História Para Equilátero Falta Um Terço - A veracidade de seus atos

Depois daquele episódio constrangedor eu passei a odiar Jeon Jungkook!

Sério, com todas as minhas forças existentes.

O garoto simplesmente não parava de me encher a paciência com assuntos relacionados a seu primo, ele parecia um daqueles agentes duplos infiltrados quando comentava sobre como Jung não parava de falar sobre mim, ou sobre coisas de sua rotina, como por exemplo qual era seu super-herói favorito. E, confesso que eu me decepcionei um pouco ao descobrir que Hoseok preferia o Capitão América ao Homem de ferro.

Mas, apesar de querer saber muito mais sobre aquele rapaz, que parecia ser bem interessante, aquilo já estava me irritando.

É claro que Jeon fazia tudo longe de Jimin, afinal ele não estava nem um pouco afim de perder um braço para o baixinho irritado que era o Park; mas sempre que tinha a oportunidade vinha pra cima de mim com aqueles dentinhos grandes e um sorriso esquisito, cheio de informações uteis sobre o primo – como se quisesse que as coisas entre nós desse certo.

Mas, mais esquisito que aqueles olhares sugestivos que o Jeon me lançava toda vez que o primo passava por perto, era o fato de Hoseok ainda ter a cara de pau de nos cumprimentar – e sempre me deixar envergonhado de alguma forma. – parecia até um complô dos dois primos para ver quem me deixava mais vermelho em menos tempo; e o Jung sempre ganhava de lavada nessa tarefa.

Apesar de amar ver o rosto do moreno algumas vezes à mais do que de costume, nem tudo estava uma maravilha como eu esperava, afinal Park Jimin existia para complicar minha vida amorosa com o seu arqui-inimigo, e é claro que ele notou.

— Jura que não vai me contar o que ta’ acontecendo Yoongi? – O baixinho estava mesmo desconfiado, pois mal esperou o sinal da troca de aula soar e já dava um jeito de se enfiar na mesma cadeira que eu com aquela bunda proeminente, não que eu reparasse, – ok, eu reparava sim, e muito, não tinha como não olhar afinal.

— Ahn? Do que você está falando? – Eu esperava que ele estivesse perguntando sobre meu comportamento esquisito nas últimas semanas, sempre alheio a tudo, perdido dentro do meu próprio mundinho, mas no fundo eu sabia que não era bem isso que o loiro queria saber; Jeon acabou não tendo coragem de conversar com Jimin sobre Hoseok, o baixinho andou a semana inteira feito uma fera por conta daquela aproximação do moreno – mais do que o normal, inclusive.

— Não se faça de desentendido hyung! – Ele estava sério demais, e aquilo me preocupava, eu não queria ter que aguentar o loiro em um de seus ataques mais de uma vez no dia.

— Olha Jimin, eu vou ser sincero com você, já que o Jeon não tem coragem suficiente. – Os olhinhos se estreitaram e ele apenas acenou com a cabeça como se pedisse para eu continuar. — Eu não sei o motivo de você odiar tanto o Jung, aliás, eu fico bem chateado por não saber, somos melhores amigos não somos?

— É complicado hyung. Não quero envolver você nisso, de verdade.

— Mas exatamente por não me envolver que eu fico tão chateado, poxa, o cara até que é legal, ele quer se aproximar mas tem toda essa história mal resolvida entre vocês dois, essa implicância toda. Qual é, ele mesmo já disse que não sabe o motivo disso tudo. E outra, ele é primo do Jungkook! Como você acha que o Jeon fica com tudo isso?

Eu não queria parecer rude, nem nada, mas aquilo já estava passando dos limites.

— E como vocês acham que eu fico com tudo isso? – Antes que eu pudesse perceber, lágrimas se acumulavam no canto dos olhos puxados do mais novo — Hyung, você acha que ta’ tudo perfeito? Acha que eu deito minha cabeça no travesseiro tranquilo todos os dias por conta de uma coisa tão idiota e mesquinha?

— Então me fala Jimin! Se você não contar o motivo de tudo isso eu não vou poder te ajudar, e eu já me sinto insuficiente o bastante por não ter a mínima ideia do que se passa entre vocês.

— A questão aqui não é o Hoseok, Yoongi! – Ele estava vermelho e as lágrimas, antes acumuladas no canto dos olhos, agora rolavam livremente pelas bochechas cheinhas.

— Então fala logo, porra! Eu não sou vidente e eu já estou cansado de dar palpites e sempre estar errado. – apesar de estarmos discutindo, ambos sussurrávamos, próximos demais um do outro, ainda estávamos em sala e Jimin parecia não querer chamar a atenção, assim como eu também não pretendia.

— Eu tenho medo hyung! Satisfeito? Eu tenho medo de perder o Jeon, tenho medo de perder você, tenho medo de perder isso que a gente tem. – Ele desviou o olhar para a janela, evitando manter contato visual comigo. – Eu tenho medo de perder meu melhor amigo, é tão difícil assim entender? Eu estou tão acostumado a viver com você que eu nem saberia o que fazer se você não estivesse mais aqui.

O sinal tocou e Jimin voltou para seu lugar limpando as lágrimas que insistiam em cair com a manga da blusa.

No fundo eu esperava por algo do tipo, afinal Jimin sempre foi muito ciumento, mas ouvir aquilo de sua boca foi tão doloroso. Meus ombros pesavam e eu me sentia tão culpado por toda aquela situação.

Sempre fomos muito unidos, e saber que ele estava se sentindo assim por quase um ano inteiro me fez desabar, porque ele ocultava tudo com um sorriso infantil no rosto; era como se eu não conhecesse meu melhor amigo, como se eu estivesse perdendo todo esse tempo admirando o sorriso de Hoseok ao invés de dar atenção pra pessoa que estava mais machucada naquela relação meio torta. Ele estava precisando tanto de mim, e eu só estava preocupado com o que o primo do Jeon pensava de mim.

Eu me senti tão egoísta.

Passei a última aula alheio demais a qualquer coisa, eu definitivamente não estava com cabeça para estudar homeostase, eu só conseguia pensar no quanto Jimin estava mal com tudo aquilo; me sentia culpado.

Quando o sinal tocou eu guardei meu material e esperei Jimin arrumar suas coisas para sairmos juntos da sala como sempre fazíamos. Os olhos dele estavam meio inchados, as bochechas coradas – provavelmente por tanto chorar. Ele me encarava vez ou outra enquanto terminava de guardar o material, mas, ao invés de me acompanhar, como sempre fazia, ele passou reto e foi embora sem nem se despedir.

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