, se eu quisesse poderia até usar Jeon para conseguir informações sobre o mais velho, quem sabe até seu número, mas ainda existia uma coisa que não me permitia ultrapassar a barreira do desconhecido, e essa coisa se chamava Park Jimin.

Depois que Jimin descobriu o parentesco entre Jeon e seu arqui-inimigo, ficou ainda mais próximo do mais novo. Ele virou aquele tipo de amigo ciumento que não te deixa sair da mesa da cantina nem pra ir ao banheiro, e eu sentia pena do pobre garoto, por ter que aturar Jimin e suas neuras e se manter calado e neutro em relação a tudo.

Mas é claro que o Park não poderia contar com sua superproteção pra sempre; O Jung era bem descarado, e direto ia à nossa mesa na hora do almoço pra cumprimentar seu primo. O engraçado era que ele fingia que Jimin nem existia, mas fazia questão de me cumprimentar, e é claro que o loiro só ficava mais irritado se fosse ignorado; Nesses dias Jimin era uma fera, virava a cara pra mim, como se eu tivesse culpa de algo, e não falava com Jeon pelo resto do dia, e era por isso que eu não pegava o número do cara de sorriso bonito e nem o chamava pra tomar um café, – de preferência em um dia que não esteja chovendo – Park Jimin complicava as coisas com seu ciúmes e seus motivos idiotas para odiar o Jung.

Mas é claro que depois daquele sábado chuvoso ficou ainda mais difícil ignorar a existência de Hoseok, afinal ele queria conversar comigo mais vezes, não é?

 。。。

Eu odiava dias chuvosos, mas odiava ainda mais dias quentes.

Aquela segunda-feira estava horrível em todos os sentidos; primeiro por ser segunda, segundo por estar calor e terceiro por Park Jimin ter faltado a aula.

Não é nenhuma novidade o fato de eu ser um cara meio solitário na minha instituição de ensino - aquele mesmo clichê de sempre - então sempre que Jimin faltava eu não fazia nada além de dormir em todas as aulas, visto que Jeon era um ano mais novo e não estudava na mesma sala que a gente, e o Jung era de outra sala – e mesmo que fosse da mesma, estava fora de cogitação ir até ele pra conversar sobre cultura japonesa e afins.

Na hora do almoço eu nem sai da sala, Jeon tinha Hoseok e eu estava muito bem cochilando na mesa pra me mover até o a cantina.

Eu estava me sentindo meio abandonado, com saudade de contato humano, o que só mostrava – escancarava – minha dependência de Jimin; mesmo ele sendo meio idiota, os dias eram sempre meio automáticos sem a companhia do meu melhor amigo. Mas eu sentia falta de poder ser sem por cento sincero com ele, eu nem podia mencionar as bochechas do Jung que ele já fingia que não me conhecia, isso me deixava meio chateado.

Quando o sinal da saída tocou eu corri pra tentar sair da sala logo e evitar a aglomeração no portão, mas como sempre, foi meio inevitável, então eu só coloquei meus fones e segui os outros alunos, mas alguém me cutucou no meio do caminho.

Era Jeon.

— Hyung! Eu pensei que tinha faltado.

Meu objetivo era só passar despercebido e evitar preocupações; meu joelho ainda estava meio fodido' e eu estava meio chateado com todo esse lance do Jimin, mas eu agradecia aos deuses por não ser uma pessoa muito transparente, porque por dentro eu estava gritando “QUERO IR EMBORA, DEITAR NA CAMA E DORMIR ATÉ AMANHÃ, ALGUÉM ME TIRA DAQUI”.

— Ah, eu só não queria descer pra cantina. – Mas eu respondi como se nada estivesse acontecendo.

— Estava com preguiça? – Só fiz que sim com a cabeça e ele riu. —  Posso voltar com você? Sua casa é no caminho e eu estou mesmo querendo falar com você sem o Jimin por perto.

—Tudo bem.

— Hoseok pode ir junto? Ele vai ficar na minha casa hoje.

— Claro.

É, eu estava nervoso e nem tinha visto a cara do infeliz ainda.

Caminhamos até o portão para esperar o Jung, mas estava um sol desgraçado e eu já estava começando a me irritar, o garoto estava demorando demais. Jeon comentou sobre a aula de dança que teria mais tarde, e eu pedi que avisasse a Jimin que eu estava puto' por ele ter faltado, afinal eu iria chegar em casa e capotar.

— Desculpe a demora Jeon... Ah, oi Yoongi hyung.

O desgraçado estava encharcado de suor e mesmo assim continuava lindo, diferente de mim que devia estar todo vermelho por causa do calor insuportável.

— Oi.

Comecei a andar, indo na frente, enquanto os dois me seguiam. Os primos conversavam entre si e eu apenas ignorava, eu estava com vergonha de Hoseok?

— Yoongi, acho que deveríamos falar com Jimin sobre isso de ele não deixar a gente se aproximar do Hobi hyung. – Jeon dizia enquanto eu enrolava os fios do fone para guardar no bolso da calça. – Eu já estou cansado disso tudo, esse ciúme bobo.

— É, mas não temos só o lado do Jimin nisso tudo, não é Hoseok? – É eu acusei mesmo, afinal aquela briga deles não era só culpa do meu amigo, o Jung devia ter feito algo pra irritar o Park.

E o que Hoseok fez? Isso mesmo, ele riu.

— Eu nem sei porque aquele baixinho implica tanto comigo!

Ele não parecia irritado nem nada, mas sim cheio de todo aquele assunto mal resolvido, talvez.

— Ah, qual é! Vai me dizer que passou esses seis meses com isso tudo só porque Jimin ficava te encarando!? – Só podia ser brincadeira.

Jeon permanecia quieto, talvez imaginando que eu arranjaria confusão com seu primo gatinho.

— É sério Yoongi hyung! No começo eu pensava que ele só não ia com a minha cara, então passei a o tratar da mesma maneira que ele me tratava. Mas depois que descobri que Jeon era amigo dele, eu até parei um pouco com isso; tipo, ele lá e eu aqui, ué.

— É, acho que Jimin precisa explicar melhor essa situação então. – Aquilo estava realmente muito estranho, mas de qualquer maneira, se o Jung estava disposto a erguer a bandeira branca, só poderíamos esperar que Park Jimin não desse um tiro bem no meio e jogasse todo tratado de paz no lixo.

— Tá, a gente resolve isso com o Jimin depois; –Jungkook estava sorrindo feito um bobo, aquilo estava me assustando. — Mas vocês dois não tem nada um contra o outro? Tipo, tudo certo vocês conversarem e serem amigos, né?

— Jungkook, se até agora não rolou sangue isso significa que a gente tá de boa, não é Hoseok?

E aquele desgraçado riu de novo, eu já estava ficando viciado naqueles lábios finos e nos dentes alinhados; droga.

— Na verdade por mim a gente poderia ser até mais do que amigos Hyung.

Sabe quando a pessoa joga a bomba e sai correndo?

Então, foi exatamente isso que aconteceu.

Hoseok literalmente saiu correndo me deixando pra trás com seu primo; e o Jeon ria feito uma hiena daquela situação, que se não fosse tão surreal me faria dar umas boas risadas também.

É, parece que essa noite eu não vou dormir direito mais uma vez.